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FACULDADE DE FILOSOFIA E TEOLOGIA PAULO VI

Curso: Teologia 
Disciplina: Sacramento da Ordem 
Professor: Eduardo Neri
Nome: Guilherme Castro Berutto Masiero 
Matrícula: 20212272

Uma Análise dos Capítulos II e III da Exortação Apostólica

"Pastores Dabo Vobis"

Introdução

A exortação apostólica "Pastores Dabo Vobis" escrita pelo Papa João Paulo II
em 1992, tem como tema central a formação dos sacerdotes na Igreja Católica.
Os Capítulos II e III da exortação, aos quais iremos nos deter neste trabalho,
aborda a formação sacerdotal e a formação humana, destacando a importância
da formação teológica, espiritual e prática, buscando compreender as principais
orientações do Papa para a formação de sacerdotes na Igreja Católica.

Capitulo II - A natureza e missão do sacerdócio ministerial

O Capítulo II da Exortação Apostólica "Pastores Dabo Vobis" trata da


natureza e missão do sacerdócio ministerial, que é um tema central na
formação dos futuros sacerdotes.

O Papa João Paulo II destaca que o sacerdote é chamado a ser um


"homem de Deus" e que sua missão é "anunciar a Boa Nova a todas as
pessoas, tornar presente e operante no mundo o Mistério de Cristo e, por meio
dele, do Mistério da Santíssima Trindade" (PDV, 14). O sacerdote é um homem
consagrado a Deus e enviado em missão para servir o povo de Deus. Ele é
chamado a ser um pastor, um guia espiritual e um animador da comunidade,
ajudando as pessoas a crescerem em sua relação com Deus e a viverem a sua
fé de forma autêntica.

O Papa destaca ainda que o sacerdócio ministerial é um dom de Deus,


que não depende dos méritos humanos, mas sim da escolha divina. O
sacerdote é chamado a responder a esse dom com fidelidade e generosidade,
colocando-se a serviço da Igreja e do povo de Deus. Portanto, a formação
sacerdotal deve levar em conta a natureza e missão do sacerdócio ministerial,
preparando os futuros sacerdotes para assumir sua missão com
responsabilidade e dedicação, em conformidade com a vontade de Deus e as
necessidades da Igreja e do mundo.

O Papa João Paulo II destaca a importância da formação teológica na


formação sacerdotal. Segundo ele, a formação teológica deve ser baseada na
tradição da Igreja, mas também deve levar em conta as necessidades e
desafios do mundo contemporâneo. A formação teológica deve permitir ao
sacerdote compreender a mensagem do Evangelho e transmiti-la com
fidelidade e clareza, levando em conta as diferentes realidades pastorais em
que será inserido.

Além da formação teológica, o Papa destaca a importância da formação


espiritual ressaltando que o sacerdote deve ter uma vida espiritual sólida e
coerente com o Evangelho, levando em conta a dimensão pessoal do
sacerdote, suas virtudes, seus limites e suas potencialidades. O sacerdote
deve ser formado para uma vida de oração e contemplação, mas também para
uma vida de serviço aos irmãos, em especial aos mais necessitados.

Outro aspecto importante da formação sacerdotal é a formação prática.


O Papa destaca a importância do acompanhamento pessoal e da experiência
de pastoral; sendo assim o sacerdote deve ser formado para uma vida pastoral
que leve em conta as diferentes realidades em que será inserido, levando em
conta a dimensão humana e pastoral do sacerdote, permitindo-lhe
compreender as realidades e os desafios pastorais e contribuir para a
construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

É importante ainda destacar a necessidade de uma formação que leve


em conta a dimensão ecumênica e inter-religiosa. O sacerdote deve estar
preparado para dialogar e colaborar com outras confissões cristãs e com outras
religiões, reconhecendo a importância do diálogo inter-religioso para a
construção de uma sociedade mais justa e fraterna. A formação sacerdotal
deve levar em conta essa dimensão e preparar o sacerdote para esse diálogo e
colaboração.

O Papa destaca também a importância da formação permanente dos


sacerdotes, ou seja, a formação contínua mesmo após a ordenação. O
sacerdote deve estar sempre buscando aperfeiçoar-se e atualizar-se,
especialmente em relação às mudanças sociais e culturais que ocorrem ao
longo do tempo.

Por fim, é importante destacar que a formação sacerdotal deve levar em conta
a importância da comunidade na formação do sacerdote. O sacerdote não se
forma sozinho, mas em comunidade, e a comunidade deve estar engajada e
comprometida com a formação do sacerdote, oferecendo-lhe um ambiente de
acolhida, de diálogo, de partilha e de formação.

Capitulo III - A vida espiritual do Sacerdote

O Capítulo III da Exortação Apostólica "Pastores Dabo Vobis" trata da


vida espiritual do sacerdote, um tema de grande importância na formação e na
atuação pastoral do presbítero. Aqui o Papa destaca que a vida espiritual do
sacerdote deve ser a base de toda a sua formação e da sua atuação pastoral.
O sacerdote é chamado a ser um homem de oração e de intimidade com Deus,
que busca viver a sua fé de forma autêntica e coerente. A vida espiritual do
sacerdote é fundamental para a sua relação com Deus e com os outros, e deve
ser cultivada diariamente por meio da oração, da meditação da Palavra de
Deus, da celebração dos sacramentos e da prática da caridade.

