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COMPLEXO ESCOLAR MOLOWIÑI II

TRABALHO DE EVP

O DIALOGO ENTRE SERES HUMANOS

A CONVIVÊNCIA SOCIAL

Docente

____________________
Luís Alberto

Luanda, 2022
COMPLEXO ESCOLAR MOLOWIÑI II

O DIALOGO ENTRE SERES HUMANOS

A CONVIVÊNCIA SOCIAL

Classe: 9ª

Sala: 07

Turno: Tarde

Turma: AT

Nº INTEGRANTES DO GRUPO Nº 02 CLASSIFICAÇÃO

1 Gabriela Neto da Costa

2 Domingos Martins António

3 Domingas Tino Vicente

4 Domingas Tunguno Francisco

5 Eliane Alexandre dos Santos Ferreira

6 Esperança Luís Wadiquila

7 Felícia Dange alberto

8 Filipa Esteves Jorge

9 Gelson José Paca

10 Bruna Adriano Domingos


AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu que todas as nossas conquistas se
concretizassem. Agradecemos ao Complexo Escolar Molowini, que nos deram o
conhecimento necessário para concluir este trabalho. Agradeço ao meu professor Luís
Alberto por todo o auxílio e orientação. Agradeço a todos que fizeram parte direta ou
indiretamente deste trabalho.
Dedicatória
Dedicamos este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm nossas
vida, autor dе nosso destino, nosso guia, socorro presente nа hora dа angústia, ао mеυ
pai, minha mãе е аоs meus irmãos e aos meus famíliares que, cоm muito carinho е
apoio, nãо mediram esforços para qυе nós chegassemos аté esta etapa da vida.”
Sumário
AGRADECIMENTO...............................................................................................................3
Dedicatória..............................................................................................................................4
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................6
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................7
CONCEITOS HISTÓRICOS...................................................................................................7
A QUALIDADE DO DIÁLOGO.............................................................................................7
O DIÁLOGO É REMÉDIO PARA CURAR IRRACIONALIDADES..................................14
A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO PARA A CONVIVÊNCIA FAMILIAR.......................17
ATITUDES NECESSÁRIAS.................................................................................................18
UM BOM OUVINTE.............................................................................................................18
CONVIVÊNCIA....................................................................................................................18
ESTRUTURA........................................................................................................................18
CONCLUSÃO.......................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................24
INTRODUÇÃO
A tarefa de construir o bem comum necessita, acima de tudo, de diálogo.
Dialogar qualifica a capacidade humana de se dirigir ao outro, nas diferenças e nos
parâmetros racionais das oposições. Permite também estabelecer uma relação com a
lucidez de discernimentos e escolhas. Trata-se de prática que não oferece espaço
para o ódio, vinganças e o aproveitamento espúrio de oportunidades para obter
ganhos na contramão do bem comum. A ausência do diálogo permanente, em todas
as esferas das relações humanas, explica o nascimento de descompassos, as mazelas
de escolhas, os absurdos dos procedimentos que comprometem legalidades e
produzem os leitos da corrupção.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CONCEITOS HISTÓRICOS

Somente pela via do diálogo os muitos segmentos da sociedade construirão o


tecido de uma cultura que sustente princípios e legalidades. As guerras, os
acirramentos partidários, o recrudescimento da violência, os fundamentalismos –
religiosos e políticos -, as inimizades, as crises familiares, tudo advém de
incompetências humanas na essencial capacidade para dialogar. Uma qualidade
fundamental para se escolher bem, decidir e garantir rumos adequados. Quando falta
a indispensável competência da reciprocidade conquistada pelo diálogo, as
consequências são sempre desastrosas.

Somente pela via do diálogo os muitos segmentos da sociedade construirão o


tecido de uma cultura que sustente princípios e legalidades. As guerras, os
acirramentos partidários, o recrudescimento da violência, os fundamentalismos –
religiosos e políticos -, as inimizades, as crises familiares, tudo advém de
incompetências humanas na essencial capacidade para dialogar. Uma qualidade
fundamental para se escolher bem, decidir e garantir rumos adequados. Quando falta
a indispensável competência da reciprocidade conquistada pelo diálogo, as
consequências são sempre desastrosas.

