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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DO SOYO

PAPEL REGULADOR DO
ESTADO

Grupo nº: 1
Ano: 4º
Curso: Engenharia Mecânica
Turma: Única
Cadeira: Gestão Empresarial

Docente:
Milton Calvo Llorella

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INTEGRANTES DO GRUPO

 Augusto João
 Alberto de Jesus Madeca
 Cristo Miguel
 Daniel João Zayadio
 Domingos Miguel André
 Eduardo Lúcia
 Eugênio Mbeu
 Joy Chicuata
 Karol Barnabé C. Lucemo
 Manzambi Bafuidinsoni Nzuzi
 Martins José Amador
 Miguel João
 Paulo Vumpa Neto
 Pedro Paulo

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INTRODUÇÃO
Para a adequada compreensão deste e dos demais itens desse estudo, convém
caracterizar bem a diferença entre a função reguladora ou atividade regulatória e a
função regulamentar ou regulamentação. Essa diferença faz-se importante, pois
muitas vezes os vocábulos regulação e regulamentação são usados como
sinônimos. Quando isso acontece a ação reguladora, muito mais ampla fica restrita
ao seu carácter meramente normativo.
Enquanto que a função regulamentar consiste em disciplinar uma atividade mediante
a emissão de atos e comandos normativos, a função reguladora ou a regulação
estatal, além de envolver a função regulamentar, envolve as atividades de
fiscalização, de poder de polícia, adjudicatórias, de conciliação, bem como a de
subsidiar e recomendar a adoção de medidas pelo poder central no ambiente
regulado. Como cita Marques (2003, p.15): “Sem essa completude de funções não
estaremos diante do exercício de uma função regulatória”.
Quando se estuda ou se quer caracterizar o Estado regulador e o Estado provedor
ou produtor de serviços, ficam evidenciadas as duas formas de intervenção do
Estado na ordem econômica. A atuação do Estado regulador caracteriza-se pela
intervenção indireta e o Estado provedor pela intervenção direta do Estado na ordem
econômica.
Pela intervenção indireta do Estado regulador na ordem econômica, regulamentando
e fiscalizando a prestação de determinado serviço, inclusive serviços públicos, como
forma de equilibrar os interesses dos usuários ou consumidores e os do mercado,
em prol do interesse público. Assim, só é efetiva a existência da função reguladora
do Estado em um ambiente em que há a participação do capital privado na
prestação de serviços de interesse da coletividade.
A atuação do Estado provedor ou produtor de serviços caracteriza-se pela chamada
intervenção direta do Estado na ordem econômica, produzindo bens e serviços por
meio de suas empresas, em sistema de monopólio ou em competição com a
iniciativa privada.
Constata-se, portanto, que essas duas funções do Estado não são excludentes ou
incompatíveis. Podem se complementar ou estar mais presentes uma ou outra
dependendo das necessidades da sociedade, da capacidade econômica do próprio
Estado e da vertente política dominante, entre outros fatores.

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DESENVOLVIMENTO
Regulação é todo tipo de intervenção que o estado faz na atividade económica
pública e privada. Dessa forma, a intervenção pode ser para controlar e orientar o
mercado ou para proteger o interesse público. O principal papel de um agente
regulador é promover o desenvolvimento harmonioso do sector regulado, dando as
condições e os parâmetros em que a atividade deve se dar, fluindo de forma
dinâmica e inserida no contexto da defesa do interesse dos consumidores.

O papel regulador do Estado sempre existiu sem a denominação e sem a criação


das agências reguladoras. Mas há várias teorias económicas que defendem o
posicionamento do Estado na economia. Vamos apenas destacar aquelas que
reputamos essenciais: As Teorias Liberais, As Teorias Intervencionistas e as
chamadas Teorias Neoliberais.

Teorias Liberais
As Teorias Liberais são aqueles que defendem que o Estado não deve intervir na
Economia ou que a sua intervenção deve ser a mais reduzida possível. Essas
teorias surgem do pensamento liberal. Como sabemos, o Liberalismo que fez escola
na Europa entre os séculos XIV ao século XX (atingiu o apogeu com as revoluções
americana e francesa), pode ser entendido como conjunto de princípios e teorias
políticas, que apresenta como ponto basilar, a defesa da liberdade política e
econômica. Teve como o seu maior teórico Adam Smith, considerado o pai da
economia moderna. Segundo o autor do livro “Uma Investigação sobre a natureza e
a causa da Riqueza das Nações”, os agentes econômicos “privados movidos apenas
pelo seu próprio interesse é levado por uma mão invisível a promover algo que
nunca fez parte do interesse dele, o bem-estar da sociedade”. Adam Smith
acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma
intervenção governamental, sendo defensor do free banking (sistema bancário livre)

