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CÓDIGO DE ÉTICA E
DISCIPLINA DA OAB
2023
Dedico esta obra à minha querida esposa Vera Lúcia Ribeiro Rodrigues e
aos amigos de sempre.
Homenageio Luís Gama
Cada Advogado dedicado à sua nobre missão de
pleitear Justiça é um Águia em todas as Comarcas e Juízos,
sejam os mais importantes centros populacionais sejam os
mais inóspitos rincões do interior deste imenso Brasil.
O autor
INTRODUÇÃO
O objetivo desta obra é fornecer informações a quem interessar possa sobre
o Código de Ética e Disciplina da OAB, sem nenhum intuito a não ser o de
ser útil na divulgação dessas informações, que não são exaustivas.
Consultas devem ser feitas pelos interessados aos repositórios de
informações da própria OAB, mas este trabalho pode ajudar na visão mais
simplificada e com certa generalidade, o que facilita a compreensão do que,
afinal, é o profissional da Advocacia e como é regulamentada sua profissão,
que nem todos compreendem e muitos interpretam de maneira equivocada.
Diferentemente dos demais operadores do Direito, que recebem seu
sustento dos cofres públicos, o Advogado não tem garantia nenhuma de
sobrevivência a não ser sua própria desenvoltura e, por conta disso, tem de
equilibrar, nos dois pratos da balança, sua ética e a necessidade de ganhar o
pão de cada dia.
Advocacia é área, como todas as outras, que deve ser escolhida apenas
pelos vocacionados, pois os deveres e ônus que são impostos a esses
profissionais - inclusive a perda, no mínimo em grande parte, do direito ao
merecido descanso – faz com que somente os realmente vocacionados
continuem nessa vida de ter de “matar um leão por dia”.
Fica aqui registrada minha homenagem e meu respeito a esses corajosos
Colegas da profissão na qual acabo de ingressar.
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
1 – O JULGAMENTO DE SÓCRATES
Em tempos passados, inclusive na Grécia antiga, ou seja, lá pelo ano de
399 a.C., não havia a profissão de Advogado, verificando-se que, no
famoso e emblemático julgamento de Sócrates, ele falou em causa própria e
foi condenado pela maioria dos Julgadores, constituindo-se o Tribunal de
501 Juízes, sendo que 280 votaram pela condenação e 221 votaram pela
absolvição.
“Após gerar incômodos e burburinho entre pessoas influentes em
Atenas, Sócrates recebeu uma acusação que partiu, principalmente,
do poeta Meleto e do político e orador Ânitos. “A acusação era
grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas
divindades e corromper a juventude.”
(https://www.google.com.br/search?q=julgamento+de+socr%C3%A1tes&s
xsrf=ALiCzsYR9lM1MJrpIj9XCA9pQ_aiIFibqg%3A1671278133240&so
urce=hp&ei=Na6dY7TuC6TR1sQPg7qf2A4&iflsig=AJiK0e8AAAAAY52
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ates&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAEYADIFCAAQgAQyBQgAEIAEMgUIA
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Três acusações, portanto: 1 - não reconhecer os deuses do Estado, 2 -
introduzir novas divindades e 3 - corromper a juventude.
Veja-se como os pontos da acusação se resumem a fatos que caem no
domínio da subjetividade, pois não havia normas escritas relacionassem os
crimes e as respectivas penas. Naquele tempo, funcionava dessa forma:
prevalecia pura e simplesmente o arbítrio dos Julgadores.
Realmente Sócrates não reconhecia como tais os deuses que a sociedade
identificava como governantes do mundo visível e do mundo invisível. Mas
como isso poderia ser tratado a nível de crime, principalmente a justificar a
pena de morte?
Introduzir novas divindades não foi nunca o objetivo de Sócrates, mas,
sim, apenas pregava que cada ser humano tinha seu próprio “anjo da
guarda” (na linguagem atual do Catolicismo) ou “espírito protetor” (na
linguagem espírita). Esses seres invisíveis não eram divindades, mas sim
guardiões dos vivos. Mas, novamente, perguntamos: - o que esse crença
significava de nociva a ponto de servir de pretexto para a morte pela
ingestão de cicuta (veneno mortal)?
