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Porém, apesar de suas muitas vantagens, é importante não ter uma visão
romântica demais sobre os curandeiros populares em geral. Como todos os
outros prestadores de cuidados de saúde, inclusive médicos e enfermeiros,
existem aqueles que são incompetentes, ignorantes, arrogantes ou gananciosos,
ou que possuem uma visão muito reducionista da má saúde e de como ela deve
ser tratada. E mais, nem todos os curandeiros populares provêm da comunidade
em que trabalham nem todos estão familiarizados com seu funcionamento social
interno. Algumas das técnicas que eles usam também podem ser muito
perigosas para seus pacientes. O uso de agulhas não-esterilizadas pelos
injecionistas, por exemplo, pode levar a abscessos cutâneos graves, bem como
à disseminação da hepatite B ou da síndrome da imunodeficiência adquirida
(AIDS). Alguns de seus remédios à base de ervas foram relatados como
causadores de doenças graves ou mesmo morte. Assim, é importante considerar
os curandeiros populares de modo equilibrado e evitar tanto a idealização quanto
a crítica excessiva. Por um lado, deve-se evitar o que Lucas e Barrett denominam
visão arcádica – ver esses curandeiros e as comunidades onde atuam como de
alguma forma “naturais” e holísticos, vivendo em harmonia pacífica com a
natureza e uns com os outros. Todavia, por outro lado, considerá-los “bárbaros”
– vê-los e a suas comunidades como de algum modo primitivos, degenerados,
incompetentes e subdesenvolvidos – também é impreciso. Na maioria dos casos
de cura popular, a verdade situa-se em algum ponto entre os dois extremos.