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Unidade 4

Nome da Unidade
Aplicações da Matemática Financeira

Objetivos de Aprendizagem
•• Elaborar planilhas de amortização de empréstimos.
•• Realizar equivalências de capitais.
•• Calcular o custo efetivo de um empréstimo.
•• Determinar o custo de reciprocidade bancária.

Introdução
Nesta unidade vamos aplicar alguns conceitos da matemática financeira como
amortização de empréstimos; equivalências de capitais e o cálculo do custo
efetivo de um empréstimo e reciprocidade bancária para auxiliar no processo de
tomada de decisão empresarial.

O conhecimento promovido por esses conceitos vão auxiliar o gestor financeiro


na escolha de um sistema de amortização de empréstimo tendo como base o
fluxo de caixa e negociar dívidas futuras realizando a equivalência de capitais e
ajustando as dívidas às disponibilidades de caixa.

Vamos calcular o custo efetivo de um empréstimo com o objetivo de determinar


quanto realmente se paga por ele verificando que o custo efetivo é superior ao
seu custo nominal. E, ainda, calcular o custo de reciprocidade bancária como,
por exemplo, a compra de um seguro de vida, que não estava nos planos para
a aquisição da empresa, mas que às vezes é solicitado como reciprocidade pela
instituição financeira, na liberação de um empréstimo.
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Sistemas de Amortização
José Humberto Dias de Tolêdo

Os três sistemas de amortização de empréstimos que são mais utilizados pelas


instituições financeiras e pelo comércio de uma forma geral no Brasil são: o
Sistema de Amortização Francês (SFA), também conhecido como sistema
PRICE, o Sistema de Amortização Constante (SAC) e o Sistema de Amortização
Americano (SAA).

Na leitura que seque, apresentamos as suas principais características e faremos


uso de recursos tecnológicos – como calculadoras financeiras e planilhas de
cálculo – para auxiliar na elaboração de planilhas de amortização de empréstimos
ou financiamentos.

Sistema de Amortização Francês (SFA) ou Sistema PRICE


Neste sistema, o financiamento (PV) é pago em parcelas (PMT) iguais, constituídas
da amortização (A) do principal da dívida, adicionada aos juros (J) compensatórios,
que variam inversamente ao longo do tempo. Ou seja, na medida em que aumenta
o valor da parcela de amortização haverá uma queda dos juros compensatórios,
em função da redução do saldo devedor (SD).

As parcelas iguais (PMT) são calculadas pela fórmula:

⎡ (1 + i ) n x i ⎤
PMT = PV . ⎢ n ⎥ (1)
⎣ (1 + i ) − 1 ⎦

Onde:

PV = Valor do financiamento

i = Taxa de juros do financiamento

n = período do financiamento

Os juros compensatórios (J) são calculados em função do saldo devedor do


período anterior, ou seja:

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J = SDA .i.n (2)


Onde:

J = Juros compensatórios

SDA = Saldo devedor do período anterior

n = Período (como os juros são calculados mensalmente, vamos usar n igual a 1).

Já a amortização (A) é calculada pela diferença entre o valor da parcela (PMT) e


dos juros compensatórios (J), ou seja:

A = PMT − J (3)

Para determinar o saldo devedor (SD) após o pagamento de cada parcela,


devemos subtrair do saldo devedor anterior (SDA) à parcela de amortização (A), ou
seja:

SD = SDA − A (4)

O quadro 1, a seguir, apresenta um resumo das fórmulas que serão usadas para
elaborar uma planilha de amortização de empréstimos pelo sistema PRICE.

Quadro 1 – Fórmulas para a elaboração de uma planilha de amortização de empréstimos pelo sistema PRICE.
Fonte: Elaborado pelo autor (2011).

Principais características

As principais características do SFA são:


•• a prestação (PMT) é constante durante todo o período (n) do
financiamento;
•• a parcela de amortização (PA) aumenta a cada período (n);
•• os juros compensatórios (J) diminuem a cada período (n).