A QUALIDADE DO DIÁLOGO
Só o diálogo constrói entendimentos que levam à compreensão das mudanças
e transformações tão velozes neste tempo. A vivência desse exercício mostra a
importância da participação cidadã. Garante lucidez na condução de processos e
engradece a alma, fazendo-a apreciar o que se baseia no altruísmo. Sem a abertura
para a reciprocidade nos exercícios relacionais em diferentes ambientes – do
aconchego da vida familiar aos grupos religiosos, culturais e políticos -, o que se faz
torna-se desserviço. Líderes incapacitados para o diálogo, particularmente no âmbito
da política, são obstáculos nos funcionamentos da sociedade, prejudicando o bem
comum.

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O diálogo, longe de ser “conversa fiada”, fofoca, palavras trocadas pelo
simples gosto de falar – especialmente aquele gosto muito comum de se falar dos
outros -, é a construção de entendimentos que dão suporte para a criação e
manutenção do ethos do altruísmo, da seriedade no que se faz e da busca pela
verdade. Promove, assim, a coragem da transparência, em todos os sentidos e níveis,
balizando na honestidade relações e funcionamentos. A qualidade do diálogo
depende muito da visão construída no horizonte dos cidadãos, para além de paixões
partidárias. O exercício do diálogo alarga a visão de mundo do cidadão, os
horizontes dos funcionamentos institucionais. Permite alcançar a compreensão que
anima a indispensável autoestima, a consciência histórica e a configuração política
merecedora de credibilidade. Nesse sentido, o diálogo é força para fazer com que a
sociedade seja verdadeiramente democrática, capaz de respeitar e promover, com
fecundidade, o bem comum.

Benveniste (2006) de discurso, que denomina de comunhão fática, e


reconhece que deveria ser estudada no contexto da enunciação. Para esse linguista,
as palavras, na comunhão tática, preenchem uma função social e esse é o seu
principal objetivo, mas não são o resultado de reflexão intelectual nem despertam,
necessariamente, qualquer espécie de reflexão no ouvinte. Por que então a conversa
resiste às convenções e as etiquetas impostas pelo mundo da objetividade? Na
Internet, é comum a manutenção de salas específicas para conversas, mesmo em
espaços destinados a temas formais e acadêmicos, uma espécie de resgate no espaço
virtual dos cafés que desde o século 32sas eram considerados verdadeiros centros de
comunicação oral, Istambul era famosa nesse século por seus 600 cafés.

Dialogo é: Uma conversa entre duas ou mais pessoas onde deverá sempre
ocorrer uma troca de ideias para se chegar a um bom entendimento; Obra literária ou
cientifica em forma de conversação; Alternância de dois factores complementares
um do outro.

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Direitos humanos no diálogo entre os campos de conhecimento
Os artigos deste número da Revista Katálysis enfocam o tema dos direitos
humanos a partir de diferentes quadros teóricos, o que constitui uma riqueza e
contribui para eliminar de antemão muitas objeções hoje vigentes em relação à
problemática em questão. Isto porque os diferentes quadros nos oferecem óticas
diferenciadas, e não, necessariamente, excludentes, de abordar o tema. O que,
certamente, irá contribuir para a percepção de que a maioria das objeções levantadas
provém do fato de não se levar em consideração a ótica em que a problemática é
tratada e, sobretudo, da não consideração de que, a partir de sua estruturação interna,
os diversos quadros teóricos podem dar na abordagem da questão.
Numa perspectiva mais genérica, pode-se dizer que é muito diferente, de um lado,
considerar a problemática dos direitos humanos dentro do quadro teórico das
ciências sociais, que analisam as condições da vida humana nos contextos
específicos das sociedades contemporâneas, e de outro, procurar trabalhar esta
problemática no contexto de uma teoria da realidade em seu todo, portanto, no
contexto de uma teoria filosófica.

A abordagem em distintas óticas pode contribuir para mostrar como estas podem ser
complementares, mesmo guardando seus níveis teóricos diferenciados para a
consideração de um tema que se transformou numa das questões centrais do mundo
em que vivemos, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista de sua
efetivação nos diversos níveis e dimensões da vida humana, pessoal e coletiva.

Um dos problemas básicos que emergem no debate contemporâneo sobre os direitos


humanos, e que têm grandes consequências para sua compreensão, é a concepção de
ser humano, normalmente implícita, presente nos debates e determinante para a
compreensão e a avaliação do que se pretende dizer quando se fala de direitos
humanos.

