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Excelentíssimo senhora presidente

Eminente relator
Eminentes desembargadores integrantes desta honrosa 5° câmara cível
Aos ilustres membros do ministério publico
Aos senhores servidores
Aos nobres colegas advogados e estagiários do direito
Como também, aos alunos de direitos que ai se encontram.

Deixo aqui os meus mais sinceros cumprimentos!

Em apertada síntese, trata-se de apelação cível, advindo da


comarca de Itabuna, onde por sua vez o processo originário trata-
se de ação
indenizatória por danos morais, materiais cumulados com danos
estéticos e pensão vitalícia, cominado com pedido de tutela de
urgência.

Não poderia começar este relatório sem antes preponderar, que este
processo estava conexo no primeiro grau com a Apelação Cível nº.
0503168-31.2016.8.05.0113.

O qual também foi julgado recentemente por esta solene câmera cível, que
emitiu acordão no tocante a reforma do decisório inicial , assim como, a
condenação dos réus por responsabilidade objetiva;

Na espécie, não há que se falar em deficiência jurídica deste acordáo, muito


menos sua incompreensão, haja vista, que todos os pontos foram
perfeitamente apontados por vois desembargadores.

Destaque para o pertinente trecho relatório do sábio relator geder

“A sentença ora atacada transmite o sentimento, para quem dela tome conhecimento, que
vale a pena a negligência e o descuido dos proprietários de imóveis com a ruína e a
precariedade deles, até que venham a lesionar pessoas ou ceifar vidas sem que reparem pelos
danos delas decorrentes

Mesmo com todo este conhecimento jurídico exposto, que nos tras um
sentimento que a justiça foi integrada a mais pura realidade .
com toda vênia, o valor fixado fora imposto de forma módica, não
estabelecendo, talvez, conexão com o verdadeiro dano experimentado pelo
autor, ficando muito aquém das decisões de mesmos vértices postulatórios,
quando levamos em conta a extensão do dano e a possibilidade financeira
dos autores

Lado outro, como forma de parâmetro para esta decisão, não é preciso
qualquer esforço para se perceber que no caso conexo os valores das
indenizações fixadas em acordão por esta honrada turma, tanto na esfera
moral, quanto na estética, foram impostos em valores irrisórios, no
montante de 10,000.00 referente a danos morais e 15,000.00 referente a
danos estéticos , como toda vênia tal decisão se equiparam a indenizações
de menor potencial ofensivo ou físico, a exemplos de praxe, podemos
ressaltar a negativação ilegal do nome ou ate mesmo a lesão corporal leve ,
como tambem aquela reparação dada na pauta de hoje, que aqui foi julgado
por esta câmera contra a empresa Coelba no valor de 10,000.00 dez mil
reais de danos morais.

Feito esta observação,

passo enfim ao RELATORIO PROCESSUAL


Ratificando o contido na petição inicial, e dispensando aqui
ssíntese factual , haja vista a celeridade da sustentação

AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO e negativada audiencia


de intrução
fora realizada audiência de conciliação. Contudo, as partes não
chegaram a uma composição amigável.(fls. 66).
o magistrado de primeiro grau, no seu entendimento, deixou de
realizar a audiência de instrução uma vez que entendeu que não
havia provas a serem produzidas no ato (fls. 127 e 148). Tal
decisão teve a concordância do Ministério Público (fls 136).
Ressalta-se a vossas excelências a insistência do patrono em
petição, acerca da necessidade da marcação da AUDIENCIA DE
INTRUÇÃO, entendendo que era de extrema importância a oitiva
das partes e testemunhas (fls, 131 – 133). Contudo, mesmo com
toda suplica e reiteração do pedido, o magistrado cerceou a
produção das provas.

Em relação ao direito material gostaria de ressaltar a


valoração do laudo
Após a realização da perícia de engenharia, O contundente e
probatório laudo pericial do engenheiro veio a confirmar a
precária situação do edifício em todo seu laudo.
No dia 29 de abril de 2021, foi realizada a perícia médica. Neste
ato, mais uma vez o laudo pericial foi estarrecedor, ao esclarecer
o atual estado físico da criança e suas sequelas definitivas
ocasionadas pela tragédia (fls.247 -251).

Relata-se que na sentença os pedidos foram julgados


improcedentes pelo juízo de primeiro grau, que acompanhou o
parecer do MP na ocasião, em contrariedade ao laudo pericial e
também, o atual livro cívico nacional, haja vista que, no caso, a
responsabilidade civi é objetiva, independente de culpa ou dolo .
.
Pondo fim a este relatório passo para o pedido da REFORMA
DA SENTENÇA
Evidente excelências, que o processo, na origem, encontra-se
eivado de nulidades processuais, provocadas pelo julgador de
primeiro grau, que maculou sua própria decisão, ao arrepio da
justiça. Deixando em dúvida até mesmo se este julgamento fora
feito de forma “parcial”, quando analisamos o processo de ponta a
ponta”.

E, com todas vênias, permitam-me, pontuar.


Apontamento 1-DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA, e o
cerceamento de produção de provas
A não realização da audiência de instrução trouxe uma lacuna
processual prejudicial ao devido processo legal. Existem
testemunhas capazes de provar a responsabilidade civil dos réus,
uma vez que poderiam provar que a área onde aconteceu a
tragédia sempre foi disponibilizada pelos locadores aos inquilinos
para que pudessem estender suas roupas de cama, visto que a área
do flat era pequena demais.
Outrossim, esta referida prova foi produzida em processo conexo
a este, que também trouxe à tona a liberalidade do terraço por
parte dos locadores aos seus inquilinos.
Nesta mesma seara, legítimo afirmar que, tanto o parecer do
ministério público, quanto a sentença emanada, apegam-se
somente à responsabilidade subjetiva.
Ora, excelentíssimos desembargadores, como um juiz pode se
basear em um fato abstrato, para prolatar uma sentença, se ele
mesmo não deferiu a produção de prova testemunhal, prova esta
que foi requerida exaustivamente pela defesa.

