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Reprodução nos peixes

teleósteos
Reprodução nos peixes teleósteos
Os peixes compõem 50% dos vertebrados
Com 24.000 espécies
Tabela: Valores absolutos e percentuais da composição de
teleósteos.
Vertebrados (%) dos vertebrados (%) dos peixes no de espécies

Peixes 50 100 24.000


Teleósteos 48 96 23.040
Água doce 19,68 41 9.446,4
Ambiente transitório 4,8 1 230

Ambiente Marinho 21,60 58 13.363,2


Litoral 16,76 45 10.368,0
Epipelágica 0,37 1 230
Águas profundas 4,47 12 2.764,8
Reprodução
Processo para perpetuação da espécie

Conhecer os mecanismos reprodutivos


para gerenciar

Formas de se abordar reprodução

➢ Dinâmica populacional/Biologia Pesqueira


➢ Ecologia “tradicional”
➢ Fisiologia e histologia
➢ Na piscicultura
Estratégia reprodutiva

Conjunto de características para obter


sucesso
✓ Adaptações anatômicas
✓ Comportamentais
✓ Fisiológicas
✓ Estratégia de ciclo de vida
número da prole, mortalidade, longevidade, ...
Fisiologia da reprodução
Alterações com aproximação do período reprodutivo

Figura : Representação esquemática simplificada do


controle hormonal da reprodução em peixes.
Indução à reprodução

Gonadorrelina - LH-RH e LH-RHa


Fator de liberação da gonadotrópico
Dopamina - inibidor da gonadotrofina
1 dose de LH-RHa 10 g/ kg peixe
10 a 12 horas ovulação
Curimbatá dose 5 a 10 UI/ kg HCG

Processos fisiológicos ligados a temperatura


Horas Grau
Temperatura atuando na maturação
Pode adiar ou adiantar a reprodução. Geralmente
associada a outros fatores.

Idade (anos) de primeira maturação das carpas


Nos trópicos na Europa

Carpa comum 1 3

Carpa chinesa 2 5
Comprimento (L50) e idade de primeira maturação

Comprimento em que 50% da pop. maturou pela 1a vez

Figura. Distribuição de freqüência relativa de adultos por classe de


comprimento total (mm), para a espécie x.

Trachurus lathami no sudeste e sul - 115 mm CT


2 anos
Tabela : Relação de espécies e seus respectivos períodos de
reprodução e idade de primeira maturação em condições de
cativeiro, na região sudeste.
Nome vulgar Nome específico Idade de 1a maturação período

Carpa Cyprinus carpio 1 Setembro – novembro


Agosto – abril
carpa capim Ctenopharyngodon idella 3-5 Outubro
carpa prateada Hypophthalmichthys molitrix 2-3 Outubro

cabeçuda Aristichthys nobilis 3-4 Outubro


curimbatá Prochilodus scrofa 2 Outubro - novembro
Piapara Leporinus piapara
Piaucú Leporinus grandecephalus 2 Outubro - fevereiro
Matrinxã Brycon cephalus 2-3 Outubro - janeiro
piracanjuba Brycon orbignyanus 2-3 Novembro - fevereiro
Pacu Piaractus mesopotamicus 2 Novembro – janeiro
Outubro – fevereiro
tambaqui Colossoma macropomum 2-3 Novembro - janeiro
Tilápia Oreochromis niloticus <1 Fim de agosto - maio
Pintado Pseudplatystoma coruscans Dezembro - março

jaú Paulicea luetkeni “8 a 16 kg Novembro


Dourado Salminus maxillosus “2,1 a 2,6 kg” Dezembro - janeiro
Época e Local de Desova
Para garantir maior sobrevivência da prole
Maiores fontes de mortalidade:
Inanição e Predação

Os fatores ambientais que influenciam na desova


podem ser classificados em:

Fatores exógenos
Preditivos
Sincronizadores – chuvas
Finalizadores
Exemplos
Ambiente marinho
Ubatuba
Penetração da Água Central do Atlântico Sul
Predominam pequenos herbívoros
 Trachurus lathami, xixarro:
Pico de desova no início da primavera e
verão
Ocorre ao longo do ano
Sobre a plataforma: isóbatas de 16 a 200 m
85,5% entre as isóbatas de 40 e 100 m
Temperatura
Espectro de 11,5 a 27,5oC
94% das larvas entre de 18 e 25oC

Salinidade
Espectro de 32,9 a 37,7 %o
95,5% das larvas entre 33,5 e 36,0%o

Adulto
Áreas oceânicas e neríticas,
Temperadas e tropicais,
Golfo Maine (EUA) ao norte da Argentina

Formador de cardume fora da costa


Desova
Cuidado parental passivo
 Pleuronectes platessa, no Mar do Norte

Água doce
Amazonas
Período de chuvas, enchem as lagoas marginais
Águas brancas e negras

