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TRANSTONO DO ESPECTRO AUSTISTA

● Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma nomenclatura utilizada


pela medicina para designar condições comportamentais caracterizadas
por prejuízos:

- No desenvolvimento de habilidade sociais;


- Na capacidade de comunicação (verbal ou não verbal);
- Dificuldades de cognição;
- Apresentação de atividades restrito – repetitivas.

● Ainda não se sabe exatamente a causa do autismo, porém pode-se


enumerar alguns fatores de risco que favorecem seu desenvolvimento
incluindo fatores genéticos e ambientais.
FATORES DE RISCO
● AMBIENTAIS 1% a 3% – Alterações nas estruturas cerebrais provocadas
por comportamento externos como: fatores imunológicos, químicos,
predispondo assim o diagnóstico do autismo. Doenças congênitas
(rubéola, encefalite, meningite), uso de drogas, má nutrição materna.

= ESTRESSE TÓXICO – Agride o cérebro em desenvolvimento potencialmente.

● HEREDITÁRIOS 81% /GENÉTICOS 97% a 99% – A genética tem um papel


importante na origem do autismo. Pais que possuem 1 filho com autismo
tem mais de 10% de chances de ter um 2º filho autista. Algumas
síndromes genéticas (Down, X-Frágil, entre outras, apresentam maior
chance de desenvolver autismo).
TRANSTONO DO ESPECTRO AUSTISTA

- Autismo Infantil;
- Autismo Átipico;
- Transtorno Desintegrativo da Infância;
- Síndrome de Asperger;
- Síndrome de Rett.
AUTISMO INFANTIL
● Os sintomas surgem no período de desenvolvimento inicial da criança
(3 primeiros anos de vida).

● Possui em seu espectro as incertezas que dificultam um diagnóstico


precoce.

● Não há um padrão fixo para a forma como ele se manifesta e os


sintomas variam grandemente.

● Pode-se encontrar características em autistas que variam desde os


distúrbios sociais leves sem deficiência intelectual até distúrbios mais
graves com deficiência intelectual grave.

● Incidência atual do TEA: 1% das crianças e adolescentes em idade


escolar. Prevalência maior em meninos. Brasil possui 600.000 crianças
diagnosticadas com autismo.
INCIDÊNCIA DO TEA > EM MENINOS...
CROMOSSOMO X: As meninas carregam duas cópias do cromossomo X; ou seja, elas têm
um “backup”. Os meninos, no entanto, têm apenas um X de suas mães e o Y de seus pais.
Isso os deixaria mais expostos às consequências dessa herança genética autista.

DIAGNÓSTICO MAIOR EM MENINOS: Meninos são diagnosticados com autismo mais


precocemente do que as meninas, possivelmente porque o sexo masculino apresenta
sintomas mais graves.

TEORIA SEXO MASCULINO EXTREMO: Alguns pesquisadores acreditam que o TEA poderia
estar relacionado a uma expressão exagerada dos aspectos masculinos no cérebro em
desenvolvimento que, dependendo da intensidade, poderia resultar no colapso das
capacidades sociais. Duas evidências apóiam a teoria do cérebro masculino extremo:
variações na estrutura do córtex cerebral e influência do hormônio sexual testosterona.

CÓRTEX CEREBRAL MAIS FINO: O córtex, que já é mais fino nos homens, também se
mostrava com a espessura reduzida em todos os adultos com TEA.
A canadense Carly Fleischmann
tinha 2 anos quando foi
diagnosticada com Autismo
Severo. Aos 11 anos ela,
surpreendentemente, começou
a se comunicar com a ajuda de
um computador. Hoje ela é uma
adolescente que, através de um
livro – que escreveu com a
ajuda de seu pai, de redes
sociais
como Facebook e Twitter e de
aparições na mídia, tenta
ajudar pais de crianças autistas
a entenderem melhor seus
filhos, além de conscientizar a
população sobre o autismo.

Carly – Autismo Severo: Carly – História:


Carly's Café Legendado Português(BR).wmv Carly's Café Legendado Português(BR).wmv
Iris Grace – Autismo:
The Miracle Of Little Miss Masterpiece AMAZING!! Iris Grace Painting.wmv
“A arte transformou as nossas vidas. Antes Mateus não interagia, não olhava no olho, não
aceitava ser tocado, não falava. Agora, depois da pintura, ele consegue falar, interagir com
as outras crianças e obedecer aos comandos necessários para o desenvolvimento dele”
- “Ele não gostava do barulho, da quantidade de pessoas, de se fantasiar, não
dançava. Mas, depois que ele começou a pintar, esse ano ele foi até pra festinha
do São João, dançou e se divertiu muito”.

