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Sobre o repto aos edis para não deixar dívidas quando terminarem o mandato

Manuel de Araújo desafia Nyusi a dar o

exemplo e pagar toda dívida do seu Governo
Dívida Pública interna quadruplicou nos últimos Oito anos PAG: 02
60 Meticais

Registo: 011/GABINFO-DEP/2020
DIRECTOR: Nelson Mucandze | EDITOR: Reginaldo Tchambule | Terça-Feira, 06 de Junho de 2023 | Edição nº: 112 | Ano: 03

Após uma semana de caos, baixou a crista e sentou com enfermeiros

Armindo Tiago
humilhado pela
própria arrogância
MISAU chegou a exigir documentos que confirmem existência legal da APSUSM
Houve hospitais às moscas, cirurgias interrompidas e internados mandados para casa
A arrogância do MISAU custou vidas. Há relato de óbitos em Inhambane

"Delator" do processo das dívidas ocultas tramado pela boca

Tribunal Administrativo julga improcedente recurso
PAG: 05 de Imran Issa e mantém suspensão de 10 anos

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2 DESTAQUE FAO e PMA colocam Moçambique fora dos riscos de

insegurança alimentar
A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação) e o PMA(Programa Mundial de Alimentação) aler-
tam que a insegurança alimentar aguda provavelmente se deterio-
06 DE JUNHO DE 2023 rou ainda mais em 18 focos de fome – compreendendo um total
de 22 países – durante o período de junho a novembro de 2023.

Sobre o repto aos edis para não deixar dívidas quando terminarem o mandato
Manuel de Araújo desafia Nyusi a dar o exemplo e pagar toda dívida
do seu Governo
"Ele, primeiro, que pague a dívida do seu Governo e nós (edis) vamos seguir..."
Dívida interna quadruplicou desde que Nyusi assumiu o poder

À
Este ano o total da dívida pública poderá superar em 102% o Produto Interno Bruto
margem da XII Reunião Nacional dos Municí- o País com o rácio da dívida pú-
pios, havida em Maio último, em Quelimane, o blica sobre o PIB mais avultado
Presidente da República, Filipe Nyusi deu 100 de toda a região Subsaariana,
dias para que os presidentes dos municípios com quase o dobro da média da
paguem todas as dívidas antes das eleições au- região, nos 55,5%.
tárquicas de Outubro, considerando que é desagradável um Igualmente, enquanto o Pre-
edil herdar as contas dos antecessores. Este discurso, ao que sidente da República distribui
parece, não foi engolido a seco pelos edis e Manuel de Araújo recados pelos edis devedores,
o seu Executivo continua a su-
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parte para o contra-ataque. O autarca de Quelimane desafia

Nyusi a "governar pelo exemplo", ou seja, sanar todas as
dívidas do seu Governo para que os presidentes dos municí-
pios possam seguir o seu exemplo.
Evidências
Diz o adágio popular que
"quem tem telhado de vidro
não atira pedra no do vizinho".
Pois é. O Presidente da Repú-
blica, Filipe Nyusi acaba de ver
o seu telhado de vidro desabar,
após receber uma pedrada lan-
çada a partir de Quelimane.
É que, no calor do seu dis-
curso, Filipe Nyusi desafiou
aos edis das 53 autarquias a
pagarem todas dívidas contraí-
das pelos respectivos governos
municipais antes de terminar o
mandato, para que não sejam
fardo para os edis a serem elei-
tos a 11 de Outubro próximo.
Reagindo, Manuel de Araú-
jo, edil de Quelimane, disse que
não há problema em acatar o
comando superior do Presiden-
te da República, mas que este
deve dar o exemplo, pagando as
dívidas do seu Executivo.
"Primeiro Presidente Nyusi
paga as suas dívidas, ele próprio
está cheio de dívidas, paga dele
depois nós vamos pagar, esse é
o recado que dou ao Presidente
Nyusi, ele primeiro paga dívi-
da do Governo moçambicano,
limpar a dívida, depois nós pre-
sidentes do municípios vamos
pagar", referiu o autarca.
Curiosamente, a "resposta
afiada" acontece numa altura
em que o Executivo de Filipe
Nyusi tem estado a cavar fundo
o buraco da dívida pública in-
ternacional e interna.
Por exemplo, em Março últi-
mo, o Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI) alertou para o
risco do rácio da dívida pública
sobre o Produto Interno Bruto
(PIB) subir de 76,1%, em 2022,
para 102,8% este ano, e 103,1%
no próximo ano.
Com excepção de Cabo Ver-
de e da Eritreia, Moçambique é
focar o povo com mais dívidas.
Por exemplo, continua a au-
mentar de forma exponencial o
endividamento Público interno.
Nos primeiros seis me-
ses deste ano (2023), o stock
da dívida interna situa-se em
302,8 mil milhões de Meticais,
segundo a última actualização
do Banco de Moçambique, o
que representa um aumento de
27,7 mil milhões em relação a
Dezembro de 2022. Esta dí-
vida quadruplicou em relação
ao que herdou do Governo de
Armando Guebuza, e repre-
senta quase um terço do Pro-
duto Interno Bruto.

Gaza continua a desafiar a ciência dos números

Todos os eleitores previstos recensearam e a meta foi
superada em 103 porcento
1.5 milhões de potenciais eleitores privados de se recensear

A
Província de Gaza, a que tem maior tradição de mi- seamento nocturno, mobiles rou- maior desempenho em termos de recenseamento nocturno, acabou
gração no País, continua a desafiar a ciência dos nú- bados e transporte de eleitores de recenseamento eleitoral. superando os números em mais
meros e a desmentir as projecções do Instituto Na- áreas que não são municipais para Dos 696 mil eleitores previstos de 135%, ou seja, 58.2 mil eleito-
cional de Estatísticas (INE). Depois de, em 2019, a dentro das autarquias. em Cabo Delgado, foram recen- res de um total de 43 mil previstos
província ter inscrito mais de 300 mil eleitores fantas- Entretanto, Gaza é um caso seados 734 mil, uma realização de pelo Instituto Nacional de Esta-
mas, este ano os distritos autárquicos voltaram a repetir a marca de estudo. A província continua 105%, mesmo a província estando tística. Estes dados são referentes
ao recensear 534 mil eleitores, contra os 517 mil eleitores previstos a desafiar a ciência dos números em guerra e tendo perdido parte até 30 de Maio, quando ainda os
pelo INE, uma realização de 103,3%, ou seja, todos os cidadãos e tudo indica que poderá ter ha- dos seus eleitores por causa da eleitores ainda afluíam em massa
que vivem nas áreas municipais e com idade eleitoral activo foram vido mais um empolamento de mobilidade causada pela guerra. aos postos de recenseamento.
recensear, o que levanta desconfiança sobre a fiabilidade dos dados. dados no recenseamento eleitoral Manica surge a seguir com uma Em termos agregados, dados
De resto, o recenseamento eleitoral terminou quando ainda falta- que terminou no passado sábado, realização de 94 porcento. Manica preliminares do STAE indicam
vam por recensear 1.5 milhões de potenciais eleitores, muitos deles 03 de Junho, nas 65 autarquias do previa recensear 732 mil e inscre- que o processo de recenseamento
privados de se inscrever devido a recorrentes avarias e filas longas,
País. Segundo dados tornados pú- veu 689 mil, uma realização de abrangeu 84,9% dos 9,8 milhões
curiosamente, nas zonas onde os eleitores potencialmente votam
blicos pelo STAE, ao fim de 45 94%. de potenciais eleitores previstos,
na oposição, como Beira, Quelimane e Nampula. A CNE recusou
dias, todos foram alcançados pelo Do outro lado moeda, Niassa, ou seja, foram abrangidos 8,3 mi-
pedidos da oposição e sociedade civil para prorrogação do prazo.
recenseamento e ainda houve "ba- Tete e Inhambane foram as pro- lhões e 1,5 milhões não consegui-
cela" de 3%. víncias que menos eleitores con- ram recensear-se para as eleições
Terminou, no último sábado, para favorecer a Frelimo, que já Outro dado intrigante vem seguiram recensear. Niassa con- autárquicas de 11 de Outubro.
o recenseamento eleitoral para manifestou vontade de recuperar da Província de Cabo Delgado, seguiu abranger 65%, Tete 72% e Houve mais queixas de eleito-
as eleições de 11 de Outubro municípios nas mãos da oposição. que apesar da guerra, que levou Inhambane 74,5%. res privados de recensear-se em
próximo, um processo marcado Entre as principais queixas a que cidadãos de algumas vilas Em termos de autarquias, o zonas e municípios controlados
pela negativa por um suposto es- constam constantes avarias das e cidades municipais migrassem município de Gúruè, onde foi pela oposição ou onde a Frelimo
quema de preparação de fraude máquinas, duplo registo, recen- para outros pontos do País, teve o despoletado o primeiro caso de ganhou na tangente em 2018.
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DESTAQUE
3
Frelimo quer a Renamo sem nenhuma arma antes das eleições
O partido no poder, através da sua bancada parlamen-
tar manifestou o desejo de ver o processo de Desarma-
mento, Desmobilização e Reintegração do braço armado
da Renamo antes das eleições autárquicas agendadas para
Outubro do corrente ano. O partido no poder refere que 06 DE JUNHO DE 2023
com o fim do processo os guerrilheiros não serão usados
como instrumento de pressão pós escrutínio.

Greve suspensa por 15 para dar lugar a negociações

Após uma semana de caos, Armindo Tiago abandonou
arrogância e sentou com os profissionais de saúde
Houve hospitais às moscas, cirurgias interrompidas e internados mandados para casa
MISAU chegou a exigir documentos que confirmem existência legal da APSUSM
Mas depois do início de ver o caos causado pela greve, o Governo baixou a crista

F
oram necessários apenas quatro dias de caos nos
hospitais em quase todo o País devido a greve dos
profissionais de Saúde, sobretudo enfermeiros e
demais técnicos, para o Governo recuar da sua de-
cisão inicial de arrogância e sentar-se à mesa com
a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de
Moçambique (APSUSM), que no início disse que nem sequer
reconhecia e chegou a exigir documentos da sua existência legal.
Já na mesa negocial, o Governo, através do Ministério da Saúde
(MISAU) baixou a crista, o que permitiu que fosse alcançado um
pré-acordo que permite as partes continuarem a negociar e bus-
car uma solução, sem prejudicar aos utentes. Desta feita, a greve
foi suspensa por 15 dias e a sua retoma ou não vai depender do
consenso ou não nas negociações.

Renato Cau/Evidências
Hospitais desertos, bancos
- que habitualmente enchem
de pacientes - às moscas, fraco
movimento, pacientes deambu-
lando sem nenhuma assistência
e outros com altas compulsi-
vas, foi o ambiente vivido en-
tre o passado dia 01 de Junho
e este domingo (04), na maior
parte das unidades sanitárias
do País, incluindo hospitais de
referência.
Nalguns pontos do País em
que os pacientes estavam desa-
visados houve longas filas de
doentes implorando por algum
atendimento, mas nada era
feito, aliás, estes funcionaram
a “meio gás”, pois quase ne-
nhum técnico de saúde estava
lá com excepção dos médicos
que nada podiam fazer sem os
imprescindíveis enfermeiros.
Como se a situação já não
fosse grave o bastante, no pri-
meiro dia da greve funcioná-
rios do Hospital Provincial da
Matola deram altas hospitala-
res a vários pacientes mesmo
muitos destes estando a preci-
sar de cuidados médicos.
“Eu devia sair na próxima
semana, mas fomos recomen-
dados a prosseguir com o tra-
tamento nos centros de saúde
dos bairros, porque a situa-
ção está mal. Praticamente, o
hospital está vazio na medida
em que as pessoas estão a ser
dadas altas forçadas. Eu, por
exemplo, ainda sinto dores e
era aqui onde recebia melhores
cuidados. Agora não sei o que
será de mim”, lamentou Fábio
Mucavele, paciente que rece-
beu alta hospitalar.
Ângelo Machavane disse
que o médico recomendou
apenas que lavasse a ferida dia-
riamente com água e sabão e
que não precisava de ir a uma
unidade sanitária mais próxima
para prosseguir com o trata-
mento.
O caso mais marcante foi
de quem já estava na sala de
cirurgia e foi obrigado a aban-
doná-la, tendo que ir para casa
aguardar por uma eventual
chamada do hospital. Esse foi
o caso de Gonçalves Macarrin-
gue, que se mostrou agastado
A arrogância do MISAU que quase custou vidas
A greve dos profissionais
de Saúde, na sua maioria en-
fermeiros e técnicos da saú-
de, por 25 dias prorrogáveis
em todo o País, foi convocada
pelo presidente da APSUSM,
Anselmo Muchave no passado
dia 23 de Maio, com a previsão
de arranque que a partir do dia
com o tratamento que recebeu,
pois entende que os pacientes
não têm responsabilidade nas
reivindicações dos profissio-
nais de saúde, mas são os mais
prejudicados.
Já o Centro de Saúde de
Nkobe estava às moscas e os
pacientes eram logo recomen-
dados a voltar para casa até que
01 de Junho.
E, como tal, a reacção do
Governo através do MISAU
não se fez demorar e veio com
uma dose extra de arrogân-
cia. No mesmo dia em que foi
anunciada a greve, a instituição
dirigida por Armindo Tiago
emitiu um comunicado onde
a situação se normalize, pois
ninguém ia atender, enquan-
to que no Centro de Saúde de
Mavalane citado pelo jornal
“O País”, boa parte dos pro-
fissionais não trabalhou devido
à greve, entretanto, nem todos
estavam alinhados, por isso os
serviços de consulta decorriam
normalmente.
instava a associação a apresen-
tar os documentos de suporte
da sua existência legal, e esta
teria uma semana para provar
que é legalmente constituída.
Dias depois, houve um pri-
meiro encontro entre as par-
Continua na pag 04

