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Texto dissertativo III:

prós e contras/
artigo jornalístico
A.
IESDE Brasil S.

O artigo jornalístico tem como finalidade con-


vencer o leitor sobre um ponto de vista. Ge-
ralmente é assinado, ou seja, o autor assume total
responsabilidade pelas opiniões emitidas.
IESDE Brasil S.A>

Digital Juice

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Interpretação de texto:
artigo de opinião
O que é artigo jornalístico?
É um texto jornalístico que apresenta opinião a partir de um fato de conhecimento pú-
blico, de um tema colocado em discussão. Pode referir-se a algum tema de aspecto da natureza
humana, ou qualquer circunstância da realidade nacional ou mundial; evidentemente, pode
tratar-se de uma questão política, um grave problema social, uma inadequação econômica, um
conflito entre nações, ou qualquer assunto que permita uma análise crítica ao longo do texto.
Essencialmente, no artigo, mostra-se um problema, discute-se a respeito dele e apresen-
ta-se uma solução.

A estrutura do artigo
Um artigo de opinião compõe-se dos seguintes elementos:
Título – poucas palavras, incisivo, expressando a linha ideológica adotada.
Introdução – formulação da notícia ou ideia que deu origem ao artigo.
Corpo – formado por blocos feitos de retângulos, cada um deles autônomo: desenvol-
vimento e conclusão.
Minicurrículo – nome do autor, acompanhado de dados pessoais que darão credibilida-
de ao texto.
O corpo é o local em que se dá a discussão ou argumentação: interpretação, análise,
debate dos diferentes aspectos do tema. Consiste em:
expressar as implicações, confrontar o tema com outros semelhantes, manipulá-lo,
desintegrá-lo;
pensar não só como o articulista, mas também como pensariam seus opositores;
antecipar-se às críticas e destruir previamente as objeções que se fariam à opinião
expressa.

Os fugitivos do paraíso
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É perfeitamente possível que alguém reprove o regime imposto por Fidel a seu país
sem ser democrata, mas o contrário é impossível: quem defende o regime cubano não é e

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não pode se declarar democrata. O que tal pessoa faz, na bruma das mistificações, é usar
a peneira ideológica para escamotear o sórdido totalitarismo imposto pelo tirano.
A questão cubana envolve um divisor de águas muito mais profundas, ou seja, o
divisor que separa democracia de totalitarismo. Tal pauta, infelizmente, se estende bem
além da ilha, produzindo efeitos, por exemplo, na opinião pública de nosso país. É pre-
ciso ter consciência disso.
Defender o regime cubano é argumentar em favor do partido único, da supressão das
liberdades públicas, da recusa a direitos humanos fundamentais, do Estado policial, dos
cárceres políticos, dos tribunais revolucionários. É defender a mais rigorosa censura à
imprensa e a formação para o comunismo como dever constitucionalmente imposto às
famílias e ao sistema de ensino. É admitir a invasão da privacidade dos lares pelo braço
armado do Estado e zombar do sangue vertido nos “paredões” onde continuam sendo
executados os inimigos do regime.
Estrangeiros, em Cuba, podem comprar carro, telefone celular, hospedar-se em qual-
quer hotel, ir às praias de Varadero, entrar e sair do país. Já os infelizes cubanos, ci-
dadãos de segunda categoria em sua pátria, escravos de um Estado que se apropria da
totalidade da renda nacional, não têm esses mesmos direitos.
O que aconteceu no Pan com aqueles valiosos atletas, cabresteados como gado
para evitar debandada em massa, foi pequena amostra do controle que o Estado cubano
exerce sobre o povo. Tal situação se expressa em frase ouvida a boca pequena nas vielas
de Havana: “Que culpa tengo yo de haver nascido en Cuba?”.
Nenhuma. O povo cubano é vítima inocente de um regime que o oprime há meio
século. Esse regime tem apóstolos entre nós. E eu não posso deixar de apontar o quan-
to há de sinistro em saber que seus defensores participam da política brasileira sob o
resguardo de uma democracia por cujas regras mínimas e valores máximos não têm a
menor estima. “Mas a educação e a saúde cubanas são ótimas!”, alardeiam. Certa feita,
admirando o pôr do sol no Malecón Habanero, puxei conversa com um casal de idosos e
os inquiri sobre o tema. Disse-me a velhinha: “Temos a educação e a saúde mais caras
do mundo, senhor, porque há décadas os pagamos com nossa fome e liberdade”.
Não importa quantos debandem desse tal paraíso ou quantos morram antes que a
tal utopia se realize. Nem quantos morram em seu nome porque em seu nome tudo é
permitido. Afirmar que as coisas são ao contrário de quanto pode ser percebido pelos
cinco sentidos de qualquer ser vivo é a menor dessas licenciosidades. Em outras palavras:
vá a Cuba e veja como mentem! E mentem para defender ideias que, experimentadas
em diversos países de quatro continentes, ao longo de um século inteiro, não podem
apresentar um único estadista, jamais geraram uma democracia e não produziram uma
economia que se sustentasse. Até sua mentira é totalmente vã.
(PUGGINA, Percival. Jornal Zero Hora,
Porto Alegre. 4 ago. 2007.)

1. Qual o assunto em questão nesse artigo?


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Solução:
A opinião pública brasileira estar de acordo com a ditadura cubana.

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2. Que posição assume o autor desse texto diante do assunto?
Solução:
Contra o totalitarismo cubano e a posição de alguns brasileiros favoráveis a esse regime.

3. O autor assume uma posição aberta a questionamentos ou fecha sua posição? Justi-
fique.
Solução:
Fecha a posição; percebe-se claramente na última frase do texto: “Até sua mentira é
totalmente vã”.

4. Segundo Percival Puggina, “É preciso ter consciência disso”. Ao que o autor está se
referindo?
Solução:
Ao fato de as ideias do regime cubano estarem além de Cuba e chegarem até a opinião
pública brasileira.

5. De acordo com o texto, é correto afirmar que o controle que o Estado cubano exerce
sobre o povo estende-se também aos estrangeiros? Comprove a resposta com dados
do texto.
Solução:
Não, pois há diferença de tratamento, como afirma o autor do texto: “Estrangeiros,
em Cuba, podem comprar carro, telefone celular, hospedar-se em qualquer hotel, ir às
praias de Varadero, entrar e sair do país. Já os infelizes cubanos, [...] não têm esses
mesmos direitos”.

O princípio ausente

O debate sobre a ação afirmativa tem evidenciado a fragilidade do princípio


da igualdade política dos cidadãos no Brasil. O pensamento jurídico “progressista”,
em particular, parece propenso a subordinar esse princípio aos direitos coletivos, sem
perceber que ele é o único fundamento sólido para as políticas de inclusão social.
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O sistema de cotas para ingresso nas universidades tem sido defendido com base no
interesse em reduzir as desigualdades, promover a diversidade étnico-racial e combater a
exclusão. Tais argumentos sustentariam políticas estruturais, como um aumento dramá-
tico de investimentos no ensino público, e também medidas de ação afirmativa, como a
criação de cursos pré-vestibulares gratuitos destinados a estudantes carentes ou grupos
excluídos. Mas, de modo arbitrário, prefere-se vinculá-los ao sistema de cotas, uma po-
lítica específica que fere o princípio da igualdade formal dos cidadãos.
Politicamente, os vestibulares constituem uma ilha de modernidade no oceano do
patrimonialismo brasileiro. As bancas avaliam provas de candidatos cujas identidades
desconhecem, atribuindo notas baseadas no mérito acadêmico.
O sistema de cotas ameaça submergir essa ilha de igualdade formal, destruindo o
princípio do mérito acadêmico que regula o ingresso nas universidades. Sob o império
das cotas, um branco pobre que obteve nota suficiente para ingresso pode ter sua vaga
ocupada por um negro de classe média que obteve notas mais baixas.
A suposição de que as cotas reduzem a exclusão costuma ser manejada para legitimar
a violação da igualdade de direitos individuais. Mas essa suposição não se sustenta. As
cotas introduzem um “fator racial” na carreira dos profissionais, estigmatizando todos os
negros e mulatos com a suspeita de favorecimento acadêmico e, portanto, prejudicando-
os no mercado de trabalho. No fundo, há a crença racista segundo a qual existe alguma
relação entre a capacidade intelectual e a cor da pele.
Martin Luther King sonhava com o dia em que as pessoas seriam julgadas pela força
do seu caráter, não pela cor da sua pele. O sistema de cotas frustra esse sonho, pois di-
vide e avalia os cidadãos em função da cor da pele. As cotas são particularmente nocivas
para os negros e mulatos, pois, sob pretextos de justiça social, inscrevem o princípio
discriminatório no texto legal.
[...]
As suas vítimas sociais são os pobres, de todas as cores, para os quais está reservada
uma escola pública em ruína.
Demétrio Magnoli, 44, é Doutor em Geografia Humana pela
USP e editor do jornal “Mundo – Geografia e Política Internacional”.
(Folha de S.Paulo, 29 jul. 2003. In: CEREJA, Willian; MAGALHÃES, Thereza. Textos e Interação.
São Paulo: Atual, 2005, p. 131. Adaptado.)

