Você está na página 1de 6

Transtorno do espectro autista

● É um transtorno do neurodesenvolvimento, de base biológica, que interfere na qualidade, da comunicação social e no


padrão de comportamento, considerados atípicos, onde existem tendências a comportamentos restritos e repetitivos, com
importante heterogeneidade de apresentação clínica.
○ Há uma heterogeneidade clínica muito grande, indo desde casos graves (não fala, não comunica) ou leves
(inconvenientes).
● A tendência de casos está aumentando por diversos fatores, mas nada muito bem explicado ainda.
○ A adoção do conceito mais amplo do autismo para um espectro de condições.
○ Melhor detecção com maior conscientização de clínicos e da comunidade de casos sem deficiência intelectual e
substituição do diagnóstico.
■ Crianças hiperativas na verdade eram autistas. É o diagnóstico que mais confunde com autismo.
○ Melhoria nas políticas educacionais e disponibilidade de serviços.
○ Aumento real? É uma dúvida ainda.

● Fatores que podem explicar o aumento da prevalência do transtorno incluem a substituição diagnóstica, influências
sociais, idade avançada dos pais e aglomerações geográficas.
● O cérebro da criança autista tem maior formação de sinapses:

● É mais frequente que várias outras síndromes e patologias.


● Epidemiologia:
○ 4 meninos : 1 menina.
○ 30-50% tem deficiência intelectual (½ leve = criança na escola).
○ 20-30% dos autistas nunca falam (intervenção precoce muito importante).
○ Aproximadamente 10% “Savant”:
■ Muito desenvolvido em algumas condições e não se desenvolvem em outras.
● Exemplo: pianistas muito bons, jogadores de futebol, etc.
○ Utilizam mais os serviços de saúde que a média da população.
○ Não há evidências sólidas, sobre diferenças decorrentes de aspectos culturais, sociais ou econômicos.
○ Grupo de risco:
■ Maior incidência entre irmãos.
● Se forem gêmeos = 80%; se não forem gêmeos = 20%.
■ Decorrentes de partos complicados: hipóxia, menor tempo de gestação.
● Prematuridade ou qualquer outra intercorrência.
● Parto cesárea também, pois há maiores chances de nascer prematuro.
■ Uso de algumas medicações:
● Ácido valproico (Depakene) = alta taxa de filhos autistas de mães que utilizaram este
medicamento durante a gravidez. Além disso, pode acarretar malformações no SNC.
● ISRS: fluoxetina e derivados. Cuidado com seu uso durante a gravidez.
● Medicação e prematuridade contribuíram com crianças que já teriam tendência ao autismo
(genética + esses fatores ambientais).
■ Pais mais velhos.
■ Prematuridade - 8 vezes mais comum em prematuros.
○ Patologias potencialmente associadas ao autismo:

■ Esclerose tuberosa: quase 100% de chance de desenvolvimento de autismo.


■ Distrofia muscular de Duchenne: anomalias no cromossomo X.
● Pesquisas sobre mutações no autismo:

● Fenótipo ampliado do autismo (FAA): pessoas que não preenchem os critérios de diagnóstico de autismo, mas
apresentam características similares ao de autismo. Muitos pais de indivíduos com autismo apresentam características
atenuadas, porém, semelhantes às de seus filhos. Tais como:
○ Déficits de habilidades sociais.
○ Pouco interesse em interagir.
○ Déficits de linguagem pragmática, comportamentos e interesses rígidos e restritos e estereotipados.
○ Resistência a mudanças.
○ Interesses restritos.
● Fatores pré e perinatais:
○ Existe um risco acrescido de manifestar autismo em crianças cujas mães contraíram rubéola na gravidez, ou
foram expostas a determinadas substâncias tóxicas (IRSS).
○ É 8x mais frequente em prematuros extremos (<28 semanas).
○ É mais frequentes em deficiências visuais/auditivas.
○ Crianças com desequilíbrios metabólicos e outras condições clínicas (X frágil, esclerose tuberosa, fenilcetonúria
não tratada) estão em maior risco de manifestar autismo.
○ Foram feitas investigações acerca da influência de substâncias tóxicas na manifestação de autismo (doença
celíaca, alergias ou intolerância a metais como o chumbo) no entanto nenhuma relação direta foi estabelecida.
Esta é uma área onde é necessário mais investigação.

