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Diocese de Castanhal

Seminário de Filosofia Dom Vicente J. Zico


Disciplina: História Teológica
Docente: Victor Hugo Paiva
Discente: Vinicius José Araújo
Castanhal, 22 de fevereiro de 2022.
Resenha comparativa do imaginário do império neobabilônico segundo o antigo
testamento e a historiografia.

Dentre os principais períodos do mundo antiga, ganha-se destaque o império


babilônico. Hodiernamente ele encontra-se localizado na região que se chama Iraque,
mais especificamente mapeado onde se atravessam os rios Tigre e Eufrates. Este
império é dotado de inúmeras características, no qual as mesmas que o tornavam
esplendoroso em beleza, monumental em estrutura e grandioso em força.
Conhecido como grande centro mundial, o mesmo carrega em seu maior
legado a invenção da cidade, a partir do exemplo de sua capital Babilônia. Ela foi em
seu período a maior cidade do mundo e tais característica a tornam conhecida não só
nos dias de hoje, mas também durante toda a Antiguidade, chegando a ter não apenas
dados históricos, mas também dados bíblicos sobre sua existência e grandeza.
A cidade de Babilônia cercada por muros que teriam nas medidas de hoje
cerca de 100 metros de altura e 25 de largura, além de 100 portas de bronze maciço e
um fosso fundo, largo e cheio de água que a cercavam, assim descreve Heródoto,
grande historiador grego. Também o livro bíblico da profecia de Jeremias fala que
“A larga muralha da Babilônia será completamente arrasada” (Cf. Jr 51, 58). Apesar
do caráter destrutivo da passagem, fica claro a intenção do autor em descrever a
muralha da Babilônia como gigante e que acolhesse em sua identidade a noção de
grandeza
A princípio, a primeira vez que as sagradas escrituras fazem referência a
cidade de Babilônia é no livro do Gênesis, justamente no relato da “torre de babel”
(Cf. Gn 11, 1-9). De acordo com Heródoto era no templo de Marduk, principal deus
babilônico e protetor da cidade de Babilônia, que se localizava a torre de babel.
Assim como em torno da cidade, os templos e palácios eram também cercados de
reforçadas grandes muros e com portas de bronze maciço.
Sobre o templo e a torre de babel, o historiador relata que ela foi erguida
construindo torre sobre torre, totalizando 8 torres. Apenas com esses dados já é
possível imaginar a grandiosidade que era tal torre e como relata na passagem do
livro do Gênesis, a intenção era construir “uma torre cujo ápice penetre os céus!”
(Cf. Gn 11, 4). O templo e a torre eram assim grandes centros de peregrinações. O
historiador Heródoto também relata a existência de rampas de acesso que rodeavam
toda torre e que nessas rampas havia também bancos para repouso dos peregrinos.
Era proibido que qualquer pessoa passasse a noite no templo, a não ser uma mulher
dos arredores que era escolhida pelo próprio deus Marduk para passar a noite em um
grande leito que havia no alto da torre.
Uma característica muito forte e predominante em toda a sociedade
babilônica é o forte apego pela religiosidade e pela cultura que estavam
intrinsecamente conectadas. Ambas faziam parte da vida e do cotidiano dos cidadãos
neobabilônicos e não cumprir com seus deveres culturais e religiosos era como que
um desrespeito a toda a sociedade. Pode-se ter ideia disso no relato do livro de
Daniel em que o Rei Nabucodonosor, que reinava na época sobre o império
neobabilônico, ordena que se construa uma grande estatua de ouro que deveria ser
adorada por toda a população, caso contrário, seria penalizado com a morte na
fornalha (Cf. Dn 3, 1-7).
Babilônia, apesar de seu histórico de poder e riqueza, foi facilmente vencida
por Ciro II como bem relata a historiografia e as sagradas escrituras. Em 539 a.C. a
capital do império Neobabilônico enfraquecida, foi atacada e invadida por Ciro II, rei
do então ascendente Império Persa. Uma parcela dos Judeus, que até aquele
momento permanecia exilado em Babilônia, pode enfim, conduzido por Ciro,
retornar a Jerusalém. De acordo com o relato bíblico, Ciro teria recebido de Deus a
unção para tomar todos os reinos da terra (Cf. Is 45, 1-7) e a ordem de libertar os
judeus do cativeiro da babilônia. Tendo feito isso, Ciro reconduziu os judeus a
Jerusalém e a reconstruiu juntamente ao templo. Tomou então posse da cidade
Babilônia que a partir de ali fez parte do império persa.
Sendo assim, o exílio durou cerca de setentas anos e teve fim com a
derrubada do império Babilônico. Em todos esses fatos os israelitas sempre
interpretaram como uma ação divina. Foi após o exílio que surgiu de forma orgânica
a religião judaica. Além do mais, Babilônia no A. T. era vista como símbolo do
orgulho humano, pois era exuberante, grandiosa, poderosa, mas frágil, o contrário da
Jerusalém celeste, a cidade escolhida por Deus a ser santa e sua morada.
Com o passar dos anos, outras invasões ocorreram a Babilônio que com o
tempo foi perdendo seu brilho, fazendo com que fosse se degradando. Por volta do
século V da era crista, eram poucos que ainda habitavam a cidade e gradualmente,
Babilônia foi sendo coberta pelos montes de areia, desaparecendo. Apesar do fim do
império neobabilônico e da cidade Babilônia, a história da cidade de grande beleza
continuou sendo contada e apenas Roma, cinco séculos depois a superou em tamanho
e força.

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