Um elemento decisivo para uma compreensão adequada dos direitos humanos,


enquanto "exigências morais" (direitos pré-positivos) que se radicam na constituição
ontológica do ser humano e se distinguem dos "direitos positivados" (direitos
positivos), é o fato de que o ser humano, ser corporal-espiritual, como indivíduo,
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constitui-se como um ser situado numa forma específica de configuração do
conjunto de seus relacionamentos com os outros indivíduos e com a natureza da qual
ele faz parte. Esta estruturação marca e condiciona as diversas dimensões de suas
vidas individuais. Mesmo como um ser, em princípio capaz de transcendência a
qualquer configuração de seu ser, ele não existe para além de qualquer estruturação
sócio-histórica. Desta forma, a compreensão do ser humano como um ser
essencialmente aberto à alteridade e histórico implica em compreender a vida
humana como um processo de condicionamento recíproco entre indivíduos e
estruturas da vida social.

Assim, a conquista efetiva de seu ser passa pela forma de configuração destas
relações na medida em que delas depende, se os mundos históricos por ele
construídos constituem-se, ou não, como espaços de possibilitação do
reconhecimento dos seres humanos enquanto sujeitos, seres corporal-espirituais
chamados à liberdade.

A tese fundamental neste contexto é que o indivíduo só pode efetivar-se através da


mediação de um mundo de instituições que assegura o espaço de liberdade: é no
espaço de mundos de seres livres e iguais que ele se realiza como tal. Por esta razão,
é decisiva a forma de estruturação dos mundos intersubjetivos para a efetivação dos
direitos humanos que são constitutivamente sempre individuais e sociais. O debate
atual sobre os direitos humanos precisa, por isto, partir de um questionamento básico
que se situa no quadro teórico específico das ciências: como se configura nosso
mundo histórico hoje e que lugar têm aí os direitos humanos?

Em sua dinâmica atual, o capital conquistou para si um espaço de ação para além do
espaço dos estados nacionais, constituindo uma economia global através de uma
onda de desregulamentações, fusões e privatizações, reestruturação empresarial e
produtiva. Fomentou a expansão das empresas transnacionais, estruturadas a partir
de seus interesses corporativos que se subtraem cada vez mais ao controle dos
estados nacionais e pagam cada vez menos impostos em seus países de origem.
Aumentaram a produção e a riqueza mundiais, com distribuição desigual de seus
resultados, já que privilegia elites hegemônicas, marcadas por um produtivismo
consumista ilimitado, e degrada os ecossistemas, desperdiçando matéria-prima e
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energia, destruindo a biodiversidade, exaurindo os solos e as águas, realidades que
hoje já ameaçam obstruir todo o sistema.

A globalização transformou profundamente nos últimos 20 anos a organização


econômica, as relações sociais, os modelos de vida e cultura, os Estados e a política,
e acelerou enormemente as mudanças e a geração de novos paradigmas. Recorre-se
hoje à lógica da globalização para legitimar o desmantelamento das instituições de
proteção social e de controle de mercados, do exercício do papel equilibrador do
Estado e da proteção dos direitos dos cidadãos, já que as instituições políticas
dispõem de pouca margem de manobra frente aos mecanismos dominadores do
mercado, de modo especial frente aos organismos financeiros internacionais.

O resultado deste processo escancara a violação dos direitos elementares do ser


humano, gerando: pobreza, miséria, dependência econômica, ditadura política,
opressão policial, sequestro, tortura, exílio, assassinato. Acontece com clareza aquilo
que Franz Hinkelammert (El sujeto y la ley: El retorno del sujeto reprimido.
Heredia: EUNA, 2003, p. 79) chamou de "inversão dos direitos humanos", onde "a
história moderna dos direitos humanos é a história de sua inversão, a qual,
transforma a violação dos direitos humanos em imperativo categórico da ação
política."

Age-se em nome dos direitos humanos contra a pessoa humana o que normalmente
vem acoplado à criminalização dos defensores dos direitos humanos que
desmascaram a hipocrisia.

Há grandes massas de indivíduos que são os perdedores deste processo e há


completa ausência de uma autoridade global efetiva para enfrentar as questões que
emergem desta nova situação.

No contexto atual do mercado total, os direitos humanos, fundados na liberdade, são


vistos como distorções, pois tudo se reduz ao indivíduo e à sua competência, o que
tem conduzido a uma perda acentuada do sentido da coisa pública, do bem comum.
O que rege a vida social é a "lei da selva", do "cada um por si", do "levar vantagem
em tudo". Cabe ao indivíduo prover a sua vida e as suas necessidades. Daí porque

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acima dos direitos do ser pessoal, agora desqualificados como privilégios, se põem
os "direitos" do grande capital.