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4 DESTAQUE
06 DE JUNHO DE 2023
Continuação da pag 03
tes, tendo sido produzida uma
acta que devia ser assinada
pelas partes, mas a associação
não assinou por não concor-
dar com o que foi arrolado, ou
seja, não era oque foi discutido
na reunião. No fim do mesmo
encontro, foi encenada uma
estratégia para enfraquecer o
movimento, com vários qua-
dros seniores de diferentes or-
ganizações de profissionais a
declararem desconhecer a AP-
SUM e a desencorajar a greve.
Não se dando por satisfeito,
o MISAU solicitou às entida-
des competentes, um parecer
sobre a existência legal da
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
Associação/Comissão assim
como sobre a legitimidade e
legalidade dos actos que está
a praticar e de lá nunca mais
veio resposta alguma.
Os enfermeiros consenti-
ram em silêncio as tentativas
de ridicularização da sua acção
e no dia 01 de Junho, deixaram
o Governo de cócoras quan-
to de forma unida, em todo
o país, paralisaram as activi-
dades em reivindicação con-
tra o mau enquadramento na
Tabela Salarial Única (TSU),
más condições de trabalho nas
Unidades Sanitárias, falta de
equipamentos de proteção e
insumos, entre outros.
Aderiram à greve cerca de
10 mil profissionais de saúde
a nível nacional inscritos em
várias associações de profis-
sionais de saúde que integram
enfermeiros; técnicos de saú-
de, afectos à radiologia, farmá-
cia, maternidade, laboratórios,
medicina curativa e preventi-
va, agentes de serviços, moto-
ristas, entre outros.
Várias fotos, vídeos e áu-
dios foram partilhados nas
redes sociais por técnicos de
saúde que se mostravam agas-
tados com as condições de tra-
balho às quais estão sujeitos.
“…a greve é real, não es-
tamos a brincar. Merecemos
nós, fezes são fezes que aten-
demos nas enfermarias e ou-
tros lugares, com pouco salá-
rio que não serve para nada.
Façam-nos favor, querem con-
tinuar assim? Um enfermeiro
merece um melhor salário.
Um enfermeiro atende 50 a 60
doentes e não merece nem um
copo de água, uma água quen-
te com açúcar e pão e sem
alimentação”, desabafou uma
técnica de saúde anónima em
um áudio.
Depois da "chapada" MISAU mudou de postura
Dois dias úteis e um fim-
-de-semana foi o tempo su-
ficiente para o Ministério da
Saúde abandonar a arrogância
e reconhecer uma associação
"ilegal" e com ela sentar para
dialogar para a busca de um
consenso.
"Depois do burro morto"
o director nacional dos Re-
cursos Humanos do MISAU,
Norton Pinto, que chefiou
a delegação do MISAU, re-
conheceu que o grupo de
profissionais de saúde que
outrora foi arrogantemente
questionado esteve desde o
dia 20 de Abril em negocia-
ções com o ministério tendo
obtido algum seguimento
neste último final de semana.
Fruto das negociações,
as partes declaram este Do-
mingo, em conferência de
imprensa, que foram “alguns
consensos” e compromete-
ram-se a continuar o diálogo.
Mas, mais do que isso, a gre-
ve fica temporariamente sus-
pensa por 15 dias, devendo
ser retomada caso o governo
continue a pautar pela arro-
gância.
Anselmo Muchave dis-
se, na ocasião, que a greve
só foi suspensa por 15 dias
Gurué supera previsões do INE e recenseia mais 15 mil eleitores
Depois do escândalo de recenseamento nocturno, há suspeita
de números de Gaza em Goruè. Nas previsões do INE o distrito
do Gurué, na Zambézia, iria recensear cerca de 43 mil eleitores.
Entretanto, até o dia 30 de Maio já tinha inscrito 58,2 mil eleito-
res, ou seja, 15 mil eleitores a mais do que estão previstos, o que
faz ressurgir os temores de que tenha havido um esquema amplo
de recenseamento noturno.
estudantes estagiários foram
mandados embora para as
suas casas. Para garantir servi-
ços mínimos no maior hospi-
tal de referência na província
de Maputo estavam presentes
apenas quatro técnicos.
“…na maternidade do
hospital provincial dizem que
é só socorro socorro”, avan-
çava outra grevista de um
outro hospital, confirmando
que os estudantes foram es-
corraçados.
Ainda não se sabe ao certo
quantas unidades sanitárias e
pessoas terão ficado prejudi-
cadas com a paralisação das
actividades dos profissionais
para evitar que o sofrimento lidade ou falta de legalidade". de saúde durante estes três
da população se prolongue, e dias no país todo.
nos dias em que a greve ficará Houve tentativa de Refira-se que as razões da
suspensa as negociações com substituir enfermeiros por convocação da greve têm a
o MISAU vão continuar para estudantes como na greve ver com os baixos salários,
que as exigências associação dos médicos não pagamento de horas ex-
que representa sejam satisfei- tras desde o ano passado, fal-
tas
"A decisão de suspensão
da greve por 15 dias vem de
consensos alcançados nos
dois de negociações havidas
entre a associação e o mi-
nistério da Saúde (MISAU)”,
disse Anselmo Muchave.
No entanto ao serem ques-
tionados sobre quais teriam
sido os consensos até aqui
alcançados, nenhum dos dois
soube responder e ambos
escusaram-se a avançar quais-
quer dados a respeito.
Norton Pinto foi ainda
questionado se o MISAU re-
conhece a associação com a
qual estava a dialogar ou se
estava diante de uma associa-
ção estranha ao MISAU, ten-
do (com alguns rodeios) con-
siderado que o importante é
interagir com a contraparte
que tenha assuntos que visam
melhorar a prestação de ser- Tal como aconteceu ta de condições e equipamen-
viços e bem-estar da popula- aquando da greve dos médi- tos, incluindo medicamentos
ção e vincou, “permitam-nos cos, em que o MISAU mobi- nos hospitais. Os profissio-
não discutir a questão da lega- lizou estudantes do terceiro nais relataram falta de ma-
ao sexto ano dos cursos de teriais básicos de trabalho
medicina para colmatar o dé- como luvas, batinas, botas,
fice da falta de médicos, hou- máscaras e baixos salários.
ve uma tentativa de substituir Os profissionais de saúde
os enfermeiros e técnicos por dizem ainda que a implanta-
estudantes dos cursos de en- ção da Tabela Salarial Única
fermagem. (TSU) está a causar prejuízos
Uma profissional da saú- àquela classe de profissionais
de conta que no Hospital e responsabilizam o Governo
Provincial da Matola todos por esta situação.
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DESTAQUE
5
Rússia vai fornecer material militar a Moçambique
À margem da sua visita à capital moçambicana, Maputo,
onde foi recebido em pelo Presidente da República, Filipe Nyu-
si, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei La-
vrov, anunciou que a Rússia vai fornecer equipamento militar a
Moçambique para melhorar a capacidade nacional de combate 06 DE JUNHO DE 2023
ao terrorismo na província de Cabo Delgado. Um navio poderá
atracar dentro de dias com a carga.

"Delator" do processo das dívidas ocultas tramado pela boca

Tribunal Administrativo julga improcedente recurso de Imran Issa
e mantém suspensão de 10 anos
Prevalece a decisão da Ordem dos Advogados de suspender Imran Issa
Imran Issa alegava que a OAM não tem personalidade e capacidade jurídica

E
m Novembro de 2022, a Ordem dos Advoga-
dos de Moçambique (OAM) anunciou a sus-
pensão de Imran Issa, ex-advogado de Antó-
nio Carlos do Rosário, Ângela Leão, Zulficar
Ali Ahmad e Fabião Mabunda, por um período
de 10 anos. Imran, que entrou em rota de colisão com a
instituição liderada por Duarte Casimiro depois de ter exce-
dido os limites dos actos de advocacia prestados a favor dos
seus ex-constituintes quando foi ouvido na tenda da “BO”
na condição de declarante, não se conformou com a decisão
da OAM, tendo por isso submetido um recurso no Tribunal
Administrativo (TA) da Cidade de Maputo. No entanto, as
aspirações do advogado conhecido como “delator” foram
"sol de pouca dura”, uma vez que o TA julgou improceden-
te o recurso e manteve a decisão da Ordem dos Advogados
de Moçambique.
Duarte Sitoe urbanidade e cortesia previstos a conduta do “delator” era sus- ração número 08/ PRCJ/2022
número 1 do artigo 72, alínea ceptível de aplicação da pena avançado com uma sanção de
Tudo começa no dia 25 de do espaço para que o mesmo a) do número do artigo 85 e 88 de suspensão prevista na alínea suspensão do exercício da pro-
Agosto de 2021, quando Imran fosse ouvido na condição de dos estatutos da Ordem dos f) do artigo 99 do EOAM. fissão de Imran Issa por 10
Issa, ex advogado de António declarante. Na audiência que Advogados de Moçambique, a Em Setembro de 2022, o anos, previstos na alínea f) do
Carlos de Rosários e outros teve lugar na Tenda da “BO”, OAM entende que Imran Issa plenário do Conselho Jurisdi- artigo 99 do EOAM, e nos ter-
réus das díbvidas ocultas, sub- Issa falou de factos relativos à violou os deveres de urbanida- cional da Ordem dos Advo- mos do artigo 101, conjugado
de e cortesia. Indo mais lon- gados de Moçambique, depois com as alíneas i) do artigo 4 e
Entende que, a sanção ge, a instituição chefiada por
Duarte Casimiro avançou que
de uma reunião na capital mo-
çambicana, emitiu uma delibe-
c) do número 2 do artigo 39,
ambos do EOAM.
aplicada cria uma imagem
falsa da realidade jurídica Imran Issa defendia que a OAM não tem capacidade
que lhe causa prejuízo difícil para o suspender
reparação, pela divulgação da
notícia nos diversos órgãos de Entretanto, Imran Issa ficou
inconformado com a decisão,
ção número 08/ PRCJ/2022
da Ordem dos Advogados de
OAM, aprovado pela Lei n°
28/2009, 29 de Setembro”,
comunicação social, criando tendo interposto um recurso Moçambique vai “gerar de- refere o Acórdão do Tribunal
um efeito desastroso sobre ao Tribunal Administrativo da
Cidade de Maputo. Para con-
sorganização da sua força de
trabalho e a sua manutenção,
Administrativo da Cidade de
Maputo.
o bom nome, a honra, a vencer o colégio de Juízes do bem como a sobrevivência do No entanto, os argumen-
reputação e sua credibilidade, TA, “Delator” defende que a
suspensão de 10 anos poderá
seu próprio escritório e da sua
família, uma vez que o exercí-
tos arrolados por Imran Issa
foram insuficientes para con-
tendo repercussões negativas causar prejuízos irreparáveis cio da profissão de advogado vencer o colégio de Juízes do
na gestão econômico-financeira ou de difícil reparação. é a sua única fonte de rendi- Tribunal Administrativo da Ci-

do seu escritório de advogados, “Entende que, a sanção

lesando os seus direitos e
interesses patrimoniais e não
patrimoniais.
meteu um ofício (com carác-
ter de urgência) na instituição
chefiada por Duarte Casimiro
pedindo a cessação do sigilo
profissional no âmbito do pro-
cesso querela 18/2019-C com
o claro objectivo de pautar pela
verdade quando fosse interro-
gado pelo Juiz, Ministério Pú-
blico, Ordem dos Advogados
e pelos mandatários dos réus.
A OAM deferiu o reque-
rimento do advogado, abrin-
vida de vários réus, revelando
factos que lhe foram revelados
em segredo da confiança entre
réu e advogado.
As declarações de Issa não
foram do agrado da Ordem
dos Advogados de Moçambi-
que, que, por sua vez, decidiu
instaurar um processo dis-
ciplinar com o número 01/
CJ/3ª/2022 contra o advoga-
do.
Apoiando-se nos deveres de
aplicada cria uma imagem fal-
sa da realidade jurídica que lhe
causa prejuízo difícil repara-
ção, pela divulgação da notícia
nos diversos órgãos de co-
municação social, criando um
efeito desastroso sobre o bom
nome, a honra, a reputação e
sua credibilidade, tendo reper-
cussões negativas na gestão
econômico-financeira do seu
escritório de advogados, lesan-
do os seus direitos e interesses
patrimoniais e não patrimo-
niais”, lê-se no Acordão do
Tribunal Administrativo que o
Evidências teve acesso.
Se por um lado, Imran Issa
entende ainda que a Delibera-
mento, causando prejuízos
de difícil reparação, estando
preenchido o requisito da alí-
nea a) do n° 1 do artigo 132 da
LPAPAC”.
Por outro, alega que a insti-
tuição chefiada por Duarte Ca-
simiro não tem personalidade
e capacidade jurídica para to-
mar a decisão de o suspender
por um período de 10 anos.
“Entende que o plenário
do Conselho Jurisdicional da
Ordem dos Advogados de
Moçambique não tem perso-
nalidade jurídica e nem capa-
cidade judiciária, porquanto,
in casu, o órgão é o Conselho
Jurisdicional, nos termos n*
3 do artigo 6 do Estatuto da
dade de Maputo, uma vez que
negaram o provimento do pe-
dido da suspensão da decisão
da OAM.
“Termos em que, em nome
da República de Moçambique
e da Lei, acordam os Juízes de
Direito no Tribunal Adminis-
trativo da Cidade de Maputo,
em negar o provimento ao pe-
dido de suspensão de eficácia
do acto administrativo solici-
tado pelo requerente Imran
Ahmad Adam Issa, por não
estarem reunidos, cumulativa-
mente, os requisitos exigidos
no n: 1 artigo 132 da LPA-
PAC”, conclui o Acórdão do
Tribunal Administrativo da
Cidade de Maputo.
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6 SOCIEDADE
Deslocados de Malawi realojados em Niassa
Mais de 2000 deslocados do Malawi foram realojados em Nias-
sa, na sequência da passagem do ciclone Freddy naquele país. O
facto foi revelado pela organização não-governamental (ONG)
ActionAid.“A maioria dos refugiados gostaria de permanecer em
06 DE JUNHO DE 2023 Moçambique, alegando boas condições sociais e naturais e temem
que ao voltar a Malawi não tenham a mesma sorte de escapar em
casos de futuros ciclones”, refere a ActionAid num comunicado.

No círculo eleitoral da Zambézia só escapou Hélder Injojo

"Fofoca" leva Caifadine Manasse a processar criminalmente
23 deputados da Zambézia