1. Complete o quadro com informações do texto.

Aspectos do texto Dados


Autor e a atividade profissional
Veículo onde o texto foi publicado
Marcas que se referem ao estilo jornalístico
Informações que o título fornece
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2. Esse artigo foi publicado em um jornal. Ele expressa a opinião do jornal? Comente.

3. Com base na leitura do primeiro e do segundo parágrafos, já é possível afirmar de que


trata o texto. Qual o assunto abordado nesse texto?

4. A partir do segundo parágrafo, o autor apresenta duas medidas, segundo ele, ideias
para incluir socialmente o negro. Quais são essas medidas?

5. Releia:

“Politicamente, os vestibulares constituem uma ilha de modernidade no oceano do


patrimonialismo brasileiro.”

Explique o sentido, no contexto, da expressão “uma ilha de modernidade”.

6. O autor é favorável ao atual sistema de seleção para o ingresso nas universidades, ou


seja, ao vestibular sem o sistema de cotas. Que aspecto do vestibular o autor consi-
dera positivo?
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7. Que exemplo o autor utiliza para demonstrar a possibilidade de o sistema de cotas
provocar novas distorções?

8. Um dos recursos de persuasão do texto de opinião é criar um argumento de autorida-


de, isto é, utiliza em seu favor o pensamento de alguém.
a) O colunista desse artigo fez uso desse recurso? Comente a respeito.

b) Caso tenha feito uso do discurso de outro, qual a importância da citação?

9. A escolha do título de um texto é de fundamental importância, pois ele anuncia do


que trata o texto. O título do texto é “O princípio ausente”. A que princípio o autor
se referiu?

10. Você é contra ou a favor das cotas para o ingresso nas universidades públicas e par-
ticulares? Argumente.

Leia o artigo:

Perfil de um líder

“O líder nunca favorece uns em detrimento de outros, sejam despossuídos,


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sejam privilegiados. Ele não pode ser pai dos pobres nem mãe dos ricos”.

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Neste ano, escolhemos nossos novos líderes, isto é, deputados, senadores e
governadores, além daquele que administrará boa parte de nossa vida nos próximos
quatro anos – o presidente da República – é hora (com atraso, aliás) de refletir sobre
o perfil de quem desejamos que nos governe. Ser uma pessoa honrada é um primeiro
requisito, nem precisa mencionar. Ninguém quer ficar nas mãos de alguém desones-
to. Mas também precisa ser competente, informado, equilibrado e enérgico. Respei-
tável e respeitador. Exemplar. Um bom líder tem de ser austero, nunca deslumbrado,
e manter sua família na mesma postura. Ele precisa, sim, servir de exemplo para
o povo: porque o chefe (como o pai) é modelo – mesmo que não queira. Um líder
tem de ser preparado para seu trabalho: boa vontade não basta, carisma eventual
idem. Preparo significa sabedoria, conhecimento, cultura geral, noção dos grandes
temas nacionais e internacionais, capacidade intelectual para enfrentar problemas.
Da capacidade emocional nem se fala, pois, se não for calmo e forte, vai se perder
depressa. Alie-se a isso muita vivência em cargos assemelhados, ainda que em es-
calões mais baixos – ele terá acumulado experiência, pois a prática nos ensina mais
que a teoria.
O líder nunca favorece uns em detrimento de outros, sejam despossuídos, se-
jam privilegiados. Nem faz demagogia, porque isso o diminui, nem abraça os pode-
rosos, pois ele não pode ser pai dos pobres nem mãe dos ricos. Deve ter uma noção
bem clara de que, numa democracia, povo não é apenas o menos afortunado, mas
todos: se eleito, afinal, é de todos que ele vai precisar.
Se não roubar pessoalmente, que não seja cúmplice de ladrões; não sendo um
canalha, que seja rigoroso com eles; e, se não for corrupto, não poderá ser, de modo
algum, amigo ou companheiro de corruptos. Nem deverá rodear-se de pessoas assim,
pois entre suas imensas responsabilidades está a de escolher bem, de estar alerta e
extremamente bem informado quanto a sua equipe.
Qualquer líder precisa ter discernimento: capacidade de conhecer as pessoas
para escolher com dedo seguro os que vão assessorá-lo e estar perto dele: amigos,
subordinados diretos, auxiliares, os que vão frequentar sua residência ou o palácio,
ter ali salas de trabalho, circular e aparecer ao lado dele. Como o pai não pode
saber tudo o que os filhos fazem no quarto ao lado, talvez ele também não possa
saber com detalhes o que se passa a seu redor. Porém, tem o dever de saber quase
tudo. Funcionário, em qualquer posto, não deve ser admitido sem ficha limpíssima e
grande capacidade. E, se tiver cometido infrações sérias, não poderá ser mantido no
seu posto nem despedido para inglês ver e depois receber consolo ou compensação
longe do público. E lembrar-se de que vocação para traído revela fraqueza e irres-
ponsabilidade.
E o mais importante também, o líder não se esconde atrás de outros que se
responsabilizam por suas deficiências. Nem deve usar a força do cargo para tapar o
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sol com a peneira, para comprar silêncios e desviar atenção ou fazer ajustes de últi-
ma hora em seu próprio favor.

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O líder é um solitário, quase um asceta, homem ou mulher de enorme digni-
dade e firmeza, humilde o bastante para saber se assessorar e se aconselhar com os
melhores de seu país, altivo o bastante para respeitar a inteligência alheia, até dos
mais simples, e precisa ser um forte: consciente de quanto é responsável pelo que lhe
foi confiado. A quem disser que delineio o perfil de um impossível herói, responderei:
quem deseja o poder tem de ser assim.

(LUFT, Lya. Veja, Ponto de Vista, 4 out. 2006. Adaptado.)

O texto “Perfil de um líder” é um artigo de opinião e como tal tem o objetivo de


expressar a opinião do articulista sobre determinado tema.

Considerando o texto e a observação acima, resolva as questões.

11. Qual o tema que está sendo abordado nesse artigo? Justifique sua resposta.

12. O artigo de opinião tem o objetivo de:


( ) informar;
( ) promover reflexões acerca do tema;
( ) transmitir conhecimento científico.

13. Qual o ponto de vista expresso pela jornalista, que constitui a ideia principal do texto?

14. No trecho “o líder não se esconde atrás de outros que se responsabilizam por suas
deficiências. Nem deve usar a força do cargo para tapar o sol com a peneira...”
a) Qual o significado da expressão popular destacada no trecho?

b) Qual a informação que a articulista quis passar ao empregar essa expressão?


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15. Em alguns pontos do desenvolvimento, a escritora baseou-se no estabelecimento
das relações de causa e consequência. De acordo com o texto e a afirmativa acima,
preencha o quadro a seguir:

Causa Consequência
Não possuir calma
Fazer demagogia

16. Com base em uma visão de mundo e abordando múltiplos aspectos do ser humano, a
autora do texto traça o perfil de um líder. Extraia, do texto, três qualidades que você
também considera importantes e justifique suas escolhas.

17. Lya Luft, no final do texto, já prevê o que muitos de seus leitores pensarão, após
lerem o artigo, e apresenta uma resposta para a possível indignação.
a) Qual a previsão da autora?

b) Que resposta ela antecipa a esses leitores?