A política macroeconômica opta por empreendimentos que levam à exclusão


progressiva e à flexibilização do mercado de trabalho em favor da grande empresa.
Uma vez que o objetivo básico é submeter a vida social em sua totalidade às leis do
mercado, tudo é avaliado de acordo com sua funcionalidade, ou não, ao mercado
livre.

Estas experiências dolorosas de degradação da vida humana abriram a muitos um


horizonte que lhes permitiu aceder a uma nova consciência da significação dos
direitos humanos na vida humana.

Numa outra perspectiva, uma das respostas, talvez desesperada, a esta situação que
se apresenta em nosso contexto é o terrorismo que levanta a pretensão de uma
legitimação ética; o terror emerge aqui como a resposta dos povos ou grupos
oprimidos à arrogância dos poderosos, como penalidade justificada em virtude de
sua petulância e crueldade.

A história humana, examinada do ponto de vista normativo (portanto, no nível da


reflexão ética, da filosofia da política e do direito), revela-se como o espaço de luta
pela efetivação da dignidade específica do ser humano enquanto ser pessoal dotado
de corporeidade, inteligência, vontade e liberdade. Isto significa a efetivação de
direitos e, como tarefa histórica, implica o enfrentamento de todo tipo de
desigualdade e servidão, possibilidades constantes na vida humana, e produz a
negação de seu caráter de sujeito e sua redução a objeto, em diferentes formas.

A humanização, portanto, é algo construído, conquistado, o que pressupõe sujeitos


ativos e conscientes de sua dignidade que se efetiva em direitos. Enquanto tais, estes
sujeitos se fazem autores de seu próprio desenvolvimento, que passa pelo
reconhecimento mútuo, o qual por sua vez se faz através da mediação de
instituições, que regulam a convivência entre os seres humanos e suas relações com
a natureza no sentido de superar todo tipo de instrumentalização e opressão.

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Nesta perspectiva, manifesta-se que a igualdade básica dos seres humanos é, antes
de tudo, uma igualdade de direitos, por conseguinte normativa, cuja efetivação na
história humana pressupõe o estabelecimento de "instituições universalistas" que
possam garantir a criação do espaço do reconhecimento universal, o que se traduz
em democracia radical e justiça socioeconômica.

Mais do que nunca, neste contexto, os direitos do ser humano, enquanto direitos
essenciais, pré-positivos, devem constituir o alicerce de uma convivência racional; e,
já que eles são a decorrência da liberdade, isto significa dizer que a liberdade deve
ser o fundamento da ordem social.

Desta forma, a efetivação dos direitos humanos significa a garantia de uma vida
humana verdadeiramente sustentável e digna. Consequentemente, o poder e o
mercado não podem constituir o valor supremo e os controladores incontestáveis da
vida humana, mas, antes, só têm sentido na medida em que se submetem aos direitos
essenciais do ser humano e se põem a seu serviço, portanto, a serviço da justiça.

A norma decisiva do direito pré-positivo objetivo é precisamente que os direitos


subjetivos dos portadores de direito devem ser protegidos com coerção.

Isto significa efetivar a razão como a instância que rege a existência social, na qual
os seres humanos conduzem suas vidas a partir de princípios da justiça e se
reconhecem reciprocamente como membros de uma entidade de seres livres e iguais.

Toda ação de indivíduos ou estruturas de instituições que entrem em contradição


com estas exigências básicas do ser humano devem ser rejeitadas a partir da
"medida" de referência que são os direitos humanos.

Por outro lado, um direito moral precisa também garantir a segurança jurídica e,
enquanto tal, exige um "Estado de Direito", capaz de unir justiça e segurança legal e,
portanto, de reconhecer e garantir a efetivação dos direitos fundamentais do ser
humano. São estes direitos que possibilitam a efetivação do ser humano como ser
livre, e o Estado só pode ser considerado um Estado de direito quando ele mesmo se
submete a estes direitos. Assim, o Estado não constitui a fonte da vida coletiva, mas
é um instrumento criado pela sociedade em função da efetivação dos direitos que

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decorrem da dignidade do ser humano. É a efetivação dos direitos humanos que
tornará possível configurar a vida humana de tal forma que ninguém seja excluído
de sua dignidade.