Corromper a juventude de que forma? Só porque encontrava nos jovens
adeptos das suas ideias diferenciadas? Quem foi corrompido por ele? Fala-
se em seguidores espontâneos como Platão, Xenofonte, Antístenes e outros
que não ficaram conhecidos pela posteridade.
O resultado do julgamento mostrou bem que o veredito foi simplesmente
político, pois, em caso contrário, teria havido unanimidade. A maioria dos
Julgadores entendeu que, se Sócrates continuasse vivo, não deixaria de
falar sobre seus pontos de vista e isso geraria mais descrédito para os que
pretendiam continuar impondo suas crenças ao povo ateniense. A solução,
pensada e concretizada por eles, foi a decretação da morte daquele cidadão
pacífico, mas firme no que entendia correto em termos de crença religiosa,
sem contar suas ideias sobre Política e outros temas.
Acreditava na “liberdade de expressão” e foi punido.
Sócrates era um escultor, casado e pai de 5 filhos, que ele sustentava
parcamente com o fruto do seu trabalho, não sendo, ao contrário do que se
fala, um “filósofo”, pois, diferentemente de Platão e Aristóteles, não
fundou nenhuma escola, onde ensinasse alunos com remuneração
correspondente.
Era apenas um cidadão, que, devido à sua credibilidade e experiência de
vida, conversava com as pessoas e muitas delas concordavam com seus
pontos de vista.
Suas ideias não correspondiam ao que os governantes de Atenas e muitas
pessoas influentes adotavam, mas nunca representou nenhum perigo para
elas, pois nunca pretendeu mudar o quadro político e social da cidade de
Atenas. Era apenas um cidadão idoso, corajoso no afirmar suas crenças,
mas inofensivo.
Portanto, era apenas um cidadão comum, pobre, que dizia o que pensava,
quando era perguntado.
Seu julgamento choca pela falta de juridicidade no veredito, resultado,
pura e simplesmente, no desagrado da maioria dos Julgadores, que o
condenaram para se verem livres de um homem com h maiúsculo, que dizia
o que pensava, ou seja, exercia o que hoje se chama “liberdade de
expressão”, tão proibida naquela época quanto atualmente.
O fato de não haver, na época, a figura do Advogado foi um dificultador
para sua Defesa, pois, falando em sua própria defesa, foi pouco técnico,
pois não devia lhe sobrar muito tempo até para dialogar sobre suas ideias,
porque, como escultor que era, devia, na certa, que entregar suas
encomendas aos clientes, para sustentar a numerosa família, inclusive não
tendo conhecimento técnico para alegar as nulidades que, na certa, havia no
processo e rebater, ponto por ponto, cada uma das acusações com a
segurança dos que vivem de questionar ou afirmar o Direito e, com isso,
facilitou o trabalho direcionado, maldoso, hipócrita, dos Julgadores que
queriam, como se disse acima, ficar livres de um concidadão que exercia a
não reconhecida “liberdade de expressão”.
Posteriormente à condenação, alguns tentaram facilitar-lhe a fuga, mas ele
preferiu enfrentar a morte, que lhe foi imposta, pela ingestão do veneno
chamado cicuta, não concordando em fugir, por uma questão de coerência
para com sua própria consciência de homem e cidadão adepto da
integridade moral mais inteiriça e sem brechas, que sempre adotou.
A defesa técnica por parte de um Advogado, se assim tivesse acontecido,
no mínimo, colocaria os Julgadores injustos em uma posição incômoda de
verem vir a público sua falta de honestidade no julgamento.
Assim deve fazer o Advogado: mesmo que não ganhe a causa para o seu
constituinte, acaba mostrando a todos que a derrota foi injusta e é isso que
os Julgadores desonestos mais temem: a desmoralização dos seus vereditos,
pois todos querem parecer honestos e justos.
