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Amanda Reitenbach
São reconhecidos cinco tipos distintos de sabores: o doce, o salgado, o amargo e o azedo e,
mais recentemente, o umami. O sabor doce é sentido na região anterior da língua, o azedo
nas regiões látero-medianas, o salgado na porção centromediana e o amargo nas regiões
látero-posteriores, junto às papilas circunvaladas (Guimarães Jr., 2005). Recentemente, o
sabor umami tem sido associado à região central da língua (Kim, 2004).
Azedo
O sabor azedo é causado pela ação dos ácidos, e a intensidade da sensação gustativa
depende da concentração do íon hidrogênio. Assim, para substâncias ácidas, quanto maior
a concentração de íons H+, mais forte é a sensação (Guyton; Hall, 1996).
O sabor ácido está principalmente vinculado a fontes vegetais e frutas, especialmente as
cítricas. Os ácidos cítrico e L-málico são os ácidos orgânicos mais comumente encontrados
em frutas, enquanto o ácido 2R,3R-tartárico é o principal constituinte das uvas e do
tamarindo. Outros ácidos encontrados em menor quantidade são: o cis-aconítico,
succínico, pirúvico, citramálico, fumárico, glicérico, glicólico, glioxílico, isocítrico, láctico,
oxalacético, oxálico e 2-oxoglutárico (Belitz et al., 2009).
Além disso, ácidos são adicionados em alimentos processados. Os ácidos alimentícios são
substâncias que aumentam a acidez dos gêneros alimentícios e/ou lhes conferem um
sabor acre. São chamados de agentes acidulantes e os mais utilizados são os ácidos das
frutas, como o cítrico e o tartárico, presente nas uvas; o málico, presente em uvas e maçãs;
e o acético e o láctico, presente em produtos lácteos fermentados. Podem ainda ser usados
outros tipos de ácidos, como o fosfórico e o clorídico, mas só em algumas circunstâncias.
Salgado
O sabor salgado é produzido por sais ionizados. Sua qualidade varia um pouco de um sal
para outro, porque os sais provocam outras sensações gustativas além do salgado. Os
cátions dos sais são os principais responsáveis pelo sabor salgado, mas os ânions também
participam dessa sensação (Guyton, 1996). Em relação aos mecanismos que explicam a
forma como o sal é detectado na boca, estudos sobre o transporte epitelial (Schiffman,
1988) e experiências psicofísicas e eletrofisiológicas (McCutcheon, 1992) mostram que a
entrada de íons de Na+ nas células receptoras de sabor através de canais apicais de íons é
responsável pelo sabor salgado. Na realidade, a amilorida, um substrato que reduz a
entrada de sódio através da superfície mucosa ou externa do epitélio de outros tecidos
também reduz a intensidade da percepção aos sais de sódio e lítio (Schiffman, 1983).
Doce
A sensação do sabor doce não é causada por uma categoria única de substâncias químicas.
Alguns tipos de substâncias que causam o gosto incluem açúcares, álcoois, aldeídos,
glicídios, cetonas, amidas, ésteres,
aminoácidos e outros (Guyton, 1997).
Substâncias edulcorantes são
encontradas nas mais diversas classes
químicas. Dentre muitas teorias
existentes, a apresentada por
Schallenberger tem ampla divulgação
na literatura (Schallenberger, 1975).
Os adoçantes artificiais ou sintéticos são: a) sacarina, com poder adoçante 306 vezes maior
que a sacarose; b) os ciclamatos com poder adoçante 33,8 vezes maior que a sacarose.
Tanto a sacarina quanto o ciclamato, suscitam dúvidas quanto à permissão para uso pelos
órgãos competentes, devido à presença de nitrogênio na molécula. c) aspartame. No
comércio, há o açúcar sintético produzido a partir de aminoácidos, o aspartame,
metabolizado como as proteínas e 200 vezes mais doce que a sacarose.
Os adoçantes naturais são: a) A stevia que fornece açúcar natural, 300 vezes mais doce do
que o açúcar comum. É um glicosídeo com peso molecular semelhante, mas com poder
adoçante maior. b) O sorbitol que é um álcool derivado do açúcar, natural em maçãs,
cerejas, ervilhas, etc., é usado como adoçante em produtos dietéticos e em refrigerantes
como edulcorante. c) O xilitol é outro exemplo; gomas de madeira hidrolisada com doçura
semelhante à sacarose (Oetterer, 2003).
Amargo
O sabor amargo não é causado por uma único grupo de substâncias químicas. As
substâncias que dão um gosto amargo são, geralmente, orgânicas de cadeia longa que
contêm nitrogênio e alcalóides (Guyton, 1996).
Umami
Este sabor foi inicialmente descoberto com a sensação causada pelo ácido glutâmico, que
está presente em pequenas quantidades na saliva humana. Umami é uma palavra derivada
de umai, adjetivo que em japonês significa delicioso. O sabor umami propicia sinergia entre
os demais sabores e aumenta a sensação dos mesmos (Lindemann, 2000). Vários
alimentos tais como os vegetais (tomate, batata, repolho, cogumelo, cenoura, soja, chá
verde, etc.), os frutos do mar (peixe, alga, ostra, camarão, caranguejo e mariscos) e a carne
são naturalmente ricos em substâncias umami.
O sabor umami pode ser detectado numa região mediana da língua, onde existe certo
número de receptores gustativos têm sido propostos para subjacentes umami, o sabor de
L-glutamato, em certos aminoácidos e nucleotídeos. No entanto, os perfis de resposta
desses receptores clonados não foram validados. As respostas registradas a partir de
células receptoras gustativas que são os detectores de nativos de gosto umami ainda
precisam ser melhor estudadas. Muitos desses estudos são conduzidos com ratos. E os
resultados ainda precisam ser confirmados em humanos (Lindeman, 2010). Parte do
glutamato é produzido pelo corpo, outra parte tem que ser ingerida na dieta. No leite
humano o glutamato é em encontrado em concentrações em torno de 15 mg/100 g.
Sabe-se que a gustação é sobretudo uma função dos corpúsculos gustativos da boca, mas é
experiência comum que o sentido do olfato contribui fortemente para a percepção do
gosto (Guyton, 1997). Dos sentidos que são responsáveis pela percepção humana do
ambiente, o sentido do gosto e do olfato são os que se comunicam quimicamente com o
meio e, atuando em conjunto, possibilitam o paladar.
Genes olfativos formam a maior família de genes em seres humanos, constituída por cerca
de 9000 genes. Estes genes codificam receptores olfativos, que interagem com as
moléculas de odor no nariz para iniciar uma resposta neuronal que desencadeia a
percepção do olfato. Os seres humanos podem reconhecer cerca de 10.000 odores. Porque
o olfato está fortemente ligada com a percepção de sabor, estímulos de odores podem
desempenhar um importante papel na preferência alimentar.
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