Você sabia?
O Sistema de Amortização Francês é também chamado de Sistema
PRICE por ter sido inventado na França, no século XVII, pelo
matemático inglês Richard Price.

Aplicações da Matemática Financeira


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Exemplo 1. Uma cooperativa de crédito libera um empréstimo para um cooperado


no valor de R$ 10.000,00 para ser pago pelo Sistema de Amortização Francês
(SFA) em seis meses a uma taxa de 2,5% a.m. Elabore uma planilha de amortização
do empréstimo contendo: prestação, juros compensatórios mensais, amortização
mensal e saldo devedor após cada pagamento.

Solução:

Dados:

PV = R$10.000, 00
n = 6meses
i = 2, 5%a.m.

Cálculo da parcela (PMT):

⎡ (1 + i ) n x i ⎤ ⎡ (1 + 0, 025)6 x0, 025 ⎤


PMT = PV . ⎢ n ⎥ = 10.000. ⎢ (1 + 0, 025)6 − 1 ⎥ = R$1.815, 50
⎣ (1 + i ) − 1 ⎦ ⎣ ⎦

Os cálculos dos juros compensatórios, da amortização e do saldo devedor serão


realizados mês a mês após o pagamento da parcela.

Primeiro mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o primeiro pagamento ( J1 ):

J1 = 10.000 x0, 025 x1 = 250, 00

Cálculo da parcela de amortização (A1) correspondente ao primeiro pagamento:

A1 = PMT − J1 = 1.815, 50 − 250, 00 = 1.565, 50

Cálculo do saldo devedor após o primeiro pagamento (SD1):

SD1 = SDA − A1 = 10.000, 00 − 1565, 50 = 8.434, 50

Segundo mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o segundo pagamento ( J 2 ):

J 2 = SD1 xi.n = 8.434, 50 x0, 025 x1 = 210, 86

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Cálculo da parcela de amortização (A2) correspondente ao segundo pagamento:


A2 = PMT − J 2 = 1.815, 50 − 210, 86 = 1.604, 64

Cálculo do saldo devedor após o segundo pagamento (SD2):


SD2 = SDA − A2 = 8.434, 50 − 1.604, 64 = 6.829, 86

Terceiro mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o terceiro pagamento ( J 3 ):

J 3 = SD2 .i.n = 6.829, 86 x0, 025 x1 = 170, 75

Cálculo da parcela de amortização (A3) correspondente ao terceiro pagamento:

A3 = PMT − J 3 = 1.815, 50 − 170, 75 = 1.644, 75

Cálculo do saldo devedor após o terceiro pagamento (SD3):

SD3 = SDA − A3 = 6.829, 86 − 1.644, 75 = 5.185,11

Quarto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o quarto pagamento ( J 4 ):

J 4 = SD3 .i.n = 5.185,11x0, 025 x1 = 129, 63

Cálculo da parcela de amortização (A4) correspondente ao quarto pagamento:

A4 = PMT − J 4 = 1.815, 50 − 129, 63 = 1.685, 87

Cálculo do saldo devedor após o quarto pagamento (SD4):

SD4 = SDA − A4 = 5.185,11 − 1.685, 87 = 3.499, 24

Quinto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o quinto pagamento ( J 5 ):

J 5 = SD4 .i.n = 3.499, 24 x0, 025 x1 = 87, 48

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Cálculo da parcela de amortização (A5) correspondente ao quinto pagamento:

A5 = PMT − J 5 = 1.815, 50 − 87, 48 = 1.728, 02

Cálculo do saldo devedor após o quinto pagamento (SD5):

SD5 = SDA − A5 = 3.499, 24 − 1.728, 02 = 1.771, 22

Sexto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o sexto pagamento ( J 6 ):

J 6 = SD5 .i.n = 1.771, 22 x0, 025 x1 = 44, 28

Cálculo da parcela de amortização (A6) correspondente ao sexto pagamento:

A6 = PMT − J 6 = 1.815, 50 − 44, 28 = 1.771, 22

Cálculo do saldo devedor após o sexto pagamento (SD6):

SD6 = SDA − A6 = 1.771, 22 − 1.771, 22 = 0, 00

A planilha a seguir apresenta um resumo dos cálculos.