18. Leia:

Cartas – Lya Luft

“Impressionantes o direcionamento oportuno e a exatidão com que Lya Luft brinda


seus leitores semanalmente. O artigo ”Perfil de um líder“(Ponto de vista, 4 de outubro),
além de reproduzir a imagem do comportamento insólito e irresponsável do presidente
da República desta nossa sofrida nação, conseguiu alertar os milhares de eleitores para
o fato de que nem tudo está perdido.”
(Marcelo Cerqueira. Brasília (DF)
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/111006/cartas.html>.)
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Escreva uma breve carta à escritora posicionando-se contra ou favor da opinião por
ela defendida sobre a postura de líder.

O emprego do gerúndio é considerado problemático

O gerúndio constitui uma oração subordinada de caráter adverbial e, de certo modo,


também possui uma função adjetiva. Para ter um emprego claro, o gerúndio deve estar o mais
perto possível do sujeito ao qual se refere.

19. Nas frases a seguir, o gerúndio está mal empregado. Reescreva-as corrigindo:
a) Discutiram a organização da empresa comendo no restaurante.

b) Decidiu publicar a obra, enviando-a à editora.

c) Publicaram um documento anunciando os critérios de comportamento.

d) A lei proibindo o fumo em locais fechados é recente.


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e) Sofreu um grave acidente, sendo socorrido logo depois.

f) Saiu um artigo no jornal comentando o assunto.

20. Marque com X as frases em que o gerúndio é inadequado porque a ação expressa
pelos verbos das orações não pode ser simultânea:
a) ( ) Chegou sentando-se logo no lugar permitido.
b) ( ) Desceu as escadas do colégio sorrindo.
c) ( ) Nasceu em Santa Catarina, sendo filho de alemães.
d) ( ) Trabalhava cantando novas canções.
e) ( ) Chutava esfregando as chuteiras no gramado.

21. Leia o texto a seguir:

“O mal está no gerúndio”

O gerúndio está na raiz de grande parte dos males do país. Se perguntarmos à chefe
de gabinete pelo documento que solicitamos há três dias, ela responde: “está che-
gando...; ‘o governo está combatendo a fome’, assim como nosso conserto telefônico
‘está sendo providenciado’ E nada se faz por aqui!”

Que problema do gerúndio verificamos na fala da secretária?

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Leia o texto para preparar-se para produzir um artigo de opinião:

O “olhar branco”

Sobre as cotas, é falso dizer que o vestibular fornece oportunidades iguais a todos
os candidatos, como sugeriu Demétrio Magnoli em artigo na Folha (pág. A3, 29/003):
“o filho do ministro, juiz ou deputado torna-se um plebeu. É a fraude da democracia
formal – quem frequenta escolas melhores, não precisa trabalhar, tem pais formados em
universidades e não sofre racismo já sai na frente.
Por outro lado, será que a nota num vestibular deve ser o único critério de entrada na
universidade? No livro “The shape of the river” (“A forma do rio”), os reitores das univer-
sidades Princeton e Harvard analisam o efeito de longo prazo das admissões com critérios
raciais em universidades dos EUA (não existem cotas para negros nessas universidades des-
de 1978, mas critérios étnicos de pontuação). Eles defendem ardorosamente a manutenção
desses critérios, complementares às notas no exame nacional norte-americano (SAT).
Será que alguém contesta o mérito dessas universidades? Só que as notas no SAT
são pouco para gerar classes com diversidade racial suficiente para que brancos e ne-
gros convivam e se preparem para uma sociedade plural, questionando o “olhar branco”.
Onde foram extintos os critérios raciais de admissão (Califórnia e Texas), a entrada de
negros e hispânicos na universidade baixou dramaticamente. Já no nosso Brasilzão, é
notável o “olhar branco” da academia e dos meios de comunicação, que toleram a falta
de diversidade na nossa universidade e não consideram aberrante que apenas 2% dos
alunos da USP sejam negros. São as universidades públicas que formam a maioria dos
quadros do poder na nossa sociedade. Por outro lado, a Universidade de Harvard tem
critérios raciais até para admissão de professores, pois os alunos precisam conviver com
professores negros.
Argumenta-se que os profissionais negros das cotas serão discriminados. Isso não tem
nada a ver com cotas. Eles já o são! É preciso intervir no mercado de trabalho, exigindo algo
como nos EUA (que a proporção de empregados corresponda à composição racial local).
É preciso um leque amplo de ações afirmativas para tornar o Brasil mais plural. Deve
haver maior presença de negros na TV, como propõe o senador Paulo Pain (...)
Uma sugestão, que minimizaria conflitos, seria aumentar imediatamente as vagas e
as verbas nas universidades públicas que façam um esforço pela diversidade, ampliando
o acesso e a permanência de negros, índios e pessoas de baixa renda, com programas de
apoio financeiro e pedagógico.
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(Folha de S.Paulo, 29 jul. 2003.)

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Agora é com você. Escreva um artigo de opinião sobre o assunto em questão. Tome uma po-
sição: você é contra ou a favor da existência de cotas para negros nas universidades brasileiras?

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Texto dissertativo IV:
crítico/editorial
e.
Imagin

Imagine.

V ivemos numa sociedade em que a informação e a


opinião têm papel fundamental para o desenvol-
vimento pessoal e grupal. E a função de um bom jornal
e uma boa revista é informar e opinar. Para expressar
a opinião do jornal ou da revista sobre acontecimen-
tos, existe uma seção específica: editorial (carta ao
ne.

leitor).
Imagi

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Leitura e interpretação:
editorial
O que é editorial?
São textos de jornal em que o conteúdo expressa a opinião do editor-chefe, do proprietá-
rio do jornal, da revista ou da equipe de redação sobre os principais acontecimentos abordados
naquela edição. O texto deixa transparecer a linha editorial da publicação, ou seja, a razão de
ser do jornal, sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade.
O editorial apresenta uma clara intenção persuasiva, por isso é um texto de tipologia
argumentativa, restritamente; é opinativo e não informativo.

Estrutura do editorial
Apresenta três partes bem distintas:
1. Síntese – apresentação da ideia principal (do ponto de vista sobre o tema); resumo do
assunto, em que o jornalista põe o leitor a par dos fatos.
2. Corpo – revela a linha de pensamento do jornal; apresentação dos argumentos que
fundamentam a ideia principal e desenvolvimento dos argumentos.
3. Conclusão – parte final que leva o leitor a uma reflexão sobre o problema, ou sugere
uma solução.

Leia o texto:

O desespero de Renan

Na semana passada, VEJA revelou que o senador Renan Calheiros, além de ter usado
os serviços de um lobista para pagar suas despesas pessoais e de ter favorecido uma cer-
vejaria às voltas com problemas fiscais, é o dono oculto de uma empresa de comunica-
ções em Alagoas, pela qual pagou em dinheiro vivo, não declarado. Em vez de apresentar
uma explicação para o fato, o que fez o senador? Recorreu ao velho artifício de muitos
poderosos pegos com a boca na botija: atacou o mensageiro, acusando o Grupo Abril,
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que publica VEJA, de realizar uma associação ilegal de sua operadora de TV por assina-
tura, a TVA, com o Grupo Telefônica. A acusação leviana é fruto do desespero de Renan
Calheiros, que pode ser apeado da presidência do Senado e ter seu mandato cassado
por falta de decoro. O Grupo Abril reitera que a parceria em questão está rigorosamente
dentro da lei e já foi aprovada pelo Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomu-
nicações (Anatel), após nove meses de tramitação e análise.
VEJA se tornou a maior e a mais respeitada revista semanal do país porque desde
1968, quando foi lançada, sempre informou corretamente seus leitores. Ao longo de
quase quarenta anos, VEJA dedica tempo, recursos e coragem para desmascarar aqueles
que abusam do poder conferido pelos eleitores com o objetivo de enriquecer ilicitamente
ou obter vantagens que colidem com a lei. É fundamental ressaltar que, ao seguir nesse
caminho, VEJA não extrapola seu papel. Quem julga, absolve ou condena os denunciados
em reportagens da revista são as autoridades. No caso de Renan Calheiros, a tarefa está a
cargo do Conselho de Ética do Senado, da Procuradoria-Geral da República e do Supremo
Tribunal Federal. É sobre os olhos de seus integrantes que o senador quer lançar uma
cortina de fumaça na tentativa de encobrir seus desvios de conduta. Diante dos numero-
sos e fortes indícios existentes contra o senador, essas instâncias não demoraram a abrir
investigações. É a elas e ao país que Renan deve explicações.

(Veja, 15 ago. 2007.)