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O DIÁLOGO É REMÉDIO PARA CURAR IRRACIONALIDADES
Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e
individual. O diálogo é remédio para curar irracionalidades, tônico que fortalece
entendimentos cidadãos, intervenção que alarga as estreitezas de interpretações. O
princípio do bem comum é o que deve nortear a sociabilidade, superando, assim,
radicalismos e violências. Para além de qualquer simples interesse, sobretudo
daquele que nasce da idolatria do dinheiro, cada cidadão tem a tarefa de preservar e
de promover esse princípio.

O respeito e a promoção do bem comum são deveres de todos. Por isso, ecoe
em todo canto, e permeie os tecidos da cultura na sociedade atual, na particularidade
do momento vivido na sociedade brasileira, a autoridade do convite e da
recomendação do Papa Francisco, dirigindo-se aos brasileiros: é preciso investir
todas as forças no diálogo para reconstruções, respeito a legalidades e encontro das
indispensáveis saídas, evitando descompassos que comprometam a civilidade, a
ordem e a justiça. Acima de tudo, os segmentos diversos da sociedade, para superar
mediocridades, partidarismos, radicalismos de todo tipo, fecundando nova cultura,
precisam estar em diálogo pelo bem comum.

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DIÁLOGO E ENTENDIMENTO
A história humana é breve, se comparada ao início da vida na terra. Segundo
os paleontólogos, o Homo Sapiens, surgiu aproximadamente há 100 mil anos. Para
chegar ao atual momento dessa jornada o homem passou por um contínuo processo
de aprendizagem e o desenvolvimento da linguagem foi um importante instrumento
nesse percurso. Nossos antepassados se utilizaram dessa ferramenta salutar para
compartilharem suas experiências de vida. Diante disso o ser humano não é apenas
um ser natural submetido a um código inviolável, mas é dotado de cultura. Por isso,
o homem não é apenas um ente vivo, mas um ser que transcende sua natureza na
medida em que ele mediatiza sua compreensão de mundo.
Essa mediatização do mundo foi teorizada a mais de dois mil anos pelos
filósofos gregos, principalmente Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles pensaram qual
seria o melhor modo de viver em sociedade tendo como pano de fundo uma
pergunta basilar: "Como convém viver?" O horizonte dessa pergunta era a vida
na Polis. Segundo Aristóteles o homem é um animal político – zoon politikon -, ou
seja, ele não é apenas animal, mas também um ser que vive em comunidade, por isso
político.
A vida política se dava através do diálogo em praça pública onde os cidadãos
gozavam de liberdade para discutirem o futuro da Polis; era um contínuo exercício
de ouvir e falar. Esse era o sentido da vida comunitária, ou seja, a verdade não está
concentrada apenas em uma pessoa ou grupo, mas acima de tudo, da necessidade de
coexistir. É preciso argumentar, ouvir as outras partes, expor seu pensamento para
forjar, por meio de contínuo processo, uma visão de mundo compartilhada que se dá
por meio do necessário embate das ideias. É um fato curioso que a própria escrita
nos primórdios da antiga Grécia era sagrada e não podia de forma alguma ser
utilizada por uma pessoa que não fizesse parte da hierarquia religiosa. Com a
invenção do livro, pela primeira vez na história do ocidente, a escrita perdeu aos
poucos seu estatuto sacro e tornou-se instrumento para a construção das ideias.
Nosso tempo, como na época dos gregos, também contribuiu enormemente
para o desenvolvimento de novas reflexões: a informação pode ser obtida com
facilidade por meio da internet. As redes sociais se tornaram as novas ágoras onde

