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SISTEMA DIGESTÓRIO E

TOXICOLOGIA FORENSE
Professora: Claudia Alves
Anatomia e Fisiologia do
Sistema Digestório
 O sistema digestório é o sistema do corpo humano
responsável por garantir o processamento do alimento
que ingerimos, promovendo a absorção dos nutrientes
nele contidos e a eliminação do material que não é
utilizado pelo corpo.
 Esse processo é garantido graças a ação dos vários
órgãos que compõe o canal alimentar, bem como a
presença de glândulas acessórias (GLÂNDULAS
SALIVARES,PÂNCREAS e FÍGADO) que são essenciais no
processo de digestão.
 Essa transformação acontece por meios MECÂNICOS (
mastigação, deglutição) e por meios QUÍMICOS ( como
a reação com o suco gástrico, biliar e pancreático),
para que o organismo possa incorporar os nutrientes.
 O sistema digestório é um tubo longo, de mais ou
menos 12 metros de comprimento com diversas
dilatações.
Sistema Digestório Divide-se em:

Tubo superior Tubo médio Tubo inferior


 Cavidade oral: boca,  Estômago : cárdia e  Jejuno e íleo (porção
lábios, palatos, língua bolsa estomacal e do intestino delgado)
e dentes piloro  Intestino grosso: ceco,
 Faringe e cordas  Duodeno (porção apêndice, cólons,
vocais inicial do intestino reto e ânus
delgado)
 Esôfago
Tubo Digestório Superior
 BOCA – é o local onde a digestão começa. Nossos DENTES
promovem a digestão mecânica, rasgando, amassando e
triturando os alimentos. O alimento na boca sofre a ação da
SALIVA, que é secretada pelas GLÂNDULAS SALIVARES. A
saliva contêm a ENZIMA AMILASE, também conhecida por
PTIALINA, que promove o inicio da digestão dos
carboidratos. A LÍNGUA é importante nessa etapa,
garantindo que o alimento se misture a saliva e forme o
chamado BOLO ALIMENTAR. É a língua que ajuda na
deglutição do bolo alimentar, empurrando-o em direção a
faringe.
 FARINGE – Esse órgão pertence ao SISTEMA DIGESTÓRIO E AO
SISTEMA RESPIRATÓRIO, ele possibilita a passagem do ar e dos
alimentos, pela válvula EPIGLOTE que durante o ato de
engolir, impede que o alimento entre nas vias respiratórias. O
ar segue para a LARINGE e o alimento segue para o
ESÔFAGO.
Glândulas Salivares são três:
 Parótida – É a maior e principal. Produz 70% da saliva
 Sublingual – Produz saliva em menor quantidade, mais tem importante
função no processo digestivo.
 Submandibular – É responsável por produzir e liberar a saliva para a
cavidade oral.
 ESÔFAGO – É um órgão tubular e musculoso que conecta a faringe
com o estomago. O bolo alimentar atinge o estômago graças as
contrações do musculo liso que forma o esôfago. Essas contrações
são chamadas de PERISTALTISMO ( contrações peristálticas).
Hérnia de Hiato

 Hérnia de hiato é a protusão (descolamento ou


extravasamento) do estômago através do orifício pelo
qual o esôfago atravessa o diafragma para penetrar na
cavidade abdominal.
 Esse tipo de hérnia é menos comum, mas pode ser
perigosa porque o estômago pode ficar estrangulado.
O que significa que o suprimento de sangue é cortado,
gerando nestes casos um alto risco para a vida e
necessidade de emergência.
Tubo Digestório Médio

 ESTÔMAGO – É o órgão delatado do sistema digestório, esta localizado


logo abaixo do diafragma. Nesse órgão, o bolo alimentar sofre a ação do
suco gástrico. Neste momento, o bolo alimentar passa a ser chamado de
QUIMO. O suco gástrico apresenta entre seus componentes a PEPSINA,
que atua na digestão de proteínas e o ÁCIDO CLORÍDRICO, que torna o
PH do estômago baixo e promove a ativação da pepsina.

 Esfíncter – É um anel muscular que se contraem.


