LIBERARISMO IGUALITÁRIO

→ Primazia da virtude social da justiça e do respeito por direitos individuais.

→ Estes valores não são negociáveis em função de quaisquer consequências
antecipáveis que permitam a maximização do bem-estar agregado. Nenhum
acréscimo de bem-estar pode justificar o cancelamento ou a diminuição de
liberdades e direitos que decorrem da justiça.

• Teoria da justiça de Rawls

→ Princípios da justiça, defendidos mediante o estabelecimento de um equilíbrio
refletido provisório entre as nossas instituições morais e os próprios princípios
da justiça.
→ Uma sociedade justa será aquela em que a estrutura básica está ordenada
segundo os princípios da justiça.

• Sociedade como sistema de cooperação

→ Cidadãos são dotados de racionalidade e de razoabilidade.
→ Racionalidade: permite aos cidadãos a seleção de conceções do bem e dos
meios adequados para as realizar na vida. É a base do exercício da liberdade
de cada um.
→ Razoabilidade: permite que cada cidadão esteja disposto a termos de
entendimento com os outros. Permite a emergência de um sentido de justiça em
cada um.
→ Igualdade dos cidadãos: propriedade natural que qualifica os cidadãos enquanto
sujeitos morais.
→ Objetivo dos princípios da justiça: encontrar a forma mais adequada de distribuir
os benefícios e encargos, ou direitos e deveres, entre os cidadãos iguais.

• Bens sociais primários

→ Liberdade, oportunidades e riqueza
→ Bens sociais primários: instrumentais, são aqueles que todos necessitamos para
obter tudo aquilo que queremos e podemos alcançar; produzidas pelas
instituições sociais e o modo como são distribuídos depende da própria
configuração das instituições.
→ Não existe prioridade na distribuição de bens primários.

• Princípios da justiça (John Rawls)

→ A conceção de justiça é puramente igualitária.
→ 1º princípio da justiça: princípio da liberdade – conjunto de liberdades vistas
como um sistema na medida em que elas têm de ser compatibilizadas.
Ex.: a liberdade de expressão de uns tem de ser compatibilizada com o direito
do bom nome de outros.

→ Liberdades básicas: liberdade de pensamento e consciência, liberdade da

pessoa, de expressão e reunião, de proteção face à prisão arbitrária, de
propriedade privada, políticas e o princípio geral do império de lei (rule of law).
→ 2º princípio da justiça: (1) a aceitação da existência de desigualdades
económicas e sociais; (2) as desigualdades só são moralmente permitidas na
medida em que estão associadas a duas condições: as desigualdades devem
beneficiar todos e têm de decorrer de alguma modalidade de igualdade de
oportunidades.
→ 3º princípio: igualdade democrática. As carreiras abertas às competências
(princípio da não-discriminação legal) e o princípio da eficiência* constituem o
“sistema de liberdade natural”.
*situação na qual é impossível melhorar a situação de alguém sem piorar a de outros.

• Libertarismo igualitário: político e não abrangente

→ Sociedade justa: sociedade pluralista, com diferentes visões religiosas,
filosóficas e morais.
→ A conceção de justiça como equidade de Rawls assenta numa pluralidade de
doutrinas compatíveis com essa conceção de justiça.
→ A conceção liberal igualitária da justiça deverá poder ser apoiada por todos
aqueles que defendem doutrinas abrangentes racionais e razoáveis, por muito
diferentes que sejam umas das outras.
• Igualdade de recursos
→ Igualdade democrática: adoção de um princípio de oportunidades equitativas,
cruzado com uma distribuição de riqueza de acordo com o princípio da
diferença.
→ Os indivíduos não são moralmente responsáveis pela lotaria natural e social.
→ Dworkin – crítica à igualdade democrática: defeito igualitário ao não ser sensível
às desvantagens especiais de alguns; excesso igualitário ao não ser sensível às
ambições e esforços dos indivíduos.
→ Os indivíduos não devem ser penalizados pelos fatores em relação aos quais
não têm responsabilidade moral. Devem ser penalizados no que diz respeito às
escolhas pelas quais são responsáveis.
*o benefício de todos alcança-se mediante a “maximização das expetativas daqueles
que estão em pior situação”, sem gerar uma situação de igualdade absoluta

• Igualdade de capabilidades
→ Capabilidades: capacidade para transformar os bens sociais primários ou os
recursos em efetiva liberdade de escolha.
→ Estratégia: fornecimento de serviços públicos na educação e na saúde e não
tanto a distribuição direta dos próprios bens.
→ Problema: definição do conjunto exato de capabilidades que importa promover
ou igualizar.

• Igualdade local
→ Quando teoriza a sociedade justa, Rawls pensa nas sociedades que têm tradição
liberal, como aquelas que existem na Europa e na América desde finais do séc.
XVIII.
→ Nem todas as sociedades desejam constituir uma justiça tão igualitária como
Rawls propõe, como é o caso das sociedades com tradição hierárquica e sem
tradição liberal.
→ Estas sociedades também podem respeitar certos direitos humanos básicos e
ser sociedades decentes, mas não necessariamente liberais-igualitárias.
• Igualdade global
→ O local onde se nasce é tão moralmente arbitrário como o meio social ou os
dotes naturais. É injusto que alguns tenham tantos benefícios por terem nascido
em países prósperos.
→ Temos o dever positivo de construir uma justiça global e o dever negativo de não
permitir que o sistema internacional continue a causar dano aos mais pobres.