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COMENTÁRIO AO

CÓDIGO DE ÉTICA E
DISCIPLINA DA OAB

Luiz Guilherme Marques


OAB-MG 222.028

2023
Dedico esta obra à minha querida esposa Vera Lúcia Ribeiro Rodrigues e
aos amigos de sempre.
Homenageio Luís Gama
Cada Advogado dedicado à sua nobre missão de
pleitear Justiça é um Águia em todas as Comarcas e Juízos,
sejam os mais importantes centros populacionais sejam os
mais inóspitos rincões do interior deste imenso Brasil.
O autor

INTRODUÇÃO
O objetivo desta obra é fornecer informações a quem interessar possa sobre
o Código de Ética e Disciplina da OAB, sem nenhum intuito a não ser o de
ser útil na divulgação dessas informações, que não são exaustivas.
Consultas devem ser feitas pelos interessados aos repositórios de
informações da própria OAB, mas este trabalho pode ajudar na visão mais
simplificada e com certa generalidade, o que facilita a compreensão do que,
afinal, é o profissional da Advocacia e como é regulamentada sua profissão,
que nem todos compreendem e muitos interpretam de maneira equivocada.
Diferentemente dos demais operadores do Direito, que recebem seu
sustento dos cofres públicos, o Advogado não tem garantia nenhuma de
sobrevivência a não ser sua própria desenvoltura e, por conta disso, tem de
equilibrar, nos dois pratos da balança, sua ética e a necessidade de ganhar o
pão de cada dia.
Advocacia é área, como todas as outras, que deve ser escolhida apenas
pelos vocacionados, pois os deveres e ônus que são impostos a esses
profissionais - inclusive a perda, no mínimo em grande parte, do direito ao
merecido descanso – faz com que somente os realmente vocacionados
continuem nessa vida de ter de “matar um leão por dia”.
Fica aqui registrada minha homenagem e meu respeito a esses corajosos
Colegas da profissão na qual acabo de ingressar.

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

1 – O JULGAMENTO DE SÓCRATES
Em tempos passados, inclusive na Grécia antiga, ou seja, lá pelo ano de
399 a.C., não havia a profissão de Advogado, verificando-se que, no
famoso e emblemático julgamento de Sócrates, ele falou em causa própria e
foi condenado pela maioria dos Julgadores, constituindo-se o Tribunal de
501 Juízes, sendo que 280 votaram pela condenação e 221 votaram pela
absolvição.
“Após gerar incômodos e burburinho entre pessoas influentes em
Atenas, Sócrates recebeu uma acusação que partiu, principalmente,
do poeta Meleto e do político e orador Ânitos. “A acusação era
grave: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas
divindades e corromper a juventude.”
(https://www.google.com.br/search?q=julgamento+de+socr%C3%A1tes&s
xsrf=ALiCzsYR9lM1MJrpIj9XCA9pQ_aiIFibqg%3A1671278133240&so
urce=hp&ei=Na6dY7TuC6TR1sQPg7qf2A4&iflsig=AJiK0e8AAAAAY52
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Três acusações, portanto: 1 - não reconhecer os deuses do Estado, 2 -
introduzir novas divindades e 3 - corromper a juventude.
Veja-se como os pontos da acusação se resumem a fatos que caem no
domínio da subjetividade, pois não havia normas escritas relacionassem os
crimes e as respectivas penas. Naquele tempo, funcionava dessa forma:
prevalecia pura e simplesmente o arbítrio dos Julgadores.
Realmente Sócrates não reconhecia como tais os deuses que a sociedade
identificava como governantes do mundo visível e do mundo invisível. Mas
como isso poderia ser tratado a nível de crime, principalmente a justificar a
pena de morte?
Introduzir novas divindades não foi nunca o objetivo de Sócrates, mas,
sim, apenas pregava que cada ser humano tinha seu próprio “anjo da
guarda” (na linguagem atual do Catolicismo) ou “espírito protetor” (na
linguagem espírita). Esses seres invisíveis não eram divindades, mas sim
guardiões dos vivos. Mas, novamente, perguntamos: - o que esse crença
significava de nociva a ponto de servir de pretexto para a morte pela
ingestão de cicuta (veneno mortal)?
Corromper a juventude de que forma? Só porque encontrava nos jovens
adeptos das suas ideias diferenciadas? Quem foi corrompido por ele? Fala-
se em seguidores espontâneos como Platão, Xenofonte, Antístenes e outros
que não ficaram conhecidos pela posteridade.
O resultado do julgamento mostrou bem que o veredito foi simplesmente
político, pois, em caso contrário, teria havido unanimidade. A maioria dos
Julgadores entendeu que, se Sócrates continuasse vivo, não deixaria de
falar sobre seus pontos de vista e isso geraria mais descrédito para os que
pretendiam continuar impondo suas crenças ao povo ateniense. A solução,
pensada e concretizada por eles, foi a decretação da morte daquele cidadão
pacífico, mas firme no que entendia correto em termos de crença religiosa,
sem contar suas ideias sobre Política e outros temas.
Acreditava na “liberdade de expressão” e foi punido.
Sócrates era um escultor, casado e pai de 5 filhos, que ele sustentava
parcamente com o fruto do seu trabalho, não sendo, ao contrário do que se
fala, um “filósofo”, pois, diferentemente de Platão e Aristóteles, não
fundou nenhuma escola, onde ensinasse alunos com remuneração
correspondente.
Era apenas um cidadão, que, devido à sua credibilidade e experiência de
vida, conversava com as pessoas e muitas delas concordavam com seus
pontos de vista.
Suas ideias não correspondiam ao que os governantes de Atenas e muitas
pessoas influentes adotavam, mas nunca representou nenhum perigo para
elas, pois nunca pretendeu mudar o quadro político e social da cidade de
Atenas. Era apenas um cidadão idoso, corajoso no afirmar suas crenças,
mas inofensivo.
Portanto, era apenas um cidadão comum, pobre, que dizia o que pensava,
quando era perguntado.
Seu julgamento choca pela falta de juridicidade no veredito, resultado,
pura e simplesmente, no desagrado da maioria dos Julgadores, que o
condenaram para se verem livres de um homem com h maiúsculo, que dizia
o que pensava, ou seja, exercia o que hoje se chama “liberdade de
expressão”, tão proibida naquela época quanto atualmente.
O fato de não haver, na época, a figura do Advogado foi um dificultador
para sua Defesa, pois, falando em sua própria defesa, foi pouco técnico,
pois não devia lhe sobrar muito tempo até para dialogar sobre suas ideias,
porque, como escultor que era, devia, na certa, que entregar suas
encomendas aos clientes, para sustentar a numerosa família, inclusive não
tendo conhecimento técnico para alegar as nulidades que, na certa, havia no
processo e rebater, ponto por ponto, cada uma das acusações com a
segurança dos que vivem de questionar ou afirmar o Direito e, com isso,
facilitou o trabalho direcionado, maldoso, hipócrita, dos Julgadores que
queriam, como se disse acima, ficar livres de um concidadão que exercia a
não reconhecida “liberdade de expressão”.
Posteriormente à condenação, alguns tentaram facilitar-lhe a fuga, mas ele
preferiu enfrentar a morte, que lhe foi imposta, pela ingestão do veneno
chamado cicuta, não concordando em fugir, por uma questão de coerência
para com sua própria consciência de homem e cidadão adepto da
integridade moral mais inteiriça e sem brechas, que sempre adotou.
A defesa técnica por parte de um Advogado, se assim tivesse acontecido,
no mínimo, colocaria os Julgadores injustos em uma posição incômoda de
verem vir a público sua falta de honestidade no julgamento.
Assim deve fazer o Advogado: mesmo que não ganhe a causa para o seu
constituinte, acaba mostrando a todos que a derrota foi injusta e é isso que
os Julgadores desonestos mais temem: a desmoralização dos seus vereditos,
pois todos querem parecer honestos e justos.

2 – O JULGAMENTO DE JESUS CRISTO


“O julgamento de Jesus Cristo pode ser considerado o mais injusto
da história, eis que todos os procedimentos penais - a prisão, o
julgamento e a execução da sentença - foram permeados de
ilegalidades.”
(https://www.google.com.br/search?q=julgamento+de+jesus+cristo+sob+a
+luz+do+direito&biw=1600&bih=757&sxsrf=ALiCzsY5JNds04eGBc9Yy
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Era o ano 33 d.C. e eram 71 os Julgadores (Membros do Sinédrio) e
somente 1 (José de Arimateia) votou pela absolvição.
“O Sinédrio, como corpo, reivindicou poderes que os tribunais
judaicos menores não tinham. Como tal, eles eram os únicos que
podiam julgar o rei, estender os limites do Templo e de Jerusalém,
e eram aqueles a quem todas as questões de direito eram
finalmente colocadas. Antes de 191 AEC, o Sumo Sacerdote agia
como chefe ex officio do Sinédrio, mas em 191 AEC, quando o
Sinédrio perdeu a confiança no Sumo Sacerdote, o ofício de Nasi
foi criado. Após a época de Hillel, o Velho (final do século I aC e
início do século I dC), o Nasi era quase invariavelmente um
descendente de Hillel. O segundo membro de mais alto escalão do
Sinédrio era chamado de Av Beit Din , ou 'Chefe do Tribunal'
(literalmente,Av Beit Din significa 'pai da casa de julgamento'), que
presidiu o Sinédrio quando este funcionava como tribunal criminal.
Durante o período do Segundo Templo, o Sinédrio se reunia em um
edifício conhecido como Salão das Pedras Lavradas ( Lishkat
haGazit ), que foi colocado pelo Talmud e muitos estudiosos como
construído na parede norte do Monte do Templo , metade dentro do
santuário e meio exterior, com portas de acesso variado ao Templo
e ao exterior. O nome provavelmente surge para distingui-lo dos
edifícios do complexo do Templo usados para fins rituais, que não
podiam ser construídos com pedras lavradas por qualquer
instrumento de ferro .
Em alguns casos, era necessário apenas que um painel de 23
membros (funcionando como um Sinédrio Menor) se reunisse. Em
geral, o painel completo de 71 juízes foi convocado apenas em
questões de importância nacional ( por exemplo , uma declaração
de guerra) ou quando o painel de 23 membros não conseguiu
chegar a um veredicto conclusivo.
No final do período do Segundo Templo, o Sinédrio alcançou seu
auge de importância, legislando todos os aspectos da vida religiosa
e política judaica dentro dos parâmetros estabelecidos pela
tradição bíblica e rabínica.”
(https://en-m-wikipedia-
org.translate.goog/wiki/Sanhedrin?
_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=ptBR&_x_tr_pto=sc)
Igualmente não havia a profissão de Advogado em Israel e, se o houvesse,
alegaria, pelo menos, duas nulidades: 1 – o julgamento foi realizado fora do
Sinédrio, tendo como único local válido, o Salão das Pedras Lavradas,
além de que 2 - o horário do julgamento também contrariava os ditames da
lei.
Isso sem contar a não consideração do depoimento informal da mulher
hemorroíssa curada por Jesus, que falou quando Jesus foi levado à presença
de Pilatos, e a consideração, como verdadeiros, de testemunhos
fraudulentos.
Nicodemos, um dos Julgadores, disse que um inocente não poderia ser
condenado, mas foi José de Arimateia quem votou realmente pela
absolvição. Vários se ausentaram antes de concluído o julgamento, nulo de
pleno direito, mas a maioria condenou o réu, sem provas incontestáveis.
“De acordo com os Evangelhos de Marcos e Mateus, o grupo
religioso que mais acusou Jesus e o levou à condenação foi o dos
fariseus. Faziam parte desse partido letrados e doutores,
reconhecidos como intérpretes oficiais da lei mosaica, sendo que
esses tinham o encargo de preservar a Doutrina, e os demais
fariseus de promover a sua prática. Entretanto, a doutrina
apresentada por Jesus, pautada essencialmente no amor a Deus e
ao próximo, refuta o apego excessivo que esse grupo tinha pela lei,
bem como a distorção da sua finalidade. Verifica-se que, entre o
capítulo 2 e 15 do Evangelho de São Marcos, em consonância com
o Evangelho de Mateus, a partir do capítulo 9 até o 27, as
acusações contra Jesus são ressaltadas como itinerário que O
levam à condenação, mas também servem para que sejam
esclarecidos os aspectos primordiais de Sua missão.
No início do Evangelho de Marcos (2,2-12), os líderes dessa
corrente religiosa já são evidenciados no episódio da cura do
paralítico, que é levado a Jesus por amigos através do teto. Os
letrados que se fazem presentes no local julgam, em seus
pensamentos, que Jesus não tem poder para perdoar pecados, visto
que Ele curou a alma para depois curar o corpo do paralítico.
Assim, o evangelista evidencia o fechamento desse grupo religioso
para com a Pessoa de Jesus, bem como a acusação que levantam
em seu interior, pelo fato de não O reconhecerem como Deus. No
Evangelho de Mateus (9,1- 8), esta mesma cena foi descrita.
Entretanto, os dois evangelistas deixam claro que, nesse
acontecimento, surgiu a oposição dos fariseus, haja vista que, na
tradição dessa corrente religiosa, o poder de perdoar pecados
pertence somente a Deus (cf. Sl 130,4; Sl 51,6). Nessa narrativa,
tanto Marcos como Mateus demonstram que Jesus veio,
primeiramente, para curar o homem de sua doença mais grave, que
é o pecado e depois o corpo, não se deixando intimidar pela
hostilidade dos fariseus.