Estado Liberal
Emergentes das teorias liberais, o Estado Liberal é aquele que tem como
fundamento a liberdade individual nos campos econômico, político, religioso,
intelectual, da não-agressão, do direito de propriedade privada e da supremacia do
indivíduo contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal. O também
designado Estado mínimo, não intervencionista, Estado Polícia ou ainda do Estado
laisser-faire laisser-passer, tinha como principais atribuições, a defesa, a segurança,
obras públicas, educação, saúde, justiça, relações internacionais e pouco mais. No
plano das garantias constitucionais, o Estado Liberal apresenta, via de regra, um
catálogo onde encontramos os direitos, liberdades e garantias. Ou seja, somente os
direitos de primeira geração faziam escola nas constituições liberais.

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Teorias Intervencionistas
As teorias intervencionistas, são aqueles que defendem que o estado deve intervir
na economia e na vida social. Oposta à teoria liberal, os defensores destas teorias
sustentam que só com a intervenção do Estado, os direitos dos cidadãos podem ser
assegurados. Um dos nomes mais sonantes desta teoria é John Maynard Keynes,
fundador da macroeconômica moderna, defendia, com base nas análises que fez
dos ciclos econômicos, que o Estado devia intervir na economia, não para destruir o
“destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo o autor, o
capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo
socialismo). O objetivo da intervenção do Estado seria para aperfeiçoar o sistema,
de modo, que uma o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho
individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal
na economia é necessária, porque essa união não acontece por vias naturais,
graças a problemas do livre mercado (discrepância entre a poupança, o investimento
e o estado de ânimo dos agentes econômicos)

Razão de ordem dos Estados Intervencionistas


São vários os modelos de Estados Intervencionistas, todavia, por razões históricas
(do mundo no geral, e de Angola em particular), destacaremos somente dois: o
Estado Socialista e o Estado Social de Direito. Contudo, nos estados socialistas não
estamos no âmbito do Estado Democrático e de Direito. Estamos num modelo de
Estado não Democrático. Contudo, vale a pena dar algumas pinceladas sobre este:
O socialismo, é, por definição geral, a doutrina política e econômica que defende a
coletivização dos meios de produção e de distribuição mediante a supressão da
propriedade privada e das classes sociais. Foi Karl Marx e Friedrich Engels quem
teorizaram primeiro e, depois Lenine pôs em prática na URSS. É um sistema que foi
adotado por vários países que estiveram sob influência da Ex-URSS, durante a
chamada Guerra Fria, incluindo Angola. Hoje, são poucas as nações que ainda
propalam este sistema, tido, pela grande parte dos académicos mundiais como um
sistema não democrático, pois não admite as liberdades individuais. Angola,
felizmente abandonou-o com a entrada em vigor da Lei Constitucional de 1992 e
com as reformas políticas e econômicas que antecederam a sua aprovação.

Estado Socialista
O Estado socialista é aquele que se dedica a constitucionalmente desenvolver uma
sociedade socialista. Como vimos, na história a URSS – União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas foi o primeiro estado no mundo a adoptar este sistema. Depois
da Segunda guerra mundial, outros estados seguiriam o mesmo modelo com
destaque para China, a extinta República Democrática da Alemanha (RDA), Cuba,
Coreia do Norte e Angola (entre outras extintas e sobreviventes deste sistema).
Neste modelo, o Estado absorve toda a atividade económica. O Estado é o detentor
de todos os meios de produção, é o empresário, o distribuidor, etc. Hoje a China,
segunda maior económica do mundo, ainda tem um resquício deste sistema, pois

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grande parte da economia já está sob o domínio privado, embora o Estado ainda
intervém e controla a economia nos termos socialistas. Contudo, com exceção da
Coreia do Norte, Cuba e Vietnam, pensamos que já não há países com sistema
socialista. Os demais Estados abandonaram este sistema, uns porque foram
extintos, outros por adoptaram reformas profundas na sociedade, como foi o caso de
Angola.