D
epois de ter sobrevivido, no Comité Central
de Março último, a uma tentativa de afas-
tamento do partido, iniciado pelo Comité
Provincial da Zambézia, que após um pro-
cesso disciplinar acabou por expulsá-lo por
alegadamente promover intrigas, Caifadine Manasse pa-
rece estar disposto a lutar até ao fim. Quando todo mundo
pensava que o dossier do seu afastamento na Zambézia
estava encerrado, eis que o antigo secretário de Mobili-
zação e Propaganda do partido acaba de esticar a corda,
levando para a barra da justiça 23 dos 25 membros do seu
círculo eleitoral, num caso que envolve muita fofoca entre
os camaradas.
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Evidências
Em Março do corrente, o
deputado da Frelimo, Caifa-
dine Manasse, que desempe-
nhava o cargo de secretário
para a Mobilização e Propa-
ganda, foi afastado pelo Co-
mité Provincial da Frelimo
na Zambézia, acusado de es-
tar a promover intrigas e de
ter proferido palavras e acu-
sações contra seus camaradas
e superiores hierárquicos no
partido e na Assembleia da
República.
De acordo com a acusação
do Comité da Verificação
da Zambézia que o Evidên-
cias teve acesso e publicou
em primeira mão, Caifadine
Manasse era acusado de ter
referido diante dos seus pa-
res deputados em Alto Moló-
cue, numa missão parlamen-
tar, que Nyusi está a fazer
de tudo para viabilizar um
suposto terceiro mandato,
numa altura em que se mos-
tra incompetente para acabar
com o terrorismo, na própria
província onde se viu nascer.
A nota de culpa a que Cai-
fadine Manasse devia res-
ponder, antes da tomada de
decisão do seu afastamento,
dizia ainda que este desquali-
ficou a Roque Silva, proferiu
injúrias contra outros colegas
e agitou alguns membros do
partido para a desobediência
aos órgãos da Frelimo, de-
mocraticamente eleitos, para
além deste ter desqualificado
as competências de Damião
José. A acusação, segundo se
lê no documento, refere que
Manasse referiu que a eleição
de Damião José representava
uma baixa para a província.
Num outro desenvolvi-
mento, Caifadine Manasse é
ainda indiciado de ter incri-
minado os colegas Hélder Er-
nesto Injojo (actual primeiro
vice-presidente da Assem-
bleia da República), Damião
José, Momade Arnaldo Juízo,
Sábado Alamo Chombe e
Deolinda Catarina Chocho-
ma no narcotráfico, no pro-
palado processo de tráfico
drogas no Porto de Macuse,
na província da Zambézia,
onde, coincidentemente, viu
seu primo detido por estar
envolvido no trafico.
Diz a nota que Manasse
acusou Manuel Amílcar de
Jesus Eliseu e Abdul Lati-
fo Momade Mussa, ambos
membros do Comité Provin-
cial e directores provinciais
de Género, Criança e Acção
Social e das Alfândegas,
respectivamente, de serem
os veículos usados para a
facilitação do escoamento
e comercialização da droga,
servindo-se em parte das
funções.
Por causa desta e de outras
fofocas e intrigas dos cama-
radas na Zambézia, o Comité
Provincial decidiu afastá-lo
e tudo estava encaminhado
para que fosse afastado do
Comité Central, mas tal não
aconteceu porque alguns ca-
maradas da ala dura do par-
tido contestaram, alegando
que um órgão inferior era
incompetente para expulsar
um membro do órgão cen-
tral.
Sobreviveu, embora iso-
lado, inclusive ter sido dado
costas por aqueles que se
serviram dele quando era
"chefe", Caifadine voltou
agora para se vingar daqueles
que entende que estiveram a
conspirar contra ele.
Quase todo círculo eleito-
ral vai a tribunal
Por entender que os cama-
radas pontapearam a Consti-
tuição da República, Código
Civil e os Estatutos da Fre-
limo, Manasse submeteu, no
passado dia 31 de Maio de
2023, na Procuradoria-Geral
da República (PGR) em Ma-
puto, uma participação cri-
minal contra 23 deputados
e membros proeminentes
da Frelimo na província da
Zambézia.
Caifadine Manasse enten-
de que Aida Maria Soares
Gouveia, Alice Ana Francis-
co Xavier Kufa, Arlinda Ci-
priano de Sousa, Assia Paulo
Cipriano Abudo Ali, Carimo
Fretas de Oliveira, Clarice
da Esperança Milato, Claú-
dio Fernandes da Meta Fone
Wah, Damião José, Deolinda
Catarina João Chochoma,
Eusébio Nanguia Nipite Mu-
lange, Inácia Henriques Car-
neiro Ngonde, João Catemba
Chacumba, Josefa Jacinto
Música, Lúcia José Madeira,
Momade Arnaldo Juízo, Sá-
bado Alamo Chombe, Sabir
José Vasco Maquege, Safi
Mahomed Reman Gulamo,
Sara Maria Ubisse Ussuma-
ne, Sebastião Inácio Saíde,
Zainane Memane Ossumane
e Zuria Tuaibo Assumane
cometeram crime de calúnia
por terem, supostamente,
dito que foi ele que quem
associou o nome de Hélder
Injojo, vice – presidente da
Assembleia da República, ao
narcotráfico.
“Tais factos ofensivos e
caluniosos à honra e ao bom
nome do Participante, para
além de fazerem referência
a uma figura que na sequên-
cia é Vice-Presidente de um
Órgão de Soberania, ligam-se
ao narcotráfico, um dos mais
sofisticados crimes da actua-
lidade, sendo parte da crimi-
nalidade organizada e até da
criminalidade transnacional”,
lê-se na participação na pos-
se do Evidências.
Foi através do escritó-
rio de advocacia, Custódio
Duma, Advogados e Consul-
tores, que Caifadine Manasse
desferiu um contra – ataque
“venenoso” aos 23 deputa-
dos da Frelimo no Círculo
Eleitoral da Zambézia. Aliás,
somente Helder Injojo, por
sinal uma das vítimas da fo-
foca, é que não é arguido no
processo.
O ainda deputado da Freli-
mo entende que por conta da
falsidade dos 23 camaradas
foi alvo de chacota nas redes
sociais, nos órgãos de comu-
nicação nacional e interna-
cional, tendo citado duas pu-
blicações do Evidências.
“O Jornal Evidências, na
sua edição de 21 de Março,
na página 11 destaca esta in-
formação: 'Falta a Confirma-
ção do seu Afastamento no
Comité Central - Caifadine
Manasse corrido do Comité
Provincial' (...) O Jornal Evi-
dências, na sua versão onli-
ne do dia 21 de Março, tem
como manchete: "Caifadine
Manasse corrido do Comité
Central”, refere a participa-
ção.
Caifadine Manasse defen-
de, por outro lado, que acção
dos 23 deputados provocou
danos de difícil reparação
na sua vida pessoal, família,
profissional e, sobretudo,
política, enquanto militante
sénior do partido Frelimo
onde construiu a sua carreira
e exerceu funções de muita
responsabilidade.
Indo mais longe, Manasse
não tem dúvidas de que os
seus camaradas não só man-
charam a honra e o seu bom
nome, mas também destruí-
ram o seu carácter e a sua re-
putação, entre tudo que gran-
jeou ao longo de todos estes
anos de militância no parti-
do, daí que decidiu participar
criminalmente os visados e
“requerer a abertura da res-
pectiva Instrução, nos ter-
mos da lei, tendo em conta
em foro apropriado dos De-
putados, devendo o processo
ulteriores termos até a final”.
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EDITORIAL
06 DE JUNHO DE 2023
Eleições excludentes e
férteis à fraude
O processo de recenseamento
eleitoral para as VI Eleições Autár-
quicas, a decorrerem no próximo
dia 11 de Outubro de 2023 nas 65
autarquias do País, foi dado por en-
cerrado, com potenciais eleitores
na boca dos postos de recensea-
mento, porém limitados de exercer
o direito.
Este cenário foi testemunha-
do por diferentes direcções pro-
vinciais da Comissão Nacional de
Eleições (CNE) no último dia do
recenseamento, mas nem perante a
este quadro de enchentes nos pos-
tos de recenseamento as autorida-
des eleitorais foram sensibilizadas
a prorrogar os prazos para que os
que não tiveram a oportunidade re-
censear tivessem uma última chan-
ce.
Dos dados da própria CNE,
consta que até dia 31 de Maio, os
órgãos eleitorais tinham recen-
seado 7.773.622 de eleitores, dos
9.877.829 eleitores projectados, o
que representa uma realização de
78.70%. Ou seja, mais de dois mi-
lhões de potenciais eleitores não
tinham exercido o direito três dias
antes do fim do processo.
E a nível das zonas autárquicas
estavam recenseados 4.309.434, da
estimativa de 5.243.539 eleitores,
o que correspondia a 82,19% de
realização. A única medida toma-
da para exibir a aparente vontade
de dar oportunidades a estes foi a
extensão do horário das 07:00 às
00:00.
Não foi só o último dia do re-
censeamento que colocou os ór-
gãos eleitorais a assumir uma pos-
turam indignante. No decurso dos
45 dias, foram reportados e prova-
das irregularidade a todos níveis,
envolvendo o partido dominante,
como se existisse uma ordem para
institucional a fraude do processo
que se avizinha. Neste contexto,
foram surpreendidos eleitores em
casa dos secretários do partido,
7
recenseamento noturnos, recen-
seamento a eleitores fora das áreas
municipais, avarias das máquinas
nos municípios onde a oposição
tem maior aceitação (além de te-
rem poucas máquinas nestes muni-
cípios) entre outras irregularidades
mais gravosas.
É este cenário que forçou o pedi-
do de prorrogação do prazo pelos
dois maiores partidos políticos da
oposição e de organizações da so-
ciedade civil, com destaque para a
avaria das máquinas e exclusão dos
membros da Renamo e Movimen-
to Democrático de Moçambique
(MDM), nas províncias dominadas
pela oposição, porém, sem sucesso.
Na cidade da Beira, por exem-
plo, relata-se um insólito de que o
director-Distral do STAE (Secre-
tariado Técnico da Administração
Eleitoral) chegou a criar um “cor-
dão de segurança” para impedir
o recenseamento dos membros e
simpatizantes dos partidos políti-
cos da oposição, os potenciais elei-
tores tiveram de madrugar para ga-
rantir os primeiros lugares das filas.
Para a CNE, os motivos alegados
nos três pedidos não constituem
irregularidades típicas das opera-
ções do recenseamento eleitoral,
pelo que não deu provimento às
três solicitações. Acrescenta que
os motivos elencados não vêm
acompanhados de provas e que
“não consubstanciam qualquer
violação à Lei, por serem aspec-
tos técnicos que podem ocorrer
independentemente da vontade
humana”. É uma reação que colo-
ca todos os órgãos eleitorais mais
próximos de cumplicidade com
as irregularidades, colocando em
causa a integridade e credibilida-
de do processo eleitoral, quando
no lugar de repudiar e corrigir
irregularidades opta por desdra-
matizar episódios que mostraram
claramente a existência de uma
operação de fraude institucional.
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8 SOCIEDADE
Acidentes de viciação matam 15 pessoas em uma semana
De acordo com dados que foram tornados públicos pela
Polícia da República de Moçambique (PRM), pelo menos 15
pessoas morreram na última semana nas estradas moçambi-
canas vítimas de 18 acidentes de viação, dos quais destacam-
06 DE JUNHO DE 2023 -se cinco choques entre carros e quatro atropelamentos. Para
além de matar, os sinistros rodoviários provocaram ferimen-
tos 35 pessoas.

Havia feito uma ligação clandestina e foi multado em 60 mil meticais

Empresário encontrado a "roubar" água para sua
mansão no Triunfo

N
o âmbito da campanha inspectiva nos
domicílios em que se suspeita haver uso ilegal
no abastecimento de água da rede pública e
devedores, uma brigada da empresa Águas da
Região Metropolitana de Maputo, SA (AdRMM)
flagrou uma ligação clandestina na mansão de dois pisos de um
conhecido empresário, localizada no nobre bairro do Triunfo.

De acordo com uma nota da te, água canalizada.

empresa Águas da Região Me- Os técnicos da AdRMM sus-
tropolitana de Maputo, os afor- peitavam de alguma inconfor-
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tunados proprietários da man-
são fizeram um "bypass" para
poderem usar, fraudulentamen-
midade na referida residência,
dado que já havia oito facturas
por pagar no valor de 9.736,12
MT, mas ficaram surpreendidos
ao constatar que a água que era
consumida não passava pelo
contador, e que ia directamen-
te da tubagem da rede pública
para os tanques de água da casa.
Acto imediato, a brigada da
AdRMM desmantelou a ligação
clandestina, cortando o aces-
so deste precioso líquido à re-
ferida residência, para além de
tomar providências legais para
cobrança coerciva das dívidas
e multas, no valor global de
60,000,00 MT.

Com apoio do Banco Mundial

Governo lança Programa de Ligações Subsidiadas para a
População de Baixa Renda

O
Governo, através do Ministério das Obras Bolanger.
Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, lançou, Bolanger avançou, por outro
na última semana, na Cidade da Beira, província lado, que dada as dificuldades fi-
de Sofala, o Programa de Ligações Subsidiadas nanceiras, o programa vai ajudar
para a População de Baixa Renda com vista as pessoas carenciadas a terem o
a proporcionar subsídio de água aos mais carenciados nas acesso a água potável a baixo cus-
províncias de Sofala, Tete, Nampula e Cabo Delgado. O programa to. “Os beneficiários poderão de
orçado em dois milhões de dólares a serem desembolsados pelo forma simples realizar ajustes de
Banco Mundial vai assegurar numa primeira fase que cerca de pagamento através da Plataforma
vinte mil agregados familiares tenham acesso a água canalizada. de cobrança e sua sincronização
com as plataformas de pagamento
Jossias Sixpence - Beira móvel tudo isso com vista a faci-
Durante o lançamento do Pro- lizada, sendo que o Executivo vai litar o pagamento das facturas pe-
grama de Ligações Subsidiadas suportar 97,5% das despesas de los beneficiários”.
para a População de Baixa Renda, cada contrato, ou seja 4.192 Me- Refira-se que esta é a primeira
o ministro das Obras Públicas, ticais e famílias beneficiárias vão taforma de Gestão de Diálogo e numa primeira fase a abranger as vez que se implementa um pro-
Habitação e Recursos Hídricos, pagar apenas 108 meticais. Reclamações. Os beneficiários po- províncias de Sofala, Tete, Nam- grama do género em Moçambi-
Carlos Mesquita explicou que “Este Programa denominado derão de forma simples e rápida pula e Cabo Delgado. que, sendo que entre 2007 e 2011
esta iniciativa surge no âmbito do OBA foi concebido a pensar nas a partir da plataforma apresentar “Numa primeira fase o pro- a Cidade de Maputo conseguiu
projecto WASIS II, por sinal uma famílias de baixo rendimento que reclamações ou sugestões refe- jecto é de 165 milhões de dólares levar a água canalizada para as
parceria entre o Governo e o Ban- não têm capacidade para paga- rentes aos processos das ligações norte-americano, portanto agora famílias carenciadas através da
co Mundial. mento antecipado dos custos de subsidiadas”, referiu o governante se está na fase de construção de implementação de uma experiên-
De acordo com Mesquita, ligação domiciliária de água que para depois adiantar que o regime novo sistema de abastecimento de cia bem-sucedida de pagamentos
através do Programa de Ligações actualmente custa 4.300 Meticais. de facturação será mensal. água em Mutua, que poderá desta baseados nos resultados imple-
Subsidiadas para a População No âmbito da implementação do Na qualidade de representante forma facilitar o fornecimento de mentados pela Parceria Global
de Baixa Renda cerca de 106 mil Programa, o Governo, através do do Banco Mundial, Pierre Bolan- águas as cidades de Dondo e Beira sobre Ajuda Baseada nos Resul-
pessoas terão acesso a água cana- FIPAG vai disponibilizar a Pla- ger revelou que o programa vai a mais de 375 mil pessoas”, disse tados (GPO).
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POLÍTICA
9
Ossufo Momade vinca que vai cumprir o mandato
A liderança de Ossufo Momade tem sido alvo de contesta-
ções no seio da Renamo. Os desmobilizados liderados pelo seu
ex-chefe de Estado-Maior General, Timosse Maquinze, exigem
a demissão Momade. Momade minimiza as contestações à sua
liderança por parte de alguns guerrilheiros e diz que vai cum-
prir o seu mandato até ao fim porque está eleito e está dentro
06 DE JUNHO DE 2023
do mandato.

África do Sul pondera mudar local para evitar hipotética detenção de Vladmir Putin
Moçambique apontado como local possível para acolher cimeira dos BRICS

O
governo sul-africano está a ponderar mudar o
local da cimeira dos BRICS devido ao mandado
emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)
para a detenção de Vladimir Putin. De acordo
com a Bloomberg, que cita fontes familiarizadas
com o processo, alternativas como China e Moçambique estão a
ser consideradas, uma vez que ambos não são Estados-parte do
Estatuto de Roma, documento que estabeleceu a criação do TPI.
Para já, o Governo sul-africa- governo de Brasil, Índia e Chi-
no não colocou, de forma oficial, na, para a cimeira dos BRICS,
esta hipótese em cima da mesa e agendada para os dias 22 a 24
o Evidências apurou que o Go- de Agosto deste ano. O acróni-
verno de Moçambique não foi mo BRICS diz respeito aos cin-
ainda contactado, no entanto, já co países que compõem o gru-
está agendado um encontro en- po (Brazil, Russia, India, China,
tre Filipe Nyusi e Putin, dentro South Africa), todos considera-
de dias, em San Petersburg, na dos superpotências económicas
cimeira África-Rússia. emergentes.
"Tanto quanto sabemos, o O problema da presença de
local da cimeira foi anunciado Vladimir Putin em solo sul-afri-
como sendo Gauteng, na Áfri- cano prende-se com o mandado
ca do Sul. É o que sabemos até de detenção emitido pelo TPI a
à data", disse Lunga Ngqengele, 17 de Março. A par da comissária
porta-voz do gabinete da minis- russa para os direitos das crian-
tra dos Negócios Estrangeiros da ças, Maria Lvova-Belova, o pre-
África do Sul, Naledi Pandor. sidente russo foi acusado de de-
O governo liderado por Cyril portação ilegal e transporte ilegal
Ramaphosa convidou Vladimir de crianças de áreas ocupadas da
Putin, bem como os chefes de Ucrânia para a Federação Russa.
A África do Sul, sendo Esta-
do-parte do Estatuto de Roma,
teria obrigatoriamente de deter
o líder do Kremlin caso este en-
trasse no país, sob pena de violar
o direito internacional e as pró-
prias leis domésticas.
"Não há absolutamente ne-
nhuma base legal para o governo
sul-africano não prender Putin",
disse à Fox News Priyal Singh,
investigador sénior do Instituto
de Estudos de Segurança (ISS),
em Pretória. "Como parte do
Estatuto de Roma, a África do
Sul tem a clara obrigação in-
ternacional de cumprir os seus
compromissos e efetuar a deten-
ção. Além disso, como país que
incorporou estas obrigações na
legislação nacional, o governo
estaria efetivamente a violar as
suas próprias leis se não proce-
desse à detenção”, completou.
No início desta semana, o go-
verno de Cyril Ramaphosa anun-
ciou que todos os líderes presen-
tes na cimeira, incluindo Putin,
iriam beneficiar de imunidade
diplomática.
O certo é que a África do Sul
já falhou, por uma vez, o cum-
primento de ordens do TPI: em
2015, o então presidente sudanês
Omar al-Bashir deslocou-se ao
país para um encontro de líde-
res da União Africana. Durante
a sua estadia, Al-Bashir, alvo de
dois mandados de detenção do
TPI, um por crimes de guerra e
crimes contra a Humanidade, e
outro por genocídio, foi proibido
de sair da África do Sul enquanto
um tribunal local decidia se o lí-
der sudanês deveria ser entregue
às autoridades internacionais.
No entanto, Omar al-Bashir
acabou mesmo por ser autoriza-
do a deixar a África do Sul antes
da deliberação, o que gerou crí-
ticas de organizações de defesa
dos direitos humanos como a
Amnistia Internacional. Poste-
riormente, o Supremo Tribunal
da África do Sul considerou que
o governo então liderado por
Jacob Zuma actuou ilegalmente,
e o TPI concluiu que o executi-
vo sul-africano falhou no cum-
primento das suas obrigações
internacionais.