O evangelista Marcos dá continuidade à narrativa das acusações


ao descrever a refeição de Levi com Jesus, junto aos ex-colegas de
profissão e compatriotas (Mc 2,13-17). A acusação é narrada por
Marcos nestes termos: “Os letrados do partido farisaico, vendo-o
comer com pecadores e coletores disseram aos discípulos – “Por
que come com coletores e pecadores?” (2,16). Desse modo, davam
a entender que Jesus era um pecador como os cobradores de
impostos. O Evangelista Mateus (9, 9-13), ao narrar o mesmo
acontecimento, também deixa claro que os fariseus consideram-se
guardiães da pureza; por esse motivo separam categoricamente
“justos de pecadores”. Os dois evangelistas evidenciam que Jesus
veio com um chamado universal de salvação, já que todos são
pecadores.
Em seguida, Marcos (2, 18-22) e Mateus (9, 14-17) apresentam a
controvérsia dos seguidores de João Batista e dos fariseus a
respeito do jejum (cf. Zc 7,3-5 e Is 58). Objetam que eles jejuam
como expressão de arrependimento dos pecados, enquanto que os
discípulos de Jesus estão livres dessa prática. De acordo com os
evangelistas, a resposta de Jesus é categórica: “Podem os
companheiros do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles?
Enquanto têm o noivo com eles, não podem jejuar”. Assim, é
ressaltada a novidade que Jesus traz em Si, que as velhas
instituições não podem conter: Cristo é o “noivo” e n’Ele a festa
celeste já começou. Como estão centrados somente na penitência,
os discípulos de João e os fariseus não conseguem entender e
experimentar a alegria concedida pelo “noivo”.
Após essa narrativa, Marcos (2, 23-28) e Mateus (12, 1-8)
apresentam a acusação dos fariseus contra os discípulos de Jesus,
que arrancam espigas em dia de sábado, tendo em vista que essa
observância estava prescrita no decálogo (cf. Ex 20,8). Mediante
essa hostilidade, os evangelistas expõem a resposta de Jesus, que
lhes recorda o relato sobre Davi e seus soldados (cf. 1 Sm 21,2-7),
que devido à fome se alimentam do pão consagrado em dia de
sábado. Assim, Jesus demonstra que o pão é tão sagrado quanto o
sábado, para lhes esclarecer a supremacia do homem em relação à
lei do sábado.
O quinto episódio da acusação contra Jesus é narrado por Marcos
(3,1-6) e Mateus (12, 9-14), sendo este o cume da tensão dos
fariseus. O fato acontece numa sinagoga, também num dia de
sábado, onde se fazia presente um homem com uma das mãos
paralisada. Mateus ressalta a censura dos fariseus deste modo:
“Perguntaram-lhe, com intenção de acusá-lo, se era lícito curar no
sábado”. Jesus lhes esclarece que fazer o bem no sábado não se
opõe ao descanso descrito na lei mosaica, e, então, cura a mão do
homem. A partir desse acontecimento, os fariseus procuram os
herodianos para deliberar uma forma de matá-lo.”
(https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/quais-
acusacoesque-levaram-jesus-condenacao)
Apesar de constar que quem condenou Jesus foi o Sinédrio, afirma-
se em contrário, como segue abaixo:
“Cópia Autêntica da Sentença de Pilatos, no processo de Jesus
Cristo, existente no Museu da Espanha

"No ano dezenove de Tibério César, imperador romano de


todo o mundo, monarca invencível na Olimpíada cento e vinte e
um, e na Elíada vinte e quatro, da criação do mundo, segundo o
número e cômputo dos hebreus, quatro vezes mil cento e oitenta e
sete, do progênio do Romano Império, no ano setenta e três, e na
libertação do cativeiro de Babilônia, no ano mil duzentos e sete,
sendo governador da Judeia Quinto Sérgio, sob o regimento e
governador da cidade de Jerusalém, presidente gratíssimo, Pôncio
Pilatos; regente na Baixa Galileia, Herodes Antipas; pontífice do
sumo sacerdote, Caifás; magnos do templo, Alis Almael, Robas
Acasel, Franchino Ceutauro; cônsules romanos da cidade de
Jerusalém, Quinto Cornélio Sublime e Sixto Rusto, no mês de
março e dia XXV do ano presente,

Eu, Pôncio Pilatos, aqui presidente do Império Romano,


dentro do palácio e arqui residência, julgo, condeno e sentencio à
morte, Jesus, chamado pela plebe - Cristo nazareno - e galileu de
nação, homem sedicioso, contra a lei mosaica - contrário ao
grande imperador Tibério César.

Determino e ordeno por esta, que se lhe dê morte na cruz,


sendo pregado com cravos como todos os réus, porque
congregando e ajustando homens, ricos e pobres, não tem cessado
de promover tumultos por toda a Judeia, dizendo-se filho de Deus e
rei de Israel, ameaçando com a ruína de Jerusalém e do sacro
Templo, negando o tributo a César, tendo ainda o atrevimento de
entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da plebe, dentro
da cidade de Jerusalém.
Que seja ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e
coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para
que sirva de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com
ele, sejam conduzidos dois ladrões homicidas; saindo logo pela
porta sagrada, hoje antoniana, e que se conduza Jesus ao monte
público da justiça, chamado calvário, onde crucificado e morto
ficará seu corpo na cruz, como espetáculo para todos os
malfeitores, e que sobre a cruz se ponha, em diversas línguas, este
título: Jesus nazareno, rex judeorum.

Mando, também, que nenhuma pessoa de qualquer estado ou


condição se atreva, temerariamente, a impedir a justiça por mim
mandada, administrada e executada com todo o rigor, segundo os
decretos e leis romanas, sob as penas de rebelião contra o
imperador romano.

Testemunhas da nossa sentença:

pelas dozes tribos de israel: rabaim Daniel; rabaim Joaquim


Banicar; Banbasu; Laré Petuculani.

pelos fariseus: Bullieniel; Simeão; Ranol; Babbine; Mandoani;


Bancurfossi.

pelos hebreus: Matumberto.

pelo império romano e pelo presidente de Roma: Lúcio Sextilo e


Amacio Chilicio."

As acusações foram 1 - de ser homem sedicioso e 2 - contrário ao


Imperador romano, “não tem cessado de promover tumultos por toda a
Judeia, dizendo-se filho de Deus e rei de Israel, ameaçando com a ruína de
Jerusalém e do sacro Templo, negando o tributo a César, tendo ainda o
atrevimento de entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da plebe,
dentro da cidade de Jerusalém.”
Jesus Cristo, como dissemos acima, não teve Advogado e Ele mesmo
falou, e muito pouco, em sua própria causa, apenas respondendo às poucas
perguntas que lhe foram formuladas, mas não se pode dizer que o que
aconteceu foi uma Defesa, ao contrário de Sócrates, o qual discursou em
sua própria defesa, tentando mostrar que não merecia ser condenado.
Pior do que o julgamento de Sócrates, o de Jesus foi realizado na calada da
noite, sem obediências às regras processuais, que existiam, e, para
sacramentar a ilegalidade, os chefes do Sinédrio procuraram a chancela dos
governantes romanos, assim ficando o réu sem a mínima chance de defesa,
sem contar que Pilatos praticamente buscou o apoio popular para inculcar a
ideia de que o réu estaria sendo também condenado pelo povo judeu. Três
forças se conjugaram, pelo menos na aparência de legitimidade da
condenação: o Sinédrio, por sua maioria, o governador romano e parte da
população que queria o sangue do Justo.

3 – JULGAMENTOS INJUSTOS
Estes são dois exemplos de julgamentos em que não aparece nenhuma
Defesa formulada por Advogado.
Há, todavia, em todos os tempos, casos em que, mesmo com Defesas
formuladas por Advogados, as condenações acontecem sem nenhuma
consideração da parte de Julgadores comprometidos com o prejulgamento
condenatório que premeditam ou premeditaram.
Esse tipo de condenação compromete seriamente a credibilidade da
Justiça, que passa, de sua sacralidade, para a execração das gerações
futuras.
Em vários países e épocas da humanidade, aconteceram e acontecem esses
julgamentos injustos, com a atuação dos Advogados sendo menosprezada.

4 – ANTES E DEPOIS DE LUÍS GAMA – UM ADVOGADO


VITORIOSO

Luís Gama (Salvador, 21 de junho de 1830 – São Paulo, 24 de agosto


de 1882) foi um dos Advogados que melhores resultados conseguiu em
termos de vitórias sobre a má vontade de Julgadores que adotavam a
mentalidade escravocrata, com sua atuação libertando mais de 500 cidadãos
negros, através do instituto penal do Habeas Corpus, utilizado como
remédio na área cível, cidadãos negros esses que eram tidos, pelos seus
“falsos proprietários”, como escravos, mas que, na verdade, não o eram,
pois, pela interpretação da lei de 1832, eram cidadãos livres e não escravos.
Luís Gama significou um marco na História da Justiça brasileira,
pois, pode-se dizer, praticamente não perdeu nenhuma causa do tipo acima
apontado.
Era um grande processualista e dono de uma capacidade de
argumentação verbal e escrita invejável.
Quem aprofundar, realmente, a História da Justiça nacional, vai
verificar que o “inquestionável” Rui Barbosa, não passou de um seguidor
nem sempre leal do seu mestre, que foi Luís Gama, apropriando-se de suas
ideias e assumindo-as como se suas fossem.
O “águia de Haia” é questionável por vários deslises morais,
inclusive o de ter, como ministro da Fazenda, mandado destruir todos os
documentos que comprovavam a propriedade de escravos por seus donos,
para que o Governo não tivesse de pagar indenizações, o que representou a
supressão das provas, sem contar outras atitudes de deslealdade dentro da
Loja Maçônica em que ingressou pelas mãos de Luís Gama.
O filho de Luíza Mahin, uma das líderes dos malês, ensinou ao seu
descendente a honestidade e a coragem de enfrentar o “status quo” para
fazer prevalecer a Justiça.
Este livro tem como uma das suas finalidades mostrar o valor desse
grande Advogado e jurista, que foi Luís Gama, cuja produção intelectual
deveria ser pesquisada e divulgada como paradigma para a Advocacia
brasileira.

5 – UMA VISÃO PANORÂMICA DA ADVOCACIA


Há vários anos atrás, escrevemos este artigo:

“O ADVOGADO NO IMPÉRIO ROMANO, NA FRANÇA E NO


BRASIL
Hélio Maciel França Madeira, no seu precioso livro
“História da Advocacia – Origens da Profissão de Advogado no
Direito Romano” (RT, 2002), traz informações curiosíssimas sobre
o assunto em apreço.
1) Apesar de a advocacia já existir desde a República (que
se iniciou com a revolução de 509 a.C.), somente no período
imperial (que se seguiu à República), a advocacia passou a ser uma
verdadeira “profissão”, pois antes era exercida por qualquer
pessoa, não havia remuneração e não havia uma entidade de
classe. Na fase republicana ou na anterior (realeza), mesmo
aqueles que, como Marco Túlio Cícero, se destacaram, não foram
advogados no sentido atual da palavra.
2) Quando passou a ser uma verdadeira “profissão”,
ganhou destaque e pessoas de grande e de pequena expressão
social chegaram a advogar, dentre as quais os futuros imperadores
Tibério, Calígula e Cláudio.
3) Quanto à legislação sobre as “ordens de advogados”
as primeiras foram, no Império Romano do Ocidente, dos
imperadores Teodósio I (379-395 d.C.) e Artêmio, e, no Império
Romano do Oriente, Valentiniano (364-375 d.C.), Marciano, Leão,
Justino e Justiniano.
4) As “ordens de advogados” eram entidades com
personalidade jurídica, criadas onde existiam os tribunais mais
importantes e, apesar de independentes umas “ordens” em relação
às outras, eram fiscalizadas pelos referidos tribunais, que podiam,
inclusive, regulamentá-las em determinados casos.
5) Em cada “ordem” existiam três “classes” de
advogados (observado o critério de antiguidade da inscrição na
“ordem”): a) os “primates” (mais graduados, inclusive com poder
de punir os infratores, observado o “quorum” de pelo menos 20
votos), b) os demais estatutários e c) os advogados estagiários. O
número de advogados (computados somente os “primates” e os
demais estatutários, excluídos desse número os advogados
estagiários) não podiam ultrapassar a 30, 40, 50, 80 ou 150, de
acordo com a importância da “ordem”. Os advogados estagiários
somente podiam mudar de classe na “ordem”, passando a integrar
o número dos demais estatutários quando houvesse alguma vaga
por falecimento ou aposentadoria, dada preferência para aqueles
que tivessem pai advogado de uma das classes mais graduadas (daí
uma tendência para a hereditariedade). Esse admissão era
procedida pelo chefe da jurisdição local. Os advogados estagiários
somente podiam exercer seu ofício em tribunais menos importantes.
6) O nível de exigência para ingressar na “ordem”
dependia da importância de cada “ordem”. Assim, numa “ordem”
mais importante, as exigências eram mais rigorosas para os
candidatos, que, em princípio, eram as seguintes: a) moralidade, b)
prestígio social e c) conhecimento jurídico. Nas regiões menos
adiantadas admitiam-se até candidatos sem conhecimento jurídico.
No entanto, de forma alguma podiam exercer a profissão: a) os
escravos, b) os libertos, c) os não católicos (depois de adotada
oficialmente no Império a fé católica), d) os condenados a
determinadas penas, e) os surdos, f) as mulheres, g) os menores de
17 anos e h) os infames.
De nossa parte, fazendo um paralelo entre as realidades
do Império Romano, da França e do Brasil de hoje, podemos dizer
que o sistema francês manteve basicamente o antigo esquema
romano, tanto que existem três categorias totalmente diversas de
advogados (em sentido amplo), que são: a) os advogados dos
Conselhos, b) os
“avoués” e c) os advogados (em sentido estrito). Observa-se que o
número das duas primeiras categorias é limitado (respectivamente,
89 e 407) e há uma tendência para a hereditariedade e o elitismo
(pois, na verdade, esses cargos são “comprados” dos titulares dos
cargos pelos interessados, encarregando-se o Governo apenas de
verificar se os tais interessados têm conhecimento jurídico
suficiente). Enquanto isso não há limitação numérica para a última
categoria e o ingresso é imensamente mais fácil, apesar da
exigência de bom conhecimento jurídico. (Informações precisas a
respeito estão no nosso livro “A Justiça da França – um Modelo
em Questão”, LED, 2001).
Quanto ao Brasil, como se sabe, há somente uma classe de
advogados, sem limitação numérica de inscritos e nota-se o esforço
significativo da Ordem dos Advogados do Brasil em procurar
selecionar os candidatos através de provas de conhecimento
jurídico cada vez mais exigentes, mas os critérios adotados são
extremamente democráticos, concorrendo os candidatos em
igualdade de condições, independentemente de classe social.

