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Implicações para a comunicação olfativa humana.

A comunicação olfativa está sempre presente nos mamíferos, mas, ao contrário da


comunicação visual e vocal, esta foi sempre negligenciada no seu estudo. A perca da
sensibilização a esta capacidade foi exagerada. Isto tem sido apoiado devido ao estudo e
compreensão sobre as glândulas odoríferas funcionais e a comunicação intraespecífica que
ocorre em catarrinos, onde o humano está incluído.

Ao contrário do que se esperava que quimicamente quem beneficiava da perceção química era
exclusivamente o recetor, veio-se a descobrir que os sinais químicos se alteram, sendo
selecionados evolutivamente e ao mudar tanto o comportamento como a perceção do recetor,
faz com que emissor e recetor sejam beneficiados.

Foram feitos, portanto estudos para revelar a expressão e transferência de informações


dependentes de condição, tipicamente a serviço de funções socio-reprodutivas que sejam
mutuamente lucrativas.

Estudou-se então primatas uma vez que presentam uma multiplicidade de sinais químicos que
têm relevância especial para a compreensão da evolução e função quimiossensorial. Uma
variedade de fontes de cheiro são usadas na comunicação química entraespecífica. Estes
odores derivam de produtos excretores (fezes e urina) e vários exsudatos (suor, saliva e
secreções glandulares). Algumas das secreções (palmar, axial, genital e perinial) são expressas
entre as espécies e por ambos os sexos . Apesar disso, algumas glândulas odoríferas são
proeminentes em fêmeas refletindo num design específico do sinal. Isto ocorre quando elas
têm dominância na espécie e isto tem influência na seleção sexual em ambos os sexos.

Os quimiosinais dos mamíferos consistem numa mistura complexa entrado na origem do


conceito de “mosaico de odor” ou “assinatura” uma vez que múltiplas mensagens são
transmitidas por diferentes combinações ou porções variadas de compostos sobre os quais os
membros da mesma espécie podem aprender. Estas características contrastam com as
feromonas ou produtos químicos únicos que desencadeiam uma resposta não aprendida numa
resposta que seja funcionalmente especializada e especifica da espécie.

Devido a esta complexidade de odores, os métodos usados são adaptados a cada espécie, tipo
de odor ou tipo de composto. Uma base genética para a produção de odores nos mamíferos é
evidenciada pela codificação herdada de proteínas solúveis associadas ao complexo principal
de histocompatibilidade. Este complexo “gera” códigos pra o sistema imunológico adquirido
que reconhece moléculas estranhas e determinando a histocompatibilidade e tem uma
influencia bem conhecida sobre o odor de um individuo.

Os estudos realizados de pistas químicas humanas e da sua fonte são relacionados


principalmente com aplicações diagnósticas, forenses, ambientais ou industriais. Em relação à
comunicação intraespecífica, estes estudos químicos tendem a concentrar-se em compostos
orgânicos voláteis auxiliares e a sua derivação microbiana. Isto porque nos humanos, as axilas
são maiores e uma ativa fonte de odor. São, portanto, consideradas como análogas às
glândulas de outros primatas.

A entrega do sinal através do cheiro pode ser passiva através da difusão natural do odor,
reflexiva pela libertação involuntária de compostos orgânicos voláteis devido ao medo, stress
ou ansiedade ou ativamente pela marcação intencional de perfume ou fricção.
Ao contrário dos sinais transitórios vocais e visuais, os sinais olfativos não dependem da
presença simultânea de um recetor, ocorrendo ao longo do tempo e na ausência de interação
social.

A colocação de sinais químicos pode refletir a função em colocar limites territoriais ou para
manter laços sociais. Permitem também atrair parceiros disponíveis incluindo a utilização de
feromonas ainda não identificadas.

A colocação de odores para uma potencial parceira durante o encontro tem uma função social
imediata e avaliativa uma vez que ocorre uma linguagem química.

No caso dos humanos, a entrega de sinais é vista como uma ação passiva ou reflexiva,
mudando inconscientemente com o estado emocional do individuo.