-“Mateus começou a pintar a partir dos 2 anos e 9 meses. A gente levou ele para
uma terapeuta ocupacional e ela o estimulou a começar a fazer a pintura de
dedos. Mas eu percebi que ele não gostava de pintar no papel, então a gente
resolveu comprar as telas e, como terapia, ele começou a pintar em casa”

- “Depois que o Mateus começou a pintar, eu percebi que ele olhava as tintas e
tentava falar o nome das cores. Foi então que iniciou a comunicação verbal dele.
Além disso, ele foi perdendo a rejeição que tinha à sujeira, conseguiu pintar não
só com os pincéis, mas também com as próprias mãos, melhorando também a
coordenação motora”.

- “Ao contrário das outras crianças da idade dele, que geralmente fazem
desenhos concretos, Mateus faz rabiscos. Eu acredito que essa é a forma dele de
expressão, de percepção do mundo, e acaba sempre num quadro lindo de olhar,
que a gente sempre atribui a um momento das nossas vidas”.
ANIMAIS NO AUXILIO A EXPRESSÃO DE PESSOAS COM
AUTISMO E OUTROS TRANSTORNOS...

Amizade com gata 'abre mundo' para menina autista.wmv


AUTISMO ATÍPICO

● Caracteriza-se por um comprometimento grave e global do desenvolvimento da


interação social, da comunicação verbal e não verbal e a presença de
estereotipias de comportamentos, não fazendo os critérios para a classificação de
autismo infantil, em vista da idade tardia de seu início após 3 anos até os 12
anos.
TRANSTONO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA

● Mais raro que o autismo infantil, incidem predominantemente em meninos.

● É acompanhado de comprometimento intelectual. Há uma regressão em


múltiplas áreas do funcionamento após um período de pelo menos 2 anos (até
10 anos de idade), de desenvolvimento aparentemente normal.

● Ocorre o empobrecimento da fala ou perda, e é acompanhado por


desintegração do comportamento.
SÍNDROME DE ASPERGER

● Não há um atraso cognitivo, nem prejuízos na linguagem. Porém, apesar de


não haver o retraimento peculiar autístico, o indivíduo entre tanto torna-se
solitário, com dificuldades de interação social.

● Pessoas com essa síndrome desenvolvem interesses peculiares em campos


específicos, modos de pensamentos complexos, rígidos, impermeáveis a novas
ideias e desenvolvem obsessões compulsivas.

● O pediatra Hans Asperger identificou em seus estudos com crianças com a


síndrome, que as mesmas apresentavam uma inteligência superior e grande
aptidão para a lógica e a abstração, apesar de interesses excêntricos.
Personagem Sheldon Cooper – The Big Bang Theory (A Teoria do Big Bang)
Síndrome de Asperger Sheldon.wmv
TEMPLE GRANDIN E MÁQUINA DO ABRAÇO
“FRIDAYS FOR FUTURE!”
GRETA THUNBERG
- Indicada ao NOBEL DA PAZ 2019,
após liderar o movimento “sextas
feiras para o futuro”, em que
toda sexta feira a mesma faltava a
escola, para protestar frente as
autoridades quanto as mudanças
climáticas.

- Greta foi diagnosticada também


com TDAH (transtorno de déficit
da atenção com hiperatividade),
TOC (transtorno obsessivo-
compulsivo) e mutismo seletivo
TRANSTONO DE RETT

● Proveniente de causas desconhecidas com severo comprometimento


intelectual, é relatado até o momento apenas em crianças do sexo feminino.

● Ocorre pelo desenvolvimento progressivo de múltiplos déficits específicos


após um período de funcionamento normal durante os primeiros meses de
vida. Possui severo prejuízo no desenvolvimento da linguagem expressiva e
receptiva, comprometimento intelectual e psicomotor e incidências de
convulsões.
● SINTOMAS:
-Retrair-se e isolar-se das outras pessoas;
- Não manter contato visual;
- Resistir ao contato físico;
- Resistência ao aprendizado;
- Não demonstrar medo diante de perigos reais;
- Agir como se fosse surdo;
- Birras;
-Não aceitar mudança de rotina;
- Usar as pessoas para pegar objetos;
- Hiperatividade física;
-Agitação desordenada;
- Calma excessiva;
- Apego e manuseio não apropriado de objetos;
- Movimentos circulares no corpo (Rocking);
- Sensibilidade a barulhos;
- Esteriotipias (Flapping, hand-flapping);
- Ecolalias (repetição do mesmo som);
- Compulsão;
- Desinteresse em brincadeiras de faz de conta.
DICAS NO TRABALHO
COM AUTISTAS
● Capacidade sensorial:
- Quando houver sensibilidade auditiva, que
fogem ao controle, tranquilize o aluno e
redirecione sua atenção, procurando não
valorizar as reações excessivas;

