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ADJUVANTES

Extraído de: https://blog.aegro.com.br

O que são adjuvantes agrícolas?

Adjuvante agrícola é uma substância ou composto sem propriedades fitossanitárias. Ele é


adicionado durante a preparação de caldas com defensivos, mudando suas propriedades e
aumentando a eficácia no combate a daninhas, pragas e doenças. Ainda, ele facilita a aplicação de
produtos e reduz perdas.

Os adjuvantes são necessários principalmente em de produtos de contato, e que por isso


precisam de uma boa cobertura foliar para não comprometer a eficácia do produto. Também há
outras situação em que podemos utilizá-los.
Para entender melhor sobre isso, é necessário compreender sobre cada tipo de adjuvante
agrícola.

Como os adjuvantes agrícolas são classificados?


A classificação mais utilizada está relacionada a função desempenhada pelo adjuvante
agrícola, e podem ser ativadores ou modificadores de calda. Dentro dessa classificação, há
diversas subdivisões, cada uma com suas particularidades.
1. Adjuvantes ativadores
Os adjuvantes ativadores elevam a atividade dos produtos quando adicionados ao tanque
de pulverização. Nessa classe estão:
o Surfactantes;
o Óleos vegetais;
o Óleos minerais;
o Derivados de silicone;
o Fertilizantes nitrogenados.

2. Modificadores de calda
Adjuvantes modificadores de calda alteram as propriedades físicas ou químicas da calda,
sendo adicionados com a finalidade de melhorar a aplicação da formulação. Aqui estão
classificados:
o Molhantes;
o Corantes;
o Controladores de deriva;
o Agentes espessantes;
o Agentes adesivos;
o Condicionadores de calda;
o Agentes de compatibilidade;
o Reguladores de pH;
o Umectantes;
o Antiespumantes;
o Absorventes de UV.
Você pode ter notado que existem muitos adjuvantes e pode ficar difícil saber qual utilizar,
não é mesmo? Veja um pouco sobre cada um deles e dar algumas dicas de quando você deve
utilizar cada um a seguir:

Adjuvantes agrícolas ativadores

Surfactante
Os surfactantes têm a capacidade de reduzir a tensão superficial da gota pulverizada.
Assim a absorção do produto na planta é facilitado, já que ocorre alteração na estrutura e na
viscosidade das ceras que estão na superfície das folhas e caules.

(Fonte: Crop Care)


A composição da molécula dos surfactantes são de duas partes distintas, uma com
afinidade por óleos e outra com afinidade por água.
Os produtos do tipo adjuvante agrícola surfactante pode ser dividido ainda em quatro
classes:
1. Aniônicos
Os surfactantes aniônicos se dissociam em água e a porção ativa da molécula é o ânion
(carga negativa).
São utilizados em caldas com herbicidas ou em mistura com os surfactantes não iônicos.

2. Catiônicos
Em água se dissociam em um cátion e um ânion. O cátion é composto por nitrogênio, assim,
também são conhecidos por sais de quaternários de amônio.
Entretanto, os surfactantes catiônicos são pouco utilizados pois, devido a alguns motivos
já relatados:
o Elevado custo;
o Precipitam na presença de sais;
o Possuem fraco poder detergente;
o Podem causar fitotoxicidade nas culturas.

3. Não iônicos
Essa classe de surfactante não ioniza, nem dissocia em água. São os mais utilizados já que:
o Não reagem com sais ou com as moléculas de defensivos que estão na água;
o Não são influenciados pela “água dura”, não formando sais com cálcio,
magnésio ou com íons de ferro;
o Baixa toxicidade aos mamíferos;
o Pouco tóxico às plantas.
Desse modo, eles possuem boa compatibilidade com os defensivos, aumentando sua
absorção foliar, inclusive de fungicidas sistêmicos e inseticidas.

4. Anfotéricos
Surfactantes pertencentes a essa classe se dissociam em ânions e cátions, ou seja, eles
podem apresentar parte da molécula com carga positiva e outra, negativa.
Por isso, tais produtos são especialmente dependentes do pH da calda, sendo muito pouco
utilizado.