1. A forma como cada jornal ou revista faz uso da linguagem é um indicador de sua li-
nha editorial e do perfil de seu público-alvo. Qual o nível de linguagem adotado pela
revista Veja?
Solução:
A revista adotou o tom de seriedade e precisão, por isso o nível de linguagem semifor-
mal, isto é, usa termos como: “pegos com a boca na botija”.

2. Que fato serve como ponto de partida desse editorial (carta ao leitor)?
Solução:
Críticas feitas à revista Veja pelo presidente do Senado Renan Calheiros.

3. Qual a tese do texto?


Solução:
A tese do texto é a de que a revista Veja é a maior e a mais respeitada revista semanal
do país e sempre informou corretamente seus leitores.

4. O editorial conclui com uma afirmativa. Qual?


Solução:
A de que o senador Renan deve explicações às instâncias de investigação e ao país.
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Falta uma porta

O extraordinário poeta Ferreira Gullar escreveu

Divulgação Prefeitura
Divinópolis (TO).
em Versos de Entreter-se que “à vida falta uma parte
/ – seria o lado de fora – / pra que se visse passar /
ao mesmo tempo que passa / e no final fosse apenas
/ um tempo de que se acorda / não um sono sem
resposta. / À vida falta uma porta”. Ao Bolsa Famí-
lia, bem-sucedido programa do governo Lula, tam-
bém falta uma porta. Um em cada quatro brasileiros,
segundo avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social divulgada na semana pas-
sada, recebe ajuda em dinheiro todos os meses, o que garante a 11 milhões de famí-
lias as condições mínimas diárias de subsistência. Ao Tesouro Nacional, o custo de dar
mensalmente pouco mais de 62 reais a cada família, em média, será neste ano de 8,7
bilhões de reais. Quando a ajuda for reajustada para 74 reais, em 2008, o custo anual do
Bolsa Família passará dos 10 bilhões de reais. Pela excelente resposta de apoio ao pre-
sidente Lula nas pesquisas de opinião e pelos dados de (ligeira) melhora nas condições
sanitárias e de saúde dos brasileiros mais pobres, resta pouca dúvida de que o programa
realmente ajuda quem precisa.
Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que a quase universalização do Bolsa
Família, ao desenhar as reais dimensões dos necessitados no Brasil, evidencia o acerto
da decisão de aprofundar a assistência em dinheiro. Mostra também que o programa só
avançará e perpetuará seus benefícios quando se destravarem as amarras fiscais, legais e
burocráticas ao crescimento econômico acelerado da economia brasileira. Só assim virão
os empregos e as oportunidades de negócio no volume necessário para abrir os horizon-
tes da renda própria aos atuais beneficiados. Ao mesmo tempo é vital treinar e dar edu-
cação profissional aos milhões de brasileiros que estão sendo tirados do lumpesinato.
A essa vida melhor, como no poema, falta uma parte para que não seja, ao final,
apenas um sono sem resposta. O sucesso do Bolsa Família sugere fortemente que é hora
de pensar em abrir uma porta de saída para os beneficiados de modo que eles, orgulho-
samente, possam independer da doação mensal com a conquista de um emprego ou a
abertura de um pequeno negócio.

(Veja, 29 ago. 2007.)

1. Qual é o tema abordado nesse editorial?


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2. Por que esse tema é debatido no momento da publicação da revista?

3. O editorial se posiciona contra ou a favor do programa Bolsa família?

4. Então, qual é a finalidade desse editorial? Justifique?

5. O programa Bolsa Família é considerado incompleto. O que falta, segundo o editorial,


para ser completo?

6. O editorial é um texto argumentativo, que tem a finalidade de persuadir o leitor e


que, portanto, precisa apresentar argumentos consistentes. Identifique no desenvol-
vimento do editorial lido dados estatísticos para comprovar a tese.
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7. Você, como cidadão brasileiro, tem direito de opinar. Então, você acredita que a
melhor solução para a situação de miséria de alguns brasileiros seja dar verbas, como
faz o programa Bolsa Família?

8. Que sugestões você teria para melhorar as condições de vida daqueles que vivem à
margem da sociedade? Apresente-as.

Aumenta o trabalho infantil no governo Lula

O fenômeno é mal conhecido no país, por isso

Domínio público.
o governo federal adianta que vai providenciar um
estudo melhor para saber a realidade do trabalho in-
fantil no Brasil. O fato é que, para surpresa geral,
principalmente do atual governo, o trabalho infantil
cresceu 10% de um ano (2004) para outro (2005) no
país, justamente num período em que mais foi ataca-
do o problema, através da Secretaria Especial
de Direitos Humanos. Os dados divulgados agora pelo IBGE, na Pnad de 2005, sugerem
que podem não refletir uma quantificação rigorosamente científica. A realidade exposta
pela pesquisa estaria contaminada pela super ou subnotificação. Existem trabalhando no
país 1,4 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos. Comparada com a popula-
ção total, é menos de 1%. Em relação ao ano anterior, são 130 mil indivíduos a mais no
trabalho infantil. Há anos que os números do trabalho infantil vinham decaindo. Mesmo
considerando o crescimento da população, a tendência deveria ser de queda, em razão
da melhoria das condições gerais de vida, para a qual contribui decisivamente o Estado,
por meio de instrumentos como a escola e a fiscalização do trabalho. Uma alta, além
do mais tão expressiva, aponta ou para a precariedade da medição ou para uma piora
das condições de vida. Os pesquisadores justificam que o índice positivo se deveu a um
aumento da oferta de trabalho, sobretudo no campo. Seja como for, é possível verificar
que o problema vai além das crianças nos semáforos. Um reflexo é a evasão escolar. Em
2005, 8,8% de jovens não frequentavam a escola. Em Minas, entre 5 e 14 anos, 97%
deles vão à escola; entre 15 e 17 anos, esse índice cai para 65%. É quando começam a
trabalhar para ajudar a família.
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(Disponível em: <www.sineperj.org.br/view_noticia.asp?id=480>.


Acesso em: 9 out. 2007.)

6
9. Os editoriais geralmente abordam um tema do momento. O editorial lido, por exem-
plo, comenta um fato que sempre esteve em discussão. Que fato poderia ter ocorrido
e consequentemente motivado esse editorial?

10. No editorial lido, o jornal não deixa clara a posição, mas implicitamente posiciona-se
frente à questão. Qual é a posição?

11. Qual é a real finalidade desse editorial? Justifique.

12. Segundo o texto, por que o governo providenciou estudo sobre o trabalho infantil no
Brasil?

13. O jornal aponta duas causas possíveis para o aumento do trabalho infantil. Apresen-
te-as.

14. Que pessoa gramatical predomina no texto? O uso dessa pessoa contribui para impes-
soalizar o texto? Por quê?
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7
A voz passiva passou a ocupar espaço cada vez maior nos textos. Nessa ampliação de uso,
algumas vezes seu emprego deixou de ser adequado. Existem outras possibilidades que são mais
convenientes nos contextos, atribuindo mais concisão ao texto.

15. A passiva de infinitivo pode ser substituída por um nome abstrato em sentido passi-
vo. Reescreva as frases utilizando esse recurso:
a) Desejava ser amado por toda a população.

b) Os ditadores não desejam ser desprezados pelo povo.

c) O funcionário pretende ser indicado para o cargo de chefe.

d) A criança precisa ser alimentada toda a noite.

e) Os alunos queriam ser encarregados daquela tarefa.

16. Outro processo de substituição da passiva é a troca do particípio por um substantivo.


Reescreva as frases utilizando esse recurso:
a) Os filhos são mimados pelos pais.

b) O prédio foi destruído pela chamas.


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8
c) Nossos políticos foram insultados pelos grevistas.

d) O médico foi formado por esta faculdade.

e) O professor de Ciências é idolatrado pelos alunos.