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os seres humanos se "encontram" para expressar seus conceitos sobre as coisas.
Nesse quadro as mídias tradicionais perderam parte de sua hegemonia na produção
de informação. Sem dúvida, se os gregos deixaram como legado a laicização da
escrita e a necessidade do diálogo para pensar a vida em comunidade, nosso tempo
abre novas fronteiras para disseminar informações.
Entretanto, não podemos deixar de lançar uma crítica sobre tais avanços. Se
hoje a velocidade da informação alcançou um patamar nunca imaginado ela também
criou uma distância abissal entre os humanos. O diálogo que antes era precioso
torna-se uma fraqueza. De fato, as redes sociais servem também para que as pessoas
criem seus próprios mundos não se permitindo a um embate frutuoso de perspectivas
de vida. O que importa as minhas opiniões pessoais e se eu busco determinada
informação na internet é para a autoafirmação.
Diante disso, é preciso realizar a atitude socrática do não saber, ou seja, é
fundamental suspender minhas convicções – é preciso salientar aqui que esse
processo não é um relativismo – para que outro seja ouvido. Isso é válido para todos,
pois nunca encontraremos um caminho de vida em comunidade se não aprendermos
a dialogar. Entrar em processo de conversação é uma tarefa árdua, preciso diminuir
meu eu, ficar em um momento ou outro passivo, baixar a guarda e permitir que o
outro expresse sua opinião. Posteriormente é necessário que eu também me
posicione para que haja um contínuo processo de síntese de novas ideias, pois do
contrário, não há diálogo e sim um monólogo. Quanto mais os humanos erguem
muros mais o diálogo é abalado e o conflito se torna eminente. Não é o que estamos
vivendo? Será que somos mesmo o Homo Sapiens  ou estamos vivendo a era
do Homo Demens

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A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO PARA A CONVIVÊNCIA
FAMILIAR

A capacidade de se comunicar é uma das mais importantes características e


habilidades de que é dotado o ser humano. Utilizando-nos de meios diversos,
trocamos mensagens que revelam sentimentos, emoções, crenças, valores, princípios
e isso pode contribuir para a criação de vínculos ou para o afastamento entre as
pessoas.
No entanto, comunicar-se com as pessoas não é tão simples como pode
parecer. Segundo John Newstrom (2008), psicólogo organizacional, “comunicação
é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para outra. Ela é
uma forma de alcançar os outros por meio da transmissão de ideias, fatos,
pensamentos, sentimentos e valores. (...) Quando uma comunicação é eficaz,
proporciona uma ponte de entendimento entre duas pessoas, de maneira que elas
possam compartilhar o que sentem e sabem”.

Um dos recursos mais importantes para a comunicação é o DIÁLOGO.


Graças a ele, discernimos alternativas e realizamos escolhas com lucidez,
compreendemos o outro e colocamo-nos em seu lugar, estabelecemos um paralelo
entre razão e emoção, informamos e somos informados, atuamos em equipe,
cooperamos e mais facilmente enfrentamos e solucionamos conflitos.
No ambiente familiar, o diálogo adquire um papel ainda mais importante, visto que
ela é o primeiro núcleo social. Segundo Gopal Gokhale, importante líder político
indiano, “a família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.”
Em família se dá o início da educação do indivíduo e sua preparação para a
vida em sociedade. Na família, aprendemos padrões de comportamento e normas de
conduta e recebemos os valores essenciais para a nossa vivência e nossa
convivência, como respeito, humildade, honestidade, solidariedade, honra,
dignidade, compromisso com a verdade, ética e amor ao próximo. No que diz
respeito à convivência com as diferenças, ele permite a livre expressão das
diferentes opiniões, promove harmonia entre os envolvidos, favorece a mútua
compreensão e a realização dos ajustes necessários para a solução de conflitos.

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ATITUDES NECESSÁRIAS
Para que o diálogo, de fato, aconteça, é preciso ouvir do início ao fim, sem
interromper, respeitar o outro, isto é, reconhecer que ele, assim como você, tem
direito a ter uma opinião própria, ser transparente e estar realmente disposto e aberto
ao diálogo. Como se pode perceber, o diálogo requer um aprendizado e, por isso,
exige dedicação.

UM BOM OUVINTE

Um bom ouvinte não fala o tempo todo, deixa o interlocutor a vontade para
falar, demonstra desejo de ouvir, é paciente, controla seu temperamento e
impulsividade durante o diálogo, é empático e foca na escuta, sem se distrair com
interferências externas.

CONVIVÊNCIA
Convivência é a acção de conviver (viver em companhia de outro ou outros).
No seu sentido lato, trata-se de um conceito relacionado com a coexistência pacífica
e harmoniosa de grupos humanos num mesmo espaço. Por exemplo: “O governo
deve garantir a convivência dos diversos grupos étnicos sem que se produzam
estalidos de violência”, “Já são três meses de convivência”.

ESTRUTURA

Estruturalmente o diálogo classifica-se em:

 Discurso direto

Exemplo

— Onde esta vovó? perguntou ela com a voz fraca.