6 - A HISTÓRIA DA OAB
“A Ordem teve a sua criação prevista em 1843 pelo Instituto
dos Advogados do Brasil, mas somente 87 anos depois foi instituída
a Ordem dos Advogados. A OAB é o primeiro filho da Revolução
de 1930. Em 3 de Novembro, Getúlio Vargas assume o poder. Em
18 de novembro ele cria a OAB. O ato decorreu do Decreto n.º
19.408, de 18 de novembro de 1930, da lavra do Chefe Executivo
Nacional, Getúlio Vargas, então elevado ao poder pela recente
Revolução de 1930, desencadeada um mês antes, em 3 de outubro.
A palavra Ordem, oriunda da tradição francesa, está
vinculada à tradição da Idade Média, podendo ser entendida como
um conjunto estatutário que determina um modo de vida
reconhecido pela religião católica, tal como à Ordo Clericorum ou
às ordens de cavalaria. O advogado era então uma espécie de
cavaleiro das leis. Apesar de a Revolução Francesa ter extinto
todas as corporações profissionais, a tradição manteve-se quanto à
denominação da palavra Ordem, inspirando o nome de várias
entidades corporativas relativas aos advogados em diversos países,
inclusive em Portugal e no Brasil.
A Ordem dos Advogados do Brasil, assim instituída no plano
nacional, é composta de Seções (Seccionais) instaladas em cada um
dos Estados da Federação. Foi, pela legislação antiga, uma
autarquia federal de caráter corporativista, tal como o Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e o Conselho
Federal de Medicina (CFM). Hoje, segundo jurisprudência recente
do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 3.026, passou a ser considerado serviço
público independente, sem vinculação ao Poder Federal, goza de
imunidade tributária, tem fins lucrativos, é autônomo, é
independente e seus funcionários são contratados pelo regime da
CLT, sem necessidade de prévio concurso público.”
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_dos_Advogados_do_Brasil)
CÓDIGO DE ÉTICA E
DISCIPLINA DA OAB

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO


BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por
princípios que formam a consciência profissional do advogado e
representam imperativos de sua conduta, tais como:
os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento
da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja
interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se
dirige e as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir
à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e
boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício;

empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao


constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização
prática de seus legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com
independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e
poderosos; exercer a advocacia com o indispensável senso profissional,
mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de
ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-
se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo
a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um
todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma,
com a dignidade das pessoas de bem e a correção dos profissionais que
honram e engrandecem a sua classe.
Inspirado nesses postulados é que o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos
arts. 33 e 54, V, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita este
Código, exortando os advogados brasileiros à sua fiel observância.
O Código, objeto deste estudo, não é da edição de nenhum dos 3 Poderes
da República, mas uma normatização interna da própria OAB, todavia, com
força de lei para seus inscritos, valendo para todos os efeitos.
Por aí se vê a caracterização da OAB como verdadeira instituição, ao
mesmo tempo fora do enquadramento idealizado por Montesquieu, mas
que, cada vez mais, ganha “status” de verdadeiro Poder.
Não vemos tão distante o dia em que essa instituição conseguirá o
qualificativo de um dos Poderes da República, com o número cada vez
maior de inscritos (passa, atualmente, de 1.300.000), tendo os outros
Poderes de assistir, com certa perplexidade, o fortalecimento dessa
instituição, sendolhe concedidas, cada vez mais, garantias e benefícios
dentro e fora das atividades forenses. Haja vista a presença cada vez maior
de egressos da Advocacia dentro dos Órgãos Jurisdicionais.
Todavia, como início da análise do presente Código, verifica-se que
trata-se de um verdadeiro comprometimento quanto a direitos e deveres,
que, se descumpridos, podem gerar penalizações sérias, aplicadas pelos
Órgãos Julgadores competentes instituídos pela própria OAB.
Realmente, não se pode admitir que profissionais de má qualidade
manchem o bom nome dessa instituição que, como vimos, passou a existir,
com o “status” que tem hoje, há tão pouco tempo, se comparada com o
Judiciário, por exemplo, cuja existência vem desde épocas imemoriais.
A credibilidade de uma instituição se adquire ou se perde, de acordo com a
honestidade e a integridade moral dos seus integrantes.
Uma observação que acreditamos importante é a de que, editado este
Código em 1995, de lá para cá, podemos dizer que o mundo (e nosso país)
passaram por mudanças gigantescas, umas para melhor e outras para pior,
e, portanto, como todo regramento, tem de ser analisado em função do
tempo que se vive atualmente e não pode ser cristalizado, como se
estivéssemos vivendo os idos de 1995, na realidade de 27 anos atrás,
quando as leis eram outras e os operadores do Direito não pensavam como
hoje. O número exagerado de Faculdades de Direito tem sido objeto de
preocupação da OAB, pois a tendência é piorar-se a qualidade dos cursos
jurídicos, formando-se elementos que não terão a necessária competência,
que se exige justamente por conta da influência que têm sobre o bem maior
que o ser humano tem, depois da vida e a saúde, que é a liberdade de ir e
vir, considerando-se os Advogados da área criminal.
Por exemplo, o CPC de 2015 fez do Advogado um participante ativo nos
processos e não um atuante secundário, como era previsto no CPC de 1973.
Isso aconteceu também no Processo Penal. Esse é apenas um exemplo, que
o Advogado deve observar e atuar em função da nova realidade da
profissão de Advogado.
Vejamos o que dizia Flávia Teixeira Ortega há seis anos atrás:
“O que muda para os advogados com o Novo CPC? Publicado
por Flávia Teixeira Ortega
1. A necessidade de uma imediata mudança de postura
Definitivamente não procede a afirmação de que “quase nada
mudou”. A postura acomodada em relação ao Novo Código deve
ser abandonada rapidamente.

Trata-se de texto substancialmente inédito, que contempla uma


série de alterações sistemáticas, sob os mais variados aspectos.
Basta notar que a estrutura do Código foi integralmente
remodelada, institutos antigos foram “demitidos”, instrumentos
relevantes foram incorporados, normas fundamentais explicitadas,
mecanismos antigos redesenhados...
Isso impõe ao advogado um dever adicional: não apenas conhecer
a nova lei (a leitura integral do texto é um excelente começo!), mas
também – e de imediato – refletir sobre os efeitos que o novo
regramento trará para a sua atividade.

2. Os principais (mas não os únicos) impactos do CPC/15 no


cotidiano do advogado
• Impedimento do juiz por sua relação com advogado Criou-se nova
hipótese de suspeição do juiz: “amigo íntimo ou inimigo de qualquer
das partes ou de seus advogados” (art. 145, inc. I).

Trata-se de providência salutar, destinada a garantir a


imparcialidade do julgador.
• Suspensão de prazos
Não correm prazos processuais no período compreendido entre 20
de dezembro e 20 de janeiro (art. 220). Nesse período não serão
realizadas audiências nem sessões de julgamento. Contudo, os
juízes, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da
Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas
atribuições naquele período.

• Prazo em dobro e litisconsortes com advogados diferentes


Litisconsortes representados por advogados diferentes terão direito à
contagem dos prazos em dobro para se manifestar no processo, em
qualquer fase ou grau de jurisdição, independentemente de
requerimento (art. 229, caput). Essa é a regra geral.

Contudo, não terão esse benefício: (i) os litisconsortes que, muito


embora tenham procuradores diferentes, os patronos integrem a
mesma sociedade de advogados; (ii) nos casos em que o processo
tramite em meio eletrônico (art. 229, caput e § 2º).

• Intimações realizadas em nome da Sociedade de Advogados ou de


determinado (s) advogado (s)
O § 1º do art. 272 admite que o advogado requeira que nas
intimações a ele dirigidas conste apenas o nome da sociedade a
que pertença. Tal requerimento pressupõe que a procuração
juntada aos autos contenha o nome, o número de registro e o
endereço completo da Sociedade de Advogados (art. 105, § 3º).
Nada impede, todavia, que haja pedido expresso para que as
comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome de
determinados advogados (art. 272, § 5º). Haverá nulidade caso a
intimação seja realizada de forma diversa da postulada (art. 272,
§§ 2º e 5º).

Dentre outros motivos, tais providências destinam-se a fazer frente


à eventual rotatividade de advogados integrantes de um escritório
de advocacia, permitindo um controle mais efetivo das
comunicações relacionadas às causas patrocinadas por
determinados advogados ou sociedade de advogados.

• Advogado intimado por advogado


De modo a contornar eventual morosidade dos serviços judiciários,
faculta-se ao advogado promover a intimação do advogado da
outra parte por meio do correio, juntando aos autos a
comprovação de tal intimação (art. 269, § 1º).

• Intimação, pelo advogado, da testemunha por ele arrolada O caput


do art. 455 criou mais um encargo ao advogado: informar ou intimar
a testemunha por ele arrolada acerca do dia, data e local da
audiência. A intimação por via judicial consistirá em opção residual,
somente sendo possível quando comprovada que a tentativa do
advogado foi frustrada (art. 455, § 4º, inc. I).

A inércia do advogado em relação à comunicação da testemunha


implica a desistência da sua inquirição (art. 455, § 3º).

• Honorários advocatícios
Os honorários advocatícios sofreram mudanças que merecem a
nossa atenção. Registre-se desde logo que o legislador avançou na
disciplina sobre o tema. Eliminou incertezas legislativas, positivou
(os corretos) posicionamentos consolidados e superou
entendimentos inadequados.

A Honorários contra a Fazenda Pública


A fixação de honorários advocatícios em ações movidas contra a
Fazenda Pública sempre foi tema cercado de incertezas. Em
grande medida, elas eram causadas pela inadequada interpretação
do § 4º do art. 20 do CPC/73, que determinava que a verba
honorária seria definida de acordo com a “apreciação equitativa
do juiz”. Eram frequentes os casos em que a exigência de
“equidade” se transformava em salvo-conduto para a
“irrisoriedade” do valor dos honorários fixados contra a Fazenda
Pública.

O § 3º do art. 85 se destina a corrigir tais distorções. Determinou


que, observados os critérios dos incisos I a IV do § 2º (grau de zelo
profissional, importância da causa, tempo exigido...), a Fazenda
Pública deverá ser condenada ao pagamento de honorários,
considerando os parâmetros sintetizados no quadro abaixo.
B) Sucumbência recursal
A sucumbência recursal consiste na determinação para que, em
caso de desprovimento do recurso, o tribunal majore os honorários
fixados na decisão recorrida, observando-se os limites
estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento (art. 85, §
11).

Trata-se de mecanismo orientado a permitir uma reflexão da parte


acerca das reais chances de reversão da decisão que lhe foi
desfavorável. Afinal, caso seja pequena a chance de reverter o
entendimento consignado da decisão recorrida, provavelmente seja
mais vantajoso à parte conformar-se com o resultado a expor-se ao
risco de agravamento da sua condenação na verba honorária.

C) Compensação de honorários nos casos de sucumbência


recíproca
O enunciado da Súmula 306 do STJ dispõe que “Os honorários
advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução
do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte.” Tal
entendimento foi reafirmado em sede de recurso especial repetitivo
(REsp 963.528/PR).
Tal entendimento sempre foi alvo de críticas. O fato de ambas as
partes sucumbirem parcialmente não autoriza que seja atingida a
verba honorária do advogado. Os honorários constituem crédito de
titularidade exclusiva do advogado (art. 23 da lei 8.906/94) e não
estão presentes os requisitos autorizadores da compensação (“duas
pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra” –
art. 368 do CC).
A regra do art. 85, § 14, supera tal entendimento jurisprudencial.
Além de reafirmar que os honorários constituem direito do
advogado e possuem caráter alimentar, determina expressamente
ser “vedada a compensação em caso de sucumbência parcial”.

D) Pagamento em favor da Sociedade de Advogados


O art. 85, § 15, positivou o entendimento jurisprudencial que
autoriza que o pagamento dos honorários advocatícios seja
realizado em favor da sociedade de advogados que o advogado
integra na qualidade de sócio. Essa regra possui reflexos
tributários importantes, que não passavam despercebidos dos
advogados.

• Mediação como etapa necessária: uma reciclagem necessária


Teremos que conviver com a rotina de audiências de mediação e de
conciliação. Em diversas oportunidades o CPC/15 confere especial
tratamento a tal ato processual, cominando sanção a quem não
comparecer a tal audiência (arts. 168, 334, §§ 4º e 8º, 335, I). A
importância do tema é reforçada pela recente entrada em vigor da
lei 13.140/15, a chamada Lei de Mediação.
Disso decorre a necessidade de imediata reciclagem de todos nós
advogados. Afinal, como regra, não recebemos nos bancos
acadêmicos um treinamento adequado para desempenhar tal
atividade especializada. O domínio de tais técnicas será
fundamental para que auxiliemos adequadamente os nossos
clientes, permitindo que a diretriz autocompositiva contida no
CPC/15 (art. 3º, §§ 2º e 3º) seja uma realidade.”
(https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/370671766/o-que-
mudapara-os-advogados-com-o-novo-cpc)
Esse artigo foi publicado em 2016, mas, de lá para cá, muitas novidades
foram incorporadas em favor dos Advogados, apesar de retirada,
recentemente, da normatização legislativa, a “imunidade”, que chamamos
de “liberdade de expressão”, aquela mesma que não se considerou para as
condenações de Sócrates e Jesus Cristo: essa imunidade é que incomoda os
que exercem o arbítrio e não admitem que se propague a verdadeira face
ditatorial que os caracteriza.
A recente mudança legislativa, que suprimiu a imunidade do Advogado no
uso da palavra escrita ou falada representou um retrocesso perigoso, pois
coloca esse profissional “indispensável à administração da Justiça” à
mercê de quem queira levá-lo ao banco dos réus. É preciso que se proponha
a reforma legislativa para o retorno da imunidade.

TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO
CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os
preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos
Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e
profissional.
Como dito acima, os referenciais a serem seguidos são:
1 – o Código,
2 - o Estatuto,
3 - o Regulamento Geral,
4 - os Provimentos e
5 - os demais princípios da moral individual, social e profissional.

O Advogado é um tipo de ave que voa alto e desce para pugnar pela
Justiça, não se conformando enquanto ela não acontece, utilizando, para
tanto, de todos os recursos previstos em lei para mostrar que sua causa é
justa e que merece ser vencedora. O Código é este, que está sendo
comentado, o Estatuto consta, na parte que nos interessa para efeito deste
estudo, na parte das Notas, sendo a de nº 1, enquanto que o Regulamento
Geral está na Nota 2. Quanto aos Provimentos devem ser consultados na
própria OAB.

Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é


defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade
pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu
Ministério Privado à elevada função pública que exerce.
Ao contrário do que ocorria em tempos passados, que mencionamos, o
Judiciário não pode dispensar a presença do Advogado em seus
julgamentos sobre determinadas questões, que a legislação enumera.
Tem, igualmente, as missões de defensor do Estado democrático de
direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social.
O Estado Democrático de Direito é relativizado por inúmeras condutas
inconstitucionais de muitas autoridades, muitas vezes impunemente, mas o
Advogado tem legitimidade para questioná-las nos termos da lei.
A cidadania se acha reduzida a pouco por conta do descaso de quem de
direito, por exemplo, no caso dos aposentados e pensionistas, que têm de
sobreviver, na sua maioria, de proventos e pensões misérrimas, bem como a
pouquíssima atenção que se tem com relação aos mais de trinta milhões de
pessoas idosas, cujo Estatuto é relegado a terceiro plano, mesmo passados
tantos anos da sua vigência. Essas são realidades que compete ao
Advogado lutar para mudarem para melhor.
A moralidade pública também deve ser outro campo de luta do Advogado,
pois, no final das contas, todo poder emana do povo e não do arbítrio das
autoridades desviadas do seu dever de atuarem em prol dos cidadãos.
A Justiça é também uma seara onde o Advogado deve tratar como
prioridade, pois a injustiça praticada contra seu vizinho chegará à sua casa
na próxima oportunidade.
A paz social passa pela efetivação da Justiça, pois paz com a consagração
das injustiças é comparável ao pântano, cujas águas infectam
constantemente, apesar de aparentarem serem inofensivas.
Sua atividade de Ministério Privado subordina-se à elevada função
pública que exerce.
Trata-se de uma instituição não subordinada a nenhum dos 3 Poderes da
República brasileira, sendo um Ministério Privado, cuja única
subordinação tem de ser reconhecida à elevada função pública que exerce.
Portanto, aqui se declara, para não haver dúvida, que o Advogado não é
hierarquicamente inferior a nenhum dos exercentes dos 3 Poderes.
Vimos o quanto se demorou para chegarmos a ver reconhecido o valor
dessa instituição, que, se menosprezada pelos 3 Poderes da República, os
resultados são os piores possíveis, inclusive com julgamentos que passaram
para a História da humanidade como deméritos sérios para a credibilidade
da Justiça, condenando-se grandes personagens, que mereciam a
absolvição.

Parágrafo único. São deveres do advogado:


O rol de deveres mostra o grau de importância de uma instituição, pois
qualquer uma que reconheça apenas direitos não merece nem o nome de
instituição, mas sim o de quadrilha ou coisa semelhante. Na balança devem
estar, com idêntico peso, os direitos e os deveres e assim se observa por
este Código, muito bem elaborado.
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da
profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e
indispensabilidade;
A preservação, na sua forma de agir, da 1 - honra, 2 - nobreza e
3 - da dignidade da profissão de Advogado como a única
salvaguarda para comprovação da 1 - essencialidade e 2 –
indispensabilidade da atuação do Advogado.
Sem essa conduta escorreita, não haveria ou haverá credibilidade.
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro,
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
Destemor significa respeito, mas não subserviência, evitando-se
discussões, que devem ser substituídas pelos recursos e meios que a lei
prevê para os casos de injustiças.
Independência significa não ter de limitar suas teses apenas à
jurisprudência, pois ela pode não ser justa e refletir apenas o momento ruim
que se está vivendo. Atualmente, há uma tendência a se considerar apenas a
jurisprudência como fonte do Direito, mas as outras são igualmente
importantes e o Advogado deve se socorrer de todas elas para vencer na sua
luta pela prevalência do veredito justo.
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
A credibilidade se conquista pela conduta em cada situação
como ser humano e como profissional e cada um constrói sua
reputação, mesmo que muitos queiram desmerecê-la. Não se deve
escolher um caminho para agradar a maioria, mas sim para ficar em
paz com a própria consciência.
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e
profissional;
No nosso país, atualmente, uma lei que vale hoje, amanhã pode estar
revogada ou não reconhecida, sobretudo pela tendência à supervalorização
da jurisprudência, mas o Advogado deve procurar conhecer as inovações
que surgem para não ficar desatualizado, mesmo sem concordar com tudo
que vá se constituindo em novos referenciais. Estudar sempre não significa
diplomar-se simplesmente para acrescentar itens ao próprio currículo, mas
sim adquirir conhecimento sólido sobre cada assunto da sua profissão. V –
contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
A contribuição se constitui justamente em defender teses justas,
porque, se, no momento, prevalecem as teses injustas, pelo menos o
Advogado estará fazendo da sua parte para que o Direito
reconhecido seja o que consagra o Justo.
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que
possível, a instauração de litígios;
Nem sempre conciliar corresponde à melhor opção, pois o que deve
prevalecer é a Justiça. Muitas vezes um acordo pode representar um
estímulo indireto para que pessoas ou instituições continuem a cometer
injustiças. O brocardo: “um mau acordo é melhor do que uma boa
demanda” pode não ser bom para o cliente e a própria Justiça. Cada caso é
um caso. VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
Aventura judicial existirá se o objetivo é apenas tentar lucrar sem
merecimento. Todavia, mesmo que a causa seja de difícil sucesso, mas seja
justa, não se tratará de aventura judicial.
VIII – abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
O chamado “tráfico de influência” nunca deve ser usado, pois,
cedo ou tarde, a verdade aparece e o Advogado que ganha causas
dessa forma perde o principal na sua vida profissional, que é a sua
credibilidade.
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à
advocacia, em que também atue;
Defender uma causa é procurar vencer, em benefício do seu constituinte,
visando apenas isso e não vantagens de outra natureza.
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente
duvidoso;
“Diga-me com quem você anda, que lhe direi quem você é”: se você
participa de empreendimentos escusos, não pretenda que as pessoas
acreditem em você como honesto.
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
honestidade e a dignidade da pessoa humana;
Defender determinados clientes desonestos não significa que esteja
participando de suas desonestidades, porque eles podem ter razão em
determinados direitos, que você, como Advogado, pode defender para fazer
prevalecer a Justiça. Alguém pode ser desonesto no geral, mas ter razão em
determinados pontos particulares. Sua consciência é que irá lhe dizer se
você está agindo corretamente ou não.
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono
constituído, sem o assentimento deste.
O Advogado não deve, segundo pensamos, manter nenhum
contato com a parte contrária, a não ser em audiência dentro do
processo.
E Advogado algum deve autorizar seu cliente a manter contato com
o Advogado da parte contrária.
Ainda mais em nossa época, em que há uma tendência para atitudes
desleais, o Advogado deve prevenir-se nesse sentido, para, depois, não
passar por sérios dissabores, sendo acusado de deslealdade para com seu
cliente.
Este Código foi editado em 1995, quando o mundo era muito mais puro.
Agora, vivemos outra realidade e a compreensão de cada tópico do Código
deve ser procedida “cum grano salis”.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação
dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.
Esta é a parte mais difícil da Advocacia, pois o Advogado que luta nessa
parte está sujeito a processos até criminais. É preciso ponderação e
coragem, ao mesmo tempo, para ingressar nesta seara, mas isso faz parte da
luta pela prevalência do Direito como consagração do Justo. “quem está na
chuva é para se molhar” e quem assume esta nobre profissão faz o
juramento de defender a Justiça. Portanto, siga em frente, porque sua
consciência o julgará cedo ou tarde.

Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de


mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é
um instrumento para garantir a igualdade de todos.
Todo cidadão merece ter respeitados seus direitos, mas a igualdade
absoluta não pode existir, porque uns se empenham nos seus
empreendimentos, enquanto que outros simplesmente querem direitos sem
cumprir deveres. O Advogado deve lutar pelos direitos justos de cada um,
mas não pela igualdade absoluta de quem merece um tanto, mas não mais
do que aquilo. O mínimo que se pode considerar é o princípio da dignidade
da pessoa humana e ninguém pode ser rebaixado a ponto de ser tratado em
desacordo com esse princípio.
Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante
relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de
serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria
jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e
independência.
Mesmo sob vínculo empregatício ou cargo público, o Advogado é livre
para atuar de acordo com a Ética, sem obrigação de renunciar a ela para
garantir seu emprego. A firmeza do profissional deve estar acima da
própria sobrevivência financeira, pois os empregos e cargos passam, mas a
consciência fica para sempre, como nossa fiscal e julgadora.

Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de


pretensão concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou
contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente.
O Advogado pode recusar a defesa de qualquer causa que contrarie seus
princípios morais ou simplesmente não lhe interesse por qualquer razão que
seja. Trata-se de um operador do Direito cuja autonomia é absoluta,
diferentemente dos demais.

Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer


procedimento de mercantilização.
A nobreza da Advocacia está estampada em dispositivos como este: o
Advogado pode ser tido, por alguns maldosos, como um “Don Quixote”,
mas, na verdade, é um guerreiro das palavras, que fala e escreve em favor
da Justiça verdadeira. A profissão de Advogado não é apenas mais uma
dentre tantas, mas sim a de um missionário da Justiça no exato termo da
expressão, com toda a respeitabilidade e responsabilidade que isso implica.
Ganhar o pão de cada dia é legítimo, através do trabalho profissional, mas o
Advogado tem um compromisso maior: que é lidar com um dos bens mais
valiosos do ser humano, que é a sua liberdade de locomoção,
principalmente quando se trata de processos criminais. Mercantilizar seu
ofício é desmerecer seu
“status” de missionário da Justiça. E o Advogado - ao contrário dos outros
operadores do Direito, que recebem o sustento dos cofres públicos, tendo
garantida sua sobrevivência – tem de “matar um leão por dia” para
sobreviver honestamente, equilibrando, de um lado, a necessidade de
ganhar seu sustento e, do outro, a ética na cobrança dos seus honorários.
Por isso, a respeitabilidade do Advogado que vive somente do seu ofício é
grande: um verdadeiro missionário da Justiça.

Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando


deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé.
Nem sempre o Advogado apresenta os fatos em Juízo de forma
equivocada, mas acontece de ser enganado pelo próprio cliente, interessado
em falsear a verdade. E não são poucos esses casos.
Falsear a verdade ou agir imbuído de má-fé podem causar sérios prejuízos
à eventual parte contrária e justamente essa eventual parte contrária pode
ficar em situação tal que se inviabilize sua própria recomposição.
Conheço casos de prejuízos irreparáveis causados por demandas injustas,
que fizeram pessoas passarem por dificuldades quase insuportáveis.
Ganhar uma demanda injusta é derrotar a Moral, denegrir o nome da
Justiça e tisnar a sacralidade da profissão de Advogado.

Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profissionais que


impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela.
Cada Advogado deve respeitar o trabalho dos seus colegas, mas, nem por
isso, se consultado para defender os interesses de um consulente, deve
omitir-se no dever de informar que a orientação dada pelos outros esteja
incorreta. É comparável ao dever de um médico que diz para seu paciente
que não é, por exemplo, necessária uma cirurgia que o outro profissional
disse ser indispensável. Tudo deve ser tratado com honestidade e não será
por isso que o Advogado poderá ser tido como praticante de “captação de
clientela”. Ninguém deve ter medo de ser honesto, mesmo que custe
dissabores, porque, no final das contas, honestos e desonestos chegam
todos ao final da carreira e cada um será julgado pela própria consciência,
sem distinção de ninguém.
O respeito ao direito do cliente de escolher quem deve ser seu
Advogado deve estar acima de tudo, pois, mesmo se reconhecendo com
mais preparo para ganhar uma demanda em favor de uma pessoa, se ela
prefere outro profissional, o direito é dela de decidir quem deve ser
contratado.
Nunca se deve disputar um cliente, pois ele pode preferir perder com seu
amigo a ganhar com quem não lhe seja agradável.

CAPÍTULO II
DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE

Art. 8º O advogado deve informar o cliente, de forma clara e


inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das
consequências que poderão advir da demanda.
Tal como o médico, o cliente tem o direito de saber o que o espera, em
termos de chances de vitória na luta pelos seus direitos. É uma questão de
lealdade do Advogado para com seu cliente.
Esta exigência é de grande importância, pois, na verdade, com as
oscilações da jurisprudência pátria, uma causa que hoje é praticamente
ganha, daqui a algum tempo pode ser perdida.

Art. 9º A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do


mandato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e documentos
recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de
contas, não excluindo outras prestações solicitadas, pelo cliente, a
qualquer momento.
Isso nem sempre acontece e se constitui em falta grave, pois o cliente é que
é o dono do processo e não o Advogado, o qual pode e deve guardar uma
cópia de tudo, mas o cliente tem o direito de ter os originais, porém o
Advogado não é obrigado a efetivar despesas para fornecer tais cópias, que
podem ficar mais caras até do que os honorários advocatícios. O cliente é
quem deve custear essas despesas, sob pena de enriquecimento ilícito.
O Advogado deve guardar comprovantes dos mínimos itens do seu
trabalho em favor de todos os clientes, porque a experiência ensina que,
muitas vezes, o questionamento não vai surgir por parte do cliente, mas de
alguma outra pessoa que não conhece o caso a fundo ou está agindo de
máfé para ganhar alguma vantagem ou mesmo para prejudicar o Advogado.

Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o


cumprimento e a cessação do mandato.
Essa presunção não é absoluta. Cada caso é um caso. O Advogado deve
procurar manter contato frequente com seus clientes para saber se continua
ou não a ter legitimidade para atuar no processo. Inclusive, esse contato é
importante porque a lei processual determina que toda mudança de
endereço da parte tem de ser informada no processo.

Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha


patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo
ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
Um motivo justo é a verificação de que o anterior Advogado está
prejudicando o cliente. Não deve haver medo de penalizações ou
represálias nesses casos, pois o importante é a certeza de estar agindo
honestamente. Nem sempre o Advogado anteriormente constituído
concordará em substabelecer sem reserva de poderes para o novo
Causídico. Cada caso é um caso e pode acontecer até de ser necessário não
dar tempo ao Advogado anterior de agir em detrimento do cliente. O
importante é preservar a honestidade da própria atuação. O cliente,
comparativamente, não pode ser submetido a uma cirurgia desnecessária
simplesmente para não se desagradar outro médico. Uma coisa que o
Advogado nunca deve albergar é o medo de ser honesto: o mais se resolve,
ou não, mas com a consciência tranquila do dever cumprido. Todavia,
havendo condições de dialogar com o Advogado anterior, este deve ser
avisado da forma mais cortês possível, pois, afinal de contas, o respeito aos
colegas de profissão é imprescindível, pois, no geral, todos procuram
cumprir sua nobre e árdua missão de defender os direitos dos cidadãos ou
entidades que os constituem. Comparativamente, pode-se aplicar o preceito
do art. 36, III, da LOMAN, que, salvo exceções, proíbe um Magistrado de
criticar a atuação dos demais. Respeito é o que não pode faltar, mesmo em
caso do cliente não querer mais o Advogado anterior.