A neutralidade da imprensa

17. A busca da imparcialidade – isto é, a transmissão dos fatos como eles realmente
ocorreram – faz parte do código de ética dos bons jornais e revistas do país. Apesar
disso, é impossível haver neutralidade absoluta na imprensa. A própria seleção dos
assuntos tratados, bem como o espaço que se dá a eles, já revela uma opção dos
editores – feita em geral de acordo com seus interesses, sua ideologia e sua forma
de ver o mundo. Pesquise se na história da imprensa ocorreu parcialidade em algum
editorial. Traga-o para a sala de aula.
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9
Trabalho infantil

O que é?
O trabalho infantil é toda forma de trabalho exercido por crianças e adolescentes,
abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, conforme a legislação de cada
país. O trabalho infantil, em geral, é proibido por lei. Especificamente, as formas mais
nocivas ou cruéis de trabalho infantil não apenas são proibidas, mas também constituem
crime. O trabalho infantil é comum em países subdesenvolvidos. No Brasil, nas regiões
mais pobres esse trabalho é comum. Na maioria das vezes, ele ocorre devido à necessida-
de de ajudar financeiramente a família. Muitas dessas famílias são de pessoas pobres que
possuem muitos filhos. Apesar de existirem legislações que proíbam oficialmente esse
tipo de trabalho, é comum nas grandes cidades brasileiras a presença de menores nos
cruzamentos de vias de grande tráfego, vendendo balas e outros bens de pequeno valor
monetário. Apesar de os pais serem oficialmente responsáveis pelos filhos, não é hábito
dos juízes puni-los. A ação da justiça se faz mais em cima de quem contrata menores;
mesmo assim, as penas não chegam a ser aplicadas.
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil>.
Acesso em: 9 out. 2007.)

Erradicação do trabalho infantil no Brasil está distante

A Constituição brasileira determina claramente que é inconstitucional o trabalho de


crianças com menos de 16 anos. Mas os últimos dados da Pnad (Pesquisa Nacional de
Amostra por Domicílio) mostram que em 2001 quase 5,5 milhões de crianças e jovens
até 17 anos estavam inseridos no mercado de trabalho.
Entre os jovens trabalhadores, quase 2,4 milhões têm idade entre 5 e 14 anos.
Os números apresentados pela pesquisa, apesar de impressionantes, mostram uma
redução do trabalho infantil no Brasil em 34,9% em termos absolutos. Traduzindo em
números, entre 1992 a 2001 quase 3 milhões de crianças deixaram de trabalhar.
Os especialistas concordam em relação às causas do problema: pobreza, má distribui-
ção de renda e falta de um sistema de educação mais abrangente e que inclua as crianças
de famílias mais pobres. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), de 2001, 39% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza.
(Babeth Bettencourt e Claudia Silva Jacobs.)
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10
Imagine que você foi convidado para redigir o editorial do jornal. O tema é: o trabalho
infantil: triste realidade brasileira.
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11
12
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Estudo do gênero:
texto de divulgação
científica
es.
Getty Imag

“Não anda firme em seu caminho

O homem que não colheu o fruto

Da verdade. Se conseguir

Porém, da árvore da Ciência

Arrebatá-lo, saberá

Que passado e futuro em nada

Diferem daquele enganoso

Primeiro dia da criação”.


o.
blic
Domínio pú

(Omar Khayyam)

Na vida social, acadêmica e científica convivemos


com textos que nos transmitem saberes; saberes que
foram historicamente construídos pela humanidade.
Dentre tantos está o texto de divulgação científica.
Digital Juice.

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A parte fundamental do processo
de conhecimento do mundo: o
texto de divulgação científica
O que é o texto de divulgação científica?
O texto de divulgação científica é um texto expositivo que, através de uma linguagem
impessoal (objetiva), transmite, expõe conhecimentos de natureza científica para o público
não especializado.
Tem o compromisso de transmitir saberes, portanto, trata-se de um gênero que reúne
algumas características dos gêneros que circulam na escola, como o texto didático e o verbete
de enciclopédia.

A estrutura
A estrutura do texto de divulgação científica não é rígida, pois depende do assunto e de
outros fatores da situação de produção, como: quem produz o texto, para quem, com que fina-
lidade, em que veículo, em que momento histórico etc. No entanto, geralmente no primeiro e
segundo parágrafo apresentam-se o assunto e a ideia principal (afirmação ou conceito), que na
sequência se desenvolvem por meio de exemplos, comparações, resultados, dados estatísticos,
relações de causa e efeito etc.
Nos textos de divulgação científica, os pesquisadores priorizam o valor argumentativo
das citações.

Leia este texto:

Amazônia: a floresta combate (sim) o efeito estufa


Pesquisas provam que a região capta muito mais gás carbônico do que emite

A Amazônia não para de surpreender. Medidas efetuadas em pontos diferentes da


floresta mostraram que ela absorve muito mais gás carbônico (CO2) do que emite. Até
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agora, a cartilha ecológica propunha que a absorção só era maior do que a emissão em
florestas jovens, nas quais as árvores se encontram em processo de crescimento.

2
Temática Cartografia.

Mais biomassa
Os novos dados foram comunicados pelos integrantes do LBA (sigla para Experimento
de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), uma pesquisa de 80 milhões de
dólares que reúne dezenas de instituições brasileiras e internacionais – entre elas, Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia) e Nasa (Agência Espacial Americana). Sabe-se que, durante o dia, os vegetais
captam gás carbônico da atmosfera no processo de fotossíntese. E, à noite, liberam CO2
na respiração. Numa floresta antiga, como a amazônica, os cientistas acreditavam que
esse balanço era nulo. Isto é, a quantidade liberada à noite seria captada durante o dia.
Mas não é o que acontece. “A floresta está fixando de uma a cinco toneladas de carbono
por hectare ao ano”, informa o físico Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, um dos
coordenadores do LBA.
Para se ter ideia do que isso significa, deve-se levar em conta que a área total da
floresta é de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, quase a metade da Europa. Atribuin-
do à taxa de fixação de carbono um valor conservador de duas toneladas por hectare ao
ano e extrapolando esse número para a floresta inteira, conclui-se que a Amazônia retira
anualmente da atmosfera nada menos que 900 milhões de toneladas desse elemento.
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3
Ninguém sabe dizer por que isso vem ocorrendo.
[...]
Novo estímulo
O carbono fixado agora será devolvido à atmosfera em 150 anos, quando as árvores
errarem seu ciclo vital. Mas esse intervalo de tempo pode ser providencial para que
políticas preservacionistas e novas opções tecnológicas revertam a atual taxa de cresci-
mento do efeito estufa.
A Amazônia já foi erroneamente chamada de “pulmão do mundo”, porque se acredi-
tava que ela abastecia a atmosfera de oxigênio. Verificou-se, mais tarde, que a floresta
produz tanto oxigênio quanto consome – o que fez com que sua importância para o
equilíbrio do planeta passasse a ser subestimada. Ela volta a ser valorizada agora com a
última descoberta do LBA. E isso traz um novo estímulo para os ambientalistas de todo
o mundo.
(ARANTES, José Tada. Disponível em:
<http://galileu.globo.com/edic/111/rep_amazonia.htm>. Acesso em: 12 nov. 2007.)

1. O texto desenvolve um tema bastante debatido nos meios científicos e políticos. Qual
é esse tema?

2. O autor do texto confirma a antiga tese de que a Amazônia “é o pulmão do mundo”?

3. É comum o texto de apresentação científica fazer uso de uma linguagem com voca-
bulário e conceitos científicos básicos.
a) Identifique no texto palavras próprias da linguagem científica.
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4
b) A que área científica pertencem?

4. O texto foi escrito para leitores que são exclusivamente cientistas ou foi produzido
para um público amplo e heterogêneo? Justifique.

5. Na conclusão do texto o autor faz um comentário positivo sobre a Amazônia. Qual é


esse comentário?

6. Observe a linguagem do texto.


a) Que tempo e modo verbal predominam entre as formas verbais empregadas? Por
quê?

b) Qual a variedade linguística empregada?


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5
c) Por ser um texto de divulgação científica, a linguagem é pessoal (subjetiva) ou
impessoal (objetiva)? Comprove com um trecho do texto a resposta.

