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PROCESSO DE CONHECIMENTO
QUESTÕES ANTERIORMENTE UTILIZADAS EM AVALIAÇÕES
PROFESSORA ÁGATHA SANTANA
Não se esqueça que a resposta deve ter um começo, um meio e um fim: Uma
introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, sendo vedadas abreviações,
meras indicações de artigos (“vide artigo x...”), e uma redação inteligível. Quem
está avaliando sabe a resposta, mas deve verificar se você também sabe, motivo
pelo qual não há de se questionar “ah, mas estava subentendido” ...
Não há também de se sustentar “mas falei com outras palavras tudo isso”. Cada
parte da resposta é importante para a obtenção da pontuação. Apresenta-se aqui
uma grade onde deve ser respondida com toda uma riqueza de detalhes que a
pergunta exige, não obstante a professora tenha aproveitado todo o conteúdo
apresentado pelos alunos em suas respostas.
Por vezes, uma questão “grande” possui uma resposta simples e fechada,
enquanto uma questão “pequena” requer uma resposta aberta e mais longa.
Cuidado!
1 Ana ajuizou ação de danos morais e materiais contra o Poder Público Municipal em face
da perda total de seu carro por ocasião de uma cratera no asfalto, a qual tenha
ocasionado grave acidente. Ocorre que, ao verificar na exordial que o acidente havia
ocorrido em janeiro de 2011, o magistrado liminarmente aplicou a prescrição do objeto da
ação. Em relação a tal questão, responda de forma justificada e fundamentadamente qual
a natureza jurídica da decisão prolatada pelo magistrado. (2,0)
Comentário: Pergunta direta e fechada, com uma única resposta possível a ser indicada
e fundamentada.
Resposta: A natureza jurídica da decisão de improcedência liminar é de sentença de
mérito, definitiva, a qual extingue a relação jurídica processual com resolução do
mérito, uma vez que o magistrado não soluciona questão processual, mas sim uma
questão de rejeição liminar do pedido do autor, autorizada pelo artigo 332 do Código de
Processo Civil, impossibilitando que o autor possa reajuizar a ação, somente recorrer
dessa decisão, ocasião em que o réu será citado para responder eventual recurso e tentar
manter a decisão, que é a melhor possível para si, dado se tratar de uma decisão de total
improcedência.
Comentário: Pergunta fechada, devendo ser fundamentado caso a caso porque o oficial
deve dispensar, ao menos em um primeiro momento, a citação, e porque as demais não
configuram hipótese de exclusão da realização da citação. Essa é a maneira correta de
responder à questão.
Resposta: Em um primeiro momento, o oficial de justiça deverá ter cumprido ao menos
SETE mandados de citação. Nas hipóteses do artigo 244 do Código de Processo Civil,
não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito, de acordo com seu inciso
I, quem estiver praticando ato ou culto religioso. Destaca-se que o ato terminaria após as
20:00 hrs, devendo-se lembrar que os atos processuais somente poderão ser realizados
até este horário, às 21:00 hrs. Também se aplicou o inciso III, uma vez que, por três dias
após o casamento, não se poderá realizar a citação; e, por fim, pelo inciso IV, não se
poderá realizar a citação de doente em estado grave. Em relação à parentes, não se pode
aplicar o inciso II, que proíbe a citação quando de sete dias da morte de cônjuge,
companheiro, ascendente, descendente e irmão do citando, sendo que, em nenhuma das
hipóteses, por maior afinidade e sentimento que o réu tivesse com o falecido, não se
poderia deixar de citá-lo.
4 João ajuizou ação de danos morais e materiais em face ao seu condomínio, que
extraviou encomenda sua realizada pelo mercado livre. De fato, de acordo com os
correios, a encomenda constava nos registros como devidamente entregue, não obstante
o mesmo não tenha recebido, por conta dos porteiros alegarem sumariamente o
desaparecimento do pacote. Nesse contexto, o magistrado deu pelo despacho positivo,
sendo o condomínio réu devidamente citado. No curso da ação, o magistrado entendeu
imediatamente por aplicar precedente relacionado aos danos morais, prosseguindo em
relação ao conhecimento dos danos materiais.
Em relação a tal questão, responda de forma justificada e fundamentadamente qual a
natureza jurídica da decisão relacionada aos danos morais. (2,0)
Comentário: Trata-se de pergunta fechada, com única resposta, a qual deve ser assim
justificada.