Art. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os


feitos, sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.
Se o cliente não paga os honorários advocatícios, como combinado, deve
haver franqueza no trato desse tópico, ficando clara a posição de cada um,
pois o Advogado não terá somente aquele cliente e aquele cliente terá, na
maioria das vezes, algum dia, de contratar algum Advogado. “Jogo limpo
de parte a parte.” Uma coisa que acontece muito, atualmente, é a
morosidade do Judiciário e, nem sempre, a culpa é do Advogado, mas de
alguém, que está entravando o processo ou trabalhando pouco. Nesses
casos, o Advogado deve denunciar o falto aos Órgãos Correicionais para
que o feito tenha andamento. As Corregedorias-Gerais de Justiça e o
Conselho Nacional de Justiça têm como uma das suas atribuições resolver
essas situações. De qualquer forma, o Advogado deve cientificar seu cliente
sobre o que está acontecendo e consultá-lo sobre se quer que o Advogado
tome providências junto àqueles Órgãos, ficando, dessa forma,
documentado sobre a vontade do cliente de agir com firmeza ou
simplesmente deixar o processo “mofar nos escaninhos virtuais”. O que
nunca deve ser feito é propinar quem quer que seja para ser dado
andamento a processo parado indevidamente.

Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e a


continuidade da responsabilidade profissional do advogado ou escritório
de advocacia, durante o prazo estabelecido em lei; não exclui, todavia, a
responsabilidade pelos danos causados dolosa ou culposamente aos
clientes ou a terceiros.
Nem sempre o Advogado que começa um processo é o que vai até o fim
patrocinando uma parte, porque se trata de uma relação contratual em que
deve haver estrita confiança de parte a parte e confiança se conquista e se
perde, de acordo com cada caso. Assim, se, por alguma razão, acaba a
confiança, o caminho é a rescisão do contrato de mandato, mas o
Advogado, por uma questão ética, deve agir da melhor maneira possível
para o cliente não ficar em situação difícil, por exemplo, no curso de um
prazo processual, rescindir-se o mandato. O contrato de mandato não é uma
coisa banal, mas sim equiparável ao do médico contratado para uma
cirurgia complexa, que não pode deixar o paciente na última hora,
precisando de atendimento, que, se não acontecer da forma adequada, pode
causar prejuízos irreparáveis. Realmente, a Advocacia é profissão para
quem é dotado de grande dose de respeito humano.

Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o


desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como
não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em
eventual verba honorária de sucumbência, calculada proporcionalmente,
em face do serviço efetivamente prestado.
A ação correspondente deve ser o caminho para essa cobrança, em que, se
não houver meios de avaliar-se o montante devido pelo ex cliente, tem de
haver perícia realizada por perito Advogado nomeado dentre os cadastrados
no Sistema AJ, na sequência das nomeações e não ao alvedrio do Julgador.
Quanto à verba proporcional de sucumbência o Advogado tem de ficar
atento para propor essa ação, de acordo com o caso, em face da parte
contrária ou do Advogado que recebeu a verba sucumbencial, ou ambos,
em outras circunstâncias. De qualquer maneira, cabe aqui a aplicação da
regra do art. 43 deste Código, que diz: “Havendo necessidade de
arbitramento e cobrança judicial dos honorários advocatícios, deve o
advogado renunciar ao patrocínio da causa, fazendo-se representar por
um colega.”

Art. 15. O mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado


individualmente aos advogados que integrem sociedade de que façam
parte, e será exercido no interesse do cliente, respeitada a liberdade de
defesa.
Esta regra é importante, porque cada Advogado deve ser responsável pelo
que fez ou deixou de fazer. Aqui se reafirma a obrigação do Advogado de
procurar defender os interesses do cliente. Mas uma observação de extrema
importância é a de que o Advogado tem autonomia para conduzir seu
trabalho seguindo a estratégia que reconheça ser mais eficaz. Não é o
cliente que determina a estratégia a ser seguida, mas sim o Advogado. Em
outras palavras, o Advogado não é empregado do cliente, que vá lhe dar
ordens, mas é sim um profissional que tem autonomia para fazer o
resultado benéfico acontecer: há, normalmente, mais de uma opção a ser
seguida e o Advogado é quem decide qual será adotada. Se o cliente ficar
insatisfeito com a estratégia escolhida pelo Advogado este último não é
obrigado a mudar seu proceder. Por isso, é importante o Advogado seguir o
que determina o art. 8º, acima, que diz: “O advogado deve informar o
cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a eventuais riscos da sua
pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda.”

Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo


decurso de tempo, desde que permaneça a confiança recíproca entre o
outorgante e o seu patrono no interesse da causa.
Trata-se, como dito anteriormente, de um contrato em que o fator mais
importante deve ser a confiança recíproca e que a confiança se adquire e se
perde, conforme o caso. O beneficiário da causa deve ser o cliente, bem
como a sobrevivência financeira e a dignidade do Advogado devem ser
levadas em conta.

Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou


reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem
representar em juízo clientes com interesses opostos.
Um mesmo escritório não pode representar partes contrárias. Isso é mais
do que evidente, pois não haverá a procura da Justiça, mas sim o simples
interesse nos honorários advocatícios.

Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não


estando acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento,
optará o advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais,
resguardado o sigilo profissional.
Esta norma é de uma sabedoria extraordinária, pois dá ao Advogado o
resguardo para escolher quem dos clientes continuará sendo por ele
patrocinado. Essa situação não é incomum, principalmente em casos de
divórcio. O dever de sigilo faz com que o Advogado não possa usar seu
conhecimento pessoal da verdade para ajudar seu cliente a vencer a
demanda, sendo que terá de socorrer-se de algum meio de prova que vá
confirmar o que sabe pessoalmente.

Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-


cliente ou ex empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o
segredo profissional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe
tenham sido confiadas.
Como acontece com alguns profissionais, que ouvem, muitas vezes,
confissões comprometedoras dos seus próprios contratantes ou tiveram
acesso a documentos dessa natureza, têm de respeitar esse dever de sigilo.
Isso, todavia, não o impede de procurar provar a verdade para seu cliente
ver realizada a Justiça.
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à
ética, à moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado,
orientado ou conhecido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu
impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta
lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.
Cada caso é um caso, pois pode acontecer de alguém querer impossibilitar
a atuação de um Advogado procurando-o simplesmente para conseguir ver
aplicado este dispositivo. A consciência profissional do Advogado é que
lhe dirá se ele deve ou não patrocinar a causa de quem ele o queira. E,
como dito alhures, uma pessoa imoral pode ter razão em determinado
assunto e é lícito ao Advogado defendê-la naquele direito, mesmo que faça
restrições a ela em outros pontos. O Advogado não é Julgador da
moralidade alheia, mas sim o defensor de um direito de quem tem razão
naquele direito. É preciso que se esclareça bem essa situação, porque há
muitos Advogados que são execrados injustamente sob o argumento
equivocado de que são coniventes com as pessoas de má fama. Todavia,
cada Advogado escolhe seus clientes e responde perante a sociedade
preconceituosa pelas suas escolhas, porque a sociedade afirma: “diga-me
com quem você anda e eu lhe direi quem você é.” Essa é a realidade, que o
Advogado enfrenta e sai ileso ou não.

Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem


considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado.
Aqui está a continuidade do artigo anterior, pois, na defesa criminal, há
sempre algum direito a ser pleiteado em favor do pior dos réus. As
expressões utilizadas conjuntamente: “direito” e “dever” não estão postas
lado a lado por acaso, pois, ao mesmo tempo que o Advogado pode aceitar
a defesa, pode recusá-la. Afinal, o Advogado não é um empregado, que
tenha de cumprir ordens, mas um profissional que tem direito a uma ética
muito particular, como está minuciada neste Código.

Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu


cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem aceitar a
indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo.
Como dito, a profissão de Advogado não é comparável a de um
empregado, obrigado a cumprir ordens. No caso presente, se o cliente quer
a presença de outro profissional atuando conjuntamente, o Advogado não
está obrigado a aceitar a imposição do cliente. Isso acontece muitas vezes,
com clientes que querem impor a presença de parentes, por exemplo, ou de
outro Advogado em quem confia mais do que no primeiro.

Art. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo,


simultaneamente, como patrono e preposto do empregador ou cliente.
Advogado é superior a preposto, o qual é mero “longa manus” de outra
pessoa. Aceitar ser preposto é descer da sua posição de Advogado e nada
tem a ver com sua habilitação profissional.

Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é


ato pessoal do advogado da causa.
O Advogado, contratado, deve prever o poder especial de substabelecer
com reserva de poderes, sob pena de alegação de nulidade, mesmo
prevendo este Código a validade desse direito do Advogado.
§ 1º O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o
prévio e inequívoco conhecimento do cliente.
Isto é evidente, porque, com o substabelecimento sem reserva de poderes,
o Advogado está renunciando à causa, passando-a para outro Advogado. É
necessário que o cliente o consinta para ter validade.
§ 2º O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar
antecipadamente seus honorários com o substabelecente.
A previsão de um contrato entre substabelecente e substabelecido com
reserva de poderes é medida de prudência, porque o substabelecido pode,
em caso contrário, pleitear honorários em valor que vá surpreender o
substabelecente, talvez vindo a onerar indevidamente o cliente.
Substabelecer é sempre um fator de risco, pois, se não contar com a adesão
do cliente, pode se transformar em cavalo de batalha.
CAPÍTULO III DO SIGILO PROFISSIONAL

Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu


respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o
advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria,
tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa.
Para bem defender um cliente, o Advogado tem de se cientificar de toda a
verdade dos fatos, ou seja, os pontos favoráveis ao cliente e os
desfavoráveis. Essa revelação, normalmente, parte do próprio cliente,
quando não acontece do cliente mentir para seu Advogado, o que é
incomum. Todavia, essas verdades não podem ser reveladas a outras
pessoas, porque existe o dever de sigilo profissional. Como exceção à regra
do sigilo profissional, este artigo relaciona os raros e excepcionais casos em
que o Advogado pode falar sobre determinados pontos que chegaram ao
seu conhecimento sobre o caso que se propôs a defender: 1 – grave ameaça
ao direito à vida; 2 – grave ameaça ao direito à honra; acusação formulada
pelo próprio cliente em que a revelação da verdade vá ser sua defesa. Todas
essas exceções, porém, devem ser sopesadas caso a caso para não se
transformarem em pretexto para colocar o cliente em dificuldade. O
Advogado que não consegue guardar segredo sobre o que diz respeito ao
seu próprio cliente não é digno da respeitabilidade da profissão.

Art. 26. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento


judicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se
a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou tenha
sido advogado, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte.
O dever de sigilo profissional é praticamente absoluto, sendo que a
enumeração acima apontada é meramente exemplificativa e não pode ser
violado esse dever, porque a confiabilidade desse missionário da Justiça é
sua maior garantia de respeitabilidade.

Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser


utilizadas nos limites da necessidade da defesa, desde que autorizado
aquele pelo constituinte.
Este dispositivo é apenas a continuidade dos dois anteriores, sempre
repetindo a seriedade no trato com os segredos relacionados ao cliente por
conta do trabalho profissional contratado.
Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares
entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.
Evidentemente.

CAPÍTULO IV DA PUBLICIDADE

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais,


individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade
exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra
atividade.
Hoje em dia vemos anúncios relacionados à Advocacia com certa perda de
discrição e de moderação. Na verdade, o Advogado bem preparado para um
tipo de defesa jurídica terá sua clientela conquistada por conta da satisfação
de cada cliente. Anúncios em massa fazem apenas barulho, mas não
significam que os eventuais clientes irão ficar satisfeitos. Em suma, o
Advogado não é um vendedor de produtos novos no mercado, mas sim os
defensor de direitos de quem tem razão, o que é muito diferente. A maioria
dos Advogados não procura divulgar anúncios a respeito do seu trabalho,
pois, cada vez mais, conquista clientes que lhe serão fieis.

Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o


número da inscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos ou
qualificações profissionais, especialização técnico-científica e associações
culturais e científicas, endereços, horário do expediente e meios de
comunicação, vedadas a sua veiculação pelo rádio e televisão e a
denominação de fantasia.
As vedações incluem sua veiculação pela Internet. Em suma, é lícito
mostrar ao público de quem se trata o Advogado, mas não de maneira que
possa se comparar ao anúncio de um lançamento de produto recém lançado
no mercado de consumo.
§ 1º Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de
advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior,
reconhecidas.
Temos visto a enumeração de títulos que nada têm a ver com o tipo de
serviço a ser prestado. O cliente precisa de capacitação no tipo de assunto
que lhe interessa na sua causa e não da enumeração de diplomas
simplesmente para comprovar que o Advogado é versado em grande
número de especializações. Vale mais o trabalho de um especialista do que
a presença de um frequentador de todos os cursos que vão aparecendo e que
se multiplicam, na maioria das vezes, simplesmente para diplomar sem
maior qualificação de conteúdo.
§ 2º Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos
doutrinadores ou legalmente reconhecidos.
Um Advogado especialista em uma área normalmente não é especialista
em outras, a não ser raros casos de vasta experiência, pois, a cada dia que
passa, as especialidades vão se tornando cada vez mais subespecialidades.
E o objetivo do cliente é ganhar a causa e não tornar-se contratante de
alguém da área simplesmente por ter renome e marketing forte.
§ 3º Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre
constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes de
escritório e especificação de especialidades profissionais, bem como
boletins informativos e comentários sobre legislação, somente podem ser
fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem ou os autorizem
previamente.
Tudo isto visa evitar que o Advogado missionário da Justiça se transforme
em mercantilizador da Advocacia.
§ 4º O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente,
qualquer cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio que
tenha exercido, passível de captar clientela.
Nos recentes livros que escrevi, identifico-me apenas pelo meu nº de
inscrição na OAB-MG. Acredito que mais do que isso, no meu caso, seria
querer passar a ideia de que terei facilidade de acesso a certos setores da
Justiça, o que não é verdade. Em suma, com um anúncio mercantilista, o
Advogado perde pontos na sua respeitabilidade.
(Ver arts. 7o , II e XIX, 34, VII, e 72, § 2o , do Estatuto. 2 Ver arts. 1º, § 3o
, 14, parágrafo único, 33, parágrafo único, 34, XIII, e 35, parágrafo único,
do Estatuto e Provimento n. 94/2000)
§ 5º O uso das expressões “escritório de advocacia” ou “sociedade de
advogados” deve estar acompanhado da indicação de número de registro
na OAB ou do nome e do número de inscrição dos advogados que o
integrem.
Associar-se a nomes prestigiosos tem sido uma estratégia utilizada
por muitos, na atualidade, mas a verdade é que cada um é o resultado da
sua própria qualificação pessoal.
§ 6º O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português, e, quando em
idioma estrangeiro, deve estar acompanhado da respectiva tradução.
Nunca se deve partir para o estilo “propaganda enganosa”.