De uma maneira pouco congruente, a quimiosinalização humana tem estudos mais avançados
em relação à componente da sua perceção. Pois é possível medir a ativação do cérebro quando
ocorre a resposta a odores.

AS respostas registadas em bioensaios têm pouca semelhança com a função desempenhada,


como é o exemplo da seleção de parceiro.

Quando os sinais são apresentados isoladamente versus em combinação, uma mistura de


secreções gera mais interesse investigativo de membros da mesma espécie do que as
secreções individuais sozinhas sugerindo uma função sinérgica para a mistura. Esta
interpretação pode sugerir que o bolbo olfativo principal humano pode ser critico e suficiente
para processar sinais imediatamente disponíveis e transmitidos socialmente. Os bioensaios
comportamentais também são usados para testar as funções socio-reprodutivas de odores
humanos.

A condição de um animal pode ser afetada por vários fatores internos (genéticos e fisiológicos)
e externos (fatores ambientais, patogénicos, sociais) que influenciam a qualidade dos seus
sinais e podem alterar o equilíbrio entre a reprodução e a sobrevivência do individuo.

O estudo das relações filogenéticas e de marcadores glandulares sugerem que a marcação da


urina é o estado ancestral e que a marcação glandular é um estado derivado. Alterando a
organização social e padrões de atividades mostrando uma história evolutiva.

Quanto ao estudo comparativo de sinais genitais e perianais ambas as zonas têm secreções
com padrões químicos estáveis e quimicamente distintas refletindo em diferentes funções
desempenhadas. Os sinais químicos destes animais refletem diferenças sociorreprodutoras
pois em espécies onde as fêmeas dominam, as fêmeas expressam sinais mais ricos, enquanto
nas espécies igualitárias os machos expressam sinais mais ricos.

As organizações sociais também refletem no comportamento de marcação de odores.


Membros de espécies dominadas por fêmeas têm uma marcação de cheiro mais frequente do
que em espécies igualitárias. Também há uma tendência para a fêmea marcar com mais
frequência os coespecíficos masculinos em espécies dominadas por fêmeas, apesar de
acontecer também nas igualitárias. Estes padrões morfológicos, químicos e comportamentais
complementares nas mulheres estão potencialmente ligados a um conjunto de características
masculinizadas mediadas por hormonas e sã consistentes com a seleção sexual operada nas
mulheres.
O estudo das secreções gandulares mostram que existe um padrão e interação de odor-gene
de sexos opostos que facilitam a escolha do parceiro através da sua atração pela
compatibilidade evitando a endogamia e aumentando assim a prole.

A saúde do individuo também tem muita importância na riqueza destes odores uma vez que
indivíduos doentes tratados com antiniótico são menos ricos.

O odor feminino altera ficando menos expressado em mulheres gravidas do que em mulheres
que não estão e também dependendo do sexo do bebe (masculino, menor expressão)

Conclusão: traços imutáveis que são sinalizados via cheiro incluem espécie, sexo, fonte de odor,
identidade do individuo, parentesco e qualidade genética são informações importantes para
direcionar a competição intrasexual ou nepotismo, bom como otimizar a escolha do parceiro e
evitar a endogamia sugenrindo uma seleção sexual de sinais olfativos femininos.

Ao contrario dos sinais estáveis os sinais flexíveis da condição incluem informações sobre
estados variáveis como saúde ou condição física que também podem influenciar a competição
ontraespecífica, o nepotismo ou a escolha do parceiro.

Outros indicadores transitórios refletem o status social ou estado reprodutivo mediado por
hormonas. Enquanro alguns indicadores reprodutivos, ou seja, aqueles que variam
sazonalmente ou com ciclos ováricos ou como gravidez, sexo fetal e contraceção hormonal
podem servir como pistas.

Por ultimo os padroes de comunidades microbianas presentes nas secreções glandulares


recapitulam padrões estáveis e transitórios na composição química dentro e entre espécies,
sugenrindo um papel para as bactérias fermentativas na derivação dos compostos orgânicos
voláteis.

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