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Dica: Uso da Calculadora Financeira

Figura 1 – Usando uma calculadora financeira para determinar amortização, juros e saldo devedor de um
empréstimo. Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Dica: Uso de uma Planilha de Cálculo

Digite os dados do problema nas células B2; B3 e B4 (veja Figura 2). Na célula A5
digite “Planilha de Financiamento” e, em seguida, selecione as células A5:E5 e
use a função para mesclar as células e centralizar o texto. Nas células A6; B6;
C6; D6 e E6 digite, respectivamente: Período; Saldo devedor (SD); Amortização
(A); Juros (J) e Prestação (PMT). Nas células A7 a A13 digite de 0 a 6 que
corresponde ao período do financiamento. Na célula E8 insira a função “PGTO” e
em Argumentos da função selecione: “Taxa” (célula B3); “Nper” (célula B4); “Vp”
(célula B2) e em “Tipo” digite “0”. Veja figura 2 com os dados do problema e o
valor da prestação.

Aplicações da Matemática Financeira


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Figura 2 – Planilha com os dados do problema e função “PGTO” com o valor da prestação.
Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Agora que você já calculou a prestação, vamos inserir as fórmulas para calcular
os juros (J), a amortização (A) e o saldo devedor (SD). Veja a figura 3 com os
resultados e as respectivas fórmulas.

Figura 3 – Planilha com os dados do problema e função “PGTO” com o valor da prestação.
Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

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Importante
1. A planilha de cálculo atualiza automaticamente as fórmulas de acordo
com as colunas e linhas e podemos usar o caractere “$” para indicar
células fixas.
2. Para copiar uma fórmula de uma célula, podemos utilizar Copy & Paste
ou utilizar o mouse pressionando o botão esquerdo e arrastar o pequeno
quadrado preto no canto inferior esquerdo da célula selecionada.

Veja a figura que ilustra a função:

Figura 4 – Seleção do quadrado pequeno inferior esquerdo de uma célula.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

3. Na figura 3, quando inserimos a fórmula para o cálculo dos juros


compensatórios na célula D8, usamos o caractere “$” entre a letra e o
número na seleção da célula B3, que corresponde à taxa de juros (i), ou
seja, usamos B$3 para fixar o conteúdo da célula B3, pois a taxa será a
mesma para o cálculo dos juros em todos os meses do financiamento.

Com os cálculos dos Juros Compensatórios (J), da Amortização (A) e do Saldo


Devedor (SD) realizados para o primeiro mês, usaremos outro recurso da planilha
de cálculo que é atualizar automaticamente as fórmulas elaboradas nas células B8,
C8, D8 e E8 para as células B9:B13; C9:C13; D9:D13 e E9:E13, respectivamente, para
calcular os valores citados anteriormente para o segundo, terceiro, ..., sexto mês.
Antes, vamos inserir a fórmula =B8 na célula E9 e arrastar essa fórmula para copiar
o valor das parcelas para todos os meses do financiamento, conforme indicado
nas figuras 5 e 6 a seguir.

Figura 5 – Elaboração da fórmula =E8 na célula E9.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Aplicações da Matemática Financeira


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Figura 6 – Elaboração da fórmula =E8 na célula E9.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Agora, seguindo o mesmo raciocínio anterior, selecione a célula D8 e copie o


conteúdo para as células D9:D13. Em seguida, selecione a célula C8 e copie o
conteúdo para as células C9:C13 e, finalmente, selecione a célula B8 e copie o
conteúdo para as células B9:B13.

Veja a figura 7 a seguir com os resultados.