Art. 30. O anúncio sob a forma de placas, na sede profissional ou na


residência do advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo,
forma e dimensões, sem qualquer aspecto mercantilista, vedada a
utilização de outdoor ou equivalente.
Se o Conselho Federal da OAB chegou ao ponto de minuciar as regras para
os anúncios é porque, anteriormente à edição da normatização, deve ter
havido um grande número de anúncios mercantilistas e isso desmerece a
nobre classe dos missionários da Justiça.

Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores,


figuras, desenhos, logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a
sobriedade da advocacia, sendo proibido o uso dos símbolos oficiais e dos
que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil.
Os símbolos oficiais somente devem ser usados por aqueles que detêm
postos de representatividade na classe e não por todos os Advogados.
§ 1º São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou
forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir
o público, informações de serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta
ou indiretamente, captação de causa ou clientes, bem como menção ao
tamanho, qualidade e estrutura da sede profissional.
É significativo que o Código cheque a detalhar tanto a questão dos
anúncios, pois há que assim acontecer, para não se rebaixar o prestígio e a
dignidade da classe.
§ 2º Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante
remessa de correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar a
clientes e colegas a instalação ou mudança de endereço, a indicação
expressa do seu nome e escritório em partes externas de veículo, ou a
inserção de seu nome em anúncio relativo a outras atividades não
advocatícias, faça delas parte ou não.
A mercantilização é vedada, sempre, sob qualquer forma que seja
adotada.

Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de


televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem
televisionada ou de qualquer outro meio, para manifestação profissional,
deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e
instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados
pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de
profissão.
A discrição e a moderação são regras intransponíveis.
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por
qualquer modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de
interesse geral, deve o advogado evitar insinuações a promoção pessoal ou
profissional, bem como o debate de caráter sensacionalista.
Do art. 28 ao 34, este Código trata da publicidade: é o tema mais
preocupante para a Direção da entidade.

Art. 33. O advogado deve abster-se de:


I – responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos
meios de comunicação social, com intuito de promover-se
profissionalmente;
II – debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu
patrocínio ou patrocínio de colega;
III – abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e
da instituição que o congrega;
IV – divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e
demandas; V – insinuar-se para reportagens e declarações públicas.
Mais detalhamentos, que, na verdade, repetem o dever de discrição e
moderação.

Art. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou


jurídicos de que tenha ciência em razão do exercício profissional como
advogado constituído, assessor jurídico ou parecerista, deve limitar-se a
aspectos que não quebrem ou violem o segredo ou o sigilo profissional.
Sem necessidade de comentário.
CAPÍTULO V DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como


sua majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem
como necessários, devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que
seja o objeto e o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas
as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de acordo.
“O que é combinado não é caro”: deve ser uma das regras do contrato de
honorários. Na prática, pouco se leva em conta a regra do “caput” e, com
isso, surpresas desagradáveis podem surgir, desapontando ou o Advogado
ou o cliente. O que está escrito e assinado pelo mandante e pelo mandatário
faz lei entre as partes. O que sequer foi tratado pode se transformar em
motivo de discórdia.
§ 1º Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém
devem ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte,
tendo sempre presente o que foi ajustado na aceitação da causa.
Os honorários de sucumbência devem pertencer ao Advogado, pois se
constituem em prêmio à sua diligência e incentivo à sua combatividade em
favor do cliente. O cliente paga pelo trabalho prestado e o Advogado tem o
direito de cobrar do vencido pela sucumbência.
§ 2º A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores
que devam ser entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se
houver prévia autorização ou previsão contratual.
“Dinheiro de bolo é dinheiro de bolo”: diz o ditado popular. Os honorários
devem ser cobrados do cliente por seus Advogado constituído, mas o
produto da vitória na causa pertence ao cliente. O ideal é estabelecerse, por
escrito, a compensação prevista neste parágrafo, para segurança de ambas
as partes contratantes.
§ 3º A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e
extrajudiciais, inclusive eventual remuneração de outro profissional,
advogado ou não, para desempenho de serviço auxiliar ou complementar
técnico e especializado, ou com incumbência pertinente fora da Comarca,
devem integrar as condições gerais do contrato.
O contrato de prestação de serviço de Advogado não deve
corresponder a padrões simplistas, mas sim detalhar as cláusulas o mais
clara e abrangentemente possível, pois “o combinado não é caro”.
Art. 36. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação,
atendidos os elementos seguintes:
A “moderação” é uma expressão relativa, condicionada por todos os itens
abaixo relacionados.
I – a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões
versadas;
II – o trabalho e o tempo necessários;
III – a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros
casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;
IV – o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito
para ele resultante do serviço profissional;
V – o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente
avulso, habitual ou permanente;
VI – o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do
advogado;
VII – a competência e o renome do profissional;
VIII – a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
Na verdade, se o interessado na solução jurídica procurar 10 Advogados,
de cada um terá um valor a ter de pagar a título de honorários,
evidentemente, pois cada um terá suas peculiaridades a serem consideradas.
Para os necessitados de soluções jurídicas soa estranho este dispositivo,
mas cada Advogado procurado deve esclarecê-lo sobre os tópicos a serem
levados em conta na fixação do valor dos honorários.

Art. 37. Em face da imprevisibilidade do prazo de tramitação da


demanda, devem ser delimitados os serviços profissionais a se prestarem
nos procedimentos preliminares, judiciais ou conciliatórios, a fim de que
outras medidas, solicitadas ou necessárias, incidentais ou não, diretas ou
indiretas, decorrentes da causa, possam ter novos honorários estimados, e
da mesma forma receber do constituinte ou cliente a concordância hábil.
Como dito várias vezes neste estudo, tudo deve ser esclarecido ao cliente e
registrado no contrato de prestação de serviço, ao contrário do que se faz
normalmente, causando dissabores e desentendimentos.

Art. 38. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários


devem ser necessariamente representados por pecúnia e, quando
acrescidos dos de honorários da sucumbência, não podem ser superiores
às vantagens advindas em favor do constituinte ou do cliente.
Mais detalhes a serem registrados no contrato de prestação de
serviço de Advocacia.
Parágrafo único. A participação do advogado em bens particulares de
cliente, comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em
caráter excepcional, e desde que contratada por escrito.
O normal é que os honorários sejam pagos em pecúnia, mas nada impede
que o sejam com outros bens transferíveis de forma autorizada pela lei.

Art. 39. A celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos


com redução dos valores estabelecidos na Tabela de Honorários implica
captação de clientes ou causa, salvo se as condições peculiares da
necessidade e dos carentes puderem ser demonstradas com a devida
antecedência ao respectivo Tribunal de Ética e Disciplina, que deve
analisar a sua oportunidade.
A questão do respeito à Tabela de Honorários é tão séria que somente pode
ser cobrado valor menor se houver autorização prévia do Tribunal de Ética
e Disciplina. A decisão do TED, todavia, não deve demorar, porque, em
casos urgentes, a parte e seu Advogado têm como maior inimigo a perda de
prazos ou o prejuízo do cliente.
(Ver arts. 21 a 26 e 34, III, da Lei n. 8.906/94 e arts. 14 e 111 do
Regulamento Geral)

Art. 40. Os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no


regime da assistência judiciária não podem ser alterados no quantum
estabelecido; mas a verba honorária decorrente da sucumbência pertence
ao advogado.
Em caso de assistência judiciária, os honorários advocatícios não podem
ser aumentados ou diminuídos, mas eles pertencem, evidentemente, ao
Advogado.

Art. 41. O advogado deve evitar o aviltamento de valores dos serviços


profissionais, não os fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo
fixado pela Tabela de Honorários, salvo motivo plenamente justificável.
Como dito, o estabelecimento dos honorários advocatícios em patamar
inferior aos previstos nos artigos que regulamentam o assunto constitui
irregularidade, que o Tribunal de Ética e Disciplina pode transformar em
processo disciplinar.

Art. 42. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado


autônomo, seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de
duplicatas ou qualquer outro título de crédito de natureza mercantil,
exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do constituinte
ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto.
Como dito inúmeras vezes neste estudo, a questão dos honorários deve ser
combinada por escrito. Este dispositivo, todavia, veda expressamente, a
previsão de protesto tirada contra o cliente.

Art. 43. Havendo necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos


honorários advocatícios, deve o advogado renunciar ao patrocínio da
causa, fazendo-se representar por um colega.
Esta previsão não diz respeito apenas quando o Advogado pretende cobrar
honorários judicialmente em face do seu constituinte, mas também em face
da parte contrária. Advogar em causa própria neste tipo de processo não é
recomendável, ou melhor, não é permitido, pois este Código não
recomenda, mas sim traça normas cogentes quando diz, no seu preâmbulo:
“exortando os advogados brasileiros à sua fiel observância.”, mas a
expressão não tem o mero sentido de aconselhamento, porque o Tribunal de
Ética e Disciplina penaliza quem age em desacordo com as normas de
conduta. Portanto, nesses casos, o Advogado não deve peticionar em causa
própria: seria uma forma de mesquinhez, o que não se admite nesse
missionário da Justiça. Os honorários significam sua única forma de
sobrevivência, para a imensa maioria dos Advogados, mas não podem
desviar-se da linha que separa a elegância moral da mercantilização.
Portanto, deve ser cumprida, sob pena de nulidade da cobrança.
CAPÍTULO VI DO DEVER DE URBANIDADE

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e


os funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo
igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito.
O dever de urbanidade refere-se ao público, aos colegas, às autoridades e
aos servidores da Justiça.
A conduta do Advogado deve ser respeitosa, discreta e independente.
Deve, igualmente, exigir conduta idêntica em relação à sua pessoa bem
como o respeito às suas prerrogativas.

Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem


escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços.
Lhaneza, linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na sua atuação
profissional.

Art. 46. O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou


dativo, deve comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se
sinta amparado e tenha a expectativa de regular desenvolvimento da
demanda.
Mesmo quando não vá receber nenhuma remuneração da parte do cliente,
deve atuar com empenho e dar o melhor de si, pois está em jogo não só seu
bom nome como o da própria instituição da qual faz parte. Sobretudo, deve
ser considerado o princípio da dignidade da pessoa humana na pessoa do
cliente, que é um cidadão que deve ser tratado como tal, com todos os
direitos que a Constituição Federal lhe garante.

CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 47. A falta ou inexistência, neste Código, de definição ou


orientação sobre questão de ética profissional, que seja relevante para o
exercício da advocacia ou dele advenha, enseja consulta e manifestação do
Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal.
O Código não é exaustivo em suas normatizações. Os casos omissos
devem ser objeto de consulta ao Tribunal de Ética e Disciplina ou ao
Conselho Federal. Se cada um deles der orientação diversa, deve prevalecer
o Conselho Federal, pois ele é que instituiu o Código e pode mudá-lo,
complementá-lo e esclarecer os aspectos não previstos expressamente ou
suscitadores de dúvidas.

Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas


deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o
Presidente do Conselho Seccional, da Subseção, ou do Tribunal de Ética e
Disciplina deve chamar a atenção do responsável para o dispositivo
violado, sem prejuízo da instauração do competente procedimento para
apuração das infrações e aplicação das penalidades cominadas.
O poder-dever de advertência aos infratores das regras deste Código e
outras normatizações acima apontadas pode ser exercido verbalmente ou
por escrito. Quem tem legitimidade para essas penalizações de advertência
são: 1 – o Presidente do Conselho Seccional; 2 – o Presidente da Subseção
e 3 – o Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina. A infração, de acordo
com sua gravidade, pode ser objeto de processo e eventual aplicação de
penalidades.

TÍTULO II DO PROCESSO DISCIPLINAR


Em primeiro lugar, gostaríamos de abordar a questão dos princípios, que,
apesar de não estarem explicitados de forma tão clara, ou seja, em um
dispositivo destinado apenas a eles, é evidente que o Processo Disciplinar
adota os seguintes princípios (dentre outros): 1 – legalidade, ou seja, a
observância estrita às normatizações pertinentes; 2 – impessoalidade, ou
seja, nos processos os Julgadores não podem julgar considerando simpatia
ou antipatia pessoal às partes ; 3 - moralidade, ou seja, os julgamentos
devem objetivar a consagração da Ética e não outros fatores que não esse;
4 – sigilo, ou seja, não pode haver divulgação nenhuma a respeito de cada
caso “sub judice”; 5 – eficiência, ou seja, o que for decidido, pela
absolvição ou pela condenação, deve ser suficiente para prevalecer a Justiça
no caso; 6 – congruência, ou seja, a eventual pena deve ter pertinência com
os fatos alegados contra o representado; 7 - ampla defesa, ou seja, não se
deve cercear os meios de defesa, a não ser que evidente o intuito
procrastinatório ou a intenção de falsear a verdade dos fatos; 8 - devido
processo legal, ou seja, a obediência às regras processuais não pode ser
relativizada, de modo a permitir-se o caos processual; 9 - juiz imparcial,
ou seja, só deve compor o corpo de Julgadores quem esteja isento de
prejulgamentos, contra ou a favor; 10 - respeito à dignidade do Advogado,
ou seja, mesmo estando na posição de acusado, o imputado continuará
tendo sua dignidade profissional; e 11 – respeito à independência do
Advogado, ou seja, o imputado, como Advogado, tem de ter sua
independência preservada, contanto que não desborde pela ilicitude.
Podem ser lembrados outros princípios, evidentemente, como dito, mas
esses são alguns que devem ser considerados nos processos disciplinares.