Óleos
Os adjuvantes a base de óleo possuem como objetivo aumentar a penetração dos
herbicidas lipossolúveis (que possuem mais afinidade pelo óleo).
Geralmente são utilizados quando as condições ambientais são alta temperatura e baixa
umidade, ou ainda quando a cutícula da folha é muito espessa.
Quando se utiliza um adjuvante a base de óleo, obrigatoriamente deve ser utilizado também
um emulsionante tensoativo. Isso é para que as gotas de óleo de distribuem de maneira uniforme
na mistura, já que estamos adicionando óleo em água.

1. Óleos minerais
Reduzem a tensão superficial, aumentam a molhagem e o espalhamento, aumentam a
absorção e melhoram a resistência ao escorrimento.
Podem ser divididos em óleos parafínicos e óleos naftalênicos. Os óleos parafínicos
aumentam a absorção de herbicidas, pois causam trincas nas cutículas das plantas. Eles são
formulados com predominância de frações parafínicas de hidrocarbonetos.

2. Óleos vegetais
Reduzem a tensão superficial, mas não são tão eficazes como os outros já citados. Eles
podem ser de 2 tipos:
o Triglicerídeos: são aqueles conhecidos por “óleos de sementes”. No geral
possuem apenas entre 5% e 7% de tensoativo emulsionante.
o Metilados: possuem entre 10% e 20% de tensoativo emulsionante. No geral
os óleos de sementes Metilados são melhores que os que possuem como base o petróleo,
entretanto são mais caros.
O adjuvante agrícola do tipo óleo, em geral, degrada a cutina (que faz parte da cutícula da
folha), possibilitando a entrada direta dos defensivos na planta.

(Fonte: Armazém da Ciência)

O problema é que a planta continua com a cutícula prejudicada, até que possa refazê-la. Por
isso, após a aplicação de defensivos com óleos a folha fica muito sensível aos fatores externos,
como luz, doenças, e outros.
Assim, não é indicado a aplicação de fertilizantes foliares com óleos, já que ocorrerá
absorção de nutrientes intensa e salinidade, resultando na necrose das folhas.
No caso de áreas de pousio, onde você fará a dessecação os óleos são altamente
recomendados, prejudicando mais intensamente as plantas daninhas na área.

Fertilizantes nitrogenados
Os fertilizantes nitrogenados utilizados como adjuvantes são:
o Nitrato de amônio;
o Sulfato de amônio;
o Ureia;
o Polifosfato de amônio.
São adicionados à calda com objetivo de melhorar os efeitos de produtos, e também como
adubo para a cultura. São classificados como adjuvantes ativadores, entretanto podem agir como
modificadores de calda. Afinal, eles ajudam a evitar a formação de precipitados no tanque.
Possuem, assim como os outros, capacidade de reduzir a tensão superficial, além de
aumentarem a difusão do defensivo na superfície da folha.

Adjuvantes agrícolas modificadores de calda

Molhantes
Os agentes molhantes são basicamente os surfactantes não-iônicos diluídos em água,
álcool ou glicóis.
Eles também reduzem a tensão superficial da gota, mas alguns desses produtos apenas
irão afetar as propriedades físicas das gotas. Ou seja, não irão afetar o comportamento da
formulação quando entrar em contato com a planta.

Corantes
Os corantes têm o objetivo apenas de visualização de onde o defensivo foi aplicado. Dão
coloração ao produto formulado, permitindo observar melhor de que como o produto foi aplicado e
se a tecnologia de aplicação está correta.

Controladores de deriva
Como o próprio nome diz, são utilizados para reduzir a deriva de defensivos.
Para tanto, essa classe de adjuvantes vai alterar as propriedades da calda. O que ocorre é
que teremos maiores tamanhos de gotas e menor número de gotículas pequenas, realizando uma
pulverização mais espessa.
No entanto, lembre-se que em cada tipo de pulverização agrícola é requerido um tipo de
gota, sendo gotas finas quando precisamos de maior cobertura (produtos de contato). Por isso, não
adianta adicionar adjuvantes controladores de deriva quando a aplicação exige uma melhor
cobertura.