3 – JULGAMENTOS INJUSTOS
Estes são dois exemplos de julgamentos em que não aparece nenhuma
Defesa formulada por Advogado.
Há, todavia, em todos os tempos, casos em que, mesmo com Defesas
formuladas por Advogados, as condenações acontecem sem nenhuma
consideração da parte de Julgadores comprometidos com o prejulgamento
condenatório que premeditam ou premeditaram.
Esse tipo de condenação compromete seriamente a credibilidade da
Justiça, que passa, de sua sacralidade, para a execração das gerações
futuras.
Em vários países e épocas da humanidade, aconteceram e acontecem esses
julgamentos injustos, com a atuação dos Advogados sendo menosprezada.
6 - A HISTÓRIA DA OAB
“A Ordem teve a sua criação prevista em 1843 pelo Instituto
dos Advogados do Brasil, mas somente 87 anos depois foi instituída
a Ordem dos Advogados. A OAB é o primeiro filho da Revolução
de 1930. Em 3 de Novembro, Getúlio Vargas assume o poder. Em
18 de novembro ele cria a OAB. O ato decorreu do Decreto n.º
19.408, de 18 de novembro de 1930, da lavra do Chefe Executivo
Nacional, Getúlio Vargas, então elevado ao poder pela recente
Revolução de 1930, desencadeada um mês antes, em 3 de outubro.
A palavra Ordem, oriunda da tradição francesa, está
vinculada à tradição da Idade Média, podendo ser entendida como
um conjunto estatutário que determina um modo de vida
reconhecido pela religião católica, tal como à Ordo Clericorum ou
às ordens de cavalaria. O advogado era então uma espécie de
cavaleiro das leis. Apesar de a Revolução Francesa ter extinto
todas as corporações profissionais, a tradição manteve-se quanto à
denominação da palavra Ordem, inspirando o nome de várias
entidades corporativas relativas aos advogados em diversos países,
inclusive em Portugal e no Brasil.
A Ordem dos Advogados do Brasil, assim instituída no plano
nacional, é composta de Seções (Seccionais) instaladas em cada um
dos Estados da Federação. Foi, pela legislação antiga, uma
autarquia federal de caráter corporativista, tal como o Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e o Conselho
Federal de Medicina (CFM). Hoje, segundo jurisprudência recente
do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 3.026, passou a ser considerado serviço
público independente, sem vinculação ao Poder Federal, goza de
imunidade tributária, tem fins lucrativos, é autônomo, é
independente e seus funcionários são contratados pelo regime da
CLT, sem necessidade de prévio concurso público.”
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_dos_Advogados_do_Brasil)
CÓDIGO DE ÉTICA E
DISCIPLINA DA OAB
• Honorários advocatícios
Os honorários advocatícios sofreram mudanças que merecem a
nossa atenção. Registre-se desde logo que o legislador avançou na
disciplina sobre o tema. Eliminou incertezas legislativas, positivou
(os corretos) posicionamentos consolidados e superou
entendimentos inadequados.
TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO
CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os
preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos
Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e
profissional.
Como dito acima, os referenciais a serem seguidos são:
1 – o Código,
2 - o Estatuto,
3 - o Regulamento Geral,
4 - os Provimentos e
5 - os demais princípios da moral individual, social e profissional.
O Advogado é um tipo de ave que voa alto e desce para pugnar pela
Justiça, não se conformando enquanto ela não acontece, utilizando, para
tanto, de todos os recursos previstos em lei para mostrar que sua causa é
justa e que merece ser vencedora. O Código é este, que está sendo
comentado, o Estatuto consta, na parte que nos interessa para efeito deste
estudo, na parte das Notas, sendo a de nº 1, enquanto que o Regulamento
Geral está na Nota 2. Quanto aos Provimentos devem ser consultados na
própria OAB.
CAPÍTULO II
DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE
CAPÍTULO IV DA PUBLICIDADE
Prazos
Sem dificuldade.