— Esta lá pra dentro, respondeu o moleque cruzando os braços.
— Olha, Benedito! dize-lhe que... Está bom, não lhe digas coisa alguma...
Aluísio Azevedo, o Mulato, Cap. XV

 Discurso indireto
 Discurso indireto livre
 Monólogo interior
 Solilóquio

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IMPORTÂNCIA DA CONVIVÊNCIA SOCIAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Não fomos feitos para viver sozinhos. Relacionamentos saudáveis, pautados


por uma convivência social plena e harmoniosa, são itens vitais para nosso bem-
estar no mundo, e essas interações começam na infância.

Conexões sociais positivas ajudam a garantir um desenvolvimento saudável,


tanto física quanto emocionalmente. Lembre-se de que as crianças aprendem pelo
exemplo e, quando testemunham relacionamentos positivos ou são emocionalmente
sustentadas, esse comportamento observado ajudará em suas habilidades emocionais
e no funcionamento cognitivo mais tarde. À medida que seu(sua) filho(a) crescer,
você perceberá como os círculos sociais dele(a) mudarão drasticamente. No entanto,
em cada estágio do desenvolvimento, existem necessidades mentais e
comportamentais específicas que são atendidas pela socialização, e todas as etapas
geram reflexos nas fases posteriores.

CONVIVÊNCIA SOCIAL NO CONTEXTO INFANTIL


A interação social está intimamente relacionada ao desenvolvimento
emocional na infância. Desde os primeiros meses de vida ― fase em que os bebês
são totalmente dependentes de seus pais ―, as interações estão presentes por meio
da atenção dada por seus cuidadores.

Dessa forma, os bebês desenvolvem confiança e amor por quem está


próximo, pois recebem amor e carinho. O contrário também acontece: em um
ambiente hostil desenvolverão desconfiança e indiferença pelas pessoas e pelo
mundo porque não construíram outras percepções. Quando a vida escolar tem início,
a convivência social de uma criança amplia-se além do seio da família, e ela passa a
ter as primeiras experiências de lidar com desconhecidos ― professores e
funcionários da escola, outras crianças e seus pais etc.

É nessa fase que elas começarão a desenvolver suas habilidades sociais, a


partir das conexões que realizarão no dia a dia. Somente por meio da convivência
social os pequenos conseguirão desenvolver comportamentos e outras formas de
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comunicação necessárias para efetivamente criar e manter relacionamentos. As
habilidades sociais podem incluir atitudes como iniciar conversas, fazer amigos, ter
um bom espírito de equipe e não praticar bullying.

Para se ter uma ideia, pesquisadores da Universidade Estadual da


Pensilvânia (Estados Unidos) descobriram, após um estudo que acompanhou um
grupo de indivíduos desde sua infância até a casa dos 20 anos de idade, que alunos
com um comportamento “pró-social” mais arrojado eram mais propensos a ter
bom desempenho nos estudos, entrar na faculdade, conseguir um trabalho de
destaque e não cometer crimes em relação aos estudantes com habilidades sociais
menos desenvolvidas. Nesse sentido, quando uma criança realmente aprende a
interagir de maneira saudável com as pessoas ao seu redor, diversos aspectos de sua
formação são afeados positivamente. Isso inclui desde aprender novas palavras
rapidamente quando criança até ser capaz de resistir à pressão de colegas como
estudante do Ensino Médio e vencer os desafios da vida adulta.

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COMO A CONVIVÊNCIA IMPACTA O DESENVOLVIMENTO
SOCIAL INFANTIL?

Habilidades de linguagem
Com a convivência social, as crianças têm ótimas oportunidades de praticar e
aprender habilidades de fala e linguagem. Esse é um ciclo positivo, pois, à medida
que as habilidades de comunicação melhoram, a criança amplia suas habilidades de
relacionamento com outras pessoas.

Elevação da autoestima

A convivência social permite que a criança crie em si a sensação de


pertencimento a um grupo. Por isso, um círculo saudável de amigos reforça o nível
de conforto de uma criança com a própria individualidade, o que favorece a elevação
de sua autoestima por meio de experiências emocionantes e divertidas. Quando uma
criança é incapaz de fazer amigos, isso pode ser frustrante ou até doloroso.

Fortalecer as habilidades de aprendizagem


As interações sociais também favorecem o aprendizado da criança. O fato de
estar com autoestima elevada e contar com o apoio dos colegas é um facilitador para
que ela consiga vencer desafios, participe ativamente do processo de ensino-
aprendizagem e tenha um desempenho melhor em sala de aula.

