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Até o século XVI não houve tentativas de colonização sistemática da América do Norte.
O impulso colonizador renasce com a diminuição do perigo espanhol e a necessidade de
avanço do Comércio. A coroa entregou a particulares a tarefa, especialmente as
companhias de comércio, como Londres e Plymouth. Não obstante os fracassos iniciais, a
colonização tinha entrado em movimento do qual não cessaria. Boa parte daqueles que
chegaram na região eram homens sem recursos que inundavam as cidades inglesas devido ao
acentuado êxodo rural que vivia na Inglaterra. A colônia se tornou um grande receptáculo
daquilo que a coroa não desejava e uma forma de resolver problemas demográficos que o país
encarava.
Outro fator que levou a chegada de pessoas na América do Norte foi justamente a
perseguição religiosa, uma constante na Inglaterra do século XVI. A América do Norte também
se tornou um refúgio para grupos religiosos perseguidos, como os peregrinos – colonos
religiosos puritanos com crenças muito semelhantes aos puritanos calvinistas, a tirar pelo fato
de que defendiam a separação da igreja estatal inglesa. Os “pilgrim fathers” são tomados como
fundadores da nação estadunidense, sobretudo da parcela branca, anglo-saxã e protestante
(WASP). Constituiu-se toda uma memória que se identifica com os peregrinos enquanto
modelo de fundação do qual o “Dia de Ação de Graças” ainda é um elemento. A que se levar
em consideração também o quanto os puritanos tinham em conta a ideia de que construiriam
uma “Nova Canaã” e de constituíam num novo povo de Israel, um grupo escolhido por Deus
para a construção de uma sociedade de eleitos; tal como os hebreus, os quais foram
perseguidos no Egito e atravessaram o deserto do Sinai, recebiam indicações divinas de uma
nova terra. A perseguição religiosa na Inglaterra, a travessia do oceano e a chegada em
um novo território são elementos a reforçar a ideia de um pacto entre Deus e os colonos
puritanos, fazendo da ideia de um povo eleito uma forte marca da cultura dos Estados Unidos
(predestinação).
Religião e educação
A situação religiosa nas treze colônias é caracterizada pela existência de uma grande
variedade de grupos religiosos. Puritanos, Batistas, católicos, além de uma infinidade de
pequenas seitas protestantes da Europa montavam um caleidoscópio diverso, a despeito de
serem todos cristãos. Era difícil absolutizar uma posição como ocorrido na América Ibérica.
Para além disso, as posições Protestantes também tiveram como efeito a leitura individual da
Bíblia e o processo permanente de reciclagem das próprias normativas bíblicas. O institucional
(a igreja em si) perdeu importância nesse cenário.
Paralelamente, a presença de muitos protestantes colaborou para o desenvolvimento
de um caráter particular na região. A preocupação com a defesa da livre Interpretação da
Bíblia foi um fator que levou a existência de várias versões do texto na sua língua. Daí
decorrem uma série de medidas originais de organização de escolas primárias para que mais
pessoas pudessem entrar em contato com os escritos. A educação nas treze colônias
apresentou um caráter religioso, porém não clerical dado que a educação era paga pela própria
comunidade. As instituições de caráter superior também fizeram parte dessa preocupação
com a religião. Em todos os documentos sobre educação e a criação de universidades, havia a
preocupação do conhecimento em relação a coisas ligadas a religião e a Bíblia. O que
resultou desse processo foi o surgimento de várias instituições de ensino superior (Harvard,
Yale, Princeton, Pensilvania, etc). Já nos séculos XVII e XVIII, muitas dessas instituições seriam
influenciadas pelo pensamento liberal e ilustrado na medida em que muitos alunos de famílias
abastadas iam estudar na Europa e voltavam com livros e ideias para as colônias.
Divisões Regionais
Colonias do Norte
Colonias do Sul
Colônias centrais
Essas teriam sua vida econômica muito mais ligada à agricultura, sobretudo a de
cereais. Últimas a serem conquistadas pela Inglaterra, predominou na região, à semelhança do
norte, pequenas propriedades e atividades manufatureiras.
Norte
Sul
Latifúndio predominante
Voltado à exportação
Trabalho servil e escravo
Pouco desenvolvimento de atividades manufatureiras
Questão negra-indígena
No que tange à questão indígena, a relação foi desde o início caracterizada por uma
percepção negativa por parte dos europeus. Por não compartilharem uma cultura semelhante
à europeia, foram vistos como incivilizados. A imigração europeia, para além do preconceito,
também teve o impacto imediato de trazer doenças para as quais os nativos não possuíam
defesas naturais, provocando a morte de milhares tais quais nas áreas ibéricas. A ocupação das
terras indígenas por parte dos colonos, ademais, seguiu argumentos de ordem teológica. Ao se
identificar como o povo eleito por Deus, acreditavam no seu direito de expulsar os habitantes
presentes tal como Deus havia dado força a Josué para expulsar os habitantes da terra
prometida, a nova Canaã.
Ainda que seja fato pouco conhecido na história estadunidense, outro a se apontar foi
a escravização dos nativos, prática essa que permaneceu até a independência. Não obstante o
massacre de populações individuais e consequente genocídio, tal relação também marcada
pela reação indígena à expansão agrícola dos colonos por meios violentos quanto pelo
estabelecimento de alguns tratados de paz que acabaram por demarcar terras de um e de
outros. Dessa prática, surgiram as reservas indígenas, regiões que permaneceriam sob controle
exclusivo dos nativos. No entanto, a continuidade dos conflitos mesmo com tais reservas
mostra que tais não foram cumpridos na sua totalidade. Por fim, convém ressaltar que a
despeito de algumas experiências de conversão e catequese, nunca houve um processo de
conversão sistemático e permanente na América ibérica (o mesmo pode ser dito sobre
experiências de mestiçagem). A ideia de predestinação e o ideal de empresa colaboraram em
larga medida para enfraquecer processos de mestiçagem e catequese as populações nativas.
Já em relação à escravização de pessoas africanas, seu início remonta ao século XVII.
Em poucas décadas, a escravidão estava presente em todos as colônias e havia legislação
específica sobre a mesma. Ainda que concorresse com a servidão branca, o contato dos
mercadores com a região das Antilhas no comércio serviu de “propaganda” para expansão da
escravização negra. Para os plantadores, essa forma de trabalho compulsório foi se tornando
cada vez mais vantajosa. Em áreas anglo-saxônicas, a escravidão fazia parte do sistema jurídico
e se inseria como parte de um mundo moderno – tal qual no resto da América Ibérica. Os
escravizados eram, por assim dizer, mais objeto do que um ser humano, conferindo um status
de propriedade em relação ao seu senhor. A conversão, além disso, não era um elemento
obrigatório como no resto da América Ibérica, ‘integrar” ou não pessoas escravizadas dependia
do proprietário. O desenvolvimento de uma legislação acerca da vida dessas pessoas se
tornaria um retrato do próprio aumento da escravidão, sobretudo, no sul das colônias. Cresceu
a ponto de se tornar um pesadelo dado as múltiplas formas de resistência que existiam:
lentidão no trabalho, fugas, incêndios, assassinatos, insurreições, etc. O medo de uma rebelião
generalizada aparecia mais regiões de maior contingente populacional afro-americanos, como
na Carolina do Sul.