GI-TOC diz que há um polícia que controla o business

Aeroportos de Maputo, Nampula e Pemba entre os corredores de
tráfico de drogas e produtos de vida selvagem

U
ma recente pesquisa intitulada “Con- de cargas do aeroporto de
vergência de Crimes de Vida Selvagem Maputo é maioritariamente
e outras Formas de Crime Organizado controlado por um funcio-
Transnacional na África Oriental e Sul”, nário da Divisão de Am-
levada a cabo pela Iniciativa Global con- biente da Polícia de Moçam-
tra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC) coloca bique. Observa-se que esse
os Aeroportos de Maputo, Nampula e Pemba como cor- indivíduo-chave tem um
redores de tráfico de drogas e da vida selvagem. estilo de vida que está além
das possibilidades de um
Duarte Sitoe
funcionário do Governo de
Depois de colocar os é um dos correios usados nível médio em Moçambi-
Portos de Pemba e Nacala para exportar drogas para a que. O contrabando é leva-
no mapa do tráfico de dro- Índia, sendo que as mesmas do para o terminal de cargas
gas na África Austral, no entram pelo norte da costa de três maneiras principais”,
seu mais recente relatório, moçambicana e seguem via revela o relatório para pos-
a Iniciativa Global contra o terrestre para Maputo onde teriormente apontar na meros, a pesquisa a Inicia- 70 quilogramas de efedrina,
Crime Organizado Transna- posteriormente são trans- terminal de passageiros o tiva Global contra o Crime 202,5 quilos de mira/khat e
cional revela que os Aero- portados por via aérea para tráfico “é maioritariamente Organizado Transnacional 1,4 quilo de ecstasy.
portos de Maputo, Nampula aquele país asiático. controlado por dois funcio- aponta que, entre 2016 e Ainda no período em alu-
e Pemba são corredores de A rede global, composta nários que trabalham para o 2021, 108 pessoas foram de- são, 12 pessoas foram presas
tráfico de drogas e produtos por mais de 600 especialis- Departamento de Inspecção tidas no Aeroporto Interna- após terem sido flagradas
da vida selvagem. tas em todo o mundo, re- do Ministério da Agricultu- cional de Maputo por terem pelas autoridades da lei e or-
Para a GI – TOC, o Ae- fere ainda que o tráfico de ra, sediado no aeroporto: sido surpreendidas na posse dem na posse de produtos
roporto Internacional de drogas é controlado pelos um funcionário superior e o drogas, nomeadamente, 65 de vida selvagem com des-
Maputo, a par do Aero- funcionários do maior ae- seu assistente e o pessoal de quilos de cocaína, 81,5 qui- taque chifres de rinoceronte,
porto Internacional Oliver roporto do país plantão”. los de heroína, 85,5 quilo- marfim, escamas pangolim,
Tambo na África do Sul, “O tráfico no terminal No que respeita aos nú- gramas de metanfetamina, dentes e garras de leão.
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10
MDM exige demissão dos ministros que conceberam a

POLÍTICA Tabela Salarial Única

Apos a terceira revisão na Tabela Salarial Única o porta –
voz da bancada parlamentar do MDM, Fernando Bismarques
referiu que com a nova mexida na TSU o Estado vai poupar
cerca de quatro mil milhões de meticais, mas exigiu, por ou-
06 DE JUNHO DE 2023 tro, a demissão dos ministros que conceberam o instrumento
aprovado pelas três bancadas.

CDD diz que TotalEnergies pode violar soberania nacional

ao impor retirada das FADM de Afungi

J
ean-Christophe Rufin, personalidade reconhecida
pela sua experiência nas áreas de acção humanitária
e de direitos humanos, depois de avaliar a situação
humanitária na província de Cabo Delgado
recomendou que o memorando de entendimento
entre as Forças Armadas e Defesa de Moçambique (FADM)
e as petrolíferas, que prevê pagamento de bónus para que os
militares não violem os direitos humanos, deve ser revisto, ou
seja, deve ser cortada qualquer ligação directa entre o consórcio
liderado pela TotalEnergies e o exército moçambicano.
O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD),
uma organização da sociedade civil, observa que a retirada
da FADM de Afungi poderá colocar em causa a Política de
Defesa Nacional e a soberania nacional.
Duarte Sitoe
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

No seu relatório, Jean-Chris-
tophe Rufindefende que o
acordo rubricado entre o con-
sórcio liderado pela TotalEner-
gies e as Forças Armadas e De-
fesa de Moçambique (FADM)
deve ser revisto, ou seja, referiu
que se deve cortar qualquer li-
gação directa entre as petrolífe-
ras e o exército moçambicano.
No rol das justificações para
recomendar fim da relação en-
tre as FADM o consórcio li-
derado pela multinacional fran-
cesa, o especialista nas áreas de
acção humanitária e de direitos
humanos observa que a mesma
pode violar o Direito Interna-
cional Humanitário (Conven-
ções de Genebra de 1949 e
Protocolos Adicionais 1977),
uma vez que o projecto poderá
fazer parte no conflito.
A possível saída das Forças
Armadas e Defesa de Moçam-
bique de Afungi abre espaço
para as tropas ruandesas cuja
as suas operações serão finan-
ciadas pelo consórcio liderado
pela TotalEnergies. Na visão
do Centro para a Democracia
e Desenvolvimento (CDD),
a recomendação deixada por
Jean-Christophe Rufin pode
transformar a zona onde está
localizado o maior investimen-
to estrangeiro da história do
continente africano como um
pequeno Estado dentro do ter-
ritório nacional.
A organização da sociedade
civil liderada por Adriano Nu-
vunga apoia-se no artigo 7 da
Lei no 18/2019, de 24 de Se-
tembro, Lei da Defesa Nacio-
nal e das FADM, para lembrar
ao Executivo que é seu dever e
dos cidadãos defender integri-
dade e inviolabilidade do país.
“A actividade desenvolvida
peloEstado e pelos cidadãos
que visa defender a indepen-
dência e a unidade nacional,
preservar apaz, a soberania, a
integridade e a inviolabilidade
do País, garantir o funciona-
mento normal dasinstituições e
a segurança dos cidadãos con-
traqualquer ameaça ou agres-
são”, refere o artigo 7 da Lei da
Defesa Nacional e das FADM.
Prosseguindo, o CDD citou
o artigo 8, da Lei n.º 12/2019,
de 23 de Setembro, estabelece
que a componente militar da
Defesa Nacional é assegurada
pelas Forças Armadas de Defe-
sa de Moçambique (FADM) e a
não militar pelos demais órgãos
do Estado, para lembrar que as
(FADM); Polícia da República
de Moçambique (PRM); e Ser-
viços de Informação e Segu-
rança do Estado (SISE) são o
que tem a missão de defender
a soberania nacional ao invés
das forças ruandesas tal como
recomenda Jean-Christophe
Rufin no seu relatório.
Aliás, aquela organização da
sociedade apoia-se ainda na Lei
n.º 12/2019, de 23 de Setem-
bro para referir que as Forças
Armadas de Defesa de Mo-
çambique têm a “missão de as-
segurar a defesa militar contra
quaisquerameaças ou agressões
externas, incluindo o terroris-
mo ou extremismo violento”.
Olhando para a legislação
em vigor no país, o Centro
para a Democracia e Desenvol-
vimento observa que a retirada
da FADM de Afungi poderá
colocar em causa a Política de
Defesa Nacional e a soberania
nacional.
“Um dos objectivos fun-
damentais da Política de De-
fesa e Segurança é defender
o património e os interesses
vitais e estratégicos nacionais.
Ora, não há dúvidas de que os
projectos de LNGda bacia do
Rovuma são interesses vitais
e estratégicos que merecem a
protecção por parte dasFDS,
sobretudo num contexto em
que Cabo Delgado regista ata-
ques dos extremistas violentos.
Por tanto, a retirada das FADM
de Afungi põe em causa a Po-
lítica de Defesa Nacional e a
soberania nacional”, concluiu
o CDD.

Frelimo quer ir às eleições autárquicas com Renamo

totalmente desarmada

A
Frelimo, partido no poder em Moçam- Ossufo Momade, de trabalha- Magalhães, defendeu que o fim da Renamo para a repressão
bique, defende que o desarmamento do rem para o encerramento da do processo de DDR não deve política da oposição e de vo-
braço armado da Renamo, oposição, deve última base do braço armado ser usado para a violação das zes críticas à administração do
terminar antes das eleições autárquicas de do movimento em junho. regras democráticas em Mo- país.
Outubro, para os guerrilheiros não serem “Regozijamo-nos agora çambique. O Presidente moçambica-
“usados” como instrumento de pressão no escrutínio. pelo facto de o processo de “Não basta a assinatura de no, Filipe Nyusi, disse no dia
Desarmamento, Desmobiliza- vários acordos de paz, quando 23 no Conselho de Segurança
“Queremos que este pro- do no poder, na Assembleia da ção e Reintegração [DDR] dos a génese dos problemas conti- das Nações Unidas, em Nova
cesso se realize antes das República. guerrilheiros da Renamo estar nua inerte. O DDR não deve Iorque, que a última base do
eleições autárquicas, porque, Pantie falava durante o dis- a caminhar para o seu fim, pre- ser usado como forma de si- braço armado da Renamo deve
muitas vezes, são usados os curso de encerramento da séti- vendo-se o encerramento da lenciar os moçambicanos, para fechar em Junho, arrancando
homens residuais armados ma sessão da nona legislatura sua última base em Gorongo- se pisotear a essência da demo- depois o pagamento de pen-
da Renamo como camião de do parlamento. sa, na província de Sofala, em cracia”, enfatizou Magalhães. sões aos ex-guerrilheiros.
guerra para as eleições”, afir- Nesse sentido, assinalou o junho próximo”, destacou o O chefe da bancada parla- O DDR é parte do Acordo
mou, nesta quarta-feira (31), compromisso do Presidente chefe da bancada parlamentar mentar do principal partido da de Paz e Reconciliação Na-
Sérgio Pantie, chefe da banca- da República, Filipe Nyusi, e da Frelimo. oposição aludia a um aparente cional assinado em 2019 pelo
da da Frente de Libertação de do líder da Resistência Nacio- Por seu turno, o líder da risco de o Governo usar o de- Governo moçambicano e pela
Moçambique (Frelimo), parti- nal Moçambicana (Renamo), bancada da Renamo, Viana sarmamento do braço armado Renamo. Lusa
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06 DE JUNHO DE 2023 11
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12
Dois estrangeiros presos um arsenal de guerra em Manica
CENTRAIS Um cidadão de nacionalidade portuguesa e outro de nacionali-
dade zimbabwena foram surpreendidos na cidade de Chimoio, pro-
víncia de Manica, pela Polícia da Republica de Moçambique (PRM)
na posse de mais de 30 armas entre pistolas e caçadeiras de alto
calibre, curiosamente parecidas com as apreendidas no ano passado
06 DE JUNHO DE 2023 em Ressano Garcia e que depois foram autorizadas pelo Comando
Geral num processo controverso.
13
Polícia tanzaniana apreende marfim proveniente de Moçambique
As autoridades da lei e ordem da ordem na Tanzânia con-
fiscaram, recentemente, no Aeroporto Internacional de Dar CENTRAIS
Es Salaam confiscou, caixas contendo pontas de marfim e ou-
tras peças de animais selvagens, que haviam sido despachadas
a partir do Aeroporto de Pemba, tendo como destino Kuala
Lumpur, na Malásia. Os produtos da vida selvagem estavam na 06 DE JUNHO DE 2023
caixa contendo mariscos.

Rússia diz que respeita posição do nosso País

Embaixada ucraniana em Maputo não vai beliscar a neutralidade de Moçambique
Nyusi voltou a mostrar disponibilidade de Moçambique acolher negociações de paz
Paulo Wache observa que Moçambique esta ser palco de negociações sobre o conflito
Rui Mendes não tem dúvidas que os dois países querem mudar a posição neutral