 Cárdia – É o esfíncter que conecta o esôfago ao estômago (fica próximo
ao coração).
 Piloro – É o esfíncter que conecta o estômago ao intestino delgado
 INTESTINO DELGADO – é a porção mais longa do sistema digestório, apresenta cerca
de 6 m de comprimento. Possui três segmentos: O DUODENO, O JEJUNO E O ILEO.
Nesta porção a digestão é finalizada e há absorção de nutrientes. Este órgão é
responsável pela maior parte do processo de digestão.
 No DUODENO o quimo sofre a ação das SECREÇÕES PANCREÁTICAS (suco gástrico),
da BILE e de secreções produzidas pelo próprio intestino delgado. No duodeno é
onde termina a digestão, com a ajuda de duas glândulas acessórias: O PÂNCREAS E
O FIGADO.
 PÂNCREAS – Glândula mista, que possui duas funções. Sua função ENDOCRINA é
responsável pela produção de suco gástrico. A função EXOCRINA é responsável
pela produção dos hormônios INSULINA E GLUCAGON, com finalidade de regular a
glicose no sangue.
 A SECREÇÃO PANCREATICA, é rica em bicarbonato e ajuda a neutralizar a acidez
do quimo. Além de outras enzimas que atuam nas proteínas.
 FÍGADO – É o segundo maior órgão do corpo humano. Atua em diversas funções no
organismo, porem na digestão seu papel é produzir a BILE. A bile atua como
emulsificante, facilitando a digestão dos lipídios.(gorduras).
 VESÍCULA BILIAR – É um órgão em forma de pêra, localizado abaixo do lobo direito
do fígado. Sua função é armazenar a BILE.
Logo após o QUIMO passa a chamar QUILO, num processo de QUILIFICAÇÃO.
Glândulas Anexas
Diferenciação da Úlcera Pós Morte e
da Úlcera em Vida

 Na úlcera em vida, que pode ser uma causa da morte,


as bordas da lesão ulcerativa é avermelhada, inchada
e infiltrada (sinais de inflamação e cicatrização). Estes
sinais não aparecem quando o ácido estomacal agride
a parede muscular do estômago pós morte. As úlceras
pós morte são processos naturais da decomposição. E
esse ácido acelera a decomposição interna e a
produção de gases da putrefação, favorecendo a
reprodução bacteriana em meio acidificado.
Tubo Digestório Inferior

 JEJUNO - é a parte central do intestino delgado.


 ÍLEO – é a porção final do intestino delgado que se comunica com
o intestino grosso.
Ambos atuam na absorção de nutrientes, graças a presença de
VILOSIDADE (dobras no revestimento do intestino) e
MICROVILOSIDADE (projeções nas células epiteliais da vilosidade).
 INTESTINO GROSSO – Com cerca de 1,5m de comprimento, esse
órgão é responsável pela absorção de agua e sais minerais e o
que não for absorvido transforma-se em massa fecal. E elas por fim
são armazenadas e eliminadas pelo RETO.
O Intestino grosso é dividido em 7 partes.

 Ceco – Primeira parte do intestino grosso, onde recebe líquidos, pastoso


carregado de bactérias, tem a função de matar essas bactérias. Essas
bactérias morrem ressecadas (nem todas).
 Cólon Ascendente – Esta envolvido na reabsorção de líquidos e eletrólitos,
formando matéria fecal.
 Cólon Transverso – Atravessa a cavidade abdominal. Sua função é absorver a
agua dos resíduos alimentares. O que leva a formação do bolo fecal.
 Cólon Descendente – É a região do cólon que desce pelo lado esquerdo e
leva o bolo alimentar para baixo.
 Cólon Sigmoide – É a seção que liga a porção transversal do intestino grosso
ao reto. Tem esse nome pela sua aparência que lembra a letra S.
 Reto – Assume a função principal de acumular as fezes, para que seja
realizada a absorção final da água e parte dos nutrientes. Possui cerca de 12 a
16cm de extensão.
As fezes saem pelo ÂNUS, que tem um músculo em forma de anel chamado
ESFINCTER ANAL.
 APÊNDICE – É uma bolsa no cólon que não tem nenhuma finalidade
conhecida.
Porque o sistema digestório é
importante?
 Porque ele está em constante contato com o mundo
externo(boca).
 Ele tem uma relação intima com a circulação
sanguínea. Tanto a boca, como o estômago e o
intestino tem uma intima relação com o sistema
sanguíneo, com a absorção de nutrientes. Ex.
Medicação Sublingual
 O sistema digestório tem uma relação com o sistema
circulatório, por isso ele é tão importante com a lesão
causada.
Toxicologia Forense
 Estuda as substâncias químicas geralmente na fase pós
morte, ou seja, busca evidências no cadáver que
permite a identificação da causa morte por um agente
tóxico, para que possa auxiliar a investigação criminal
na elucidação em casos de acidentes, suicídios e
homicídios.
Lesões por agente químicos

➢ AGENTE QUÍMICOS LESIVOS


Substâncias que são capazes de causas danos a saúde ou morte, ao
entrar em reação com tecidos orgânicos.