Leia o texto e resolva as questões propostas:

As muitas qualidades de vida


O que vale mais: dinheiro ou felicidade? Se você escolhesse um país para
viver, levaria quais valores em consideração? Perguntas como essas costumam vir
embutidas nos famosos rankings de qualidade de vida. O mais recente, da revista
inglesa The Economist, foi publicado no fim de 2004 e trouxe um resultado curioso:
colocou em primeiro lugar a Irlanda, país que ocupa a décima posição no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, o mais famoso levantamento do tipo. Afi-
nal, qual é o melhor critério de avaliação?
“O IDH é útil para revelar situações emergenciais num país. Já o objetivo da The
Economist é fazer um balaço econômico”, diz Alberto Ogata, vice-presidente da Asso-
ciação Brasileira de Qualidade de Vida. Mas há quem ache ambos limitados, “Rankings
tradicionais costumam ter defeitos como apontar o índice de alfabetização, mas não
a qualidade dos livros”, afirma Francisco Milaez, da associação Gaúcha de Proteção ao
Ambiente Natural.
Um caso, em especial, ilustra como qualidade de vida é um conceito subjetivo.
Rankings mostram a Colômbia ao mesmo tempo como o país mais feliz e a nona maior
desigualdade de renda do planeta. Qual das duas listas é mais importante? ”O melhor
seria medir a diferença entre as aspirações de um povo e as condições em que ele vive.
Quanto menor a diferença, melhor a qualidade de vida”, diz o americano Chris Warner,
Doutor em Qualidade de Vida pela Southern University. E aí: você escolheria viver na
Colômbia ou na Irlanda?
(IWAKURA, Mariana. Superinteressante, n. 209)
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6
1. Qual o assunto principal do texto?
Solução:

A dificuldade para medir a qualidade de vida de um país.

2. Que acontecimento provocou a discussão desse assunto?


Solução:

A pesquisa de que o país que ocupa o primeiro lugar na qualidade de vida ocupa a
décima posição no IDH.

3. A que conclusão chegou a autora do texto?


Solução:

A de que a qualidade de vida é um conceito subjetivo e de que quanto menor a dife-


rença, melhor a qualidade de vida.

O aquecimento global
O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre (não só numa zona
específica, mas em todo o planeta) e tem preocupado a comunidade científica cada vez
mais. Acredita-se que seja devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos em
nível industrial, que levam à acumulação na atmosfera de gases propícios ao efeito es-
tufa, tais como o dióxido de carbono, o metano, o óxido de azoto e os CFCs.
Istock Photo.
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7
Há muitas décadas que se sabe da capacidade que o dióxido de carbono tem para
reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera, estabilizando assim a temperatu-
ra terrestre por meio do efeito estufa, mas, ao que parece, isto em nada preocupou a
humanidade que continuou a produzir enormes quantidades deste e de outros gases de
efeito estufa.
A grande preocupação é que os elevados índices de dióxido de carbono que se têm
medido desde o século passado, e tendem a aumentar, podem vir a provocar um aumen-
to na temperatura terrestre suficiente para trazer graves consequências à escala global,
pondo em risco a sobrevivência dos seus habitantes.
Na realidade, desde 1850 temos assistido a um aumento gradual da temperatura
global, algo que pode também ser causado pela flutuação natural dessa grandeza. Tais
flutuações têm ocorrido naturalmente durante várias dezenas de milhões de anos ou, por
vezes, mais bruscamente, em décadas. Esses fenômenos naturais bastante complexos
e imprevisíveis podem ser a explicação para as alterações climáticas que a Terra tem
sofrido, mas também é possível e mais provável que essas mudanças estejam sendo pro-
vocadas pelo aumento do efeito estufa, devido basicamente à atividade humana.
Para que se pudesse compreender plenamente a causa desse aumento da temperatura
média do planeta, foi necessário fazer estudos exaustivos da variabilidade natural do
clima. Mudanças, como as estações do ano, às quais estamos perfeitamente habituados,
não são motivos de preocupação.
Na realidade, as oscilações anuais da temperatura que se têm verificado neste século
estão bastante próximas das verificadas no século passado e, tendo os séculos XVI e
XVII sido frios (numa escala de tempo bem mais curta do que engloba idades do gelo),
o clima pode estar ainda a se recuperar dessa variação. Dessa forma os cientistas não
podem afirmar que o aumento de temperatura global esteja de alguma forma relacionado
com um aumento do efeito estufa, mas, no caso dos seus modelos para o próximo século
estarem corretos, os motivos para preocupação serão muitos.
Segundo as medições da temperatura para épocas anteriores a 1860, desde quando se
tem feito o registro das temperaturas em várias áreas do globo, as medidas puderam ser
feitas a partir dos anéis de árvores, de sedimentos em lagos e nos gelos, o aumento de
2 a 6ºC que se prevê para os próximos 100 anos seria maior do que qualquer aumento
de temperatura alguma vez registrado desde o aparecimento da civilização humana na
Terra. Dessa forma torna-se assim quase certo que o aumento da temperatura que es-
tamos enfrentando é causado pelo homem e não se trata de um fenômeno natural.
No caso de não se tomarem medidas drásticas, de forma a controlar a emissão de gases
de efeito estufa é quase certo que teremos que enfrentar um aumento da temperatura
global que continuará indefinidamente, e cujos efeitos serão piores do que quaisquer
efeitos provocados por flutuações naturais, o que quer dizer que iremos provavelmente
assistir às maiores catástrofes naturais (agora causadas indiretamente pelo homem) al-
guma vez registradas no planeta.
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8
A criação de legislação mais apropriada sobre a emissão dos gases poluentes é de
certa forma complicada por também existirem fontes de Dióxido de Carbono naturais (o
qual manteve a temperatura terrestre estável desde idades pré-históricas), o que torna
também o estudo desse fenômeno ainda mais complexo.
Há ainda a impossibilidade de comparar diretamente este aquecimento global com
as mudanças de clima passadas devido à velocidade com que tudo está acontecendo. As
analogias mais próximas que se podem estabelecer são com mudanças provocadas por
alterações abruptas na circulação oceânica ou com o drástico arrefecimento global que
levou à extinção dos dinossauros.
Urge salientar que o que existe em comum entre todas essas mudanças de clima são
extinções em massa, por todo o planeta tanto no nível da fauna como da flora. Essa
analogia vem reforçar os modelos estabelecidos, nos quais preveem que tanto os ecos-
sistemas naturais como as comunidades humanas mais dependentes do clima venham a
ser fortemente pressionados e postos em perigo.
(BUENO; CONSTANZE. Disponível em: <www.buenocostanze.adv.br>.
Acesso em: 21 nov. 2007.)

1. O texto de Bueno e Costanze pertence a um gênero conhecido como texto de divul-


gação científica, logo tem uma finalidade específica. Assinale o item que expressa a
finalidade desse texto:
a) ( ) Descrever ações; ensinar como se faz alguma coisa.
b) ( ) Narrar um acontecimento real, para alertar sobre um perigo.
c) ( ) Transmitir conhecimento, expor um conteúdo de natureza científica.
d) ( ) Relatar experiências pessoais.
e) ( ) Noticiar um acontecimento de conhecimento público.

2. O assunto do texto é aquecimento global. De que forma o autor inicia o texto?

3. Segundo o texto, que fato tem preocupado a comunidade científica?


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4. De acordo com as informações do texto, é correto afirmar que o aquecimento global
é um acontecimento recente?

5. Complete o quadro com trechos que exemplifiquem algumas características do texto


de divulgação científica:

Características Exemplo

Linguagem objetiva

Atualidade

Situações cotidianas

Termos da linguagem
científica
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10
6. De acordo com o texto, qual é a principal ameaça para a vida na Terra?

7. Segundo o autor do texto, são necessárias algumas medidas drásticas para reverter o
efeito estufa. Se isso não acontecer corremos sérios riscos. Quais?

8. Identifique no texto algumas das causas do efeito estufa, responsável pelo aqueci-
mento global?

9. Sobre a linguagem do texto responda:


a) Qual a variedade linguística empregada?

b) Considerando o assunto e o veículo em que o texto foi publicado, podemos afirmar


que o nível de linguagem é adequado à situação? Por quê?

10. Leia o texto a seguir para resolver a questão proposta:


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O Protocolo de Kyoto prevê redução de emissão de gases-estufa
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional para reduzir as emissões de
gases-estufa dos países industrializados e para garantir um modelo de desenvolvimento
limpo nos países em desenvolvimento. O documento prevê que, entre 2008 e 2012, os
países em desenvolvimento reduzam suas emissões em 5,2% com relação aos níveis
medidos em 1990.