D
esde o início da guerra na Ucrânia, Moçambique tem mantido uma porta do diálogo com a ou- agenda, da sua constituição No início do conflito Ango-
posição de neutralidade, apelando desde a primeira hora a uma paz tra parte”, declarou Wache e do seu perfil. Você apenas la pautou pela neutralidade,
negociada. Entretanto, nas últimas duas semanas, viu a sua posição citado pelo DW. tem que fazer uma diploma- mas acabou mudando a sua
colocada ao limite. Quase uma semana depois de ter recebido o mi- cia explicativa. Moçambique posição por culpa da pres-
nistro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dimitri Kuleba, com o "Os dois países tem que se explicar aos seus são externa. Não acredito
objectivo de reforçar as relações de cooperação entre os dois países, tendo na ocasião pretendem mudar a parceiros, porque ele não que Moçambique se deixe
anunciado a intenção de instalar uma embaixada em Maputo, o ministro dos Negó- posição neutral de pode ser nem pró-Rússia pressionar pelo ocidente
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cios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov esteve no País com a mesma agenda, tendo
anunciado a retoma de alguns memorandos cujo cumprimento ficou prejudicado por
causa da pandemia, incluindo a entrega de material bélico, dentro de semanas, para re-
forçar a capacidade nacional no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.
A situação leva analistas a acreditarem que o País está aos poucos a assumir uma posi-
ção estratégica no concerto das nações. Enquanto o analista Rui Mendes aponta que os
dois países do velho continente estão a fazer uma operação de “charme” no sentido de
mudar a posição neutral de Moçambique em relação ao conflito, Paulo Wache observa
que Moçambique está a ser palco de negociações e até mesmo de influências sobre o
conflito na Ucrânia.
Duarte Sitoe
Num intervalo de seis
dias Moçambique recebeu
visitas dos chefes da di-
plomacia da Ucrânia e da
Rússia. O ministro das Re-
lações Exteriores da Ucrâ-
nia, Dmytro Kuleba, foi o
primeiro a escalar a cidade
de Maputo, onde manteve
encontro com o Presidente
da República.
À margem do encontro,
Kuleba manifestou a inten-
ção do seu país de abrir uma
representação diplomática
em Moçambique até o fim
do corrente ano, facto que
foi colhido com agrado por
Filipe Nyusi que reiterou
que é pela solução negocial
entre os dois países, tendo
na ocasião mostrado dis-
ponibilidade para acolher o
diálogo no território nacio-
nal para o alcance da paz.
Volvidos cinco dias de-
pois do chefe da diploma-
cia da Ucrânia visitar Mo-
çambique, o ministro das
Relações Exteriores, Sergei
Lavrov, visitou a capital
moçambicana com “quase”
uma agenda similar ado seu
homólogo ucraniano.
Durante a conferência de
imprensa conjunta com o
ministro das Obras Públi-
cas, Habitação e Recursos relação ao conflito entre os
Hídricos, Carlos Mesquita, dois países do velho con-
que participou na qualidade tinente, mas o governante
À margem do encontro,
Kuleba manifestou a
intenção do seu país de
abrir uma representação
diplomática em
Moçambique até o fim do
corrente ano, facto que
foi colhido com agrado
por Filipe Nyusi que
reiterou é pela solução
negocial entre os dois
países, tendo na ocasião
mostrado disponibilidade
para acolher o diálogo no
território nacional para o
alcance da paz.
de representante do Gover- apoiou-se na Constituição
no moçambicano, foi ques- da República para vincar
tionada se a instalação da que Moçambique vai man-
Embaixada da Ucrânia em ter a posição de neutralida-
Moçambique era prenúncio de.
da mudança de posição em
“Nós gostaríamos de di-
zer que Moçambique também
é um Estado Soberano. Nós
temos uma Constituição da Re-
pública que defende muito bem
como o nosso Estado deve se
posicionar quer no ambiente
interno quer no ambiente in-
ternacional. Moçambique e o
seu Governo desenvolveram
valências que são respeitáveis a
nível internacional a ponto de
que quando fomos a votação
para sermos membros não per-
manentes do Conselho de Se-
gurança da ONU tivemos uma
votação por unanimidade. Mo-
çambique posicionou-se relati-
vamente a questão deste confli-
to e foi expressa publicamente
ao mundo todo. O facto de ter-
mos concordado que a Ucrânia
venha abrir a sua embaixada
não significa que vamos estar
por debaixo das orientações e
instruções da Ucrânia”, referiu
Mesquita.
Moçambique poderá ter
fábrica de montagem de
viaturas pesadas
Por seu turno, o ministro
das relações exteriores da Rús-
sia, Sergei Lavrov, declarou que
sempre respeitou a posição de
Moçambique em relação ao
conflito, tendo aproveitado a
ocasião para “picar” os "inimi-
gos" ocidente.
“Nós temos todo o respeito
nas posições tomadas por todos
os Estados do mundo. Ao con-
trário dos americanos, britâni-
cos, europeus e australiano, nós
não corremos pelo mundo fora
para dizer com quem os países
devem ou não se relacionar”,
referiu Lavrov.
Ainda à margem do encon-
tro, o chefe da diplomacia rus-
sa revelou que os empresários
do seu país pretendem investir
em vários sectores da indústria
em Moçambique com destaque
para a de montagem de viaturas
pesadas.
Na ocasião Carlos Mesquita
declarado que Moçambique tem
todas condições para atrair o in-
vestimento russo em todo ter-
ritório nacional.Aliás, Mesquita
referiu que Pacote de Medidas
de Aceleração Econômica po-
derá viabilizar os níveis deseja-
dos pelo sector privado russo.
"Moçambique passou a ser,
por causa da sua neutralidade,
um interlocutor válido"
O acadêmico Paulo Wache
defende que Moçambique está a
ser palco de negociações e até
mesmo de influências, sobre o
conflito na Ucrânia, tendo lem-
brando que o Executivo pautou
pela postura da neutralidade
aquando da votação no Con-
selho de Segurança das Nações
Unidas.
“Quando há votações, Mo-
çambique coloca-se como neu-
tro, porque não pode estar em
nenhum dos lados, mas pertence
a parte da solução. Obviamen-
te que as pequenas potências
no sistema internacional não
são fazedoras da solução, mas
pelo menos podem influenciar.
E estamos a ver que Moçambi-
que e Maputo estão a ser esse
palco de negociações e até mes-
mo de influência, porque o país
está no Conselho de Segurança
Um dia chegou o ministro dos
Negócios Estrangeiros da Ucrâ-
nia e no dia seguinte chegou o
ministro dos Negócios Estran-
geiros da Rússia. Significa que
Moçambique passou a ser, por
causa da sua neutralidade, um
interlocutor válido. Se fôssemos
um país que já tivesse escolhi-
do um lado, teríamos fechado a
Moçambique"
– Rui Mendes
O académico observa que
apesar de ter sido excluído
das negociações para o al-
cance da paz entre a Rús-
sia e Ucrânia tem um palco
privilegiado para as nego-
ciações. “As soluções estão
sendo desenhadas com a
proposta que a África do
Sul apresentou em parceria
com outros sete países, ex-
cluindo Moçambique. Mas,
Moçambique tem um pal-
co privilegiado nas Nações
Unidas. Obviamente que
tem um espaço para expor
as suas ideias, as suas expe-
riências e algumas delas po-
dem ser estudadas e imple-
mentadas”, disse o docente
da Universidade Joaquim
Chissano para depois obser-
var que Moçambique pode
estar a ser pressionado para
apoiar a posição dos países
ocidentais.
“Pode haver pressão em
todos os lados. Moçambique
tem que ter clareza da sua
nem pró-Ucrânia do ponto
de vista militar, mas pode
ter opções, de prefirir uma
proposta apresentada por
um lado e não apresentada
por outro. Mas não neces-
sariamente posicionar-se a
favor de A ou de B. Porém
posicionar-se a favor da paz,
a favor do fim do conflito”
O analista Rui Mendes
não tem dúvidas de que
Ucrânia e Rússia estão a tra-
var uma batalha simpática
para granjear a simpatia de
Moçambique, tendo lem-
brado que o país presidido
por Filipe Nyusi é um actor
importante no campo diplo-
mático a nível do continen-
te africano e, sobretudo da
África Austral.
“Moçambique está a ser
um palco de guerra diplo-
mática entre a Rússia a Ucrâ-
nia pela sua importância no
continente africano. Estas
visitas dos chefes da diplo-
macia dos dois países tem
o mesmo objectivo, ou seja,
mudar a posição de Moçam-
bique em relação ao conflito.
porque sempre se eximiu de
apoiar uma posição dentro
de assuntos militares”.
Mendes não tem dúvi-
das de que Moçambique ao
se oferecer para acolher o
diálogo entre os dois países
para o alcance da paz está
a consolidar a sua posição
neutral em relação ao con-
flito.
“A nossa máquina gover-
namental pode estar enferru-
jada a nível interno, mas fora
de portas a nossa diplomacia
é uma das mais respeitadas
a nível da África Austral. É
certo que Moçambique tem
laços históricos com a Rús-
sia, mas mesmo com isso to-
mou a sua decisão. Aliás, a
Ucrânia também fazia parte
da União Soviética. Mesmo
com a pressão do ocidente
Moçambique vai manter a
sua posição de neutralida-
de. Uma possível mudança
poderia beliscar as relações
com um dos países em con-
flito e manchar a imagem do
país diante da comunidade
internacional”, concluiu.
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14 NEGÓCIOS
Apresentada Nova Câmara de Comércio e Indústria
Moçambique – Canadá
Visando desenvolver relações internacionais entre os dois países, Ma-
puto e Ottawa lançaram, na última semana, na capital moçambicana, Câ-
mara de Comércio e Indústria Moçambique-Canadá. “Acredito que muito
pode ser feito para desenvolver as nossas relações comerciais, com princi-
06 DE JUNHO DE 2023 pal destaque para as imensas oportunidades de investimento em negócios,
em que pretendemos demonstrar as habilidades canadianas neste assun-
to”, explicou a embaixadora do Canadá em Moçambique, Sara Nicholls.

Reconstrução pós ciclone Freedy

611 pensionistas recebem material de construção e alimentos
na Zambézia

U
m total de 611 pensionistas do Sistema de
Segurança Social afectados pelo ciclone
Freeddy na província da Zambézia, recebe-
ram apoio do INSS em material de constru-
ção e produtos alimentícios, no âmbito do
Programa de Acção Sanitária e Social.

O acto de entrega do apoio província da Zambézia, à to-

foi dirigido esta Sexta-feira,
2 de Junho, pela Ministra do
Trabalho e Segurança Social,
Margarida Adamugi Talapa,
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das as forças vivas da socieda-
de para que incrementassem
os mecanismos de solidarie-
dade interna.

e testemunhado pelo Gover- O Chefe do Estado, se-

nador da Província da Zam-
bézia, Pio Augusto Matos e
membros do governo provin-
cial, líderes tradicionais e Tra-
balhadores por Conta Própria
(TCP).
Dos 611 pensionistas, 63
tiveram casas totalmente des-
truídas e 548 com casas par-
cialmente destruídas, tendo
sido desembolsado o valor de
20.722,000,00 MT.
Intervindo durante a ceri-
mónia, Margarida Adamugi
Talapa disse que, no pico do
sofrimento causado pelo ci-
clone Freddy, o Presidente
da República, Filipe Jacinto
Nyusi, exortou, na sua visita a
gundo recordou a governan-
te, orientou ao Ministério do
Trabalho e Segurança Social
para, através do INSS, mo-
bilizar recursos com vista a
suprir algumas necessidades
básicas dos pensionistas, na
qualidade de serem os verda-
deiros donos do Sistema de
Segurança Social Obrigatória. pensionistas para valorizarem Governo. se seguiram foram de grande
"A entrega do material de o apoio recebido, tendo ape- Os pensionistas contem- desespero e angústia.
construção, traduz-se num lado aos que tiveram casas plados manifestaram a sua sa- Para além dos 611 pensio-
gesto que, o Governo, através destruídas totalmente, viven- tisfação pelo apoio recebido, nistas da Zambézia, o INSS
do INSS manifestou para as- do em zonas propensas às tendo prometido erguerem irá apoiar pensionistas de ou-
segurar o bem-estar dos pen- enxurradas, a aproveitarem o as suas residências e melho- tras zonas do País, sendo 27
sionistas do INSS", disse. material recebido para cons- rar o nível de habitabilidade, da Província de Inhambane,
Por sua vez, o Governador truirem novas residências visto que, desde a passagem 14 da Província de Maputo,
da Província da Zambézia, em lugares seguros já iden- do ciclone Freddy no dia 11 13 de Manica e 3 da Cidade
Pio Augusto Mato, apelou aos tificados e demarcados pelo de Março, os momentos que de Maputo.

Iniciam voos Maputo - Lusaka com escala em Harare

A
companhia nacional de bandeira, a LAM –
Linhas Aéreas de Moçambique S.A., inicia
a 30 de Junho corrente voos ligando Mapu-
to e Lusaka (Zâmbia), com escala em Ha-
rare (Zimbabwe), naquilo que constitui o
fortalecimento dos laços entre os países vizinhos e pro-
moção da conectividade regional.

O início de voos para Lu- Além disso, promove-

saka insere-se na estratégia de
inclusão das capitais dos paí-
ses da África Austral nos des-
tinos da LAM. Nesta região, a
companhia faz, actualmente,
ligações aéreas entre Mapu-
to e Joanesburgo, bem como
Maputo e Harare, para além
de Pemba e Dar-Es-Salaam.
A adição de voos aumen-
tará as opções de viagem para
os passageiros, eliminando a
necessidade de escalas prolon-
gadas ou rotas indirectas entre
os países.
rá o turismo, o comércio e a
cooperação entre os países,
impulsionando o desenvolvi-
mento económico, fortalecen-
do os laços entre as capitais da
região.
“Estamos entusiasmados
em facilitar as viagens e con- uma opção aos passageiros na às 16:30 horas, com chegadas trata-se de um modelo de ae-
tribuir para o crescimento da nossa região”. a Maputo previstas para as ronaves que a empresa des-
conectividade da África Aus- Os voos serão realizados 19:50 horas. mantelou, há alguns anos, sob
tral e acreditamos que a nova às Quartas, Sextas-feiras e A nova rota será operada protesto de uniformização da
rota trará benefícios mútuos Domingos, com partidas de com recurso às aeronaves do frota. Nesse processo vendeu
para Moçambique, Zâmbia Maputo às 12:30 horas e che- modelo Embraer. Curiosa- ao desbarato duas aeronaves
e Zimbabwe ao mesmo tem- gada a Lusaka às 15:50 horas. mente, tal como Evidências já próprias Embraer 190 e ficou
po que irá proporcionar mais De Lusaka, os voos partirão escreveu por várias ocasiões, sem nenhuma.
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15
Banco de Moçambique aumenta Taxa Monetária em 17,25%
O Banco de Moçambique (BdM) manteve em 17,25% a taxa de
juro de política monetária (taxa MIMO) e aumentou as reservas
ECONOMIA
obrigatórias dos bancos comerciais, medidas para manter a infla-
ção sob controlo no País, anunciou em comunicado. A decisão de
manter a taxa MIMO no mesmo valor para o qual subiu há oito
meses “é sustentada pela prevalência de elevados riscos e incerte- 06 DE JUNHO DE 2023
zas associados às projecções, não obstante as perspectivas de uma
inflação de um dígito no médio prazo”.

Dívida pública interna aumentou 27,7 mil milhões no

primeiro trimestre de 2023

N
uma altura que o preço dos produtos de as incertezas quanto aos efeitos
primeira necessidade tende a se agravar do prolongamento do conflito
nas principais cidades do País, o Gover- entre a Rússia e a Ucrânia, so-
nador do Banco de Moçambique, Rogério bre a dinâmica dos preços das
Zandamela, voltou a lançar um sério aviso mercadorias, bem assim a vo-
à navegação ao referir na semana finda que o excesso de latilidade dos mercados finan-
dinheiro no sistema bancário nacional constitui um risco ceiros”, disse o Governador
para o agravamento do custo de vida em Moçambique. do Banco de Moçambique para
Por outro lado, para além de anunciar que Comité de Po- posteriormente referir que dí-
lítica Monetária (CPMO) decidiu aumentar coeficientes vida pública interna aumentou
de Reservas Obrigatórias, Zandamela revelou que, no pri- 27,7 mil milhões no primeiro
meiro trimestre do corrente ano, a dívida pública interna trimestre de 2023.
aumentou 27,7 mil milhões de meticais em relação a De- “O endividamento público
zembro de 2022. interno, excluindo os contra-
anos. cia da redução dos preços das
Duarte Sitoe “Em Abril de 2023, a infla- mercadorias de importação no tos de mútuo e de locação e
ção anual reduziu para 9,6, a mercado internacional”. as responsabilidades em mora,
De acordo com Rogério trangeira de 28,5% para 39,5%, reflectir, sobretudo, a redução Por outro lado, Rogério situa-se em 302,8 mil milhões
Zandamela, visando absorver visando absorver a liquidez dos preços dos bens alimenta- Zandamela referiu que a despe- de Meticais, o que representa
a liquidez excessiva no sistema excessiva no sistema bancário, res no mercado internacional, sa pública continua pressionan- um aumento de 27,7 mil mi-
bancário Comité de Política com potencial de gerar uma num contexto de uma evolução do o que, de certa forma, pode lhões em relação a Dezembro
Monetária decidiu aumentar a pressão inflacionária”, declarou favorável da baixa de câmbio constituir um grande risco para de 2022”, refere o Banco de
taxa de depósitos que as ins- Zandamela. do metical. A inflação adjacen- a econo0mia nacional. Moçambique em comunicado.
tituições financeiras devem O Banco Central, que de- te, que exclui frutas e vegetais “A nível interno, destaca- No primeiro trimestre do
fazer por obrigação no Banco cidiu manter a taxa de juro de e bens administrados, também -se a manutenção da pressão ano em curso, de acordo com
de Moçambique em jeito de política monetária, sobejamen- reduziu. Para a médio prazo sobre a despesa pública, num Rogério Zandamela, a indústria
reservas. te conhecida por MIMO, em consolidam-se perspectivas contexto de fraca arrecada- extractiva estimou o crescimen-
“O CPMO decidiu aumen- 17,25% devido a prevalência de de inflação a um digito, resul- ção de receitas, e as incertezas to Produto Interno Bruto (PIB)
tar os coeficientes de Reservas elevados riscos e incertezas as- tante do impacto das medidas quanto à evolução do preço de na ordem de 4,2%, sendo para
Obrigatórias para os passivos sociados às projeções da infla- que vem sendo tomadas pelo bens administrados, sobretudo o próximo ano perspectiva-se
em moeda nacional de 28,0% ção, perspectivando uma infla- CPMO, da manutenção da es- dos combustíveis líquidos. Na um crescimento moderado da
para 39,0%, e em moeda es- ção de um digito nos próximos tabilidade cambial e da tendên- envolvente externa, realçam-se economia nacional.