O Papa destaca que a vida espiritual do sacerdote deve ser vivida em


comunhão com a Igreja, pois este é chamado a viver em união com o seu
bispo, com os outros presbíteros e com o povo de Deus, participando da vida e
das atividades pastorais da comunidade. A vida espiritual do sacerdote deve
ser marcada pela fraternidade, pela colaboração e pelo diálogo, contribuindo
para a construção de uma Igreja mais unida e mais solidária.

A vida espiritual do sacerdote deve ser marcada também pela fidelidade


ao magistério da Igreja e à sua doutrina, pois este é chamado a ser um fiel
transmissor da fé da Igreja, ensinando com clareza e convicção a doutrina
cristã e contribuindo para a formação dos fiéis.

Outro aspecto relevante abordado pelo Papa é a necessidade de que a


vida espiritual do sacerdote seja sustentada pela formação permanente. O
sacerdote deve estar sempre buscando aperfeiçoar-se e atualizar-se,
especialmente em relação à sua vida espiritual, por meio de retiros, cursos e
outras atividades formativas. Essa vida deve ainda ser marcada pela
disponibilidade ao serviço. O sacerdote é chamado a estar sempre pronto a
servir o povo de Deus, colocando-se a serviço da comunidade e das pessoas
mais necessitadas. A vida espiritual do sacerdote deve ser vivida em função do
serviço, como um testemunho vivo do amor e da misericórdia de Deus.

Um ponto importante que pode ser acrescentado é a importância da


espiritualidade litúrgica na vida do sacerdote. O Papa João Paulo II enfatiza
que a liturgia deve ocupar um lugar central na vida espiritual do sacerdote, pois
é por meio dela que ele pode experimentar a presença de Deus de forma mais
intensa e profunda. Nesse sentido, o Papa destaca a importância da formação
litúrgica, que deve ser um elemento fundamental na formação do sacerdote.
Ele deve conhecer a fundo a liturgia da Igreja, suas rubricas, gestos, palavras e
símbolos, para que possa celebrar com dignidade e beleza os sacramentos e
outras celebrações. O Papa destaca ainda que a espiritualidade litúrgica deve
estar presente não apenas na celebração dos sacramentos, mas também em
outras atividades pastorais do sacerdote, como a catequese, a pregação e a
evangelização. A liturgia deve ser uma fonte de inspiração e de orientação para
todas as atividades pastorais do sacerdote, ajudando-o a levar os fiéis a uma
experiência mais profunda do amor e da misericórdia de Deus. Dessa forma, a
espiritualidade litúrgica pode ser vista como um elemento fundamental na vida
espiritual do sacerdote, contribuindo para o seu crescimento pessoal e pastoral
e para a renovação da vida da comunidade.

Em tratando-se de vida espiritual o Papa não poderia deixar de


mencionar a importância da oração na vida do sacerdote. Ele destaca que a
oração é o fundamento da vida espiritual do sacerdote, pois é por meio dela
que ele se mantém unido a Cristo e encontra a força necessária para cumprir
sua missão pastoral. A oração não deve ser vista como uma atividade
secundária na vida do sacerdote, mas como um elemento fundamental e
prioritário, afirma o Papa, destacando a importância da oração pessoal, da
meditação da Palavra de Deus, da participação na liturgia das horas e na
adoração eucarística. Porem a oração pessoal deve ser associada com a
oração em comunidade que se dá por meio da celebração da Eucaristia, da
recitação do Rosário e de outras formas de oração comunitária. Ele enfatiza
que a oração em comunidade fortalece a unidade dos sacerdotes e ajuda a
promover a comunhão entre eles.

Por fim, o Papa destaca que a oração deve ser acompanhada por uma
vida de virtude e de sacrifício. O sacerdote deve buscar a santidade em todas
as áreas de sua vida, evitando os pecados e cultivando as virtudes,
especialmente a humildade, a obediência e a caridade. Ele deve estar disposto
a renunciar a si mesmo e a seus interesses pessoais em favor do serviço aos
fiéis, seguindo o exemplo de Cristo, que se fez servo de todos.

Conclusão

Os capítulos II e III da Exortação Apostólica "Pastores Dabo Vobis"


apresentam uma análise profunda e coerente sobre a formação sacerdotal na
Igreja Católica, destacando aspectos fundamentais da vida espiritual e pastoral
dos presbíteros. No capítulo II, o Papa João Paulo II apresenta uma reflexão
sólida sobre a natureza e a missão do sacerdócio ministerial, que é de grande
importância para a formação dos presbíteros. É fundamental que os futuros
sacerdotes compreendam bem o seu papel na Igreja, para que possam exercer
o ministério com dedicação e compromisso.

Já no capítulo III, o Papa destaca a importância da vida espiritual dos


presbíteros, enfatizando que a formação sacerdotal deve contemplar não
apenas os aspectos intelectuais e acadêmicos, mas também a dimensão
espiritual e pastoral do ministério. Neste sentido, a exortação é uma
contribuição significativa para a reflexão sobre a formação permanente dos
sacerdotes, que é essencial para o bom desempenho do ministério pastoral.

Em resumo, os capítulos II e III da Exortação Apostólica "Pastores Dabo


Vobis" são uma análise crítica positiva sobre a formação sacerdotal, que
apresenta reflexões relevantes e necessárias para a formação e atuação dos
presbíteros na Igreja Católica.

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