Curso de Geografia AILSON DA COSTA DE VASCONCELOS MARIZETE VASCONCELOS
ATIVIDADE AVALIATIVA DE AULA DE CAMPO II
Salinópolis/PA 2022
Metrópole Corporativa Fragmentada
Milton Santos, Para o autor, a formação de São Paulo acontece a partir de 1914, com um pouco mais de 500 habitantes, a cidade de São Paulo ocupava uma área tão grande quanto Paris, a expansão desmedida da cidade de são Paulo em simples palavras, seria o crescimento desordenado da cidade sem o devido planejamento, prejudicando os vários tipos de serviços básicos obrigatórios oferecidos a sociedade, que vai desde o saneamento básico (agua, esgoto, luz elétrica) até os serviços de saúde educação e habitação, que não conseguiu acompanhar o mesmo ritmo de crescimento acelerado da cidade de são Paulo. Segundo Carlos Campos, presidente da província em 1925 que mostrava o crescimento, a extensão da cidade com “a maior expansão desmedida”, que prejudicava o serviço de abastecimento de água, esgotos, viação, calçamento, iluminação, policiamento domiciliário, etc. Nos três primeiros séculos até a década de 1970, o raio de círculo que continha a área construída não ultrapassava 1km, em 1954, quarenta anos depois, esse raio alcançaria 15 km, nos dias atuais, o contínuo urbano, alcança medidas tão significativas como 80km na direção Leste- Oeste e 40 km na direção Norte- Sul, considerando a cidade e a região Metropolitana de São Paulo. Dentro dela há paisagens construídas (áreas urbanas) e (áreas periféricas) sendo a última a permanecer desprovida dos principais serviços urbanos necessários à reprodução da força de trabalho, hoje a grande São Paulo conta com cerca de 962km², enquanto que em 1965, a área respectiva era de 550km². Um dos traços dominantes da geografia Paulista é a enorme extensão da cidade e o ritmo crescente acelerado que se expande à aglomeração, considerando que entre 1950 e 1980, a área urbana cresceu nove vezes enquanto que a população se multiplicou 4,5 vezes, devido ao crescimento demográfico e de atividades proporcionadas pelo poder público em promover investimentos necessários para equipá-la dos serviços públicos. Essa especificidade da maior metrópole do país, pode ser observada também em outras cidades brasileiras como Belém por exemplo, que teve sua formação datada no ano de 1616, por meio do complexo do Feliz lusitana, e surge com o objetivo de proteção da cidade de Belém, através do Fortis, o qual os permitia ter uma visão panorâmica das quatro entradas que davam acesso à Belém por água, inicialmente , havia uma economia baseada na produção, escoamento e transporte de produtos alimentícios ,tanto por via aquática quanto terrestre por meio da estrada de ferro que dava acesso à cidade de Bragança dentre outras, atualmente o ver- o – peso, ainda é um local onde há presença forte desse comércio de serviços, transporte de cargas de pescados, dentre outros; além de conter elementos geográficos históricos bastante forte como a Igreja da Sé, que carrega em sua estrutura as marcas da força de trabalho escrava indígena e negra do século XVII; nesse espaço observamos a área privilegiada, onde está localizado o antigo centro urbano de Belém, área bastante alta de difícil alagamento; porém com o aumento da população houve a necessidade de se pensar na expansão populacional para as áreas onde havia uma melhor possibilidade de se fixar as empresas e serviços , nesse sentido, surgem outros municípios como Ananindeua paralelamente às periferias como a Jaderlândia que teve seu início na década de 1980, onde concentra a população trabalhadora do município de Ananindeua. que é retratada também na formação e expansão das várias outras capitais do país. Belém também foi uma dessas cidades que sofreu o processo de mancha continua urbana, o que resulta na expansão da cidade através do surgimento de “invasões” (ocupações) e favelas que se espalham nas direções Leste-Oeste e Norte-Sul, abrindo frente para novas regiões distritais e metropolitanas. A princípio regiões estas, desprovidas (carentes) de serviços urbanos ou investimentos estruturais necessários para a incorporação de um grande exército industrial de reserva e consequentemente a reprodução da força de trabalho. Em razão disso, houve um vazio demográfico no centro de Belém , resultando na especulação imobiliária, onde há apartamentos para serviços específicos, moradia, outros como hospitais, onde estão as “classe rica’ e em alguns condomínios “os pobres”, há muitos apartamentos para a classe privilegiada, e há os da classe pobre e trabalhadora em espaços pouco privilegiados, é assim que se dá a criação de água, esgotos, eletricidade, calçamentos, que revalorizam diferencialmente os terrenos, logo, os pobres são sempre as grandes vítimas praticamente indefesas , desse processo