● Entre 1,5-2 anos, crianças normais têm uma eliminação de sinapses que não funcionam bem ou que não tem função. No
autista isso não ocorre.
○ 20% dos autistas apresentam a cabeça um pouco maior do que das crianças normais, e isso se dá, entre outros
fatores, por esse aumento de número de sinapses (desnecessárias) e consequentemente dendritos.
● Diagnóstico:
○ Clínico:
■ Anamneses.
■ Avaliação direta: uso de brinquedos para ver como a criança se relaciona.
■ Exames complementares: RM, eletroencefalograma.
● Muitas crianças autistas têm epilepsia.

○ Instrumentos:
■ Avaliação neuropsicológica.
■ Questionários: ASQ, ADI, ABC, CARS, ADOS, CHAT, Vineland, varredura visual, etc.
● ADI: questionário aplicado à família, podendo “burlar” o diagnóstico.
● ADOS: observação direta, mais difícil de ser “burlado”.
● Varredura visual: detecção precoce, a criança evita olhar nos olhos.
● Transtornos do espectro autista:
○ Quanto mais suporte a pessoa precisa, mais grave é a doença.
○ Síndrome de Rett: é uma doença degenerativa genética que não faz parte do TEA.
● Autismo: o desafio do diagnóstico precoce:
○ Crianças com TEA que desenvolvem linguagem e brinquedo simbólico até os 5 anos têm um melhor
prognóstico.
○ Intervenções antes dos 3 anos e meio têm um impacto maior do que depois dos 5 anos de idade.
○ Intervenções antes dos 3 anos de idade poderiam ter um impacto ainda maior.
■ Na dúvida tratar o paciente, não demorar para tratar crianças que demoram a falar, por exemplo, mesmo
que posteriormente não seja TEA. é importante tratar antes dos 3 ½ anos.
● Dificuldades a comunicação social:
○ Mais evidente nos mais graves.
○ Nos casos mais leves pode passar batido o diagnóstico, dependendo da gravidade e da idade.
○ Deficiências na interação social recíproca:
■ Não troca olhares na amamentação.
■ Choro frequente ou passividade no 1º ano de vida.
● Importante a criança chorar quando se encontra sozinha, pois mostra que quer se relacionar com
o ambiente.
■ Dificuldade de contato com o olhar/decodificar o olhar.
■ Usa outras pessoas como ferramenta.
■ Preferem brincar isoladamente só do seu jeito.
■ Dificuldade de brincar de faz de conta.
■ Dificuldade de entender regras sociais, brincadeiras.
■ Dificuldade de interpretação de pensamentos abstratos e de expressões faciais.
■ Muitos buscam contato social, porém não sabem como manter as amizades ou só tem 1 amigo.
■ Dificuldades em interpretar as emoções de outras pessoas, malícias e segundas intenções.
■ Não tem noção de perigo/consequências.
■ Sempre que chamar uma criança é necessário que ela olhe; crianças com TEA não olham para a pessoa
que fala o seu nome (hiperfoco naquilo que chama atenção e pouco foco naquilo que não chama sua
atenção = falta de socialização).
● Autismo e a linguagem:
○ 18 meses: falar 20 palavras no mínimo.
○ Se aos 2 anos a criança não estiver falando é importante desconfiar de autismo.
○ O ideal é a busca social.
● Dificuldade na comunicação verbal e não verbal: podem apresentar.
○ Atraso de linguagem.
○ Linguagem perfeita precocemente.
○ estacionamento/involução da linguagem.
○ Ecolalia.
○ Tonalidade monótona da voz.
○ Sons ininteligíveis: sem finalidade de comunicação.
○ Dificuldade na comunicação gestual.
○ Dificuldade de apontar até 1 ano: dificuldade de comunicação. Antes de falar a criança aponta para objetos.
○ Bebês procuram pessoas e objetos com o olhar.
○ Dificuldade na compreensão de malícias.