 Colosoma macropomum Tambaqui


Reprodução no fimal do ano
Desovam nos rios brancos
Origem Andina: Solimões-Amazonas, Madeira,
Purus, Juruá
Migram rio acima, sem se alimentar
Inicia a migração junho até outubro
Cardumes
2 machos/ 1 fêmea
Termina em novembro fevereiro
Temperatura 27oC

Furos e igarapés
Desovas debaixo plantas flutuantes nas margens
Batem na flor da água
Larvas 6 a 7 dias – lagoas marginais

Desovam e vão para áreas inundas/alimento


Rio Mogi-Guaçú
Período de chuvas
Temperatura da água
Correnteza
Água barrenta
Enchem as lagoas marginais
Colonização de nova área

 Prochilodus scrofa
Piracema - outubro a dezembro
Rios de serra ou clima temperado
Diminuição do fotoperíodo
Diminuição da temperatura
 Truta arco-íris
Ambientes lênticos
Temperatura
 Ciclídeos

Ambientes lênticos perenes


Presença de água
Padrões de comportamento reprodutivo
Em água doce

Reofílico, piracema: correntes Ambientes lênticos


migrações reprodutivas, Sem migração
não formam casais, Casais

pouca expressão de caracteres Caracteres sexuais secundários bem


sexuais secundários marcados
não nidificam Nidificam
Ovos:
Pequenos Grandes, podem ser pequenos
Não aderentes Aderentes ou não
Flutuantes Demersais, aderidos, ...

Bastante hidratados
Desova é total Desova parcelada, múltipla
Incubação é rápida Lenta e rápida

Não fazem proteção aos ovos Protegem os ovos


Larva possui pequeno saco vitelínico Grande saco vitelínico
Em ambientes marinhos
Desova em áreas de ressurgência
Corais
Migram para água doce ou vice-versa
Tainha e robalo
Cuidado parental (guardadores ou não)
Passivo
Local e época de desova
Desova abundante em cardume tipo de desova
Nº de óvulos grande

Ativo
Transportam os ovos e/ou
filhotes aderidos ou na boca
Oreochromis – fêmea portadora
Hipocampus e Sarotherodon - macho
Loricaria – ovos na boca - ventre/fêmea
Aridae
Ninhos
Trichogaster e Betta - com espuma
Tilapia
Hoplias malabaricus

Buracos
Ictalurus punctatus
Fecundidade e diâmetro do ovócito
Fecundidade = nº de ovócitos liberados
Fecundidade - relacionada ao tamanho do peixe
Métodos tradicionais superestimam fecundidade

Peso e volume
1g 1.000 ovócitos
100g x ovócitos
Fecundidade muda com a população
Corvina no Norte:
maior fecundidade - maior pressão ambiental
Fecundidade desovada em um lote
Fecundidade do período
Fecundidade total – ao longo da vida
Fecundidade relativa = a.Ltb
a = coeficiente linear
b = coeficiente angular
Tamanho do ovo, quantidade de vitelo e
inanição.
Maior tamanho do ovo, maior tamanho da larva
Capazes de nadar mais rápido
Explorar um maior volume de água e comida
Aumenta sobrevivência
Custo: decréscimo da fecundidade
Menor o ovo, maior no de ovos e as chances da
larva ser predada
Relacionado com: as condições da genitora e
temperatura da água.

Tamanho ótimo do ovo:


balanço entre inanição e a predação
Arenque altera tamanho sazonalmente

Aumento do tempo para encontrar o alimento


aumenta o tempo deexposição a predação e
a inanição.
Índices gonadais

Relação gonadossomática

RGS = Peso gônada (g)/peso total do peixe

RGS = Peso gônada/peso do peixe sem


gônada
aumenta o RGS

Índice gonadal

IG = peso da gônada/comp. peixeb


Fator de condição
Fator de condição de Fulton ou
isométrico
Fator de condição alométrica
Fator de condição relativa

Bem estar – indicam época de


desova
Tipos de desovas
Conforme desenvolvimento das células germinativas:
ovogênese classificada em:

sincrônico em um grupo / total


os ovócitos maturam concomitantemente e são
liberados de uma só vez durante o ciclo reprodutivo;

sincrônico em 2 grupos / única – 2 lotes de ovócitos em


cada ciclo de estoque de reserva e que irão maturar
sincronicamente e eliminados na desova;
sincrônico em mais de 2 grupos / parcelada–
ovócitos de reserva e em diferentes fases cada lote
desenvolvem-se sincronicamente são liberados em
etapas quando maduros

assincrônico / intermitente - ovócitos em todas as fases


liberados quando amadurecem
Formas de reprodução ou Mecanismos
reprodutivos
Gonocorísticos (Dimorfismo sexual)
1. Ovuliparidade
Sadinella, Micropogonias, Prochilodus
2. Oviparidade
Tomerus – Poecilidae
3. Ovovivíparidade
Sebastes marinus
4. Viviparidade
Poecilia reticulata
Hermafroditismo
1. Simultâneo
Serranus

2. Protândrico – inicialmente masculino


Lates, Amphipriodon (peixe palhaço)

3. Protogínico – inicialmente fêmea


Myctoperca, Epinephelus, Seranidae
Partenogenético – sem esperma
Ginogenético – esperma ativa fêmea triploide
Protandria
Hermafroditismo incompleto,
Órgãos masculinos os primeiros
a maturarem.

