Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Além disso, é importante frisar que os tributos vinculados a uma atuação
estatal não estão sujeitos a repartição de suas receitas, isto ocorre como uma
decorrência lógica do próprio sistema tributário. Se a receita proveniente destes
tributos deve custear a atividade do Estado, não faz sentido que a mesma seja
repartida. Neste mesmo sentido, as receitas provenientes dos empréstimos
compulsórios também não podem ser objeto de repartição, visto que a mesma deverá
ser aplicada, integralmente, no motivo que embasou a sua instituição e cobrança.
Assim, nos restam os impostos. Estes sim podem ter suas receitas repartidas
com outros Entes da Federação, visto que a sua cobrança independe de qualquer
atividade estatal relativa ao contribuinte (não-vinculados) e suas receitas, em regra,
não podem estar vinculadas a qualquer órgão, fundo ou despesa (art. 167, IV,
CRFB/88).
Vamos, então, analisar cada uma das hipóteses constitucionais para a
repartição de receitas tributárias.
Segundo este dispositivo, a União deve “repassar” aos Estados e Distrito
Federal a totalidade da receita de Imposto sobre Rendas e Proventos de Qualquer
Natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, pelos Estados e Distrito
Federal, suas autarquias e fundações.
Neste caso, como a lei atribui a responsabilidade tributária para a fonte
pagadora de reter o Imposto de Renda na fonte, não haverá necessidade da União
repassar a referida receita tributária. Na prática o Estado e o Distrito Federal, bem
como suas autarquias e fundações, efetuarão a retenção do referido imposto no
momento do pagamento de seus funcionários, e não repassarão à União, visto que
estas receitas lhe pertencem.
Nesta hipótese, caso a União exerça a competência residual, e institua novos
impostos terá que repassar 20% da arrecadação para os Estados e Distrito Federal.
A terceira hipótese está prevista no artigo 158, I da CRFB/88, nos seguintes
termos:
Este caso é similar ao previsto no inciso I do artigo 157, só que diz respeito
aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas. Assim, estas pessoas jurídicas ao
efetuarem a retenção na fonte do imposto sobre renda e proventos pagos aos seus
funcionários, não precisarão repassar o produto da arrecadação à União.
O dispositivo traz ainda a ressalva de que caso o Município opte por fiscalizar
e cobrar o referido tributo terá direito à totalidade da arrecadação do mesmo,
conforme art. 153, §4°, III da CRFB/88, regulamentado pela Lei n° 11.250/2005 e
Instrução Normativa SRF n° 643/2006.
A seguir, a Constituição Federal traz nova hipótese no inciso III do artigo 158.
Este dispositivo determina que 25% do total arrecadado a título de ICMS
deverão ser repassados para os municípios localizados naquele estado.
A segunda observação diz respeito ao que seria considerado como valor
adicionado? Este conceito foi definido no artigo 3° da Lei Complementar n° 63/1990,
nos seguintes termos:
Art. 3º 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre
Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação serão creditados, pelos
Estados, aos respectivos Municípios, conforme os seguintes critérios:
I – 3/4 (três quartos), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações
relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus
territórios;
II – até 1/4 (um quarto), de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos
territórios, lei federal.
§ 1o O valor adicionado corresponderá, para cada Município: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 123, de 2006)
I – ao valor das mercadorias saídas, acrescido do valor das prestações de serviços,
no seu território, deduzido o valor das mercadorias entradas, em cada ano
civil; (Incluído pela Lei Complementar nº 123, de 2006)
II – nas hipóteses de tributação simplificada a que se refere o parágrafo único do
art. 146 da Constituição Federal, e, em outras situações, em que se dispensem os
controles de entrada, considerar-se-á como valor adicionado o percentual de 32%
(trinta e dois por cento) da receita bruta. (Incluído pela Lei Complementar nº 123, de
2006)
O inciso I do parágrafo 1° do artigo 3° da LC 63/1990 será aplicado para as
empresas tributadas pelo regime geral, e o inciso II será aplicado para as empresas
participantes do regime simplificado de tributação (SIMPLES).
Assim, aplicando-se a regra constitucional, a participação de cada município
na parcela repassada pelo Estado a título de ICMS guarda proporcionalidade na sua
contribuição efetiva para a incidência do tributo em questão.
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos
Municípios;
Este dispositivo tem por finalidade ressarcir os Estados e DF da perda que
tiveram com a desoneração do ICMS incidente sobre a exportação. A EC n° 42/2003,
deu nova redação ao artigo 155, §2°, X, a da CRFB/88, estabelecendo que o ICMS não
poderá incidir sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores. Desta forma, o repasse de 10% do IPI passa a ter a finalidade de
ressarcimento por esta perda.
Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de
condicionarem a entrega de recursos:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000)
I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
Para uma melhor visualização das várias hipóteses de repartição de receitas
tributárias apresentamos o quadro a seguir:
São impostos da UNIÃO (7) - II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF (imposto sobre grandes
fortunas)
1) 100% DO IRRF (imposto de renda retido na fonte) sobre os rendimentos pagos pelos
Estados/DF;
5) 30% do IOF sobre o ouro utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial
conforme a origem da operação;
2) 50% do ITR relativos aos imóveis do município (ressalvada a hipótese do art. 153,
§4º, III da CF em que os municípios poderão, por convênio com a UNIÃO, arrecadar
100% do ITR);
4) 70% do IOF sobre o ouro utilizado como ativo financeiro ou instrumento cambial
conforme a origem da operação;
2) 25% do ICMS;
FUNDOS DE PARTICIPAÇÃO:
21,5% do IPI E IR, já excluindo o IRRF que pertence integralmente aos Estados;