Resposta: Trata-se de decisão interlocutória de mérito (totalmente diferente da simples
decisão interlocutória, não se tratando somente de uma palavra a mais), espécie de
decisão híbrida entre a decisão interlocutória (decisão no curso do processo que o juiz
não soluciona o mérito) e a sentença (decisão que encerra a fase de cognição do
magistrado em relação ao mérito ou lide processual que lhe foi trazido no processo), em
que o magistrado, quando da cumulação de dois ou mais pedidos em um mesmo
processo, tem autorização legal para julgar apenas um deles se já estiver em condições
de julgamento, continuando o conhecimento em relação ao outro.
Comentário: Trata-se de resposta fechada, direta, com uma única resposta. Atente-se
que no caso não se trata de ordem de um Tribunal para um juiz hierarquicamente a ele
subordinado, ou um pedido para ser cumprido em outro país.
Resposta: Nesse caso, o magistrado deverá ordenar a expedição de carta precatória, na
conformidade do artigo 237, III do Código de Processo Civil, uma vez que, embora sejam
juízes de mesma hierarquia, possuem competências territoriais diversas, atuando assim
como um longa manus e concretizando o princípio processual da cooperação processual.
Desta forma, o magistrado, cuja competência territorial é estabelecida na base de uma
determinada comarca, não poderá emitir ordens em outra comarca, cuja competência
territorial é concedida à outro ou outros magistrados. Dessa forma, deve-se requerer
cooperação processual para a realização de ordens como oitiva de testemunha, penhora
de objetos, etc. A carta precatória deverá conter os requisitos do artigo 260 do Codex
processualista brasileiro, não devendo, salvo justificadamente, ser recusada pelo juízo
deprecado, que deverá cumprir a carta exatamente em seus parâmetros, sem emitir juízo
de valor.
6 Antonio ajuizou ação de usucapião ordinário face à José. Não obstante, em relação à
fundamentação legal, juiz entendeu que o fundamento cabível seria de usucapião urbana
de caráter constitucional, uma vez que Antonio possui apenas o elemento tempo, mas
não possui o requisito de justo título. Assim, deu pela procedência da ação considerando
os fundamento de fato e o pedido. Em relação ao exposto, responda se o magistrado
agiu de maneira correta ou incorreta, fundamentando e justificando sua resposta
corretamente. (3,0)
8 Jerônimo ajuíza ação de indenização por danos emergentes contra Tereza em virtude
de acidente de carro supostamente por ela ocasionado. Tão logo da citação, Jerônimo
deseja modificar o pedido, incluindo os lucros cessantes envolvidos sobre o caso.
Nesse contexto, responda até quando e em que condições Jerônimo poderá efetuar a
modificação do pedido constante da sua exordial. Fundamente e justifique sua
resposta. (2,0)
Comentário: Trata-se de pergunta aberta, onde, logo após a citação, não está
especificada qual a conduta foi tomada pela parte ré. Não há dados os quais se possa
saber se a mesma é revel ou apresentou contestação. Ademais, não consta de limitação
temporal quando da pergunta “até quando”, podendo-se analisar todo o processo até a
decisão final, sobre a possibilidade de modificação do pedido: Antes e depois do
despacho saneador.
Resposta: Após a citação, a parte ré já estará devidamente integrada ao processo, tendo,
por força do princípio do contraditório, direito de responder e apresentar sua ampla defesa
sobre o que lhe é imputado. Assim, por força do 329 do Código de Processo Civil, em um
primeiro momento, somente poderá Jerônimo modificar o pedido somente com a devida
autorização de Tereza, a qual, uma vez concordado, deverá ter a devolução de seu prazo
para resposta. Não obstante, acaso Tereza for revel no presente caso, Jerônimo poderá
efetuar a modificação do pedido sem a autorização prévia de Tereza, não obstante
devendo promover nova citação, ocasião em que a parte ré terá devolvido seu prazo de
defesa, dessa vez envolvendo todos os pedidos, respeitando-se assim o contraditório.
Assim, após a citação, somente pode-se modificar o pedido nessas condições até o
despacho saneador. Após o despacho saneador, não se poderá modificar o pedido da
petição inicial nem com a anuência do réu, salvo se pela eventualidade da realização de
um acordo.
Comentário: Resposta simples, com uma única resposta, sem a necessidade de maiores
argumentações. Não obstante, todas as características da espécie de pedido deve ser
trazida à resposta como fundamento.