Amphiprion ocellaris.

• Indivíduos numa anêmona, dois acasalam, demais residem ali


• Pacto de hierarquia da residência
• A fêmea reprodutora é dominante
• São maiores
• Macho reprodutor é o segundo maior
• Se algum peixe crescer mais do que o casal é expulso da anêmona
• No mar aberto onde acaba morrendo.
Sem dimorfismo sexual

• Em criação - separar o casal que segregou-se naturalmente no


grupo.

• Aquário para selecionar casal deve ter abrigos - vasos de cerâmica


ou canos (irregular para aderência dos ovos)

• São separados mais facilmente.


Amphiprion percula

Peixes palhaço Amphiprion ocellaris

• No cultivo os casais se segregam naturalmente para formação de


plantéis.
• Os criadores devem ficar atentos ao crescimento diferenciado das
fêmeas, sempre maior que os machos.
• Na escolha do casal - usar o indivíduo escolhido como o parceiro
pela fêmea.
• Geralmente o indivíduo macho escolhido pela fêmea “alfa” é muito
parecido em tamanho com os outros.
• Para formar casais

• Pegar vários e separar r crescimento e formação de


casal (6 meses)

• Colocar dois e ver qual cresce antes e vira fêmea


(pode demorar 1 ano, pode ser mais)
• Casal pode desovar 2 por mês
Juvenis com 90 dias

Comprar casais casados


Comprar jovens cultivados mais adaptados ao cultivo
Figura 5: Peixes palhaço (Amphiprion ocellaris): (A) juvenis criados
pelo autor e (B), casal mantido separadamente sem anêmona-do-mar

• Vivem em média entre 6 a 10 anos.


• Agressividade é um dos fatores que condicionam a mudança de sexo
• Somente os mais agressivos completam a troca de sexo quando estão
em grandes grupos.
• O processo de “hierarquização” da dominância sexual - indivíduos
maiores e definidos sexualmente como fêmea.
• Essa fêmea, então, mantém o controle do grupo, impedindo que
qualquer outro peixe daquele grupo se atreva a disputar espaço ou
alimento com ela.
Premnas biaculeatus

Peixes palhaço Amphiprion ocellaris

• O macho maior inibe o amadurecimento sexual dos outros pré-


adultos, mantendo-os em estado de intersexualidade.

• Se a fêmea alfa desaparecer, o macho maior inverte sexualmente,


passando a produzir somente ovócitos, se tornando fêmea
definitivamente.
A subfamília apresenta ainda complexos taxonômicos nos grupos,
onde existem 29 espécies, sendo 28 pertencentes ao
Gênero Amphiprion e uma espécie ao Gênero Premnas (P.
biaculatus) (WILKERSON, 2003)

Todas as espécies podem ser reproduzidas em cativeiro, mas somente


algumas são.
Terá de separar os ovos dos pais pois comerão as larvas.
Tirar com aproximadamente 6 a 7 dias – antes do dia da eclosão
Associar com a temperatura.
Olhos pigmentados – movimentos são a dica
Alimentação com rotífero por 1 semana

Enriquecer rotífero com alga


A partir do 4 dia náuplio de Artemia sp.
10 a 11 dias passa a ser jovem (coloração alaranjadas)
Pode alimentar com ração com artemia ate 15 dias
Depois somente ração em outro tanque com 35 dias
De ovo a venda 4 meses

Enriquecer a artemia com alga


Protandria
Hermafroditismo incompleto,
Órgãos masculinos os primeiros a
maturarem.

Na perda da fêmea, as gônadas


Epinephelus malabaricus convertem-se em femininas
tornando-se ativas.
Epinephelus lanceolatus
1Maturação sexual
Repouso (R)
Crescimento das gônadas (avaliação
macroscópica)
- Estádio imaturo ou virgem (A) -
translúcidos e filiformes, reduzidos ovócitos
não visíveis a olho nu.
- Em maturação (B) - ovários opacos,
intensa rede capilar, óvulos tamanho
variados,
- Maduro (C) - ovários túrgidos, bem
irrigado cor característica,
- Esvaziado (D) - hemorrágico
A B1 B2 C D
R

Tipos de ovócitos

1- estoque de recrutamento (E) , brancos e


opacos
2- em maturação – opacos para amarelo ou
verde
3- maturo (M)
4- óvulos atrásicos - reabsorção
Jundia

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