CAPÍTULO I DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE


ÉTICA E DISCIPLINA

Art. 49. O Tribunal de Ética e Disciplina é competente para orientar e


aconselhar sobre ética profissional, respondendo às consultas em tese, e
julgar os processos disciplinares.
O Tribunal de Ética e Disciplina tem duas competências, ou, melhor
dizendo, “atribuições”: 1 – responder a consultas sobre ética profissional e
2 – julgar os processos disciplinares.
Veja-se a seguinte notícia, que pode dar uma noção do que este Código
quer significar com a expressão “Tribunal de Ética e Disciplina da OAB”:
“Na última sexta-feira, 09 de junho, aproveitando a presença da
Diretoria da OAB/MG e das Subseções vizinhas no Colégio de
Dirigentes da Zona da Mata I de Minas Gerais, a Diretoria da
OAB
Juiz de Fora inaugurou a sala Daniel Ribeiro do Valle, na Sede da
Ordem, onde será instalada a 12ª turma do Tribunal de Ética e
Disciplina (TED).
Com a instalação do TED, os processos éticos não serão mais
encaminhados para Belo Horizonte, evitando, assim,
deslocamentos e proporcionando agilidade aos processos, além dos
advogados contarem com um espaço adequado para a realização
de suas reuniões e trabalhos.
A presidência da 12ª turma do TED ficará a cargo do Dr. Athos
Rocha Trindade, que já possui cinco anos de atuação no
julgamento de processos ético-disciplinares em Belo Horizonte.
O Dr. Daniel Ribeiro do Valle, homenageado pela OAB/JF, foi
membro do TED, Diretor-Tesoureiro, Secretário-Geral,
Conselheiro e Presidente da Subseção de Juiz de Fora.
A inauguração contou ainda com as presenças do Presidente do
Conselho Subseccional, Dr. Arão da Silva Junior, e dos membros,
Dr. Denilson Abreu Romano, Dr. Marco Aurélio Ferreira, Dr.
Marcos Vinícius Gomes Leite, Dr. Wagner Oliveira Garcia e Dra.
Walníbia Aparecida Nascimento Lobo
O TED tem por finalidade orientar e aconselhar sobre a ética
profissional na advocacia e a instruir e julgar processos
disciplinares.”
(http://www.juizdefora-oabmg.org.br/noticias/exibir/2934/OABJFinaugura-
Tribunal-de-Etica-e-Disciplina.html)

Parágrafo único. O Tribunal reunir-se-á mensalmente ou em menor


período, se necessário, e todas as sessões serão plenárias.
A periodicidade das sessões é mensal, podendo haver sessões
extraordinárias, mas todas as sessões são plenárias, ou seja, com sua
composição integral, sob pena de nulidade dos julgamentos.

Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:


A expressão melhor seria “atribuição”, pois significa função exercida com
exclusividade.
I – instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que
considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou
norma de ética profissional;
Instaurar processo administrativo a respeito de infração a princípio ou
norma de ética profissional. “Princípio” significa conceito amplo sobre um
ponto determinado e “norma” significa regra escrita.
II – organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e
discussões a respeito de ética profissional, inclusive junto aos Cursos
Jurídicos, visando à formação da consciência dos futuros profissionais
para os problemas fundamentais da ética;
Tudo fazer para divulgar o tema Ética Profissional da Advocacia.
III – expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em
casos previstos nos regulamentos e costumes do foro;
Expedir Provisões e Resoluções com normatização de assuntos pertinentes
à Ética na Advocacia.
IV – mediar e conciliar nas questões que envolvam:
Atuar na mediação ou conciliação nas questões éticas “interna corporis”.
a) dúvidas e pendências entre advogados;
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante
substabelecimento, ou decorrente de sucumbência;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de
advogados.
Essa enumeração é apenas enunciativa e admite outras hipóteses
ocorrentes. O papel do TED como conciliador e mediador é de extrema
importância, evitando-se processos e a desunião da classe.

CAPÍTULO II DOS PROCEDIMENTOS

Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante


representação dos interessados, que não pode ser anônima.
A normatização do Processo Disciplinar é um tanto simplificada neste
Código, sendo que, para se adquirir uma visão real dessa sistemática, é
necessário consultarem-se outros regramentos, dentre os quais o da Lei n.
8.906, de 04 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB), que
transcrevemos, no que tem pertinência, ao final desta obra, na parte de
Notas.
Para facilitar a compreensão do prezado Leitor, vamos transcrever o
máximo possível de informações, encontradas na Internet, (enxertando
comentários para facilitar a compreensão) como a que se segue:
“PROCESSO DISCIPLINAR - OAB

Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao


processo disciplinar as regras da legislação processual penal
comum e, aos demais processos, as regras gerais do procedimento
administrativo comum e da legislação processual civil, nessa
ordem.

Nos casos omissos, aplicam-se, em primeiro lugar, as regras do Processo


Penal; em segundo lugar, as regras do Processo Administrativo Disciplinar
(e, neste ponto remetemos o prezado Leitor ao nosso livro chamado “Para
Você Entender e se Defender em Processo Administrativo Disciplinar”,
AMCGuedes, 2022), e, somente por último, as regras do Processo Civil.
Todavia, acontece que a legislação processual civil é a mais completa de
todas essas e acaba sendo o ponto de apoio mais importante, de fato. Na
prática, acontecem situações em que se tem de procurar a suplementação
acima lembrada, pois o Código não procurou priorizar o Processo
Disciplinar, talvez por considerar que ficaria muito extenso se fosse
minuciar as regras processuais.

Prazos

Todos os prazos necessários à manifestação de advogados,


estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de
quinze dias, inclusive para interposição de recursos.

Contam-se apenas os dias úteis.

Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação


pessoal, o prazo se conta a partir do dia útil imediato ao da
notificação do recebimento.

Não há dúvida neste ponto, sendo dispensável qualquer comentário.

Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão,


o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte.

Igualmente desnecessário qualquer comentário.


Processo Disciplinar

O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete


exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial
tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o
Conselho Federal.

É o princípio do Juiz Natural.

Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional


competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas
Subseções ou por relatores do próprio conselho.

Sem dificuldade.

A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente


comunicada ao Conselho Seccional onde o representado tenha
inscrição principal, para constar dos respectivos assentamentos.

E, igualmente, efetivar-se o resultado do julgamento, em termos


práticos.

O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado


tenha inscrição principal pode suspendê-lo preventivamente, em
caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois
de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o
processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de
noventa dias.

A suspensão cautelar, para ser deliberada, tem de passar pela oportunidade


do imputado se defender a respeito. No caso de suspensão, o processo deve
ser concluído em 90 dias, no máximo, devido à repercussão na vida do
imputado e dos eventuais interessados, que são seus clientes e quem tenha a
ver com os processos em que atue.

Jurisdição Disciplinar

A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato


constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às
autoridades competentes.

Evidentemente. Observemos que, se houver fato típico penal, deve ser


comunicado às autoridades da referida área.
O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante
representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.
Sem dificuldade de compreensão.

Código de Ética e Disciplina

O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de


admissibilidade da representação e os procedimentos disciplinares.

Não há, neste Código, a enumeração dos critérios de admissibilidade da


representação, “data venia”. Para ser instaurado um processo disciplinar
tem de haver interesse e legitimidade (art. 17 do CPC). Não é necessário
que o representante preencha todos os requisitos de uma petição inicial
cível, mas sim que narre um fato que caracterize falta profissional, do rol
deste Código, ou seja, que contrarie alguma das regras obrigatórias de
conduta: isso se caracteriza como sendo o “interesse”. A “legitimidade” é
de qualquer pessoa física ou jurídica.

O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só


tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a
autoridade judiciária competente.

O sigilo perdura apenas até o trânsito em julgado da decisão. A autoridade


judiciária competente a que se refere a previsão acima é aquela que irá
julgar em caso de infração penal, bem como aquela que preside processo
em que o Advogado atue. Não sendo funcionários públicos, cujos processos
são públicos, o sigilo diferencia os dois tipos de processos. E isso se
justifica porque a Advocacia, apesar de ser uma função pública, não se
sujeita às regras dos Poderes Públicos.

Recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a


quem compete a instrução do processo e o oferecimento de parecer
preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina.

Sendo admitida como se trata uma petição inicial apta, ou seja, não inepta,
pelo Relator, ele dá andamento ao processo, com o recebimento da defesa
prévia e demais atos, preside a instrução processual e, terminada a fase
instrutória, apresenta seu parecer preliminar, que será submetido ao TED
como subsídio para o julgamento. Pode ser alegada sua suspeição ou
impedimento, nos termos da legislação processual. A expressão “designar
relator” quer dizer que o Relator será escolhido na sequência
predeterminada, de tal forma que todos relatem igual número de processos,
através do sistema de compensação.
Defesa prévia

Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa,


podendo acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente
ou por intermédio de procurador, oferecendo defesa prévia após
ser notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante
o Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento.

As três oportunidades de manifestação do representado são as seguintes: 1


– defesa prévia (escrita); 2 – razões finais (escrita) e 3 – defesa oral por
ocasião do julgamento. Questões de ordem, todavia, podem ser
apresentadas em qualquer fase processual, inclusive arguições de suspeição
e impedimento.

Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento


liminar da representação, este deve ser decidido pelo Presidente do
Conselho Seccional, para determinar seu arquivamento.

O arquivamento da representação só é possível se estiverem de acordo


nesse sentido o Relator e o Presidente.

O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo


relevante, a juízo do relator.

Muito justa esta disposição normativa, pois o respeito à ampla defesa é


primordial. Trata-se de uma questão de respeito a eventuais dificuldades
relevantes, sendo este o único diploma regulamentador em que se prevê a
possibilidade de prorrogação do prazo para apresentação de uma
manifestação da parte.

Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do


Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo; Ninguém
pode ser processado sem direito de defesa.

É também permitida a revisão do processo disciplinar, por erro de


julgamento ou por condenação baseada em falsa prova.

O recurso de revisão é admitido apenas sob dois fundamentos: 1 – erro de


julgamento, ou seja, evidente injustiça; e 2 – verificação de falsidade da
prova que serviu de base para a condenação. Na verdade, há outras
fundamentações para o recurso de revisão, como o impedimento ou a
suspeição de algum Julgador. Percebe-se, neste Código, a verdadeira
intenção de realizar a Justiça e não simplesmente encerrar processos.
Louvável esta normatização processual, nesse ponto mais humana que as
demais.

O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e


judiciais pertinentes, objetivando a que o profissional suspenso ou
excluído devolva os documentos de identificação.

Nos casos de suspensão ou excluído podem ser adotadas medidas


necessárias para que o Advogado entregue suas credenciais.

Bases: Estatuto da OAB - Lei 8.906/1994 - artigos 68 a 74.”

(http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/processo-oab.htm)

Analisemos, em reprise sempre útil (pois a repetição serve para a


consolidação do que foi apreendido) para a fixação da normatização, item
por item, as regras expostas no Código.
Existem duas formas de inaugurar-se um processo disciplinar em face de
Advogado: 1 – de ofício, ou seja, por iniciativa de um dos membros do
TED e 2 – mediante representação de interessado, que deve identificar-se
suficientemente.
§ 1º Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da
Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus
integrantes, para presidir a instrução processual.
Admitida a representação, o Presidente designa um Relator, membro do
TED, para presidir a instrução do feito. Essa designação tem de obedecer a
regra de que todos os membros têm de relatar igual número de processos,
através do sistema de compensação.
§ 2º O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da
Subseção o arquivamento da representação, quando estiver desconstituída
dos pressupostos de admissibilidade.
O Relator dispõe de duas opções: 1 – verifica que estão presentes os
pressupostos de admissibilidade da representação, que são legitimidade e
interesse ou 2 – propõe o seu arquivamento, se verifica não haver o
preenchimento desses pressupostos.
§ 3º A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes
dos Conselhos Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal.
Se o representado é membro do Conselho Federal ou Presidente de
um dos Conselhos Seccionais, o processo tem de ser analisado pelo
Conselho Federal.

Art. 52. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a


notificação dos interessados para esclarecimentos, ou do representado
para a defesa prévia, em qualquer caso no prazo de 15 (quinze) dias.
A expressão que preferimos é “intimação”, pois, se desatendida, gera
consequências processuais negativas para quem foi intimado.
Caso entenda preenchidos os requisitos de admissibilidade, mas julgue
importante algum esclarecimento que deva ser dado pelo representante,
determina sua intimação para esclarecimento, sendo que, se não o fizer,
conforme o caso, pode propor o arquivamento ou determinar o seguimento
do processo, o qual somente se completa com a triangulação processual,
com a intimação do representado, para apresentar a defesa prévia. Em
ambas as intimações o prazo é de 15 dias, naturalmente que contados os
dias úteis, conforme a determinação do CPC, que, na certa, deve ser
aplicado supletivamente.
§ 1º Se o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do
Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo.
Se o representado não apresentar a defesa prévia no prazo acima referido, o
Relator lhe nomeia um Defensor dativo, que pode aceitar a causa ou não,
conforme a previsão específica deste Código. O Defensor dativo tem de
esmerar-se na defesa do representado, sob pena de nulidade por ausência
virtual de defesa, o que pode ser alegado posteriormente, inclusive como
causa para o recurso de revisão, apesar de não elencada essa hipótese como
justificadora do recurso de revisão.
§ 2º Oferecida a defesa prévia, que deve estar acompanhada de todos os
documentos e o rol de testemunhas, até o máximo de cinco, é proferido o
despacho saneador e, ressalvada a hipótese do § 2º do art. 73 do Estatuto,
designada, se reputada necessária, a audiência para oitiva do interessado,
do representado e das testemunhas. O interessado e o representado
deverão incumbir-se do comparecimento de suas testemunhas, a não ser
que prefiram suas intimações pessoais, o que deverá ser requerido na
representação e na defesa prévia. As intimações pessoais não serão
renovadas em caso de não comparecimento, facultada a substituição de
testemunhas, se presente a substituta na audiência. (NR)
Com a defesa prévia apresentada no prazo, sendo que tal prazo pode
ser aumentado pelo Relator, justificadamente, dela devem constar todos os
eventuais documentos, bem como o rol de, no máximo, cinco testemunhas,
todavia, não sendo impossível ouvirem-se mais testemunhas, como
referidas, a critério do Relator, que, em qualquer decisão, deve fundamentá-
la, então chegando-se à fase do saneamento do processo, nos moldes da lei
processual civil. Passa-se, então, à fase das provas orais, com os
depoimentos das testemunhas e interrogatório das partes. Quanto às
intimações das testemunhas prevalece o modelo das próprias partes, regra
geral, terem de arcar com esse ônus, o que dificulta a produção de provas
orais. (Ver arts. 43, 58, III, 61, parágrafo único, “c”, 68, e 70 a 74, da Lei
n. 8.906/94, arts. 89, V e VII, 120, § 3 o , 137-A e seguintes do
Regulamento Geral e Provimento n. 83/96.
Ver Provimento n. 83/96 e o Manual de Procedimentos do Processo
ÉticoDisciplinar, editado pela Segunda Câmara do Conselho Federal)
§ 3º O relator pode determinar a realização de diligências que julgar
convenientes.
Naturalmente que o Relator pode entender necessária a produção de outras
provas, como a pericial. No caso de indeferimento de algum meio de prova
cabe recurso, equivalente ao agravo de instrumento.
§ 4º Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze)
dias para a apresentação de razões finais pelo interessado e pelo
representado, após a juntada da última intimação.
Naturalmente que as alegações finais do representado devem ser
apresentadas depois das do representante, para que tome ciência das falas
acusatórias e possa contra-argumentar, como nos processos do Tribunal do
Júri. Se o processo se iniciar de ofício, naturalmente que faz-se necessária a
apresentação do Relatório do Relator, que o parágrafo seguinte chama de
“parecer preliminar”.
§ 5º Extinto o prazo das razões finais, o relator profere parecer preliminar,
a ser submetido ao Tribunal.
Depois da fase das alegações finais, juntado o parecer preliminar do
Relator, o processo é submetido ao Tribunal.