Estados intervencionistas no âmbito dos Estados Democráticos de


Direito
No modelo dos Estados Democráticos, para além dos Estados ditos Liberais,
encontramos o designado Estado Social ou de bem-estar social ou ainda apelidado
de Estado-Providência, que tem como fundamento a organização política e
económica e que coloca o estado como agente da promoção social e organizador da
economia. Neste sistema, o Estado é o agente regulador de todos os aspectos da
vida na sociedade, em parceria com os privados, quer sejam empresas privadas,
sindicatos ou ONGꞌs. Estado social emergiu na Europa principalmente nos Estados
Escandinavos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia). Inicialmente, foi o
economista e sociólogo Karl Gunnar Myrdal quem teorizou, após a Grande
depressão ocorrida em 1929 e a seguir, foi desenvolvida por Keynes. O estado
social ou Welfare-state , no que toca às garantias dos direitos dos cidadãos,
estabelece constitucionalmente, para além dos Direitos, Liberdades e Garantias
(Direitos da primeira geração), consagra também os Direitos económicas e Sociais
(Direitos da segunda geração) e, mais recentemente, introduziram os direitos da
terceira geração (direitos difusos, tais como Direito ao ambiente, direito do
consumidor, etc)

Estados Neoliberais
O Estado Neoliberal, surgiu das teoria neoliberais. Entende-se por Neoliberalismo, a
corrente que defende a participação mínima do Estado na Economia e sustenta que,
este só deve intervir em setores imprescindíveis e, ainda assim, num grau mínimo.
As principais características do Neoliberalismo são as seguintes:
a) Participação reduzida do Estado na economia;
b) Diminuta participação do Governo no mercado de trabalho;
c) Privatizações das empresas do estado; liberdade de circulação de capitais
estrangeiro no âmbito da globalização das economias;
d) Abandono de protecionismo económico;
e) Desburocratização do Estado, e simplificação das leis que regem a atividade
económica;
f) Redução do tamanho do Estado para o tornar mais eficiente e eficaz;
g) Ausência de políticas de preços fixados por parte do Estado, deixando a lei da
oferta e da procura prevalecer;
h) Sector privado é a base da economia;
i) Defesa dos princípios económicos capitalistas;
j) Incremento da produção para atingir o desenvolvimento económico e social.

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A Moderna Regulação
A ação moderna do Estado regulador não pressupõe substituir a forma de
intervenção direta do Estado na ordem económica. O que é relevante na ação
reguladora do Estado é a separação entre os entes operadores estatais e o ente
regulador do respectivo sector, criando condições para que operadores estatais e
privados compitam entre si, sob as mesmas regras, de forma a oferecer um serviço
adequado a usuários e consumidores qualidade e preços justos. Segundo Marques
(2003, p.12).
É essencial à noção de moderna regulação que o ente regulador estatal dialogue e
interaja com os agentes sujeitos à atividade regulatória buscando não apenas
legitimar a sua atividade, como tornar a regulação mais qualificada, porquanto mais
aderente às necessidade e perspectivas da sociedade.
A função básica e os objetivos dos entes reguladores consiste em buscar uma
harmonia participativa entre os interesses em jogo e contribuir, desse modo, para
que seja alcançada a harmonia social, mediante procedimentos mais inovadores,
como o das audiências públicas. Entre os objetivos que se têm atribuído aos entes
reguladores, destaca-se o relacionado à promoção da concorrência, à defesa do
mercado e das liberdades económicas das pessoas vinculadas à prestação de
serviços públicos, paralelamente à justiça e razoabilidade das tarifas. Algumas
regulações que se efetuem são:
 Regulação de mercado
 Regulação Económica e Agências reguladoras
 Regulação económica dos sectores

Regulação – Falhas de Mercado


 Estado e Regulação;
 Falhas de Governo.
Nos mercados nos quais as condições para uma grande concorrência estão
presentes criando mercados competitivos, as empresas são pressionadas para
redução de seus custos de produção e de seus preços, melhoria da qualidade do
produto, aumento da oferta e da variedade de produtos, nesse caso o mercado
funciona de forma eficiente.
Já nos mercados onde a concorrência é imperfeita, isto é, falhas de mercado, essa
estrutura ocasiona redução da produção e aumento dos preços.
Quanto mais significantes são as falhas de mercado, menos a concorrência se
manifesta em relação a resultados de interesse da sociedade.