Jurisdição Disciplinar
Sendo admitida como se trata uma petição inicial apta, ou seja, não inepta,
pelo Relator, ele dá andamento ao processo, com o recebimento da defesa
prévia e demais atos, preside a instrução processual e, terminada a fase
instrutória, apresenta seu parecer preliminar, que será submetido ao TED
como subsídio para o julgamento. Pode ser alegada sua suspeição ou
impedimento, nos termos da legislação processual. A expressão “designar
relator” quer dizer que o Relator será escolhido na sequência
predeterminada, de tal forma que todos relatem igual número de processos,
através do sistema de compensação.
Defesa prévia
(http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/processo-oab.htm)
Introdução
Por incrível que pareça, a maioria dos advogados não conhece o
processo ético disciplinar da OAB. Não é ensinado na faculdade, o
advogado só conhece quando é representado na OAB. No processo
ético disciplinar da OAB há 3 instâncias de julgamento.
1ª fase
O processo ético disciplinar se inicia de ofício ou mediante
representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.
Algumas seccionais como a OABDF e a OABSP nesses casos,
concede prazo para o (a) advogado (a) representado apresentar
esclarecimentos. Se os esclarecimentos forem suficientes, a OAB
arquiva o processo disciplinar. Caso os esclarecimentos não sejam
suficientes, passa-se para a 2ª fase. Nas demais seccionais, o
processo passa automaticamente para a próxima fase. Note-se que
não é permitido denúncia anônima.
2ª fase
É o momento em que ocorre a análise dos autos, podendo ocorrer o
Arquivamento Liminar ou a Instauração do Processo Ético
Disciplinar. Se entenderem que não estão presente os requisitos de
admissibilidade, ocorrerá o arquivamento liminar. Caso a
representação atendas os critérios de admissibilidade, o processo
será instaurado. Após a instauração, passa-se para a 3ª fase.
3ª fase
É nesse momento que o (a) advogado (a) Representado é intimado
para apresentar defesa prévia no prazo de 15 dias úteis. É a fase de
apresentação de defesa prévia pelo advogado Representado. O
nome correto da petição de defesa é “defesa prévia”. Caso o
representado não apresente defesa prévia, lhe será nomeado
defensor dativo para apresentar. O advogado Representado não
pode ficar sem defesa. Esse é o momento para você advogado
pugnar pela produção de prova testemunhal. Você deve indicar as
testemunhas até o número máximo de 5 testemunhas. Você também
deve solicitar qualquer diligência que entender pertinente.
4ª fase
Após a defesa prévia, o relator pode manifestar pelo Indeferimento
Liminar da Representação, ou pode manifestar pelo
prosseguimento da Representação, com a sua instrução.
5ª fase
É a fase instrutória do processo ético disciplinar. Momento em que
é realizada a audiência de instrução. Ocorre que, se o advogado
não solicitou na defesa prévia a produção de prova testemunhal,
essa fase não será realizada. Passa-se automaticamente para a 6ª
fase.
6ª fase
O relator proferirá parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal
de Ética e Disciplina da OAB. No parecer preliminar o relator
dará o enquadramento legal aos fatos imputados ao Representado.
7ª fase
Após o parecer preliminar, as partes são intimadas para apresentar
razões finais. O prazo sucessivo de 15 dias úteis. Essa é a última
chance de o advogado representado manifestar por escrito nos
autos, é sua última chance de defesa. Não desperdice essa
oportunidade.
8ª fase
O processo é redistribuído para outro julgador. O relator não pode
ser o mesmo designado na fase de instrução do processo ético.
9ª fase
É nessa fase que ocorre o julgamento da Representação. Nessa
fase, ou seja, no julgamento, e após a leitura do voto pelo relator, é
facultado as partes o tempo de 15 minutos para sustentação oral.
(https://mourameireles.jusbrasil.com.br/artigos/1403651581/advogadovoce-
sabe-quais-sao-as-fases-do-processo-disciplinar-da-oab)