- Quanto ao campo visual, mostre


constantemente o objeto que será utilizado, diga
o nome e conduza sempre o olhar do aluno para
aquilo que ele faz;

-Observe e acompanhe as atividades motoras


em razão das estereotipias.
● Capacidade de simbolizar:

- A imaginação é essencial para ajudar a resolver


situações cotidianas e fazer programações para
o futuro. Portanto promover atividades que
estimulem a imaginação e a criatividade, inserir
modificações e combinações diferentes de
materiais é essencial.

Nuno Ramos, sem título, 2008.


● Subjetividade:
- Proponha atividades que permitam a leitura das emoções e sentimento, é
um caminho que facilitará as situações subjetivas do dia a dia;

-Use comandos diretos, frases que possuam objetivos claros.


● Hiperatividade:
- Os períodos de trabalho com o autista não devem ser extensos, mas sim
realizados em pequenas etapas, com tarefas curtas. Tarefas longas dificultam a
concentração.

● Estereotipias:
- Movimentos estereotipados por um lado são mecanismos de expressão, e por
outro lado podem privar o aluno de experiências ocasionando regressão de
habilidades já adquiridas e o bloqueio de novas habilidades. Desta maneira o
professor deve tentar controlar as estereotipias com cuidado e sensibilidade para
não irritar o aluno.

- Há casos de inibição pela imitação: o autista cessava os movimentos para


corrigir quem o imitava. Crie suas estratégias com o aluno!
● Socialização:
- Proponha práticas que promovam a socialização, mesmo quando for
desenvolvida uma prática individual, concentre os alunos próximos um dos
outros, quando possível.
● Psicomotricidade:
- A dificuldade de interação com o meio contribui para o prejuízo motor, portanto
propor práticas que estimulem o movimento e a coordenação motora são
fundamentais.

● Afeto:
- A carga afetiva é fundamental para o auxílio na aprendizagem, na imposição de
regras e na criação de vínculos.

- Identifique os interesses de seu aluno e use isso a favor de ambos para criar
práticas que possam despertar a iniciativa de exploração , partindo do pressuposto
de ser algo que ele já possua um certo interesse.
INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS
TEACCH – Utilizar avaliações, levando em conta os pontos fortes e as maiores
dificuldades do indivíduo, em um programa individualizado. Objetiva desenvolver a
independência do autista para realizar atividades diárias. Se baseia na organização
do ambiente físico por meio de rotinas organizadas em quadros, painéis ou
agendas, a fim de adaptar o ambiente para que o autista possa facilmente
compreendê-lo e compreender também o que se espera dele.
PECS – No caso de autistas com baixa eficiência de comunicação, o PECS pode
estimular a comunicação pela percepção de que ele pode conseguir mais
rapidamente as coisas que deseja, utilizando figuras.
SON-RISE – O Programa utiliza uma abordagem denominada: interacionista,
responsiva e motivacional.

Interacionista por trabalhar a relação interpessoal, que deve ser diária e realizada
por pessoas próximas a criança, em que mostre o valor deste relacionamento por
meio do respeito, da compreensão entre um universo lúdico e interessante para a
criança autista.

Responsiva, pois tem como objetivo responder de forma imediata, intensa e


positiva a maior parte de tentativas de comunicação feitas pela criança.
Estimulando a comunicação cada vez mais frequente da mesma.

Motivacional por ter que inspirar a criança a querer se comunicar proporcionar por
meio da motivação atividades divertidas, lúdicas e interessantes que a levem a
desenvolver suas habilidades brincando.
ABA – A análise do comportamento aplicada, é uma abordagem que envolve a
avaliação, o planejamento e a orientação – por parte de um profissional
analista – do comportamento capacitado.

Suas técnicas possibilitam ampliar a capacidade cognitiva, motora, de


linguagem e de integração social, procurando reduzir por meio de práticas de
repetição e esforço comportamentos negativos.

As habilidade são ensinadas com ajudas de reforçadores que podem ser


gradualmente eliminados.

Há várias abordagens diferentes de ABA. Desde as mais estruturadas até


aquelas lúdicas, aplicadas por meio de brincadeiras.
ÓRFÃOS ROMENOS
E a importância do enriquecimento
do ambiente

Síndrome autística pós institucional


● O governo de Nicolae Ceausescu (líder comunista ditador da Romênia)
entre a década de 70 à 80 acreditava que para grande nação comunista se
desenvolver seria necessário uma população economicamente grande, que
pudessem trabalhar para o governo e trazer lucro.