Fim da comparticipação do BM na aquisição de combustíveis

Sector privado receia que saída do Banco de Moçambique
possa gerar pressão cambial

N
Havia um esquema de alguma elite e agora a factura vai para os bancos comerciais
um momento em que os preços dos com- diz quais são as razões que di- montantes, que variavam entre palmente nos bancos mais
bustíveis têm registado aumentos signifi- taram a tomada da decisão. a 10 a 20 milhões de dólares pequenos, com consequências
cativos, estando a sufocar aos cidadãos, o No entanto, mais tarde, numa só factura, tornando- que hoje não conseguimos
Banco de Moçambique (BM) deixou, esta através da sua administradora, -as incomportáveis para que medir”, destaca Oldemiro Bel-
segunda-feira, 05 de Junho, de comparti- Silvina de Abreu, a instituição um banco ou conjunto de chior, um bancário sénior, que
cipar nas facturas de importação de combustíveis para o dirigida por Rogério Zandame- bancos comerciais pudessem vê falta de capacidade da ban-
País, uma medida que vai penalizar não só aos cidadãos, la, justificou a medida referin- suportá-la", explicou Silvina ca comercial para a assumir os
como também a elite política que se entrincheirou no ne- do que os valores envolvidos de Abreu. encargos das operações.
gócio dos combustíveis. Esta decisão não é bem vista pelo nas transacções de aquisição Nos últimos anos, “as fac- Refira-se que o cartel de
vice-presidente do pelouro de Política e Serviços Financei- são relativamente sustentáveis turas são bastante fragmen- combustíveis no país é domi-
ros da CTA, Oldemiro Belchior, pois receia que a retirada a ponto de já poderem ser su- tadas”, às vezes da ordem de nado por lobbistas com liga-
do BM na comparticipação da factura de aquisição dos portados pelos bancos comer- “um milhão de dólares ou me- ções à elite, muitas vezes sem
combustíveis “possa gerar pressão cambial”, referindo que ciais em actividade no territó- nos” o que permite que ban- capital para assegurar as suas
há que ter em conta que o sistema bancário nacional “não rio moçambicano. cos de menor dimensão pos- operações, ou seja, tem em-
está diversificado”. "O Banco de Moçambi- sam entrar “neste mercado de presas e não tem capital, por
que vinha comparticipando financiamento para combus- isso iam pedir ao BM carta de
Renato Cau na importação de combustí- tíveis”, acrescentou, durante garantia e na falha do paga-
veis fósseis pagando de forma um encontro com a Confede- mento do importador , era o
Desde ontem, o Banco de importação de combustíveis. colaborada as facturas desde ração das Associações Econó- BM quem fazia o pagamento e
Moçambique deixou de dar Numa nota curta, de um úni- 2005, sendo que em 2010 che- micas de Moçambique (CTA). depois tentava cobrar. A deci-
cartas de garantias para as em- co parágrafo de três linhas, o gou a fazer cobertura de 100% "A medida pode “abanar são do Banco de Moçambique
presas petrolíferas no acto de Banco de Moçambique não dos custos, pois havia grandes o sistema financeiro, princi- acabou com esse esquema.
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16 OPINIÃO
06 DE JUNHO DE 2023
SAL & PIMENTA
Afonso Almeida Brandão
N
a romântica mitologia portu-
guesa contemporânea, o Dia
25 de Abril de 1974 surge
como um Movimento Ce-
lestial e Mágico, endeusado por heróis e
emoldurado por Cravos trazidos por Fadas.
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
É relatado como uma manobra militar de
modernização, que derrubou o Fascismo,
pugnou pela Liberdade, e concedeu a In-
dependência aos ex-Estados Ultramarino-
sPortuguesas.
A verdade é, porém, muito diferente. Foi
a luta armada anticolonial desenvolvida em
África que esteve genuinamente na origem
do 25 de Abril. O 25 de Abril não se iniciou
em terras lusas, nem com o único e exclu-
sivo propósito de derrubar a Opressão e a
Censura que se respiravam no país. O 25
de Abril começou em África, fruto do
enorme desgaste e descontentamento das
Forças Armadas devido à Guerra Colo-
nial, e o PREC, Processo Revolucionário
em Curso, o  plano colocado em acção,
esboroou-se quando o processo de Descol-
onização terminou, rompendo-se a coop-
eração entre os vários quadrantes do Movi-
mento das Forças Armadas (MFA), em que
apenas o objectivo da Descolonização os
mantinha unidos, sendo que a Aliança en-
tre Militares de Direita e de Esquerda ficou
desfeita.
Não admira que a 25 de Novembro do
ano seguinte, após meses em que Portugal
assistira a uma série de episódios de violên-
cia de grupos mais ou menos organizados
da extrema-esquerda e da extrema-di-
reita, sendo real a ameaça de uma Guerra
Civil, se deu o confronto inevitável e de-
finitivo entre estas duas fações militares, os
defensores da “via revolucionária” e os
defensores do “modelo europeu de de-
mocracia”, culminando com a vitória dos
Militares Moderados na sublevação dos
Oficiais da Extrema-Esquerda.
O dia 25 de Novembro de 1975 ficará
para sempre na História como o dia da der-
rota da “ala revolucionária” do MFA, que
reconduziu os partidos políticos ao centro
da vida política, levou ao fim do Processo
Ainda a propósito da
«revolução dos cravos»
Revolucionário em Curso (PREC) e a um
processo de estabilização da Democracia
representativa em Portugal.
É necessário desconstruir o misticismo
e a magia do 25 de Abril—a dita «Rev-
olução dos Cravos» — e salientar o caos
subsequente à Abrilada, desde os saques
à falência das Contas Públicas, e a conse-
quente bancarrota, reflexo das arbitrarie-
dades então cometidas pelo novo Poder in-
stalado, cujas directivas eram definidas pelo
Pacto de Varsóvia.
Se porventura a legitimidade revolu-
cionária tivesse prevalecido, teríamos fa-
talmente assistido em Portugal a tudo
quanto aconteceu no decorrer do Séc. XX
nos países onde esse tipo de legitimidade
triunfou: anulação do Estado de Direito,
supressão das liberdades fundamentais, in-
stalação de um forte aparelho repressivo,
instauração de uma economia planificada
geradora de grande miséria social. Não há
um único caso em que tal não tenha suce-
dido!
Mas seria Portugal do Estado Novo um
País verdadeiramente Fascista? É que nem
tudo o que parece é Fascismo. O Fascismo
não é “um mero sinónimo de ditadura
ou tendências ditatoriais”, apesar de ser
um termo utilizado indiscriminadamente
“como forma de condenação moral”.
Estudiosos da matéria afirmam que o que
tivemos foi um Regime que era Conser-
vador, e que, numa época em que o Con-
servadorismo se deixava influenciar pelo
Fascismo, integrou incontornavelmente no
seu seio elementos vincadamente fascistas
que, não sendo suficientes para modificar
o regime, lhe dão ali um cunho fascizante
que não é o mesmo que ser fascista. O que
acabámos por ter foi um “regime conser-
vador fascizante”, a léguas dos Regimes
Totalitários e Genuinamente Fascistas de
Hitler ou de Mussolini.
Salazar, o precursor do Estado Novo,
através da sua diplomacia, tenacidade e ca-
pacidade de negociação, desempenhou um
papel decisivo ao impedir que a Península
Ibérica fosse engolida pela guerra; con-
tudo, foi protagonista de um Regime Au-
toritário, Nacionalista, Tradicionalista e
Corporativista. Um dos traços fundamen-
tais do Estado Novo foi precisamente o
Corporativismo. Isso quer dizer que o Re-
gime Salazarista assumiu uma postura anti-
parlamentar, enfraquecendo a Assembleia
Nacional, e anti- partidária, suprimindo
todas as forças partidárias e oficializando
apenas a União Nacional, que apoiava o
Governo. São estas idiossincrasias autocra-
tas que levam alguns autores, por exemplo,
a associar o Fascismo Italiano ao Salazar-
ismo Português.
A democracia parlamentar, tal como a
entendemos, impôs-se verdadeiramente,
não com os cravos, mas mais tarde, a 25
de Novembro de 1975, quando os tais
Militares Moderados de um grupo mais
vasto felizmente lograram impedir que as
forças afectas ao Partido Comunista e aos
seus satélites da extrema-esquerda tomas-
sem definitivamente de assalto os vários
órgãos de soberania nacional, e convertes-
sem Portugal numa ditadura comunista.
Durante décadas esta data foi solene-
mente comemorada, com merecidas Hon-
ras de Estado, porém nos últimos anos,
mais concretamente desde que as forças
que saíram derrotadas no 25 de Novembro
foram entronizadas e tiveram a oportuni-
dade de assumir o papel de muleta, a favor
da governabilidade do país, que o seu le-
gado caiu no esquecimento. Todos os que
actualmente enaltecem o seu significado e
EVOCAM este Marco Histórico são rotu-
lados como Reacionários e Extremistas.
O actual Partido Socialista, ardil de car-
teiristas políticos e capitães de arrombo
à sustentabilidade portuguesa, de Bazuca
às costas, há muito que deixou de integrar
o leque dos movimentos partidários de in-
spiração moderada, tendo aderido às ide-
ias assentes no marxismo-leninismo que
bem caracterizam aqueles que foram os
seus parceiros de Governação na anterior
Legislatura, e que advogam a Ditadura do
gosto, em rota de colisão com os ideais de
Abril. E por aqui ficamos... 
 https://t.me/+aiUINJnbXRg0ODM0
A esquina do sociólogo
Luca Bussotti
A
o longo das últimas semanas, mas
também dos últimos anos, assis-
tiu-se a uma aceleração no pro-
cesso de liquefação da esquerda
mundial. Realço logo que esta palavra e con-
ceito, “esquerda”, evoca fantasmas sinistros,
assim como práticas democráticas e de boa
governação. Os fantasmas são os que estão
relacionados com experiências de governos
totalitários, o da antiga URSS acima de tudo,
mas também de outros países do ex-bloco
soviético na Europa do Leste, da China, da
Coreia do Norte, entre outros. A boa gover-
nação é daquela esquerda democrática que, a
partir da social-democracia alemã e dos países
nórdicos da Europa, deu provas inconfutáveis
de que é possível governar países modernos
e complexos sem recorrer ao mercado como
única ideologia e regra de convivência entre os
homens. Dito entre parenteses, o mesmo vale
a direita: fascismo e nazismo representam os
piores pesadelos da humanidade, ao passo que
figuras políticas da direita liberal, tais como
Chirac na França, Tatcher no Reino Unido,
Angela Merkel na Alemanha comprovaram
que também é possível gerir bem um país par-
tindo de um posicionamento contrário aos
princípios da esquerda democrática.
Historicamente, estas duas famílias políticas
conseguiram fazer com que o mundo avanças-
se, quer do ponto de vista económico, assim
como da dialética democrática: com efeito, é
normal, no mundo ocidental, ver a alternância
de uma direita liberal e de uma esquerda de-
mocrática na liderança de uma nação, sempre
respeitando a vontade dos eleitores e sempre
tendo como bússola o voto da maioria.
Na semana passada, em dois países impor-
tantes da União Europeia, Itália e Espanha,
duas eleições locais assinalaram a crise da
esquerda democrática: na Itália – onde tradi-
cionalmente a esquerda é mais forte do que
a direita nas eleições municipais e locais no
geral – foram pouquíssimos os municípios
conquistados pela esquerda, ao passo que a
direita conseguiu sucessos mesmo em cidades
históricas para a esquerda, tais como Ancona,
voltando a ganhar também em Pisa e Siena,
na vermelha Toscana. Na Espanha o cená-
rio foi tão devastador, para a esquerda, que o
primeiro-ministro, Sánches, resolveu dissolver
o seu próprio governo, pedindo eleições ante-
06 DE JUNHO DE 2023
A liquefação da
esquerda mundial
cipadas.
Depois dos anos Noventa, quando a es-
querda da “terceira via” com Blair, Clinton,
Prodi e outras figuras similares impulsionou
reformas sociais significativas, mas também a
fragmentação do mercado do emprego, abrin-
do as portas à precariedade actual, a direita
começou a ter a hegemonia política, e em par-
te cultural. A esquerda deixou de interpretar
os anseios daquelas classes menos abastadas
que historicamente ela tinha representado, es-
quecendo que na sociedade contemporânea
ainda existem injustiças com base na classe e
na pertença étnica ou racial (principalmente
em países como Brasil), e concentrando a sua
atenção em questões certamente relevantes
(direitos das minorias, por exemplo), mas elei-
toralmente pouco significativas.
Com excepções (países como Portugal e
Alemanha, ou a própria Espanha estão sen-
do governados hoje pelas esquerdas), a direita
ganhou terreno, misturando a sua inspiração
liberal e moderada com a mais radical, de raíz
neo-fascista, tão presente actualmente não
apenas na França com a família Le Pen, mas
também na Itália (a primeira ministra, Meloni,
é filha da cultura da extrema direita), na Espa-
nha com Vox e um pouco em todos os países
do Centro e Norte da Europa, onde partidos
de clara inspiração neo-nazista estão cada vez
mais fortes e populares.
No Brasil foi necessário o retorno de Lula
para que a esquerda conseguisse derrotar –
por um punhado de votos – um governo li-
derado por Bolsonaro que tinha dado provas
bastantes de incompetência em todos os sec-
tores da vida pública, desde a gestão da pande-
mia a educação, desde a saúde pública ao meio
ambiente, para não falar da política externa, de
facto ausente. Entretanto, quando se passa no
continente africano, a situação fica ainda mais
complicada: aqui, a esquerda não se dissolveu
em razão da vitória de partidos da direita (o
que, em algumas circunstâncias, aconteceu,
como em Cabo Verde), mas sim porque os
partidos que em linha teórica deveriam per-
tencer à frente da esquerda democrática aca-
baram se posicionando mais a direita dos seus
próprios adversários. O caso de Moçambique,
assim como de Angola, é sintomático deste
ponto de vista: a Frelimo perdeu qualquer re-
ferência ética, ideal e programática à esquerda.
OPINIÃO
17
Os serviços públicos básicos versam todos
eles em condições lastimáveis, a pobreza re-
presenta, hoje, uma culpa e não uma condi-
ção da maioria da população a que o Estado
deveria pôr remédio com eficazes políticas
sociais e do emprego; e finalmente, a menta-
lidade comum, a partir das classes dirigentes,
esqueceu-se completamente dos princípios da
solidariedade e da ajuda mútua, desaguando
numa luta sem quartel para o enriquecimento
individual – pouco interessa se lícito ou ilíci-
to -, em detrimento da maioria da população.
Moçambique, hoje, é um dos países africanos
com o mais elevado coeficiente de Gini (que
mede o fosso entre ricos e pobres), tendo sido
governado desde a sua independência por um
partido que se diz pertencer à esquerda mun-
dial. Ainda pior quando se fala de nível de
democracia e de liberdade de expressão: não
precisa dar exemplos concretos, pois a reali-
dade – pontualmente registada por entidades
internacionais, tais como Freedom House ou
a Economic Intelligence Unit – oferece diaria-
mente casos de violação de direitos humanos
fundamentais, que a esquerda deveria comba-
ter e proteger, e não promover.
Este “auto-da-fé” da esquerda africana (o
ANC na África do Sul, por exemplo, está a
empreender o mesmo caminho) levanta um
problema muito sério, e até hoje não resolvi-
do: se é verdade que, na política africana mui-
tas vezes os factores que compõem o “políti-
co” são diferentes comparando com os que se
encontram no Ocidente (a partir das catego-
rias de direita/esquerda), a questão é quem é
que, em África, e em Moçambique de forma
especial, desempenha o papel da esquerda, ou
seja, quem tutela as classes mais desfavoreci-
das. Neste vazio político, ético e democrático
a crise da esquerda corresponde à crise da de-
mocracia, e consequentemente da representa-
ção das classes mais populares: com efeito, se
é essencial termos uma esquerda democrática
forte e capaz de competir com uma direita
liberal, cada vez mais assediada por uma ex-
trema e radical, a sua ausência assinala (ver o
caso de Moçambique) uma realidade em que
milhões de pessoas já não estão sendo repre-
sentadas, e por isso resolvem se abster dos
processos eleitorais, de tanto inúteis que eles
são, ou que assim são julgados pela resignada
maioria dos cidadãos.
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18 OPINIÃO
06 DE JUNHO DE 2023
O FURACÃO
Alexandre Chiure
O
s acidentes de viação voltam
a ser tema de debate no País.
Tudo porque, mais uma vez,
ocorreu uma tragédiano sá-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
bado passado, na 3 de Fevereiro, na Ma-
nhiça, que vitimou 17 pessoas.
O facto acontece quatro meses depois
de, num outro em Maluana, no mesmo
distrito, terem morrido 35 indivíduos
que viajavam num autocarro da trans-
portadora Nhancale.
Como sempre e à moda moçambicana,
numa situação destas, há caça às bruxas.
Procura-se identificar os bodes expiató-
rios. Neste caso, os culpados pelo derra-
mamento do sangue nas estradas do País.
Ora é a Polícia de Trânsito e o Instituto
Nacional dos Transportes Rodoviários
(INATRO) que são crucificadosalega-
damente porque não têm estado a fazer
uma devida fiscalização rodoviária. Ora
éa Administração Nacional de Estradas
(ANE) que é responsabilizada pela de-
gradação e falta de sinalização rodoviá-
ria.
Há quem põe em causa a qualidade
de ensino de condução e que resulta no
lançamento, na praça, de condutores mal
formados.Outros dizem que o problema
são as taxas que se cobram em multas
passadas em caso de violação do Códi-
go da Estrada que deviam ser agravadas
para desencorajarem a má condução no
país.
Não submissão de viaturas à inspec-
ção periódica obrigatória por uma parte
significativa de automobilistas é o outro
lado da história.
Não há dúvidas que cada um destes
factores tem o valor que tem. Represen-
tam, claramente, uma ameaça em termos
de ocorrência de acidentes de viação.
Mas temos que reconhecer que a maior
parte dos sinistros nada tem a ver com
os mesmos.
O problema de fundo
sobre acidentes
rodoviários
Quer o de Maluana, que aconteceu há
cerca de quatro meses, quer o de sába-
do passado, também na Manhiça, quer
aindaoutros casos, o motivo é comum: o
erro humano. A irresponsabilidade dos
condutores que está acima de qualque-
routro motivo.
É básico que não se deve fazer ultra-
passagem numa curva. Ensina-se isso na
escola de condução, mas,ao que tudo in-
dica, foi o que esteve por detrás do sinis-
tro ocorrido no sábado.
É igualmente básico que a velocidade
máxima nas localidades é de 60 quiló-
metros/ hora. Arrisco dizer que a maior
parte dos automobilistas não cumpre
esta regra e é o que terá originado o aci-
dente com o autocarro da transportado-
ra Nhacale ocorrido há dias ao longo da
EN1.
Os instrutores das escolas de condu-
ção ensinam, também, na teoria e na prá-
tica, que não se deve ultrapassar duas ou
mais viaturas de uma única vez, mas há
condutores que o fazem com muito pra-
zer e a uma velocidade assustadora. De
quem é a culpa por tudo isto? É das es-
colas de condução? Claro que não, é do
condutor, pois estas já cumpriram o seu
papel que é de ensinar.
É impressionante o gosto do condu-
tor moçambicano pela violaçãodo Códi-
go da Estrada. Uns, quando entendem,
fazem ultrapassagem à esquerda, o que é
incrível. Alguns é porque confiam em es-
quemas para escapar da penalização. Fa-
zem e desfazem a seu bel-prazer.
Pelo que sei, nas escolas de condução
não se ensina a conduzir mal, mas, isso
sim, a portar-se bem na estrada.
Se, por exemplo, estivesse vivo e tivés-
semos que perguntar ao automobilista
da viatura de marca Prado, tida como a
causadora do acidente de sábado passado,
porque é que andava a uma alta velocida-
de naquele lugar, talvez não apresentaria
uma única razão. Podíamos descobrir
que, afinal, o fez por mero capricho.
Não é preciso frequentar uma escola
de condução para saber que é proibido
conduzir sob efeitos de álcool, como se
supõe que estava o condutor que originou
o sinistro do fim de semana que ceifou
a vida de 17 cidadãos, quatro dos quais
crianças.
Enquanto os automobilistas que se fa-
zem à estrada não conduzirem com res-
ponsabilidade. Enquanto não ganharem a
consciência de que o seu erro pode sig-
nificar uma tragédia na sociedade, conti-
nuaremos a chorar pela perda dos nossos
entes queridos em acidentes rodoviários.
Podemos até ter tudo que queremos,
nomeadamente o parque automóvel ins-
peccionado, estradas impecáveis e bem si-
nalizadas, escolas de condução com uma
boa qualidade de ensino e uma rigorosa
fiscalização rodoviária por parte da polí-
cia e do INATRO, mas continuaremos a
enfrentar os mesmos problemas.
O moçambicano só comporta-se bem
quando está perante as autoridades. Lon-
ge destas, faz o que bem entender. Como
não é possível a polícia estar em todo o
lado, já se pode imaginar o resto. No inter-
valo entre um posto e outro de fiscaliza-
ção rodoviária, o que conta é a responsa-
bilidade do condutor e essa, infelizmente,
tem estado em falta em muitos casos.
Se há que investir em algo para reduzir
o índice de acidentes de viação no país, é
preciso pensar, em primeiro lugar, como
fazer mudar a mentalidade do condutor
moçambicano e torná-lo cumpridor do
Código da Estrada e, acima de tudo,
responsável quando se fizer à estrada.
Hoje, temos automobilistas que, dian-
te do volante, são autêntico assassinos.
Transformam-se numa séria ameaça à
integridade pública.
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ÁFRICA
19
Centenas em Marrocos protestam contra o alto custo de vida
Várias centenas de militantes do movimento sindical de es-
querda do Marrocos denunciaram o "alto custo de vida" e a
"inacção do governo" em Casablanca, no oeste do Marrocos,
no domingo, apesar da proibição de manifestações. Vindos de
todo o país, sindicalistas da esquerdista Confédération Démo-
cratique du Travail (CDT) reuniram-se no centro histórico da
06 DE JUNHO DE 2023
capital económica.