Digital Juice.
O tratado foi estabelecido em 1970, na cidade de Kyoto, no Japão, e assinado por
84 países. Destes, cerca de trinta já o transformaram em lei. O pacto entrará em vigor
depois que isso acontecer em pelo menos 55 países.
[...]
Além da redução das emissões de gases, o Protocolo de Kyoto estabelece outras
medidas, como o estímulo à substituição dos derivados de petróleo por energia elétrica
e gás natural.
[...]
Os Estados Unidos, o país que mais emite gases-estufa, se retiram do acordo em mar-
ço de 2001. O presidente George W. Bush disse que o protocolo prejudicaria a economia
dos EUA e seria injusto por não fixar metas de emissão de gases causadores do efeito
estufa para países como China e Índia. (...)

(Disponível em: <www.folhaonline.com.br>. Publicado em: 5 jun. 2003.)

a) O que pretende o Protocolo de Kyoto?


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b) Qual a relação entre o acordo assinado em Kyoto, 1997, e o assunto abordado no
texto?

c) Que acontecimento ocorrido em 2001 preocupa as autoridades e a população mun-


dial? Por quê?

Uma forma de construir um bom texto é a escolha vocabular, termos específicos e precisos
tornam o texto claro, coerente e persuasivo.

11. Substitua o termo grande por outro de sentido equivalente de modo a valorizar o
texto pela riqueza vocabular:
a) O grande físico declarava só ter encontrado vocação para a física através da leitura.

b) O eucalipto é uma grande árvore que não tem frutos, mas tem belas folhas.

c) A alma grande é aquela que percebe a necessidade do outro e lhe dá ajuda.

d) A amizade de um grande amigo é um benefício à humanidade.


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13
e) Os grandes alunos são a minha alegria de viver.

12. Substitua o verbo fazer por outro verbo de significado mais específico.
a) A árvore faz uma bela sombra no meu jardim.

b) Ontem eu fiz quatorze anos.

c) O meu namorado fez o bilhete em pedacinhos.

d) Ele sempre se faz de bobo.

e) Minha mãe fez o jantar para nós.

13. Reescreva o parágrafo substituindo o verbo pôr por outros mais específicos. Faça as
modificações necessárias:

Deve-se pôr mais palavras no texto, não pôr termos de sentido negativo, pois temos
que escrever um anúncio claro para pôr um anúncio no jornal, solicitando que os
livros devem ser postos nas caixas de coletas.
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14
14. Em revista do gênero Galileu, Superinteressante, Ciência Hoje, pesquise um texto de
divulgação científica. Ele deverá ser sobre um dos assuntos a seguir:

vulcanismo;

guerra nuclear;

epidemias;

vírus artificiais;

era glacial;

matança e extinção.

a) Após a seleção, resuma o texto escolhido em 10 linhas.

b) Em sala de aula, reúna-se com seus colegas e juntos concluam: quais são as carac-
terísticas fundamentais do texto de divulgação científica?
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15
Leia os textos; eles servirão de base para a sua produção:
Texto I

Consumo, logo existo


A expressão “sociedade de consumo” existe há décadas e o conceito de “consumis-
mo” também não é coisa nova. O velho Marx (o alemão Karl, não o norte-americano
Groucho) à sua época afirmava que o capitalismo substituíra o valor intrínseco dos
bens e serviços pelo valor de mercado: era o fetiche da mercadoria. Hoje, o conceito de
consumismo é associado à compulsão pela posse e à identificação pessoal com certos
bens e serviços. Consumimos pão e água, circo e arte. Consumimos brinquedos chineses
e carros alemães. Nas corporações, consumimos livros de autoajuda e ideias de segunda
mão. Consumimos armas e lágrimas. Consumimos bem e consumimos mal. Desperdiça-
mos (muito) e reciclamos (pouco). Separados por linhas étnicas e religiosas, unimo-nos
pelo consumo. Oramos todos pela mesma cartilha: consumimos, portanto existimos.
Consumir pode ser um passo para a construção da cidadania. Em um trabalho recente,
o Instituto Fernand Braudel revela histórias de vida de moradores da inóspita periferia da
Grande São Paulo. No centro das narrativas, a ampliação da capacidade de consumo e o
acesso a bens e serviços. Consumir pode também significar suicídio coletivo, na medida
em que o consumo cresce mais do que os recursos disponíveis. Em matéria publicada
na edição de maio, a revista Adiante informa que os padrões de consumo estão mudan-
do: os orçamentos domésticos são cada vez mais orientados para veículos particulares,
passagens aéreas, alimentos industrializados e aparelhos eletrônicos. Segundo dados do
World Wildlife Fund (WWF), a capacidade do planeta para repor os recursos naturais e
absorver o lixo e a poluição foi superada na década de 1980. Curiosidade dramática: se
toda a população da Terra adotasse os padrões de consumo dos norte-americanos, seriam
necessários cinco planetas para nos sustentar.

Uma coletânea recente

The Ethical Consumer (Londres, Editora Sage) – coordenada por Rob Harrisson, Terry
Newholm e Deirdre Shaw, procura iluminar as várias faces do consumo e do consumis-
mo. A pedra fundamental é o conceito de “consumidor ético”. Reza a teoria econômi-
ca que, quando fazemos uma compra, procuramos adquirir o melhor produto possível,
considerando nossa restrição orçamentária. Entretanto, esse comportamento pode ser
modificado por diversos motivos. Por exemplo: podemos deixar de consumir uma bebida
porque lemos nos jornais que os produtores estão envolvidos em práticas fraudulentas;
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16
ou podemos optar por uma determinada marca de móvel, porque ela exibe um selo verde.
Em ambas as situações, o consumidor continuará a considerar custo e qualidade, porém
somará outras preocupações à sua decisão de compra.
Hoje, a relação entre o consumo e as suas consequências está muito mais visível e
mais presente. Na medida em que os riscos aos quais estamos expostos são cada vez
mais originados por nós mesmos, somos levados a considerar as consequências de nossos
atos. Os autores observam que o comportamento ético no consumo pode se manifestar
em diferentes formas: no boicote a produtos, como no caso de madeira explorada ile-
galmente; na prática da compra positiva, como no exemplo de alimentos orgânicos; na
rejeição de produtos que ameaçam a sustentabilidade, como carros; e no uso de tabelas
comparativas, como no caso de eletrodomésticos e serviços financeiros.
Tim Lang e Yannis Gabriel argumentam que a origem do consumidor ético está nas
cooperativas inglesas de compras do último quartil do século XIX. À época, tais co-
operativas agregaram associados e reagiram aos preços excessivos e à má qualidade
de produtos, especialmente os alimentos. O marco moderno ocorreu em 1965, com o
lançamento do livro Unsafe at Any Speed, o manifesto do norte-americano Ralph Nader
contra a indústria automobilística e o seu descaso com a segurança dos veículos. Lang e
Gabriel denominam a onda atual de consumismo alternativo, um amálgama que mistura
componentes diversos, como preocupações ecológicas e éticas, solidariedade com países
em desenvolvimento e noções de comércio justo. Embora pouco coerente, o movimento
tem levado muitas empresas a mudar diretrizes e práticas de negócios. Ignorá-lo é te-
merário.
O que nos reserva o futuro? Por hora, consumo e consumismo crescem com vigor.
Os ativistas da causa estão a avançar na batalha publicitária, porém a guerra pelos co-
rações e mentes dos consumidores está longe de ser vencida. Transformar consumismo
em cidadania não é tarefa trivial. No entanto, o preço por não fazê-lo, para a biosfera e
para a sociedade, é alto.

(WOOD JR, Thomas. Carta Capital, ano XII, n. 403, 26 jul. 2006.)