➢ TIPOS DE SUBSTÂNCIAS LESIVAS


• Agentes de ação externa – CÁUSTICOS
• Agentes de ação interna – VENENOS
CÁUSTICOS
 As substâncias cáusticas são aquelas que causam danos funcionais e
histológicos ao contato com as superfícies do corpo. Muitos produtos
químicos domésticos e industriais tem potencial cáustico. As drogas
cáusticas são classificadas como ALCALINAS ou ÁCIDAS.
 A severidade das lesões depende das propriedades corrosivas ingeridas,
da quantidade do produto ingerido e da duração de contato com a
mucosa.
 Substâncias Cáusticas comuns: HIDRÓXIDO DE AMÔNIO, CIMENTO,
ALVEJANTES, DESIFETANTES, REMOVEDOR DE FERRUGENS, ÁCIDOS ACÉTICO,
CLORÍDRICO, BATERIAS, HIPOCLORITO DE SÓDIO E ETC....
 Os cáusticos ou corrosivos são substâncias químicas que provocam
desorganização dos tecidos vivos, quer por desidratação (COAGULANTES),
quer por dissolução( LIQUEFACIENTES).
 O cáusticos destroem os tecidos vivos causando escaras secas e
endurecidas ou lesões úmidas pelo amolecimento (liquefação) dos
tecidos.
Agentes Cáusticos

 COAGULANTES
A lesão foi ressecada e morte tecidual. Pode evoluir para
necrose.

LIQUEFACIANTES
Lesões úmidas, amolecidas com bordas elevadas. (bolhas)

VITRIOLAGEM
São lesões secas e geralmente indolor. O ácido sulfúrico
também é chamado de VITRÍOLO, de onde deriva a expressão
vitriolagem.
 LESÕES CÁUSTICOS
Não é fácil distinguir escaras produzidas em vida, das produzidas após a morte.

 LESÕES PRODUZIDAS POST MORTEM:


• Não tem forma de escara
• São marrom – escuras
• Não a reação vital nos exames histológicos

LESÕES INTERNAS – São mais preocupantes porque podem causar ruptura de órgãos.
LESÕES TECIDUAL – Coloca elementos sanguíneos em contato com o colágeno e
outras substancias da matriz extracelular.
LESÕES FISIOLOGICAS – Ocorre quando as células são submetidas a um estresse tão
severo que não são capazes de se adaptar. A lesão se manifesta por meio de
alterações funcionais, conforme ocorra a progressão do dano, pode ocorrer morte
celular.
Venenos
 São substancias que introduzidas pelas mais diversas vias no organismo, danifica a saúde ou
leva a morte.
 Definir veneno é complexo, pois os alimentos e os medicamentos podem em determinadas
situações ser fatais a vida ou a saúde. A nocividade sofre modificações devido a dosagem
posta, a resistência individual e a maneira de ministração e do veículo utilizado.

 OS VENENOS CLASSIFICAM-SE EM:

 Quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos.

 Quanto ao sólido: Chumbinho


 Quanto a origem: animal, vegetal, mineral e sintético
 Quanto as funções químicas: FUNCOES INORGÂNICAS (óxidos, ácidos, bases e sais). FUNÇÕES
ORGÂNICAS ( álcool, acetona, ácidos orgânicos, aminoácidos, carboidratos)
 Quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos propriamente
dito.
NATUREZA JURÍDICA

HOMICÍDIO
SUICÍDIO
ACIDENTAL
LESÕES DE ORDEM BIOQUÍMICA

 INTOXICAÇÕES ALIMENTARES
 Alérgico – reação imunológica. (fechamento da glot)

 CHOQUE ANAFILÁTICO – é uma forma mais grave de reação de


hipersensibilidade (alergia), desencadeada por diversos agentes
como drogas, alimentos e contrastes radiológicos.