Tiroteio faz oito mortos em albergue masculino na

África do Sul

O
ito pessoas morreram atingidas a tiro por
homens que invadiram um quarto de um
albergue masculino perto de Durban, na
África do Sul, informou a polícia. Sete
homens foram declarados mortos ime-
diatamente e outro morreu no hopital após o tiroteio,
que ocorreu na madrugada de sábado no município de
Umlazi, Duarban e um oitavo homem morreu hoje, se-
gundo a polícia.

Em consequência do mais entre os 10 países com as

recente tiroteio em massa no
país, outros dois estão hos-
pitalizados com ferimentos,
entre eles um que saltou da
janela do quarto do albergue
para escapar dos disparos.
Segundo a polícia, 12 ho-
mens estavam no quarto a
consumir bebidas alcoóli-
cas quando vários homens
armados invadiram o local,
atiraram contra eles e depois
fugiram. Dois dos homens
que estavam no quarto saí-
ram ilesos.
A África do Sul, país vi-
zinho de Moçambique, está
maiores taxas de homicídio
do mundo e houve uma onda
de tiroteios em massa nos úl-
timos anos, com dois relata-
dos desde o início deste ano.
Uma criança estava entre
os 10 membros de uma fa-
mília que foram mortos num
ataque a uma casa, em Abril,
e já antes, em Janeiro, oito
pessoas foram mortas a tiros
numa festa de aniversário. A África do Sul tem leis Em média, 30 pessoas por ticas oficiais de criminali-
No ano passado, 22 pes- de armas razoavelmente rí- dia foram mortas em ocor- dade. Durante os mesmos
soas foram mortas num fim gidas, mas tem sérios pro- rências envolvendo armas três meses, a polícia registou
de semana em três tiroteios, blemas com armas ilegais, de fogo na África do Sul nos mais de 4.000 casos de posse
em bares de diferentes partes dizem a polícia e ativistas primeiros três meses deste ilegal de armas ou munições.
do país. comunitários. ano, de acordo com estatís- Lusa/Agências

Guineenses votam com a esperança de ultrapassar

a instabilidade

O
s guineensses estavam no último domin-
go, 4 de Junho a escolher um novo par-
lamento, num processo que é visto como
uma tentativa de busca de estabilidade,
mais de um ano após o presidente Uma-
ro Sissoco Embalo dissolver o anterior por acusações
de corrupção.

O país da África Ocidental, “Não haverá vencedor

com quase 2 milhões de habi-
tantes, tem vivido frequentes
turbulências políticas, com
pelo menos, 10 golpes ou ten-
tativas de golpe registadas, des-
de que conquistou a indepen-
dência de Portugal em 1974.
Mais de 20 partidos po-
líticos e coligações disputam
lugares nas eleições deste do-
mingo, incluindo o antigo par-
tido governante PAIGC e o
seu rival MADEM G15.
Dado o campo de actuação
fragmentado, analistas e polí-
ticos duvidam que surja uma
clara maioria.
com maioria absoluta nestas
eleições. É impossível”, disse o
primeiro-ministro Nuno Go-
mes Nabiam. “Nenhum parti-
do está pronto para governar a
Guiné-Bissau sozinho.”
No sistema político actual,
o partido ou coligação majo-
ritária nomeia o governo, mas
o presidente tem o poder de caju, principal fonte de rendi- maram deter o poder. vinculou o incidente ao cres-
demiti-lo em determinadas cir- mento de mais de dois terços A última tentativa de golpe cente tráfico de drogas no país.
cunstâncias. Isso levou a um dos agregados familiares. A foi em Fevereiro do ano passa- O ex-general do exército
impasse político e lutas inter- discórdia política é frequente. do, quando homens armados lançou o país num caos ainda
nas no passado. As eleições disputadas em invadiram um complexo do maior em Maio de 2022, quan-
A economia encontra-se 2019 resultaram num breve pe- governo onde Embaló reali- do demitiu o governo, ajudan-
muitas vezes refém da volatili- ríodo em que dois presidentes zava uma reunião de gabinete. do a atrasar as eleições locais
dade do preço da castanha de e dois primeiros-ministros afir- Embaló, que manteve o poder, em meses. Agências
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20 OPINIÃO
06 DE JUNHO DE 2023
Ungulani Ba Ka Khosa
L
i, com manifesta estupefacção, o
texto inserido na página de recrea-
ção do jornal notícias do dia 15 do
corrente, no qual o escritor Jorge
Oliveira se assume como meu biógrafo. Tal
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
honraria, por mais merecida que fosse, está
nos antípodas do que sou e almejo ser.
Em 2020, o Jorge, depois de uma breve
conversa, fez-me chegar às mãos umas quin-
ze páginas em folhas A4. Era o início do que
intitulou ser seu projecto. Após a leitura,
enviei-lhe um email, do qual retiro algumas
passagens:
20 de Março de 2020- às 16.28
‘’... Li o teu bosquejo, compreendi a tua
intenção (...), mas pessoalmente não me re-
vejo no teu projecto. Infenso que sou a bio-
grafias em idade bem activa, a tua iria criar
alguns constrangimentos às pessoas que me
rodeiam. Aduzo algumas:
1 ... Falar de bebedeiras e meretrizes e noi-
tadas, é bastante inócuo na vida de um cria-
dor. A quem interessa hoje dizer, por exem-
plo, que Pablo Neruda teve, à portas de casa,
uma amante a quem construiu uma moradia?
E do François Mitterand? Isso é para a litera-
tura cor-de-rosa.
2. Falas da Charrua, desvalorizando, de cer-
to modo, muitos dos meus confrades (...). A
Charrua, revista, para mim, tem um valor que
está acima de quem é mais ou menos na falí-
vel classificação de leitores e críticos. Tenho-
-os como amigos de hoje e sempre. Nunca,
no universo da minha obra, irei permitir co-
mentários que atentem contra a imagem de-
les. Aliás, uma geração é feita de pessoas, e,
depois, de obras!
Agradeço a tua intenção, mas pessoalmen-
te não estou na disposição de entrar em bio-
grafias e quejandos. Sou daqueles que ainda
pensam como Roland Barthes: a biografia só
está para os que não se preocupam com o
presente e o amanhã ...’’
Surpreende-me que passados três anos, o
Jorge Oliveira venha a público afirmar que
está para publicar uma biografia minha. Sur-
preende-me que Jorge Oliveira tenha conse-
guido, em tão pouco tempo, ir a Inhamin-
Desfazendo equívocos
ga, fazer o levantamento da minha linhagem
materna, ver o cenário de Nova Sofala, em
Búzi, deliciar-se com a imponente floresta da
vila de Dombe, no distrito de Sussundenga, e
dormir na missão franciscana de Amatongas,
distrito de Gondola, espaços da minha infân-
cia, esse tempo que paira na memória. Es-
panta-me que em tempo recorde, Jorge Oli-
veira tenha embarcado no paquete império
da Beira com destino a Lourenço Marques
e, depois, por via terrestre, tenha chegado a
Vila Trigo de Morais, hoje Chókué, onde o
biografado passou a viver com o pai e o ir-
mão, Elias Cossa. De Chókué, o biografado
passa para Lourenço Marques, onde vive e
estuda, consecutivamente, na escola primária
João de Deus e na escola secundária Joaquim
de Araújo. E nesse interim, passa as férias
grandes em Banhine, onde é rebatizado com
o nome de Ungulani Ba Ka Khosa, e em Pan-
da, onde o pai trabalha como funcionário
administrativo, e no qual tentou comer carne
de macaco. Quantos amizades se fizeram e
desfizeram-se nessa pré-adolescência?
Depois veio Vila Junqueiro, hoje Gurué,
onde se encanta com a sétima arte no em-
blemático cinema Gurué, na altura Manuel
Rodrigues, dos passeios pela estonteante pai-
sagem vestida de verde do chá, das amiza-
des e namoradas, e do colégio que frequenta
num ambiente claramente racista. A seguir, já
adulto, assiste aos festejos da independência
em Namapa, distrito de Eráti, em Nampu-
la, e fixa-se em Quelimane. O fim do carna-
val em Quelimane, as amizades no liceu, as
noites de estórias no lar da Sagrada Família,
os passeios de fim de semana pela colorida
marginal, a beleza das mulheres chuabos, o
encanto pelos livros da livraria ovedekula, a
militância política, e os amigos que ficaram
para a vida. Pasma-me que o Jorge tenha
percorrido esse mundo tão diverso sem ao
menos ter dialogado com o biografado. Será
que a fonte foram as emotivas e esporádicas
conversas de uma ou duas horas num bar?
Desassossega-me que em tempo recorde,
o Jorge Oliveira me tenha acompanhado na
viagem que fiz a Maputo aquando do 8 de
Março de 1977, e a minha integração no gru-
po de jovens para o curso de formação de
professores. Soube, por acaso, o que terá se
passado no deslumbrante ano de 1977 no an-
tigo seminário Pio X? Teve a detalhada infor-
mação de quando desembarquei em Lichin-
ga, na soturna tarde de quinta feira, de 7 de
Fevereiro, do ano da graça de 1978? E os dois
anos (78/80) que lá passei, como professor
de Geografia? Ó Jorge!..
Não me alongo mais, pois dos anos 80 aos
dias de hoje muita água passou debaixo da
ponte. Do que acima escrevi, o Jorge Oli-
veira nem deve saber da metade. Não sabe
em que casa vivi no Gurué, em que cama-
rata estive na Sagrada Família, em que zona
de Lourenço Marques vivi, quem foi o meu
encarregado de educação, a casa do meu pai
em Nampula, o número do quarto da minha
pensão em Lichinga, etc. E decorrente disso
tudo, facilmente se depreende que o Jorge
não tem estaleca em se adentrar na minha
vida, procurando retratá-la. Trabalhos desta
natureza exigem equipa, paciência, e estudo.
Mas há o outro lado da moeda: a minha
vida pública, o meu mundo de escritor. Esse,
iniciado com a publicação do conto Dirce,
minha deusa, nossa deusa, na página cultural
Diálogo, do Notícias da Beira. Terá o Jorge
Oliveira, por acaso, em mãos, a primeira re-
censão crítica que recebi do conto? Gostaria
que o republicasse.
O mundo literário é por todos devassado
porque exposto nos meus livros, nas minhas
entrevistas, nos estudos sem fim que fazem
da minha obra em teses de licenciatura, mes-
trado e doutoramento. É o mundo aberto a
todos que queiram investigar.
Chegados aqui, Jorge, creio ser desneces-
sário repetir o que já disse: não estou na dis-
posição de entrar em biografias e quejandos.
Aconselho-te a fazeres o que bem sabes fa-
zer: escrever contos e romances.
Se teimas em enveredar por esse caminho
de inverdades, nada me restará senão anco-
rar-me no que a modernidade nos propor-
ciona: a justiça.
O abraço de sempre
Ungulani Ba Ka Khosa
P.S. Há mais de um semana que o Jornal
Notícias não publica este texto/resposta.
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06 DE JUNHO DE 2023
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22 DESPORTO Odélia Mafanela e Anabela Cossa reforçam Primeiro de Agosto

As internacionais moçambicanas Odélia Mafanela e Anabela
Cossa, estrelas do Ferroviário de Maputo, vão reforçar o em-
blema angolano do Primeiro de Agosto nos próximos meses.
Depois Ingvild Macauro e Tamara Seda que rumaram ao Inter
06 DE JUNHO DE 2023 Clube de Luanda, por sinal rival do D'Agosto, Mafanela e Cossa
chegam ao basquetebol angolano.