Art. 53. O Presidente do Tribunal, após o recebimento do processo


devidamente instruído, designa relator para proferir o voto.
Passando o processo à fase de julgamento, é designado novo Relator
para a fase de julgamento.
§ 1º O processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão
de julgamento, após o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo
Tribunal, salvo se o relator determinar diligências.
A preocupação com a celeridade aqui se manifesta, com a inclusão do
processo na primeira sessão de julgamento, regra geral.
§ 2º O representado é intimado pela Secretaria do Tribunal para a defesa
oral na sessão, com 15 (quinze) dias de antecedência.
O representado tem direito à sustentação oral, falando pessoalmente ou por
procurador constituído, devendo se inscrever para tanto.
§ 3º A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal,
após o voto do relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado
ou por seu advogado.
O prazo da sustentação oral é de 15 minutos.

Art. 54. Ocorrendo a hipótese do art. 70, § 3º, do Estatuto, na sessão


especial designada pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao
representado ou ao seu defensor a apresentação de defesa, a produção de
prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à questão do cabimento,
ou não, da suspensão preventiva.
A cautelar de suspensão tem um rito própria, que é esse explicitado nesta
normatização.

Art. 55. O expediente submetido à apreciação do Tribunal é autuado


pela Secretaria, registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou
Turmas julgadoras, quando houver.

Art. 56. As consultas formuladas recebem autuação em apartado, e a


esse processo são designados relator e revisor, pelo Presidente.
Os processos de consulta têm rito próprio, que dispensa comentários.
§ 1º O relator e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cada um, para
elaboração de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão
seguinte, para julgamento.
§ 2º Qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de
uma sessão e desde que a matéria não seja urgente, caso em que o exame
deve ser procedido durante a mesma sessão. Sendo vários os pedidos, a
Secretaria providencia a distribuição do prazo, proporcionalmente, entre
os interessados.
§ 3º Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor,
nessa ordem, têm preferência na manifestação.
§ 4º O relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e
arrazoados, respeitado o rito sumário atribuído por este Código.
§ 5º Após o julgamento, os autos vão ao relator designado ou ao membro
que tiver parecer vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a
ser publicada no órgão oficial do Conselho Seccional. Ver Proposição n.
0042/2002/COP (DJ, 03.02.2003, p. 574, S.1).

Art. 57. Aplica-se ao funcionamento das sessões do Tribunal o


procedimento adotado no Regimento Interno do Conselho Seccional.
Sem necessidade de comentário.

Art. 58. Comprovado que os interessados no processo nele tenham


intervindo de modo temerário, com sentido de emulação ou
procrastinação, tal fato caracteriza falta de ética passível de punição.
Evidentemente.

Art. 59. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal


pode suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e
censura impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120
dias, passe a frequentar e conclua, comprovadamente, curso, simpósio,
seminário ou atividade equivalente, sobre Ética Profissional do Advogado,
realizado por entidade de notória idoneidade.
Cada caso é um caso: muitas vezes basta uma sanção alternativa, como
essa de frequência a cursos, simpósios, seminários ou atividades
equivalentes.

Art. 60. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina,


ao Conselho Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto, do
Regulamento Geral e do Regimento Interno do Conselho Seccional.

Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões


ao Conselho Seccional, para que determine periodicamente a publicação
de seus julgados.
Encontramos na Internet um resumo de toda a normatização processual,
que, como dito, quanto mais for repetida, mais se fixa para compreensão:
“Advogado você sabe quais são as fases do processo disciplinar da
OAB?
Sabe o que fazer em cada fase?
Publicado por Pedro Rafael de Moura Meireles

Introdução
Por incrível que pareça, a maioria dos advogados não conhece o
processo ético disciplinar da OAB. Não é ensinado na faculdade, o
advogado só conhece quando é representado na OAB. No processo
ético disciplinar da OAB há 3 instâncias de julgamento.

Na 1ª instância é julgado pelo Tribunal de Ética e Disciplina da


OAB, e possui as seguintes fases:

1ª fase
O processo ético disciplinar se inicia de ofício ou mediante
representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.
Algumas seccionais como a OABDF e a OABSP nesses casos,
concede prazo para o (a) advogado (a) representado apresentar
esclarecimentos. Se os esclarecimentos forem suficientes, a OAB
arquiva o processo disciplinar. Caso os esclarecimentos não sejam
suficientes, passa-se para a 2ª fase. Nas demais seccionais, o
processo passa automaticamente para a próxima fase. Note-se que
não é permitido denúncia anônima.

2ª fase
É o momento em que ocorre a análise dos autos, podendo ocorrer o
Arquivamento Liminar ou a Instauração do Processo Ético
Disciplinar. Se entenderem que não estão presente os requisitos de
admissibilidade, ocorrerá o arquivamento liminar. Caso a
representação atendas os critérios de admissibilidade, o processo
será instaurado. Após a instauração, passa-se para a 3ª fase.

3ª fase
É nesse momento que o (a) advogado (a) Representado é intimado
para apresentar defesa prévia no prazo de 15 dias úteis. É a fase de
apresentação de defesa prévia pelo advogado Representado. O
nome correto da petição de defesa é “defesa prévia”. Caso o
representado não apresente defesa prévia, lhe será nomeado
defensor dativo para apresentar. O advogado Representado não
pode ficar sem defesa. Esse é o momento para você advogado
pugnar pela produção de prova testemunhal. Você deve indicar as
testemunhas até o número máximo de 5 testemunhas. Você também
deve solicitar qualquer diligência que entender pertinente.

4ª fase
Após a defesa prévia, o relator pode manifestar pelo Indeferimento
Liminar da Representação, ou pode manifestar pelo
prosseguimento da Representação, com a sua instrução.
5ª fase
É a fase instrutória do processo ético disciplinar. Momento em que
é realizada a audiência de instrução. Ocorre que, se o advogado
não solicitou na defesa prévia a produção de prova testemunhal,
essa fase não será realizada. Passa-se automaticamente para a 6ª
fase.

6ª fase
O relator proferirá parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal
de Ética e Disciplina da OAB. No parecer preliminar o relator
dará o enquadramento legal aos fatos imputados ao Representado.

7ª fase
Após o parecer preliminar, as partes são intimadas para apresentar
razões finais. O prazo sucessivo de 15 dias úteis. Essa é a última
chance de o advogado representado manifestar por escrito nos
autos, é sua última chance de defesa. Não desperdice essa
oportunidade.

8ª fase
O processo é redistribuído para outro julgador. O relator não pode
ser o mesmo designado na fase de instrução do processo ético.

9ª fase
É nessa fase que ocorre o julgamento da Representação. Nessa
fase, ou seja, no julgamento, e após a leitura do voto pelo relator, é
facultado as partes o tempo de 15 minutos para sustentação oral.

Aqui encerra-se a 1ª instância do processo ético disciplinar.


10ª fase
Da decisão do TED cabe recurso para o Conselho Seccional, que é
a 2ª instância.
11ª fase
Da decisão do Conselho Seccional cabe recurso para o Conselho
Federal da OAB, que é a 3ª instância.

E quando a representação for de advogado contra advogado? Não


podemos deixar de falar da representação de advogado contra
advogado, regulamentada pelo provimento 83/96. Se a
Representação tramitar por esse provimento, após a defesa prévia
será tentada a conciliação entre as partes. No restante, segue-se as
fases acima.”

(https://mourameireles.jusbrasil.com.br/artigos/1403651581/advogadovoce-
sabe-quais-sao-as-fases-do-processo-disciplinar-da-oab)

Art. 61. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no


art. 73, § 5º, do Estatuto.
Já comentamos acima sobre o recurso de revisão.

CAPÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E


TRANSITÓRIAS

Art. 62. O Conselho Seccional deve oferecer os meios e suporte


imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades do Tribunal.

Art. 63. O Tribunal de Ética e Disciplina deve organizar seu Regimento


Interno, a ser submetido ao Conselho Seccional e, após, ao Conselho
Federal.
Art. 64. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada em órgão
oficial e no quadro de avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com
antecedência de 07 (sete) dias, devendo ser dada prioridade nos
julgamentos para os interessados que estiverem presentes.

Art. 65. As regras deste Código obrigam igualmente as sociedades de


advogados e os estagiários, no que lhes forem aplicáveis.
Todo aquele que se inscreve na OAB, seja como profissional ou estagiário,
tem de obedecer a este Código, pois é o regimento interno da classe.

Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na


data de sua publicação, cabendo aos Conselhos Federal e Seccionais e às
Subseções da OAB promover a sua ampla divulgação, revogadas as
disposições em contrário.
O Código está em vigor desde a data de sua publicação, ou seja,
13/02/1995, com sucessivas modificações, evidentemente.
NOTAS
1 - ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB
Lei n. 8.906, de 04 de julho de 1994 TÍTULO III
DO PROCESSO NA OAB CAPÍTULO
I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se
subsidiariamente ao processo disciplinar as regras da legislação
processual penal comum e, aos demais processos, as regras gerais
do procedimento administrativo comum e da legislação processual
civil, nessa ordem.
Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados,
estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de
quinze dias, inclusive para interposição de recursos.
§ 1º Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de
notificação pessoal, o prazo se conta a partir do dia útil imediato
ao da notificação do recebimento.
§ 2º Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da
decisão, o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR
Art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB
compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base
territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida
perante o Conselho Federal.
§ 1º Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional
competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas
Subseções ou por relatores do próprio Conselho.
§ 2º A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente
comunicada ao Conselho Seccional onde o representado tenha
inscrição principal, para constar dos respectivos assentamentos.
§ 3º O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado
tenha inscrição principal pode suspendê-lo preventivamente, em
caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois
de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o
processo disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de
noventa dias.
Art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o
fato constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às
autoridades competentes.
Art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante
representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.
§ 1º O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de
admissibilidade da representação e os procedimentos disciplinares.
§ 2º O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só
tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a
autoridade judiciária competente.
Art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve designar
relator, a quem compete instrução do processo e o oferecimento de
parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e
Disciplina. § 1º Ao representado deve ser assegurado amplo direito
de defesa, podendo acompanhar o processo em todos os termos,
pessoalmente ou por intermédio de procurador, oferecendo defesa
prévia após ser notificado, razões finais após a instrução e defesa
oral perante o Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do
julgamento.
§ 2º Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo
indeferimento liminar da representação, este deve ser decidido pelo
Presidente do Conselho Seccional, para determinar seu
arquivamento.
§ 3º O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo
relevante, a juízo do relator.
§ 4º Se o representado não for encontrado, ou for revel, o
Presidente do Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor
dativo;
§ 5º É também permitida a revisão do processo disciplinar, por
erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa prova.
Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas
administrativas e judiciais pertinentes, objetivando a que o
profissional suspenso ou excluído devolva os documentos de
identificação.
CAPÍTULO III DOS RECURSOS
Art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões
definitivas proferidas pelo Conselho Seccional, quando não tenham
sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem esta Lei, decisão do
Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o
Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina e os
Provimentos.
Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho
Seccional é legitimado a interpor o recurso referido neste artigo.
Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões
proferidas por seu Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina,
ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos
Advogados.
Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando
tratarem de eleições (arts. 63 e seguintes), de suspensão preventiva
decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de cancelamento da
inscrição obtida com falsa prova.
Parágrafo único. O Regulamento Geral disciplina o cabimento de
recursos específicos, no âmbito de cada órgão julgador.
2- REGULAMENTO GERAL DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA
OAB
Dispõe sobre o Regulamento Geral previsto na Lei nº 8.906, de 04
de julho de 1994.
CAPÍTULO VIII
DAS NOTIFICAÇÕES E DOS RECURSOS
Art. 137-D A notificação inicial para a apresentação de defesa
prévia ou manifestação em processo administrativo perante a OAB
deverá ser feita através de correspondência, com aviso de
recebimento, enviada para o endereço profissional ou residencial
constante do cadastro do Conselho Seccional. (NR)
§ 1º Incumbe ao advogado manter sempre atualizado o seu
endereço residencial e profissional no cadastro do Conselho
Seccional, presumindo-se recebida a correspondência enviada para
o endereço nele constante.
§ 2º Frustrada a entrega da notificação de que trata o caput deste
artigo, será a mesma realizada através de edital, a ser publicado
na imprensa oficial do Estado.
§ 3º Quando se tratar de processo disciplinar, a notificação inicial
feita através de edital deverá respeitar o sigilo de que trata o artigo
72, § 2º, da Lei 8.906/94, dele não podendo constar qualquer
referência de que se trate de matéria disciplinar, constando apenas
o nome completo do advogado, o seu número de inscrição e a
observação de que ele deverá comparecer à sede do Conselho
Seccional ou da Subseção para tratar de assunto de seu interesse.

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