E ainda, De forma estarrecedora, o juiz de primeiro grau, na


sentença, aduziu que os autores não conseguiram comprovar a
culpa dos réus. “Pasmem”, como a defesa iria conseguiram
comprovar ou gerar provas se o juiz indeferiu o pedido de
audiência de instrução, mesmo com o reiterado pedido do patrono
ora constituído.

Neste mesma esteira, excelências, ainda na seara da


responsabilidade subjetiva, temos que nos perguntar:
1- Quem anexou os varais na aérea de terraço?
2- Porque a área não estava fechada impedindo o acesso de
todos?
3- Onde está no contrato que a área não foi disponibilizada aos
seus inquilinos?
Observa-se que todas essas perguntas desapareceram em meio
aos pensamentos do saudoso magistrado e do ora representante
do MP.
Findado este apontamento passo para
- DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Na sentença prolatada ao arrepio da lei, o magistrado nada se


manifestou sobre a responsabilidade “Objetiva”, uma vez que
existe direito positivado em relação a esta responsabilidade cívica,
em seu artigo 937, onde aduz expressamente que a
responsabilidade de ruina de edificação tem caráter Objetivo e
independe de culpa ou dolo.

No presente caso, excelências, resta cristalina a responsabilidade


objetiva dos apelados e, portanto, o dever de indenizar, em valor
justo e proporcional à extensão dos danos causados.

DANO MORAL E ESTÉTICO cumulado com pensão


vitalicia

Não resta dúvida que é cabível, no caso em ensejo, que o Autor


pleiteie a condenação do Réu em danos morais e estéticos.

Ademais, demonstrou-se nos autos que os réus, mesmo após terem


experimentado uma tragédia com um infante dentro de seu edifício por
culpa exclusiva dos mesmos, não tomaram as devidas providências para
sanar o problema no local, o que veio acarretar em mais um desastre e
novamente com uma criança.

O dolo e a negligência dos requeridos restaram mais que evidenciados.

O caso em questão reflete que os agentes obtiveram lucro com o ato ilícito
e vieram novamente a incorrer na conduta ilícita, o que torna ainda mais
reprovável o comportamento dos ofensores.

E disso não discorda a doutrina do honroso dr Sérgio Cavalieri Filho, 


“A indenização punitiva do dano moral pode ser
também adotada quando o comportamento do ofensor
se revelar particularmente reprovável – dolo ou culpa
grave – e, ainda, nos casos em que, independentemente
de culpa, o agente obtiver lucro com o ato ilícito ou
incorrer em reiteração da conduta ilícita [ ... ]”

Por outro lado, excelências, há uma criança que perdeu o braço direito e
tornou-se portador de necessidades especiais, com todas os lamentos e
limitações físicas e emocionais decorrentes desta condição que lhe foi
imposta, pela desídia e usura dos Apelados.

E esta pergunta que faço a vossas exelencias?

Será que, por se tratar de uma criança humilde, não é merecedora da


proteção integral que lhe é assegurada pela Constituição Federal?

Hoje esta criança ela nao tem mais o direito de gozar livremente de todas as
brincadeiras e experiências da idade, pois as frustração decorrente de suas
limitações o acompanharão pelo resto da vida.

O tempo é algo que não se restitui, não se volta atras

Quanto tempo a criança teve que perder e continua perdendo para


recomeçar a escrever com a outra mão e para desenvolver com autonomia
as atividades mais simples do dia- a dia haja vista que o acidente ceifou sua
mão de escrita.

Neste sentido, ainda em relação aos danos morais e estético,


cumpre destacar também a possibilidade financeira dos Apelados,
que são empresários conhecidos na cidade de Itabuna, proprietários de 7
(sete) imóveis residenciais e 1 (um) comercial, onde possuem uma loja de
material de construção.

Ressalta-se que 6 desses imóveis têm destinação para locação em valores


atuais de R$ 500,00(quinhentos reais), o que totaliza um valor mensal de
R$ 3.000,00 (três mil reais) e anual de R$36,000.00 (trinta e seis mil reais).
Por conseguinte.
É evidente que os rendimentos dos réus ultrapassam este valor, sobretudo
quando somado com os rendimentos de sua empresa de material de
construção.

Gostaria de fazer aqui um apontamento

Observem excelências, que o valor arbitrado por essa câmara e processo


conexo equivale a quase metade do valor que os réus ganham em um ano
somente com locação de imóveis.

Lembrando que este processo já se alonga por quase 9 anos , ou seja, os


réus obtiverm 16 vezes o valor indenizatório dado ao caso conexo

Enfim;

Pelos motivos expostos, roga este patrono que esta colenda


câmara conheça e dê provimento a esta apelação, para a devida
reforma da sentença, assim como, condenar os Apelados ao
pagamento de indenização ao Apelante por danos morais (em
importe não inferior a R$ 50.000,00-cinquenta mil reais),

e estéticos (em importe não inferior a R$ 100.000,00- cem mil


reais), bem como ao pagamento de pensão vitalícia.

Por fim
Termino esta sustentação citando a vossas exelencias.o trecho da poesia, do
poeta Firmino Rocha, tambem itabunese, que ficou imortalizada na parede
da organização das nações unidas (ONU)

“Adeus luares de Maio.


Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música no coração do menino”.
Firmino Rocha

Em discurso final, agradeçendo o tempo e a paciencia de vossas exelencias e e


de todos aqui presentes.
 

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