(Fonte: Jacto)

Agentes espessantes
Modificam a viscosidade das caldas de pulverização. São utilizados especialmente em
aplicações aéreas com objetivo de reduzir as derivas.

Agentes adesivos
Auxiliam na redução das perdas de produtos através da evaporação ou do escorrimento. Os
agentes adesivos mantém o produto em contato com a planta aumentando, evitando que sejam
derrubados da superfície foliar ou lavados pela chuva.
São muito utilizados com as formulações de pó molhável seco e granulares.

Condicionadores
São utilizados quando a água usada na aplicação tem muitos sais presentes, e, por isso
pode resultar em formação de precipitados.
Neste caso é muito importante sabermos a qualidade da água utilizada na hora de preparar
a calda. A presença de muitos cátions (como em “água dura”), por exemplo, pode reduzir a
absorção dos produtos pelas plantas.
Classificação da água de acordo com a quantidade de carbonato de cálcio presente
(Fonte: Silva, et al. Manejo de Plantas Daninhas. Viçosa, 2010)

Agentes de compatibilidade
Os agentes de compatibilidade evitam essas interações físicas ou químicas entre os
produtos, mantendo-os em suspensão. Lembre-se que a associação de alguns produtos causa
efeitos antagônicos, reduzindo a eficácia dos produtos e até mesmo causando problemas de
fitotoxicidade.

Reguladores de pH
Todos já sabemos que o pH da calda afeta diretamente a eficácia dos produtos no tanque
de pulverização.
Os reguladores de pH têm a capacidade de ajustar o pH da calda o que consequentemente
melhora a dispersão do herbicida, além de aumentar a compatibilidade da mistura. No geral, as
caldas fitossanitárias apresentam uma maior estabilidade na faixa de pH entre 6,0 e 6,5.

Umectantes
Os umectantes, assim como os agentes adesivos, têm o objetivo de aumentar o tempo que
o produto fica sobre a folha e consequentemente disponível para absorção.
São materiais solúveis em água que demoram mais tempo para evaporar depois que seca
a água utilizada na pulverização, isso porque eles conseguem reter a umidade do
ambiente. Também permitem rápida umectação do produto em contato com a água.

(Fonte: Formulações de adjuvantes agrícolas)

Antiespumantes
A espuma é um problema na preparação da calda e durante a aplicação, evitando que o
produto seja aplicado corretamente em campo.
Os antiespumantes têm a capacidade de reduzir a formação de espuma no tanque,
favorecendo a tecnologia de aplicação adequada.

Absorventes de UV
Há poucos adjuvantes que podem proteger o produto da degradação devido à luz. Os que
fazem isso têm que ter a capacidade de absorverem a luz ultravioleta ou de aumentar a taxa de
captação do herbicida pela cutícula da folha.
Quando utilizar adjuvantes?
A bula do defensivo agrícola que você vai utilizar sempre vai trazer a informação de quando
se deve utilizar um adjuvante. Alguns produtos já vêm com adjuvantes na formulação, e por isso
não precisam ser adicionados na hora da aplicação.
Também é importante conhecer a água que você tem disponível, observando se é ou não
água dura e se é preciso usar algum adjuvante para adequar isso.
Mas tenha precaução: utilizar adjuvantes quando não é necessário pode
causar fitotoxicidade na cultura. A quantidade indicada na bula do produto também deve ser
respeitada, pois o excesso pode prejudicar a cultura.

Conclusão
Os inúmeros tipos de adjuvantes e diferentes situações de aplicação podem nos deixar
confusos, mas depois de conhecer mais sobre cada um deles a escolha fica simples.
É claro que o adjuvante agrícola pode ajudar muito, fazendo com que tenhamos aplicações
melhores e mais efetivas.
No entanto, se atente para quando realmente é preciso utilizá-los, sempre verificando se o
custo vale a pena!

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