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Ausência dos familiares no processo de construção dos

saberes.
A ausência familiar na vida escolar, quando analisada a partir de uma perspectiva
sociológica, pode ser compreendida como resultado das dinâmicas sociais e estruturais
presentes na sociedade. A sociologia busca investigar como as relações sociais, as
estruturas institucionais e as desigualdades influenciam os comportamentos e as
interações dos indivíduos.
Nesse contexto, a ausência familiar na vida escolar pode ser explicada por meio de
diversos fatores sociológicos. Um deles é a desigualdade social e econômica. Em
sociedades marcadas por desigualdades, famílias em situação de pobreza ou com
dificuldades financeiras enfrentam maiores obstáculos para garantir a presença e a
participação dos seus filhos na escola. A falta de recursos financeiros pode impedir o
acesso a itens essenciais, como transporte, uniforme e materiais escolares, o que
contribui para o afastamento dos estudantes das atividades escolares.
Além disso, a estrutura e a organização do sistema educacional podem influenciar a
ausência familiar na escola. Por exemplo, escolas com pouca participação e
envolvimento dos pais, falta de comunicação efetiva entre pais e professores, ou
políticas educacionais que não valorizam o papel dos pais na educação podem contribuir
para a falta de interesse e participação das famílias no ambiente escolar. A falta de
conexão entre a família e a escola pode resultar em uma percepção de distanciamento e
falta de identificação dos pais com as práticas e valores educacionais.
Outro aspecto sociológico relevante é o papel das normas culturais e valores dominantes
na sociedade. Em algumas culturas, as responsabilidades familiares, como o trabalho
doméstico, o cuidado com os irmãos mais novos ou a priorização das tradições
culturais, podem ser consideradas mais importantes do que a participação ativa na vida
escolar. Normas e expectativas sociais arraigadas podem moldar as atitudes e
comportamentos dos pais em relação à educação, influenciando sua presença e
engajamento na escola.
Adicionalmente, os contextos comunitários podem exercer um impacto significativo na
ausência familiar na vida escolar. Comunidades desfavorecidas, caracterizadas por altos
níveis de marginalização, violência ou falta de recursos, podem apresentar maiores
taxas de ausência familiar. A falta de infraestrutura adequada, serviços de apoio e uma
rede de suporte social limitada podem dificultar o engajamento dos pais na escola e no
apoio aos seus filhos.
Em suma, a ausência familiar na vida escolar, quando analisada sob uma perspectiva
sociológica, é influenciada por uma série de fatores, como desigualdades sociais e
econômicas, estrutura do sistema educacional, normas culturais e valores predominantes
na sociedade, bem como contextos comunitários desfavoráveis. Compreender e abordar
esses fatores é essencial para promover uma maior participação e envolvimento dos pais
na vida escolar, visando uma educação mais inclusiva e igualitária.
Ainda sobre os trabalhos que buscam compreender a percepção dos professores em
relação à ausência familiar na vida escolar dos seus filhos, Lima e Domingues (2011)
realizaram uma pesquisa com a finalidade de analisar a participação dos pais na vida
escolar dos filhos segundo a visão de seus professores. A pesquisa foi realizada em uma
escola pública e uma escola particular de Campinas/ São Paulo e contou com 20
professores de ensino fundamental dos anos iniciais. Foi aplicado um questionário com
seis perguntas em relação ao tema. Vamos aos resultados de tal pesquisa:

 30% dos professores relataram que os pais só participam da reunião, no final de cada
bimestre;

 25% dos professores relataram que os pais “observam” as lições de casa dos filhos;

 20% dos professores responderam que percebem a participação dos pais através do
acompanhamento de trabalhos e pesquisas passados para casa e através de uma
“olhada” no caderno das disciplinas do dia;

 15% dos professores responderam que os pais participam através de bilhetes para
saber sobre o rendimento e o comportamento do filho na escola;

 10% dos professores responderam que os pais participam por meio de conversas
sobre as dificuldades de aprendizagem do filho.
Fonte: https://bdm.unb.br/handle/10483/8919

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