Figura 7 – Planilha de financiamento completa.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Sistema de Amortização Constante (SAC)

Nesse sistema, as parcelas de amortização (A) serão constantes durante o período


do financiamento. As prestações são decrescentes e determinadas pela soma da

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amortização (A) com os juros compensatórios (J). Portanto, haverá uma queda
dos juros compensatórios na medida em que as prestações vão sendo pagas e,
consequentemente, uma redução no valor das prestações (PMT).

No SAC, em primeiro lugar, calcula-se a amortização (A) usando a seguinte


fórmula:

PV
A= (5)
n

Onde:

A = Amortização

PV = Valor a ser financiado

n = Período no qual o financiamento deve ser pago

Em seguida, os juros compensatórios (J) são calculados em função do saldo


devedor do período anterior, ou seja:

J = SDA .i.n (6)

Onde:

J = Juros compensatórios

SDA = Saldo devedor do período anterior

n = Período (como os juros são calculados mensalmente, vamos usar n igual a 1).

Já a prestação (PMT) é calculada pela soma da amortização (A) com juros


compensatórios (J), ou seja:

PMT = A + J (7)

Para determinar o saldo devedor (SD) após o pagamento de cada parcela,


devemos subtrair do saldo devedor anterior (SDA) a parcela de amortização (A), ou
seja:

SD = SDA − A (8)

Aplicações da Matemática Financeira


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O quadro 2 a seguir apresenta um resumo das fórmulas que serão usadas para
elaborar uma planilha de financiamento pelo Sistema de Amortização Constante
(SAC).

Quadro 2 – Fórmulas para a elaboração de uma planilha de financiamento pelo sistema SAC.
Fonte: Elaborado pelo autor (2011).

Principais características
•• a parcela de amortização (A) é constante em todo o período do
financiamento.
•• os juros compensatórios (J) diminuem a cada período (n).
•• a prestação (PMT) é decrescente durante o período (n) do financiamento.

Exemplo 2. Usando os mesmos dados do exemplo 1, elaborar uma planilha de


financiamento pelo Sistema de Amortização Constante.

Solução:

Dados:

PV = R$10.000, 00
n = 6meses
i = 2, 5%a.m.

Cálculo da amortização (A):

PV 10.000
A= = = 1.666, 67
n 6

Os cálculos dos juros compensatórios, da prestação (PMT) e do saldo devedor


serão realizados mês a mês após o pagamento da prestação.

Primeiro mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o primeiro pagamento ( J1 ):

J1 = 10.000 x0, 025 x1 = 250, 00

Pós-graduação
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Cálculo da prestação (PMT1) correspondente ao primeiro pagamento:

PMT1 = A + J1 = 1.666, 67 + 250 = 1.916, 67

Cálculo do saldo devedor após o primeiro pagamento (SD1):

SD1 = SDA − A = 10.000, 00 − 1.666, 67 = 8.333, 33

Segundo mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o segundo pagamento ( J 2 ):

J 2 = 8.333, 33 x0, 025 x1 = 208, 33

Cálculo da prestação (PMT2) correspondente ao segundo pagamento:

PMT2 = A + J 2 = 1.666, 67 + 208, 33 = 1.875, 00

Cálculo do saldo devedor após o segundo pagamento (SD2):

SD2 = SDA − A = 8.333, 33 − 1.666, 67 = 6.666, 67

Terceiro mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o terceiro pagamento ( J 3 ):

J 3 = 6.666, 67 x0, 025 x1 = 166, 67

Cálculo da prestação (PMT3) correspondente ao terceiro pagamento:

PMT3 = A + J 3 = 1.666, 67 + 166, 67 = 1.833, 34

Cálculo do saldo devedor após o terceiro pagamento (SD3):

SD3 = SDA − A = 6.666, 67 − 1.666, 67 = 5.000, 00

Quarto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o quarto pagamento ( J 4 ):

J 4 = 5.000, 00 x0, 025 x1 = 125, 00

Cálculo da prestação (PMT4) correspondente ao quarto pagamento:

PMT4 = A + J 4 = 1.666, 67 + 125, 00 = 1.791, 67

Aplicações da Matemática Financeira


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Cálculo do saldo devedor após o quarto pagamento (SD4):