○ Dificuldades na interpretação de textos.
● Comportamentos repetitivos ou estereotipados e interesses restritos:
○ Interesse em detalhes do objeto e não na função.
○ Enfileirar e/ou agrupar objetos por alguma característica: cor, aspecto, ordem crescente, etc.
○ Brincar com carrinho apenas em pequenos espaços.
○ Girar tampas de panelas, rodas de velotrol, objetos que giram/abrir e fechar portas.
○ Passar sempre pela mesma rua.
○ Sentar sempre no mesmo local da mesa, ônibus, na sala de aula, etc.
● Interesses específicos: prejudicando as demais áreas de interesse.
○ Carros, motos, ônibus, aviões.
○ Animais, pássaros, biologia.
○ Antiguidades, planetas.
○ História, futebol, música, computadores.
○ Como apresentam boa memória visual, conseguem montar quebra-cabeças muito facilmente.
● Há alteração da noção de sensibilidade: alguns ouvem mais alto do que a realidade, alteração de contato (incomoda
abraço, beijo), alterações de paladar.
● Alterações sensoriais:
○ Gostam de ficar descalço.
○ Alguns evitam toques.
○ Medos desproporcionais (altura, mesmo de degraus; músicas; doenças; mortes).
○ Determinados tipos de roupa.
● Sinais de alerta para o espectro autista:
○ Comportamento:
■ Crise de raiva.
● As coisas não aconteceram como esperava.
● Exigências excessivas.
● Alteração da rotina.
● Barulho, excesso de estimulação (luzes ofuscantes, vitrines coloridas, empurrões).
● Ser impedido de realizar rituais.
● incerteza/falta de estrutura/espera.
● Viagem e conflito.
■ Hiperativo, opositivo e não coopera.
■ Não sabe como brincar com brinquedos.
■ Anda na ponta dos pés.
■ Tem o hábito de se interessar demasiadamente por determinados objetos.
■ Gosta de enfileirar objetos.
■ Faz movimentos estranhos.
■ Choro imotivado no primeiro ano de vida.
■ Intolerância com mudanças inesperadas.
● Habilidades:
○ Memória visual (principalmente trajetos, placas): diferencia do paciente com TDAH, já que nessa patologia há
obrigatoriamente falta de atenção.
○ Hiperlexia.
○ Desenhos.
○ Montagens.
● Previsão de consequências:
○ Dificuldades de previsão do perigo.
○ Dificuldades em prever consequências sociais e afetivas (fala o que tiver que falar).
○ Dificuldades em identificar situações de risco.
○ Situação financeira com trocas desvantajosas.
○ Distrúbios de sono.
● Medos e fobias: banheiros, elevadores, aspiradores, trovoadas, rojões, altura, insetos, preocupação em morrer, mídia
visual (personagens ou segmentos de filmes, programas de televisão, comerciais ou jogos de computador), ansiedade de
antecipação e separação.
● Dificuldades escolares: 73% apresentam discrepâncias em pelo menos uma área (QI, habilidades matemáticas e
habilidades de leitura). A maior parte tem dificuldade em matemática ou em interpretação de textos.
● Sinais de alerta na adolescência:
○ Dificuldades sociais/bullying.
● Tratamento: ainda não há tratamentos eficazes para o TEA, tratando-se as manias, agressividade, medos, transtornos do
sono, etc.
○ Psicológico-comportamental é muito importante para ajudar no possível desenvolvimento.
○ Farmacoterapia: o objetivo do uso de medicações é permitir a criança beneficiar-se das terapias que está
recebendo e não as substituir.
■ Selecionar os sintomas que se quer mudar:
● Comportamento obsessivo-compulsivo/estereotipias.
● Falta de atenção.
● Comportamentos agressivos/automutilantes.
● Transtornos de sono.
■ 30% dos epilépticos têm autismo e 30% dos autistas têm convulsão.

Você também pode gostar