 AUTO INTOXICAÇÃO – quando seu organismo intoxica você
mesmo. Sem ter ingerido nada. (fator RH, doenças autoimune).
Material Biológico Para Análises
Toxicológicas post mortem

 Diversas amostras podem ser utilizadas nas análises,


como por exemplo: sangue, urina, encéfalo, coração,
bile, conteúdo gástrico e, em situações de extrema
decomposição, podem ser coletados ainda, cabelo,
osso e tecido muscular. As quantidades de amostras
biológicas solicitadas para as análises, depende do que
está sendo estudado, por exemplo, as mortes que
envolvem a ingestão de determinadas substâncias,
requerem a coleta de grande quantidade de material
durante a autópsia.
Sangue
 O sangue escolhido nas análises toxicológicas é o sangue
periférico, obtido por punção das veias subclávia e femural, devido
ao fato de que a possibilidade de contaminação desses locais, por
difusão de outras regiões, é pequena. Devido ao colabamento das
veias em caso de hemorragias por exemplo, essa coleta não é
possível, sendo coletado então, o sangue da cavidade cardíaca
(que é passível de concentrar mais os analitos, devido à
redistribuição pós-mortal) ou o sangue da cavidade torácica,
sendo que este, pode estar contaminado por fluidos de outros
órgãos. Substâncias facilmente detectadas no sangue: cianeto,
álcool e monóxido de carbono
Humor vítreo
 Constitui um fluido transparente que se localiza na cavidade
posterior do olho e preenche o espaço entre o cristalino e a retina.
É mantido ligado por uma rede de fibrilas e a viscosidade deve-se
à presença de ácido hialurônico. É uma amostra de fácil coleta e
por estar relativamente protegido de contaminações em um
compartimento, representa uma amostra privilegiada. Sua análise
requer um treinamento baseado em centrifugação, filtração,
emprego de hialuronidase etc. Seu uso é indicado em análises de
cadáveres carbonizados, em decomposição ou politraumatizados
Conteúdo estomacal
 Amostra importante para as análises, principalmente
quando o histórico se refere a intoxicação por via oral,
pois prevalece no estômago a forma inalterada dos
xenobióticos. O estômago ligado às suas extremidades
(cárdia e piloro) deve ser enviado, fechado, ao
laboratório. Os achados observados na abertura,
podem direcionar às análises, como por exemplo, restos
de toxicantes não absorvidos, como os comprimidos
FÍGADO
 É um dos mais importantes tecidos coletados para
análises toxicológicas post mortem. É um órgão que
apresenta elevada capacidade de ligação a
xenobióticos e constitui o principal órgão envolvido na
biotransformação dos toxicantes. Possui uma
importante vascularização e é passagem obrigatória
dos xenobióticos absorvidos no intestino para a
circulação sistêmica
Rins e encéfalo
- É o principal órgão de eliminação para a maioria dos xenobióticos.
É um órgão com importante vascularização e rico em
metalotioneínas, apresentando particular relevância nos casos de
intoxicação por metais tóxicos

- É um tecido muito vascularizado. Devido sua característica lipídica,


permite que os compostos lipossolúveis atravessem a barreira
hematoencefálica e atinjam elevada concentração nessa. Essa
matriz acaba sendo pouco utilizada nas análises toxicológicas, por
causa dos poucos estudos sobre a distribuição dos toxicantes e a
falta de técnicas e purificações para obtenção dos dados
Urina
 É um fluido biológico extensamente utilizado em análises
toxicológicas, apresentando valor inestimável nas análises de
triagem, sendo a matriz de eleição para a maioria dos testes de
triagem imunoenzimáticos, apresentando maior concentração de
metabólitos. É uma das matrizes com menor número de
interferentes endógenos, por ser constituída por água e apresenta-
se com níveis significativos de lipídeos e proteínas em estados
patológicos. Contudo, devido ao relaxamento dos esfíncteres,
traumas com rompimento da bexiga ou o fato de ter havido uma
micção no momento que precedeu a morte, a bexiga poderá
estar vazia no momento da necropsia, sendo assim, acaba sendo
inviável o exame desse fluido
Obrigada!

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