perverso, o que para a classe trabalhadora num primeiro momento aparenta ter motivos positivos de melhores condições de vida, até que a classe trabalhadora é sufocada pelo valor exorbitante dos impostos e taxas a serem pagas , valor muito acima do que a classe trabalhadora pode pagar, ela é então empurrada e expulsa para áreas menos valorizada, as quais mais cedo ou mais tarde, também serão alcançadas pelas investidas capitalistas. Assim, a cidade de Belém, vai sempre expandindo- se, encorpando novas áreas e sempre segregando seus moradores, resultando em diferenciação e espoliação, por meio da especulação imobiliária Um fator observado tanto no texto de Milton Santos, quanto no primeiro dia de aula de campo no centro de Belém é que em ambas cidades aconteceram o transbordamento do habitat dentro de áreas de proteção de mananciais e rios, ou seja, “construir em áreas onde não se devia construir”, o que necessitaria desde o início de acompanhamento técnico das autoridades competentes. Todo esse processo evitaria os problemas que hoje o centro de Belém enfrenta no período das chuvas intensas, levando ao aumento do nível de água nos canais que outrora foram grandes extensões de rios que desaguavam na baia do Guajará e hoje pelo processo de expansão desordenada, transformaram-se em grandes canais de esgoto a céu aberto, somado ao grande número de habitações as margens dos canais e grande volume de lixo doméstico produzido e despejado nos mesmos, o que consequentemente reflete no período de inverno amazônico ,resultando assim, nos grandes alagamentos que a cidade enfrenta todos os anos, assim como em outras grandes cidades do Brasil; a expansão do modelo rodoviário desordenado mudou a configuração territorial de Belém, uma característica observada em campo foi o fato do malha rodoviária não ter acompanhado o processo de crescimento urbano, industrial e portuário da cidade, havendo a necessidade de transferir os serviços portuários para outras regiões da cidade, especificamente para o distrito de Icoaraci e para a cidade de Barcarena(porto da vila do conde), isso justifica-se pelo fato da região central não ter estrutura para o intenso fluxo de carretas transportando containers até o porto da CDP. Outro fator importante observado, foi o preenchimento do vazio demográfico existente no centro de Belém pelo processo de especulação imobiliária, transformando espaços antes vazios em enormes circuitos econômicos, empreendimentos como o conjunto de prédios verticalizados localizados na avenida visconde de Souza Franco que oferecerá serviços em saúde e o próprio parque urbano Porto Futuro, encurtando espaços antes vazios e que dificultaram mais ainda o processo de expansão da malha viária no centro da cidade. Ao longo da rodovia Augusto Montenegro, observou-se os reflexos da expansão desordenada da cidade de Belém, com o preenchimento do vazio demográfico pela especulação imobiliária no centro da cidade, a grande massa empobrecida da sociedade foi sendo empurrada junto com o crescimento desordenado da cidade. Ao longo da rodovia foram surgindo invasões, periferias e bairros com índice bastante elevado de violência, notou-se também que nas margens da rodovia a especulação imobiliária também já se fazem presente utilizando dos melhores espaços para a construção de empreendimentos (prédios verticalizados, condomínios horizontalizados etc.) estruturando assim esses espaços, o que de certa forma gera um contraste de segregação social nesses locais, construído principalmente para elite. Toda atividade industrial do centro de Belém foi transferida para essas regiões distritais, principalmente o de Icoaraci, que recebeu um grande volume de industrias, resultando em um processo de crescimento acelerado do distrito que passou a concentrar bem mais a massa trabalhadora segregada nos seus entornos, surgindo a partir de então, pequenos comerciantes e pequenos negócios, dando origem ao circuito de comercio inferior local (açougues, botecos, lojas, artesãos etc.…). Toda essa carga industrial na região do distrito de Icoaraci trouxe reflexos negativos para quem reside em seu entorno, uma vez que, toda carga de poluentes se espalha pelo ar e é sentida principalmente através do olfato pela população local. Além das indústrias, o distrito de Icoaraci, banhado pelo rio maguari é também ponto turístico, possui uma orla bem estruturada, local de venda de artesanatos em cerâmica marajoara produzidos no polo de produção no distrito e possui um trapiche de embarque e desembarque de turistas que chegam para conhecer o distrito e também algumas ilhas e praias da região. Assim, concluímos o nosso trabalho pontuando e apontando algumas particularidades da cidade de Belém paralelo ao assunto abordado pelo autor sobre a cidade de São Paulo.