Resposta: Trata-se de pedido do tipo alternativo, embasado no artigo 325 do Código de
Processo Civil Brasileiro, em que o autor, ora credor, poderá formular mais de uma forma
que o réu, ora devedor, poderá cumprir sua obrigação formada no momento da
condenação. Desta forma, tanto um pedido como o outro apresentado na questão satisfaz
a parte autora, formando coisa julgada, não podendo a mesma, acaso acolhido um dos
seus pedidos, ter interesse em recorrer, uma vez que se distingue do pedido subsidiário,
que traz uma ordem de preferência a ser respeitada pelo magistrado. Assim, tanto a
indenização como o pagamento do tratamento satisfaziam a pretensão da autora, ou um
primeiro pedido ou o segundo, justificando, portanto, porque seria o chamado pedido
alternativo.
10 Fernanda ajuíza ação de regresso em face de sua ex-sócia Luíza, uma vez tendo pago
dívida da mesma a qual fora avalista. Ocorre que, uma vez citada, a parte ré se manteve
revel, ou seja, não tendo apresentado sua contestação cabível. Fernanda então decide
adicionar à ação de regresso, indenização por danos morais decorridos em virtude do
fato. Nesse contexto, há possibilidade de modificação do pedido sem a devida
anuência de Luíza? Explique e fundamente sua resposta. (2,0)
11 A.F.J, menor de idade impúbere, devidamente representado por sua mãe, Ana, ajuíza
ação de investigação de paternidade cumulada com pedido de pagamento de pensão por
alimentos em face de André no juízo competente. Nessa situação, em relação à
cumulação de pedidos, indique qual a espécie de cumulação, fundamentando sua
resposta de forma correta. (2,0)
12 Eric ajuíza ação de distrato contratual contra a Construtora Cai não Cai pelo atraso da
entrega de sua unidade, bem como a realização da suposta entrega com o apartamento
com condições inabitáveis. A Construtora ré foi devidamente citada, não obstante não
apresentando sua resposta no prazo legal. Neste caso, qual a providência legal a ser
tomada pelo magistrado, bem como seus efeitos, de acordo com o Código de
Processo Civil? (3,0)
13 João ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais em face de seu
condomínio em face de cobranças indevidas de taxas condominiais. O magistrado, após a
apresentação da defesa do réu, julgou procedente os danos materiais, tendo deixado para
produção de prova posterior, pendente de julgamento, no que se refere aos danos morais.
Dentro desse contexto, responda se tal possibilidade é cabível de acordo com o
Código de Processo Civil vigente no Brasil. Fundamente e justifique sua resposta.
(2,0)
Comentário: Trata-se de pergunta aberta, onde, logo após a citação, não está
especificada qual a conduta foi tomada pela parte ré. Não há dados os quais se possa
saber se a mesma é revel ou apresentou contestação. Ademais, não consta de limitação
temporal quando da pergunta “até quando”, podendo-se analisar todo o processo até a
decisão final, sobre a possibilidade de modificação do pedido: Antes e depois do
despacho saneador.
Resposta: Após a citação, a parte ré já estará devidamente integrada ao processo, tendo,
por força do princípio do contraditório, direito de responder e apresentar sua ampla defesa
sobre o que lhe é imputado. Assim, por força do 329 do Código de Processo Civil, em um
primeiro momento, somente poderá Jerônimo modificar o pedido somente com a devida
autorização de Tereza, a qual, uma vez concordado, deverá ter a devolução de seu prazo
para resposta. Não obstante, acaso Tereza for revel no presente caso, Jerônimo poderá
efetuar a modificação do pedido sem a autorização prévia de Tereza, não obstante
devendo promover nova citação, ocasião em que a parte ré terá devolvido seu prazo de
defesa, dessa vez envolvendo todos os pedidos, respeitando-se assim o contraditório.
Assim, após a citação, somente pode-se modificar o pedido nessas condições até o
despacho saneador. Após o despacho saneador, não se poderá modificar o pedido da
petição inicial nem com a anuência do réu, salvo se pela eventualidade da realização de
um acordo.
15 Eric ajuíza ação de distrato contratual contra a Construtora Cai não Cai pelo atraso da
entrega de sua unidade, bem como a realização da suposta entrega com o apartamento
com condições inabitáveis. A Construtora ré foi devidamente citada, não obstante não
apresentando sua resposta no prazo legal. Neste caso, qual a providência legal a ser
tomada pelo magistrado, bem como seus efeitos, de acordo com o Código de
Processo Civil? (3,0)