Qualificação para o CAN-2024:

Chiquinho Conde risca Bruno Langa e Zainadine da
operação Ruanda

O
seleccionador nacional de futebol, Chiqui-
nho Conde já revelou a lista dos jogadores
convocados para o embate frente ao Ruan-
da, inserido na quinta e penúltima jornada
de qualificação para o Campeonato Africano
de Futebol. A ausência de Bruno Langa, jogador que actua
no futebol português e que é regular na sua equipa, é, diga-
-se, surpreendente porque nem sequer está lesionado, en-
quanto a ausência do capitão do Marítimo já era previsível
depois do desentendimento com o seleccionador na copio-
sa derrota que os Mambas averbaram em Dakar.
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Duarte Sitoe
A derrota frente ao Senegal
deixou sequelas do balneário da
selecção nacional de futebol. In-
satisfeito com a prestação de Zai-
nadine Júnior na primeira parte da
partida realizada em solo senegalês,
no intervalo Chiquinho Conde re-
feriu que Zainadine não estava a
fazer devidamente as marcações, o
que, de certa forma, fez com que
o conjunto de Mané e companhia
marcasse golos fáceis.
O capitão do Marítimo não gos-
tou da repreensão de Conde, tendo
na ocasião referido que o seleciona-
dor nacional não estava em condi-
ções de lhe ensinar a jogar futebol,
pois ele (Zainadine) é um jogador
experiente e categorizado sem nada
a aprender nesta modalidade.
Na partida realizada no Estádio
Nacional de Zimpeto, Chiquinho
Conde deixou Zainadine Junior no
banco de suplentes, mesmo depois
do jogador formado nas canteras
do Desportivo de Maputo ter vin-
do ao público jurar de peso juntos
que não correspondia a verdade o
que foi veiculado pelos órgãos de
comunicação nacionais e interna-
cionais.
Aliás, o capitão do Marítimo
reconheceu que “houve uma exal-
tação no balneário, mas ninguém
respondeu ao selecionador. É men-
tira que lhe tenha dito para me tirar
na segunda parte. Tenho respeito e
consideração por ele. Parem de in-
ventar coisas, deixem-nos trabalhar
em paz”.
No próximo dia 15 de Junho
corrente, Moçambique vai jogar
uma cartada difícil na qualifica-
ção ao CAN que será realizado na
Costa do Marfim no próximo ano,
mas contra todas as expectativas
Chiquinho Conde não convocou
Bruno Langa e Zainadine Junior,
jogadores que na presente época
evoluíram na primeira divisão do
futebol português.
Para o caso de Zainadine, que
no próximo fim-de-semana vai jo-
gar a segunda mão do play-offs da
manutenção frente Estela de Ama-
dora, era previsível a sua ausência,
visto que Conde pretende vincar
que ele quem é o expoente máximo
do balneário, sendo que, por outro
lado, a não chamada da defesa cen-
tral veio confirmar que houve mes-
mo discussão em Dakar.
No que ao caso de Bruno Langa
diz respeito ainda pairam dúvidas,
visto que o lateral esquerdo não está
lesionado. Para além, das ausências
de Langa e Junior, David Malemba-
na e Bhéu Januário regressaram aos
eleitos de Chiquinho Conde.
Refira-se que à entrada da quinta
jornada, Moçambique ocupa a se-
gunda posição do grupo “L” com
quatro pontos, por sinal os mes-
mos do terceiro classificado Benin,
por sinal adversário da derradeira
ronda.
Eis a lista de convocados:
• Guarda-redes: Ivane (Black
Bulls), Fazito (Fer. de Nampula),
Victor (Costa do Sol);
• Defesas: Macandza e Chico
(Costa do Sol), Bheu e Danito
(UD de Songo), Edmilson (Kaizer
Chiefs), Martinho (Black Bulls),
Mexer (Estoril) e Malembana
(Lokomotiv Sofia);
• Médios: Kambala (Magesi),
Amadou (UD de Songo), Shaquille
(Fer. De Maputo), Ali (Costa do
Sol), Domingues (Royal AM),
Geny (Marítimo), Telinho (Fer.
de Nampula), Witi (Nacional da
Madeira), Gildo (Sporting da Covi-
lhã), Clésio (Honka);
• Avançados: Melque (Black
Bulls) e Ratifo (Pforzheim).

Aníbal Manave promete BAL feminina no segundo mandato na FIBA África

A
níbal Manave tem a via aberta para con- nos últimos anos, visto que presidente da FIBA – Africa e actual BAL”, explicou Manave
duzir os destinos da FIBA África nos pró- ninguém quis enfrentar o mo- visando consolidar as conquis- que antes de chegar a FIBA
ximos cinco anos, uma vez que é único çambicano nas próximas elei- tas alcançadas o moçambicano presidiu o Comitê Olímpico
candidato à sua própria sucessão no orga- ções para escolher o líder do prometeu, na última semana, de Moçambique.
nismo que chancela a modalidade da bola organismo. apostar na Basketball Africa Para a BAL feminina pas-
ao cesto no continente africano. No primeiro manda- A XVIII Assembleia-Geral League (BAL) no que aos fe- sar da teoria para a prática,
to, o moçambicano conseguiu graças ao apoio da Liga da FIBA-África vai colocar mininos diz respeito. segundo Aníbal Manave, a
Norte – Americana de Basquetebol (NBA) organizar a Moçambique na elite do bas- “Tal como a BAL em mas- instituição que chancela o bas-
Basketball Africa League (BAL) em seniores masculi- quetebol moçambicano, pois culinos, a introdução desta quetebol no continente africa-
nos, sendo que para os próximos quatro anos promete esta será a primeira vez que o competição femininos está no está a fazer o levantamento
organizar o mesmo certame em femininos para consoli- país recebe um evento do gê- em processo, porém com um das equipas e dos países que
dar as conquistas alcançados nos primeiros cinco anos. nero. Aliás, está a eh a primeira formato diferente, que irá de vão fazer parte da competi-
vez que uma nação da África encontro às expectativas do ção que terá o financiamento
Duarte Sitoe Austral e, sobretudo, lusófono. basquetebol feminino. É ver- da Liga Norte – americana de
A capital moçambicana, que contará com a presença de Olhando para o trabalho dade que terá menos tempo Basquetebol.
Maputo, será entre os dias 09 50 representantes das federa- desenvolvidos nos últimos de competição, mas daremos A formação de novos talen-
e 10 do corrente mês de Junho ções filiados a FIBA-África, dois anos, Só uma hecatombe oportunidade delas competi- tos também consta dos planos
palco XVIII Assembleia-Ge- vai reconduzir o Aníbal Mana- pode afastar Aníbal Manave rem ao mais alto nível e com as da FIBA – Africa no segundo
ral da FIBA-África. O evento, ve para ao cargo que ocupou da reeleição para o cargo do condições parecidas com a da mandato do moçambicano.
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CULTURA
23
Maria Helena Pinto expõe “Corpo e mente com histórias universais”
A coreógrafa, bailarina, professora de dança, investigadora de
dança contemporânea e produtora de espectáculos e eventos ar-
tísticos projecta celebrar, no corrente mês de Junho, com uma
exposição intitulada “Maria Helena Pinto: Corpo e mente com
histórias universais”, a ter lugar no Centro Cultural Franco Mo-
çambicano, em Maputo, de 16 a 30 de Junho, e uma Festa Leilão,
06 DE JUNHO DE 2023
no dia 24, na Vila Artística Dans´Artes, no distrito de Djonasse.

ARTISTAS MOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA

Ruben Zacarias: um pintor imaginativo, criativo e de
estilo singular

T
odos sabemos da multiplicidade de caminhos com a Família, onde trabalha e
que as Diversas Técnicas em Pintura oferece mantém Atelier.
aos seus cultores. A Obra de Ruben Zacarias A sua última exposição in-
enquadra-se no traço renovador da perspecti- dividual realizou-se na Galeria
va e dos Volumes. Da modernidade, da imagi- de Arte da Casa da Cultura, em
nação fértil dos temas que escolhe e do Movimento, que um Paredes, entre os dias 3 e 18 de
desenho equilibrado e de feição africana acentua e eviden- Setembro de 2022, com um
cia, em termos de matweriais utilizados comio siporte, quer conjunto de 16 Obras a que deu
em Tela, quer em Cartolila ou mesmo em Têxtil. Portador o título genérico deHerdeiros
de uma Paleta diversificada muito rica. As duas Obras que do Sol, obtendo assinalável
apresentamos do Jovem Artista são disso exemplo. êxito de vendas e de um número
Afonso Almeida Brandão (Texto) Albino Mahumana (Fotos) razoável de visitantes.
Segundo nos confessou o
As pinceladas que realçam Repare-se na Técnica de jovem Pintor, este conjunto de
os vermelhos, o amarelo e os execução primorosa que o 16 Quadros abrangeram diver-
tons de azul forte das Figu- Artista utilizou, em termos sas Técnicas, desde o Acrílico s/
ras dos dois trabalhos que de desenho e mancha, por ex- Tela, à Técnica Mista, ao Carvão
apresentamos, contrastam emplo, ao dar Forma à som- Vegetal s/Tela e ao Têxtil. Tra-
com a Claridade que produz bra, ligeiramente escurecida, balhos que constituirampropos-
o efeito da Luz e das Sonbras numa das partes laterais da tas para que o Público podesse
nos planos de de cada um figura isoldada do primeiro livremente entrar dentro de cada
dos seus Quadros, através Quadro, e depois projectada uma das Obras e fazer a sua
das cores laranja e suave. no primeiro plano, a contra- análise livre e pessoal. Quad-
São pinceladas que captam star com a Luz intensa do ros que reflectiram, sobretudo,
o movimento do olhar do restante envolvimento da diversos Temas e que se en-
observador, orientando-o e Obra projectada nos corpos quadraram — segundo o Artista
— «numa atmosfera filosófi-
ca-onírica», levando os especta-
dores a serem despertados pelos
sentidos da curiosidade e pelo
interesse de cada um dos Quad-
ros que estiveram expostos.
A cotação da Média da Obra
Africana, tais como a Pal- BREVE NOTA de Ruben Zacarias oscila entre
hotas, o Pilão, as Crianças a «CURRICULAR» os Mil e os Dois Mil Euros, para
brincar ou simplesmente «às Quadros emPequeno, Médio e
costas» da Mãe, envoltas em Ruben Zacarias nasceu na Grande Formato, sendo actual-
Capulana colorida. Estamos Província da Zambeze, no Dis- mente os seus trabalhos deveras
diante um Pintor fiel intér- trito de Alto Molóque, no dia cobiçados pelos Colecciona-
prete de excepção fazendo
jus à mestria que fazem dele
aos 50 anos um dos Artistas
Moçambicanos imaginativo,
criativo e de estilo singular,
afirmando-se indiscutivel-
mente como um dos Sig-
nificativos Pintores da sua
Geração, da Segunda Metade
do Séc. XX e da Primeira
desviando-o assim desde o e nos rostos das figuras ao Metade do Séc. XXI, de que
limite direito do Quadro para centro e à nossa direita, ou destacamos nomes de Albi-
a zona mais forte da cor ver- na perspectiva que se perde, no Mahumana, Hélder Faife,
melha, amarela, azul, laranka ao longo do segundo e ter- Pedro Simão Marrumula ou
ouescura, do primeiro pla- ceiro planos, em direcção ao David Luís, só para citar al-
no de ambas as figuras, em fundo de cada uma das Telas guns exemplos.
plano central, erguendo-o seleccionadas. A cotação da Obra de
daí na direcção do olhar de Ruben Zacarias é um Guilherme Correia oscila en-
quem as observa. As duas Artista que aborda os temas tre os 2 Mil e os 35 Mil Eu-
Figuras de Mulher alegres e mais variados, que vão desde ros, para quadros de peque-
despreocupadas, represen- as Figuras, ao Casario Rural no, médio e grande formato,
tam neste segundo Quadro das Aldeias, passando pelas sendo os seus trabalhos de-
uma «lufada de ar fresco»e Paisagens de Campo eter- veras cobiçados pelos Colec- 3 de Junho de 1995 e vive na dores de Arte, «Marchands» e
boa disposição. minar nos Motivos de Raíz cionadores de Arte. cidade do Porto, em Portugal, Público, em geral.
E
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IDÊNCIAS
60 Meticais

ÚLTIMA HORA
No âmbito do Programa de Selagem Obrigatória de Bebidas Alcoólicas
AT aprende mais de 45 mil caixas de bebidas alcoólicas sem selo entre
Novembro de 2022 e Maio de 2023

E
m Novembro de 2022, a Autoridade Tributária de
Moçambique (AT) deu início em todo território
nacional a interdição de introdução ao consumo
de cervejas e RDT's sem selo do controlo fiscal,
sendo que em Maio do corrente ano entrou em
vigor a interação de circulação, no mercado nacional, de cerve-
jas e RDT's sem selo de controlo fiscal. No âmbito do balanço
da terceira fase do Programa de Selagem Obrigatória de Bebi-
das Alcoólicas e Tabaco Manufaturado, o porta – voz da AT,
Antônio Tinga reconheceu as fragilidades da instituição para
fiscalizar esta iniciativa que visa aumentar as receitas do Esta-
do, tendo apontado trêssoluções para mudar o cenário actual,
nomeadamente, investimento na formação técnica para dotar
os funcionários de conhecimento para que possa avaliar os ti-
pos de produtos aprendidos produtos que se depara no terreno;
aumento de número de funcionários da Unidade Especiais de
Controlo de Mercadorias e Melhoria e modernização dos servi- mais vigilantes, ou seja, serem Tinga reconheceu que ainda cadorias, posicionadas em por-
ços laboratoriais da instituição para que se possam realizar tra- mais vigilantes em caso de al- há focos de invasão fiscal em tos, aeroportos, fronteiras.
balhos e exames prévios laboratórios. guma observância de irregula- todo território nacional, mas Nas entrelinhas, Tinga reco-
ridades no acto da compra dos referiu que o balanço dos pri- nheceu as fragilidades da insti-
Teresa Simango dois produtos contemplados meiros seis meses é deveras tuição para fiscalizar programa
O porta – voz da Autorida- presente ano resultou em 487 na iniciativa levada a cabo pela positivo que visa aumentar as receitas
de Tributaria de Moçambique, apreensões, dos quais 366 na Autoridade Tributária de Mo- “Apesar de termos feito tra- da Autoridade Tributária de
Antônio Tinga, que referiu região Sul, 54 no centro e 64 na çambique. balho prévio durante o proces- Moçambique, tendo aponta-
que a Selagem Obrigatória de zona norte. O valor aduaneiro “Quando um cidadão qui- so de introdução de selagem do três soluções para mudar o
Bebidas Alcoólicas e Tabaco das mercadorias está avaliado ser fazer-se a um estabeleci- de mercadorias e termos expli- cenário actual, nomeadamen-
Manufaturado visa combater em 78 milhões de meticais e mento e quiser comprar uma cado sobre os procedimentos te, investimento na formação
o contrabando de bebidas e lesaria o Estado caso não hou- cerveja ou bebida pronta para ainda existem focos de invasão técnica para dotar os funcio-
assegurar o pagamento do Im- vesse apreensões em cobrança consumir deve garantir que fiscal por contrabando. Mas nários de conhecimento para
posto de Consumo Específico, de 62 milhões de meticais. Fo- a cerveja esteja selada, toda a o balanço é positivo porque que possa avaliar os tipos de
declarou que nos primeiros ram apreendidas 45 749 caixas cerveja não selada que está a os dados estatísticos que te- produtos aprendidos produtos
cinco meses do corrente ano de bebidas diversas cujos direi- ser comercializada de forma mos mostra um crescimento que se depara no terreno; au-
a AT apreendeu cerca de 45 tos e imposições estão avalia- ilegal e deve-se fazer uma rá- de cerca de 106% de selos e a mento de número de funcio-
749 caixas de bebidas alcoóli- dos em 33 milhões”, declarou pida denuncia as linhas através nossa meta é garantir que toda nários da Unidade Especiais
cas que entraram ilegalmente Tinga. do contacto da linha direta bebida que circule no país seja de Controlo de Mercadorias e
no país. Para o sucesso do Progra- para que as autoridades adua- selada”, disse Tinga para de- Melhoria e modernização dos
“O trabalho operativo su- ma de Selagem Obrigatória de neiras possa fazer o trabalho pois revelar os resultados po- serviços laboratoriais da ins-
jeito ao controlo aduaneiro Bebidas Alcoólicas e Tabaco de recuperação das mercado- sitivo foram alcandos graças a tituição para que se possam
realizado em todo o território Manufaturado, a fonte instou rias”, declarou. a implementação de unidades realizar trabalhos e exames
nacional de Janeiro a Junho do aos moçambicanos para serem Por outro lado, Antônio especiais de controlo de mer- prévios laboratórios.

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