SD4 = SDA − A = 5.000, 00 − 1.666, 67 = 3.333, 33

Quinto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o quinto pagamento ( J 5 ):

J 5 = 3.333, 33 x0, 025 x1 = 83, 33

Cálculo da prestação (PMT5) correspondente ao quinto pagamento:

PMT5 = A + J 5 = 1.666, 67 + 83, 33 = 1, 750, 00

Cálculo do saldo devedor após o quinto pagamento (SD5):

SD5 = SDA − A = 3.333, 33 − 1.666, 67 = 1.666, 66

Sexto mês:

Cálculo dos juros compensatórios para o sexto pagamento ( J 6 ):

J 6 = 1.666, 66 x0, 025 x1 = 41, 67

Cálculo da prestação (PMT6) correspondente ao sexto pagamento:

PMT6 = A + J 6 = 1.666, 67 + 41, 67 = 1.708, 34

Cálculo do saldo devedor após o sexto pagamento (SD6):

SD6 = SDA − A = 1.666, 67 − 1.666, 67 = 0, 00

A planilha a seguir apresenta um resumo dos cálculos.

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Dica: Uso de uma Planilha de Cálculo


Insira os dados e as fórmulas nas células e complete a planilha de financiamento
(siga as mesmas orientações dadas no tópico anterior) conforme indicação na
figura 8 a seguir.

Figura 8 – Planilha de financiamento sistema SAC.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Sistema de Amortização Americano (SAA)


Nesse sistema, os juros podem ser pagos periodicamente ou capitalizados e pagos
no vencimento do empréstimo. O principal ou capital tomado emprestado é pago
de uma só vez no final do período contratado.

Exemplo 3. Usando os mesmos dados do exemplo 1, elaborar uma planilha de


financiamento pelo Sistema de Amortização Americano. Considere que os juros
serão capitalizados e pagos no final do vencimento do empréstimo.

Solução:

A tabela seguinte apresenta o plano de amortização pelo SAA.

Aplicações da Matemática Financeira


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Tabela 1 – Planilha de financiamento sistema SAA com pagamento de juros no final do período

Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Exemplo 4. Usando os mesmos dados do exemplo 1, elaborar uma planilha de


financiamento pelo Sistema de Amortização Americano. Considere que os juros
serão pagos no final de cada período do empréstimo.

Solução:
Tabela 2 – Planilha de financiamento sistema SAA com o pagamento de juros periódicos

Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Nos três sistemas de amortização apresentados, amortizamos o principal no


período contratado e, portanto, os sistemas são equivalentes. O gestor financeiro
deve avaliar a disponibilidade de caixa na hora da contratação de um empréstimo
ou financiamento para optar por um dos três sistemas já que são equivalentes.

Pós-graduação
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Equivalência de capitais a juros compostos


A equivalência de capitais a juros compostos é a maneira que o gestor financeiro
tem de transformar dívidas ou recebíveis que apresentam datas de vencimentos
diferentes em dívidas ou recebíveis equivalentes avaliados em uma mesma data
(data comum).

Para realizar o cálculo de equivalência de dois capitais separados por período de


tempo, Dutra (2010) nos indica a seguinte fórmula:
y2
y2 = y1.(1 + i ) n ⇒ y1 = (9)
(1 + i ) n
Onde:

y1 = Valor Atual (data desejada)


y2 = Valor Nominal (data n)

Exemplo 5. Um cooperado tem uma dívida com a cooperativa de crédito


“COOPERA” de valor nominal R$ 10.000,00 com vencimento para daqui a quatro
meses. O cooperado deseja antecipar o pagamento dessa dívida para daqui a dois
meses. Se a taxa de juros cobrada pela cooperativa foi de 2,5% ao mês, calcule o
valor que o cooperado deve pagar no novo vencimento.