Então determina que toda e qualquer forma de


controle de natalidade estaria proibida.

= babyboom + de 100 mil crianças nasceram em um


curto espaço de tempo. Sendo assim muitos pais
não tinham condições financeiras para criá-los.

Romênia desenvolve grandes instituições para


esconde-las, afinal não era uma propaganda
interessante para o governo romeno.

Apenas com o final do comunismo e a queda do muro de Berlim 1989 o


mundo tomou conhecimento do fato.
● Uma criança de 3 anos de idade quando estimulada apresenta
um cérebro maior em volume e tem o cortex cerebral maior
(camada relacionada ao cognitivo, que regula a questão de
habilidade social, empatia) enquanto uma criança privada do
mesmo, demonstra o inverso.

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL NORMAL = ESTIMULAÇÃO

● PODA NEURONAL – Cérebro descarta e destrói conexões ruins,


falhas em “curto circuito”, enquanto os neurônios que estão
criando conexões mais eficientes são fortalecidos.

A EXPERIÊNCIA CONSTRÓI A ARQUITETURA CEREBRAL!


MEDICAMENTOS EM TEA
Cada indivíduo que apresenta autismo tem indicação (por um médico) de um
plano individualizado de tratamento que leve em consideração as áreas cerebrais
que estão mais prejudicadas, bem como suas habilidades e os diagnósticos
associados.

INDICAÇÃO FORMAL:

- Tratamento de crises epilépticas. A prevalência de epilepsia é maior no autismo


que na população em geral e esses pacientes necessitam do uso de medicações
para o controle das crises. (Resperidona)

- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) + TEA. Nesse caso, o


uso de medicações que atuem nos circuitos cerebrais deficitários — a fim de
aumentar a atenção e reduzir a hiperatividade — pode ser indicado.
(Metilfenidato, Lisdexanfetamina)

- Depressão, benefícios com uso de antidepressivos como coadjuvante ao


tratamento psicológico e adequação ambiental. (Esxitalopram, Sertralina)
FINALIZANDO...
● Por se instalar nos três primeiros anos de vida, quando
os neurônios que coordenam a comunicação e os
relacionamentos sociais deixam de formar as conexões
necessárias é fundamental reconhecer e buscar o
diagnóstico do autismo o mais cedo possível para que em
uma fase onde há a possibilidade de maior plasticidade
haja a possibilidade de formar novas conexões de
neurônios e respostas aos estímulos educativos .
● Leo Kanner utilizou o termo AUTISMO, que vem da palavra
grega autos, que significa, literalmente, viver em função de si
mesmo, pela primeira vez em 1943, tendo como base a
terminologia originalmente concebida por seu colega Suiço
Eugene Bleuler, que empregou o tema para descrever o
afastamento do mundo exterior observando em adultos com
esquizofrenia, que tendem a mergulhar em suas próprias
fantasias e pensamentos.

● Porém se uma criança autista fica isolada em seu canto


observando as outras crianças brincarem, não é porque ela
necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou
porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança
simplesmente tenha dificuldade de iniciar, manter e terminar
adequadamente uma conversa.
● A pessoa com autismo pode desenvolver uma vida em interação
com os outros, só que o seu modo de interação terá características
particulares (dependendo de como seja constituído seu quadro
autista), que tem também sua beleza pela singularidade.

“Os autistas não vivem em seu próprio mundo...Eles apenas


precisam estar no mundo à sua maneira.”

“Echolilia: Sometimes I Wonder” (Ecolalia: As vezes me pergunto), Timothy Archibald.


UM POUCO DE ARTE COM ALUNOS E
PACIENTES COM TEA
TEA...
...
● Atenção; Concentração; Coordenação motora; sensação das cores...
● Hiperatividade; Surpresa; Sensação das cores...
● Socialização, paciência, atenção...
● Atenção, exploração sensorial, percepção de movimentos...
● Coordenação motora fina, atenção, percepção espacial...
● Apego não apropriado a objetos; Lúdico; Agitação, Socialização...
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Liubiana Arantes de. Indicações do Uso de Medicamentos


em TEA. Revista Autismo, São Paulo, ano V, n. 4, p. 29, mar. 2019.

BRASIL, Ministério da Saúde. Linha de cuidado para a atenção às


pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na
Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.

CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão: Psicopedagogia práticas


educativas na escola e na família. 2ª ed. Rio de Janeiro: 2010.

GÓMEZ, Ana Maria Salgado; TERÁN, Nora Espinosa. Transtornos de


Aprendizagem e Autismo. Paraná: Cultural, 2014.

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