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Antes da invasão britânica, o que hoje se conhece como Quênia, vivia sob a forma da
agropecuária de subsistência, plantando pouco, em sua maioria o básico para
alimentação própria ou criando animais, o que acabava por contribuir para que a área
possuísse um baixo desenvolvimento econômico.
Com a partilha da África na conferência de Berlim em 1885, o território que já vivia sob
a presença de missionários acabou nas mãos dos britânicos que conferiram inicialmente
o poder de gerência territorial a Companhia Imperial Britânica da África Oriental.
Ao mesmo tempo, o governo britânico buscou efetuar uma aliança com líderes locais de
modo a facilitar o processo de dominação. Era oferecido uma série de benefícios aos
mesmos, e os que aceitavam acabam se tornando responsáveis por parte da cobrança de
impostos, assim como por determinada punição aos que causassem problemas aos
britânicos. Estava lançada a semente da discórdia, uma vez que os abusos passavam
agora a vir não somente dos estrangeiros, mas de seu próprio povo.
Com o começo da segunda guerra muitos quenianos acabaram lutando pela Inglaterra.
Formulava-se em suas mentes o sonho de liberdade ou se não de pelo menos gratidão
por seus esforços concebidos na guerra, contudo, com o fim do conflito a situação de
repressão continuou, o que só serviu para alimentar mais ainda o desejo por mudança.
As ideias já estavam no ar e novas associações surgiram, muitas das vezes sendo
reprimidas logo em seguida, enquanto outras resistiam. Dentre elas a Associação
Central Kikuyu, a União Africana do Quênia, liderada por Jomo Kenyatta (que
futuramente seria detido pelos britânicos) visando uma maior representatividade
africana no legislativo, como também o Exército Terra e Liberdade do Quênia. Somado
a isso surgiria o Movimento mais conhecido na história da independência do Quênia, o
Mau-Mau.
Havia uma clara diferença armamentista entre os membros do Mau Mau e os britânicos,
assim, o que se fazia centrava-se na execução de ataques e fugas rápidas, de modo a
suprir a ausência do armamento. As ações do movimento datam sobretudo a partir de
1952. Tendo começado entre os povos da etnia Kikuyus, o movimento visou a princípio
o ataque aos que consideravam traidores, pessoas dentre os quenianos que haviam
compactuado com os britânicos, partindo depois para os colonos.
O combate ao Mau Mau não se fez somente no campo material, mas também
ideológico. Longe de pautar uma imagem de revolucionários, a impressa estrangeira
formulou a narrativa de que os participantes do Mau Mau eram se não terroristas,
moldando uma imagem criminosa do grupo, além de atribuir características como a de
selvagens. Havia também a produção de panfletos pelos britânicos, como também de
filmes que buscavam propagar uma narrativa de terror em torno dos Mau Mau.