Solução:

Dados:

y1 = ?
y2 = R$10.000, 00 y2 10.000, 00
y1 = n
= = 9.518,14
i = 2, 5%a.m (1 + i ) (1 + 0, 025) 2
n = 2

Custo efetivo de um empréstimo


O custo efetivo de um empréstimo, na maioria das vezes, é superior ao seu
valor nominal, por envolver despesas adicionais, como tarifas cobradas pelas
instituições financeiras e impostos que incidem sobre esse tipo de operação.

No exemplo a seguir, vamos calcular o custo efetivo de um empréstimo que uma


empresa cooperada tomou a uma determinada cooperativa de crédito.

Aplicações da Matemática Financeira


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Exemplo 6. Uma empresa cooperada tomou empréstimo na cooperativa de


crédito “COOPERA” no valor de R$ 6.000,00 com taxa de juro de 12% a.a, pelo
prazo de um ano. Entre impostos e tarifas, foi debitado de sua conta corrente um
valor de R$ 285,00. Calcular o custo efetivo do empréstimo tomando como base
os recursos disponibilizados efetivamente à empresa cooperada.

Solução:

A planilha elaborada a seguir apresenta o custo efetivo do empréstimo.

Figura 9 – Planilha para calcular o custo efetivo de um empréstimo.


Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Portanto, o custo efetivo do empréstimo é de 12,60%, ou seja, 0,60% superior à


taxa negociado com a cooperativa.

Custo de reciprocidade bancária


Neste tópico, vamos apresentar o cálculo do custo de reciprocidade bancária
como, por exemplo, a compra de um seguro de vida ou um título de capitalização
– que na maioria das vezes não estava nos planos da empresa adquiri-los, mas que
às vezes é solicitado como reciprocidade pela instituição financeira, na liberação
de um empréstimo.

No exemplo a seguir, será calculado o custo de reciprocidade bancária para um


empréstimo solicitado por uma empresa a uma instituição financeira e que a
sua aprovação ficou condicionada a uma aplicação em Certificado de Depósito
Bancário (CDB) por um determinado prazo.

Pós-graduação
111

Exemplo 7. Uma empresa solicita um empréstimo no valor de R$ 20.000,00 a


uma instituição financeira por 10 meses, a uma taxa de juros de 2,8% ao mês. Na
negociação com a instituição, a liberação do empréstimo fica condicionada a uma
aplicação de R$ 2.000,00 em um CDB, pelo mesmo prazo do empréstimo, a uma
taxa de juros de 1,2% ao mês. Calcular o custo de reciprocidade bancária, ou seja,
quanto efetivamente o empréstimo vai custar à empresa, tomado a uma taxa de
2,8% ao mês.

Solução:

A planilha elaborada a seguir apresenta o custo do empréstimo.

Figura 10 – Planilha para calcular o custo efetivo de um empréstimo com reciprocidade bancária.
Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

Observe que levamos em consideração nos cálculos os juros produzidos pela


aplicação em CDB. O custo efetivo do empréstimo para a empresa foi de 2,96%, ou
seja, 0,16% maior do que a taxa contratada.

Conhecer os tipos e as características dos sistemas de amortização de


empréstimos, praticados atualmente no Brasil, proporciona ao gestor financeiro
uma autonomia para a tomada de decisão na contratação de um empréstimo ou
financiamento com relação à sua amortização podendo escolher a alternativa
adequada ao fluxo de caixa da empresa.

Realizar cálculos de equivalência de capitais dá competência ao gestor financeiro


para negociar títulos vencíveis em acordo com a disponibilidade de caixa, ou seja,
pode solicitar à instituição financeira a sua antecipação ou prorrogação.

Já os cálculos do custo efetivo de um empréstimo e da reciprocidade bancária, são


fundamentais para verificar realmente qual a taxa líquida de juros paga em um
empréstimo.

Aplicações da Matemática Financeira


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Referências

DUTRA, Maurici José. Matemática financeira: livro didático. 8. ed. rev. e atual. Palhoça:
UnisulVirtual, 2010.

HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

TOLEDO, José Humberto Dias. Curso de extensão: análise de investimentos usando a


calculadora HP-12c. Livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2009. 154 p.