Resolução de conflitos

A convivência social está diretamente ligada à gestão das emoções. Ao


conquistar a autoconfiança, a independência e o bem-estar emocional,
paulatinamente a criança desenvolve uma capacidade superior para observar,
resolver problemas e responder positivamente em diferentes situações sociais,
principalmente a partir de uma atitude positiva espontânea.

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Como a escola pode estimular a convivência social entre as crianças?
Para que as atividades pedagógicas atinjam seu objetivo, em boa parte do
tempo elas dependem da convivência social. Veja algumas formas que a escola pode
adotar com essa finalidade:

Brincadeiras e jogos

O lúdico faz parte inteiramente do universo infantil. Por isso, as brincadeiras


e jogos, seja com a finalidade de bem-estar, seja para exercício de algum objetivo
específico, são uma excelente combinação para aumentar a interação social e
promover a motivação aos estudos.

Trabalhos em grupo
Os trabalhos em grupo permitem a criação de um ambiente de aprendizado
colaborativo. Ao promover esse tipo de atividade em equipe, a escola incentiva que
os alunos pratiquem e observem interações sociais apropriadas com os colegas para
cumprir o objetivo.

Debates e rodas de conversas

Essas atividades são excelentes para dar voz aos alunos e praticar habilidades
de comunicação. Dessa forma, as crianças aprendem a falar e ouvir, tanto ao criar
argumentos para defender suas ideias quanto ao respeitar o ponto de vista e a vez do
outro.

Criação de projetos de gestão das emoções


O aprendizado da gestão das emoções é essencial para o convívio social em
qualquer fase da vida. Com esse viés, a escola pode colocar em pauta esse assunto
de forma que os alunos sejam incentivados a reconhecer como atuar diante das
diversas situações que enfrentarão em sala de aula e fora dela, ao longo de sua vida.

Como você pôde perceber, o desenvolvimento integral de um ser humano


também passa pela convivência social plena. Para que seus filhos não se tornem
prisioneiros da própria mente, em virtude da inabilidade de gerir as emoções, e

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colham prejuízos em sua vida, dê importância para essas questões, tanto em casa
quanto na escola. Em um mundo tão conturbado como o atual, as pessoas que
encontram uma convivência social harmoniosa somente têm benefícios a ganhar —
justamente por enfrentar os desafios de maneira mais resiliente e praticando a
empatia.

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CONCLUSÃO
Conclui-se que Diálogo (em grego clássico: διάλογος diálogos[1]) é a
conversação entre duas ou mais pessoas. Muitos acreditam erroneamente que "di"
significaria "dois", e portanto a palavra se limitaria à conversa entre duas pessoas.
No entanto, a palavra, que vem do grego, é formada pelo prefixo dia-, que significa
"por intermédio de", e por logos, que significa "palavra". Ou seja, "por meio da
palavra", designando "conversa" ou "conversação". [2] Embora se desenvolva a partir
de pontos de vista diferentes, o verdadeiro diálogo supõe um clima de boa vontade e
compreensão recíproca. Como um gênero, os diálogos mais antigos remontam
no Oriente Médio e Ásia ao ano de 1433 no Japão, disputas sumérias preservadas
em cópias a partir do final do terceiro milênio a.C.
A convivência social permite que a criança crie em si a sensação de
pertencimento a um grupo. Por isso, um círculo saudável de amigos reforça o
nível de conforto de uma criança com a própria individualidade, o que
favorece a elevação de sua autoestima por meio de experiências emocionantes
e divertidas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Equipe editorial de Conceito.de. (17 de Novembro de 2011). Conceito de


diálogo. Conceito.de. https://conceito.de/dialogo  Bob Williams; Richard
Hummelbrunner. Systems Concepts in Action: A Practitioner's Toolkit.
Stanford University Press; 25 October 2010. ISBN 978-0-8047-7655-4. p.
293.
2. ↑ Orlando Neves. Dicionário da origem das palavras. Leya; 27 February
2012. ISBN 978-989-555-646-5. p. 129.
3. ↑ Gérard Durozoi; André Roussel. Dicionário de filosofia. PAPIRUS;
2005. ISBN 978-85-308-0227-1. p. 135.
4. ↑ G. J., and H. L. J. Vanstiphout. 1991. Dispute Poems and Dialogues in the
Ancient and Mediaeval Near East: Forms and Types of Literary Debates in
Semitic and Related Literatures. Leuven: Department Oriëntalistiek.

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