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Regulação – Falhas do Governo
Como foi mencionado, falhas de mercado estão presentes em vários segmentos
económicos, incluindo no setor público onde procura agir de maneira forte utilizando
o poder regulatório para garantir resultados em favor da sociedade.
Aumento dos preços é atitude que necessita ser reprimida pelo poder público
através da agência reguladora.
Toda a ineficiência ou não intervenção quando devida por parte do estado, não
agindo da forma legalmente instituída é considerada como falha do governo (Falha
do estado).
A não intervenção do estado numa falha de mercado que resulta numa situação não
satisfatória para a sociedade, pior do que resultaria decorrente de uma intervenção,
se houvesse, é denominada de falha de governo.

Papel do Estado na Economia (Angola)


Analisando o programa de Governo do MPLA, podemos constar que no que tange
ao papel do Estado na economia, a orientação deste partido não difere da
constituição, ou seja, o MPLA defende o Estado social, ou também designado,
Estado de bem-estar ou Estado providência.
Apesar de teoricamente haver virtualidades no Estado Social, não somos de opinião
que seja o melhor modelo para Angola. Depois de uma análise profunda à nossa
história recente e realidade atual e após um estudo profundo dos modelos de Estado
analisados, chegamos que devemos edificar em Angola um Estado Neoliberal. E a
nossa tese tem os seguintes fundamentos:
1- Abandonamos recentemente o modelo de estado socialista onde o Estado era
detentor de quase todos os meios de produção.
2- O referido estado conviveu com uma guerra devastadora e não foi sequer
implementado nos seus fundamentos essenciais.
3- Iniciamos o modelo de estado social no decurso da Guerra e este também
não chegou a ser implementado
4- O Estado intervém excessivamente na economia e não deixa espaço para o
sector privado
5- O Estado tem preços fixados, mas a economia é regulada informalmente
6- O estado tem excesso de funcionários, inúmeras empresas improdutivas e em
sectores que não são estratégicos
7- Elevadas despesas públicas
8- O Estado adota políticas e programas que deveriam estar na esfera dos
privados ou pelo menos em parcerias público-privadas
9- O Estado já demonstrou ser um mau gestor público e há uma índice elevado
de corrupção, tráfico de influências e outras práticas que ferem a boa
governação

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Depois deste diagnóstico, propomos para Angola um Estado Neoliberal adotando
as seguintes medidas:
1- Redução da intervenção do Estado na economia
2- Privatização de grande parte das empresas públicas, com exceção, das que
têm objetivos estratégicos
3- Liberalização da atividade económica, e fixação de preços, apenas na cesta
básica e subsídio aos combustíveis de forma controlada
4- Utilizar a política dos impostos para estimular a atividade privada
5- Dedicar-se às funções essenciais do estado e conferir qualidade e prestígio
às mesmas: Justiça, educação, defesa, segurança, saúde, obras públicas, e
relações internacionais
6- Fortalecer as instituições do Estado, de modo que elas possam funcionar de
forma regular e independente
7- Liberalizar, mas regular e criar um corpo de profissionais com condições
materiais, financeiras e de trabalho para fiscalizar a atividade privada

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CONCLUSÃO
À base do estudo feito, concluímos que a regulação é todo tipo de intervenção que
o estado faz na atividade económica pública e privada. A mesma intervenção pode
ser para controlar e orientar o mercado ou para proteger o interesse público. E o
principal papel de um agente regulador é promover o desenvolvimento harmonioso
do sector regulado, dando as condições e os parâmetros em que a atividade deve se
dar, fluindo de forma dinâmica e inserida no contexto da defesa do interesse dos
consumidores.
Parte-se da premissa que o desenvolvimento económico, em países periféricos
apenas podem ser alcançado se houver um inter-relacionamento entre intervenção
do Estado na atividade económica e política, pública de desenvolvimento. Como
objetivos específicos mencionam-se os conteúdos inerentes à ideologia e economia,
constituição económica, ordem económica, intervenção estatal, serviço público,
planejamento e desenvolvimento económico.
Nesse contexto, insere-se a preocupação com as finanças públicas, tanto na
perspectiva arrecadatória (tributária), como na perspectiva da despesa pública e
definição de políticas fiscais que visem ao desenvolvimento e redução das
desigualdades sociais e regionais, e preservação ambiental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 DAVIDSON Paul, Keynes John Maynard, Edição em Português, V,


editora, 2011

 SAMUELSON Paul e William Naudous Economia,19ª Edição, 2013

 RAÚL Araújo, Presidente da República no sistema político de


Angola, 2ª Edição, Almedina, 2012

 NDINDAE Thahula, a mão que não é invisível de Adam Smith,


Ndjira, Coleção Asa do sonho, 2013

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