Pós-graduação
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Atividades de Autoaprendizagem
1. Elabore uma planilha de financiamento para a seguinte situação: uma pessoa
faz um financiamento pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), de uma
TV de 42 polegadas cujo valor à vista é de R$ 3.200,00, em cinco vezes sem
entrada, a uma taxa de juros de 3,8% a.m.

2. Um carro foi financiado pela cooperativa de crédito “COOPERA” usando o


Sistema Francês de Amortização (SFA) em 12 vezes sem entrada. Sabendo-se
que o valor financiado foi de R$ 20.000,00, a uma taxa de juros de 2,2% ao mês,
elaborar uma planilha de financiamento com o auxílio de uma planilha de cálculo.

3. Elabore uma planilha de amortização para um financiamento de R$ 15.000,00


concedido pela cooperativa “COOPERA” para uma empresa cooperada pelo
Sistema de Amortização Americano com prazo de seis meses para a liquidação e
os juros pagos no final de cada mês. A taxa de juros negociada foi de 2,3% ao mês.

4. Um cooperado tem uma dívida com a cooperativa de crédito “COOPERA”


de valor nominal R$ 20.000,00 com vencimento para daqui a seis meses. O
cooperado deseja antecipar o pagamento dessa dívida para daqui a três meses.
Se a taxa de juros cobrada pela cooperativa foi de 1,8% ao mês, calcule o valor
que o cooperado deve pagar no novo vencimento.

5. Uma empresa cooperada tomou empréstimo na cooperativa de crédito “ABC”


no valor de R$ 50.000,00 com taxa de juro de 13,5% a.a, pelo prazo de um
ano. Entre impostos e tarifas, foi debitado de sua conta corrente um valor de
R$ 685,00. Calcular o custo efetivo do empréstimo tomando como base os
recursos disponibilizados efetivamente a empresa cooperada.

6. Uma empresa solicita um empréstimo no valor de R$ 30.000,00 a uma


instituição financeira por um ano, a uma taxa de juros de 3,5% ao mês. Na
negociação com a instituição a liberação do empréstimo, fica condicionada
a uma aplicação de 10% do valor do empréstimo em um CDB, pelo mesmo
prazo do empréstimo, a uma taxa de juros de 1,1% ao mês. Calcular o custo de
reciprocidade bancária, ou seja, quanto efetivamente o empréstimo vai custar
à empresa, tomado a uma taxa de 3,5% ao mês.

Aplicações da Matemática Financeira


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Síntese
Nesta unidade, conhecemos as características dos principais sistemas de
amortização de empréstimos praticados no Brasil na atualidade. Ainda, calculamos
a equivalência de capitais e o custo efetivo de um empréstimo e da reciprocidade
bancária. Esses cálculos dão suporte ao gestor financeiro, nas corporações, na
tomada de decisão e escolha do sistema de amortização na contratação de
empréstimos ou financiamentos e a verificar qual é realmente a taxa de juros
líquida praticada pelas instituições financeiras nesse tipo de transação. Para o
gestor financeiro nas cooperativas de crédito, esses conhecimentos são muito
importantes para a elaboração e oferta de produtos aos cooperados.

Saiba Mais
Para aprofundar seus estudos sobre o conteúdo apresentado nesta unidade,
sugerimos que consulte algumas das referências bibliográficas apresentadas
a seguir.

DUTRA, Maurici José. Matemática financeira: livro didático. 8. ed. rev. e atual.
Palhoça: UnisulVirtual, 2010.

HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática. 2. eEd. São Paulo:


Atlas, 2009.

TOLEDO, José Humberto Dias; LÓPEZ, Oscar Ciro. Informática aplicada à


matemática financeira: livro didático. UnisulVirtual. Palhoça, 2009.

TOLEDO, José Humberto Dias. Curso de extensão: análise de investimentos


usando a calculadora HP-12c. Livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2009. 154 p.

Pós-graduação

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