Texto II

Ambiente é destruído pelo consumo desenfreado


O professor de Estudos Ambientais da Universidade Brandeis, de Massachusetts,
Dan Perlman fez um apelo durante o 4.º Congresso Brasileiro de Unidades de Conserva-
ção em Curitiba, para que os países ricos diminuam seu padrão de consumo, permitindo
que nações mais pobres tenham melhor qualidade de vida, sem perdas para o ambiente.
”O mundo não suporta esse padrão de consumo”, afirmou.
Segundo ele, a população mundial ideal deveria ser de 2 bilhões de pessoas para
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manter bom estilo de vida e uma natureza intacta. Os dados de Perlman mostram que em

17
1804 o mundo tinha 1 bilhão de habitantes, subindo para 2 bilhões em 1927. Levou mais
33 anos para chegar a 3 bilhões. E, nos 40 anos seguintes, dobrou para 6 bilhões.
De acordo com o professor, no mundo há 156 pessoas a mais a cada minuto. Para
garantir conforto a elas, recursos naturais são destruídos. ”Se for preciso mais comida,
consegue-se. Mas não se vai conseguir ao mesmo tempo comida, combustível, ener-
gia...”
Em razão disso, Perlman apresentou o conceito da “pegada ecológica”, a conversão
de hábitos de consumo e estilo de vida em hectares de terra fértil necessários para
manter o padrão de vida. Haveria a disponibilidade de 1,8 hectares em média para cada
pessoa. No entanto, em razão da grande utilização dos benefícios da modernidade e tam-
bém por necessitar de muito mais energia no inverno rigoroso, cada americano estaria
ocupando 9,6 hectares.
De outro lado, um indiano, que vive mais no campo e em país quente, estaria ocu-
pando apenas 0,8 hectare. No caso do Brasil, Perman calcula que o espaço que cada
pessoa estaria utilizando seria de 2,4 hectares. Mas ele não é otimista em relação à alte-
ração desse perfil mundial. ”O mais difícil é mudar a cultura”, afirmou o professor. ”Nos
EUA, as pessoas veem como um direito ter dois carros e consumir energia.”

(FADEL, Evandro. O Estado de S.Paulo.)

Nesta unidade você leu textos que tratam de questões ambientais. Escreva um texto
concordando ou discordando da posição de Evandro Fadel sobre o consumo estar diretamente
relacionado com as questões ambientais.

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Estudo do gênero:
literatura de cordel
.
ura
rav
Xilog

Cordel quer dizer barbante


Ou senão mesmo cordão,
Mas cordel – literatura
É expressão
Com fonte de cultura
Ou melhor poesia pura
Dos poetas do sertão.

(Rodolfo Coelho Cavalcante)

N o Brasil, a literatura de cordel é produção


a.
Xilogravur

típica do Nordeste, sobretudo nos estados de


Pernambuco, da Paraíba e do Ceará. Costuma ser ven-
dida em mercados e feiras pelos próprios autores. Em
outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e
São Paulo, é encontrada em feiras de produtos nor-
destinos.

ra.
vu
gra
Xilo

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Poesia popular nordestina:
literatura de cordel
Origem
A literatura de cordel, conhecida também pelo nome de literatura de folhetos, teve origem
em Portugal, por volta do século XVII (após a invenção da imprensa) quando se popularizaram
as folhas volantes (ou folhas soltas) com poemas populares que eram vendidas por cegos nas
feiras, nas ruas ou em romarias, presas a um cordel ou barbante, para facilitar sua exposição
aos interessados. Difundida por toda a Europa, essa forma popular de literatura, chamada de
“cordel”, foi transladada para o continente americano pela ação de seus descobridores espa-
nhóis e portugueses, à medida que se instalavam nas terras por eles conquistadas.
A literatura de cordel chegou ao Brasil através dos portugueses, instalou-se no Nordeste,
na segunda metade do século XIX, e aos poucos foi se tornando cada vez mais popular. É hoje
uma das características mais diferenciadas dos costumes dessa região em relação às demais
regiões brasileiras.

O que é literatura de cordel?


A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular produzida pelo povo, impressa
e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura, o mesmo estilo de gravura
usado nas capas. São poemas escritos em forma rimada. As estrofes mais comuns são as de dez,
oito ou seis versos.

Xilogravura.
Os atores, ou cordelistas, recitam esses versos de
forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola.
Esse tipo de literatura ganhou esse nome porque os
textos são expostos ao povo amarrados em cordões, que
são estendidos em pequenas lojas de mercados populares,
nas ruas e em festas religiosas.
Geralmente, esses pequenos livros (livretos), de custo
baixo, são vendidos pelos próprios autores. Fazem sucesso
em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e
Bahia. O sucesso ocorre em função do tom humorístico de
muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidia-
na da cidade ou da região.
Os principais assuntos da literatura de cordel são: festas, política, seca, disputas, mila-
gres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, morte de personalidade etc.
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1. Leia o texto do cordelista Rodolfo Coelho Cavalcante:

Origem da literatura de cordel e a sua expressão


da cultura nas letras de nosso país
Rodolfo Coelho Cavalcante
Cordel quer dizer barbante
Ou senão mesmo cordão,
Mas cordel-literatura
É expressão
Com fonte de cultura
Ou melhor poesia pura
Dos poetas do sertão.

Na França, também Espanha


Era nas bancas vendida,
Que fosse em prosa ou em verso
Por ser a mais preferida
Com seu preço popular
Poderia se encontrar
Nas esquinas da avenida.

Era em pequeno volume


A edição publicada
Tamanho 15 por 12
Pra melhor ser consultada,
Isso no século XVIII
Depois de noventa e oito
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Foi aos poucos desprezada.

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No Brasil é diferente
O cordel-literatura
Tem que ser todo rimado
Com sua própria estrutura
Versificado em sextilhas
Ou senão em setilhas
Com a métrica mais pura.

Nesse estilo o vate escreve


Em forma de narração
Fatos, romances, histórias
De realismo, ficção;
Não vale cordel em prosa
E em décima na glosa
Se verseja no sertão.

a) Qual o assunto do poema?


Solução:

A literatura de cordel.

b) Segundo o autor, qual a principal característica da literatura de cordel brasileira?


Solução:

Possuir rima e estrutura própria (sextilhas ou setilhas) e ter métrica pura.

c) Com base nas informações do texto, preencha o quadro.

Significado da palavra cordel barbante, cordão

Significado de cordel-literatura poesia do sertão

Países de origem França e Espanha

Temas da literatura fatos, romances, histórias reais e ficção


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Texto I
O texto que iremos ler é de Patativa do Assaré, grande representante dessa modalidade
literária:

Coisas do meu sertão


Seu dotô, que é da cidade
Tem diproma e posição
E estudou desde minino
Sem perdê uma lição,
Conhece o nome dos rio,
Que corre inriba do chão,
Sabe o nome das estrela
Que forma constelação,
Conhece todas as coisa
Da histora da criação
E agora qué i na Lua
Causando admiração,
Vou fazê uma pergunta,
Me preste bem atenção:
Pruquê não quis aprende
As coisa do meu sertão?
Por favô, não negue não
Quero que o sinhô me diga
Pruquê não quis o roçado
Onde se sofre fadiga,
Pisando inriba do toco,
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Lacraia, cobra e formiga,
Cocerento de friêra,
lncalombado de urtiga,
Muntas vez inté duente,
Sofrendo dô de barriga,
Mas o jeito é trabaiá
Que a necessidade obriga.

Seu dotô aprendeu tudo,


Mas não quis esta lição,
Mode não sofrê na vida
Sacrifiço e percisão,
Pois aqui veve o matuto,
De ferramenta na mão.
A sua comida é sempre
Mio, farinha e fejão
E, se às vez, mata um porquinho,
Come iguamente a um barão.

Mas, como não tem custume,


Dá logo uma indigestão,
Ele geme, chora e grita,
Não é caçuada, não,
Mas, como não tem dinhêro,
Mode comprá injeção,
O jeito é bebê das pranta,
Que nasce inriba do chão:
Macela com quina-quina,
Chá de fôia de mamão
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E mais ôtras beberage
Que eu não vou dá relação,
Pois, se eu fosse dizê tudo,
Dava um bonito livrão.
Mas, porém, eu não lhe digo,
Pois faz cortá coração,
Apenas dou um começo
Das coisa do meu sertão.

Se quisé sabê o que foi


Que o Diabo amassô com rabo,
Seu dotô, venha ao sertão,
Venha muntá burro brabo,
Comê fejão com farinha,
Sem tomate e sem quiabo
E manejá uma inxada

Segurada pelo cabo,


Limpando a sumana intêra,
De segunda até no sabo,
Venha cá vê os cabôco,
Da paciença de Jó,
Agarrá demenhãzinha
Até chegá o pô do Só.
Vim da roça do patrão
Onde derramô suo
E entrá na sua casinha
Tão pobre de fazê dó,
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Sem tê mais fejão na lata,
Sem tê mio no paió
E a muié desarrumada,
Que a rôpa é remendo só,
Magra, triste e pensativa,
Com oito fio em redó.[...]

[...]

O sinhô nunca passou


Sofrimento nem azá,
Tendo somente uma rôpa
Pra trabaiá e passeá
E aquela dita ropinha
Começando a se grudá
E a muié vim lhe dizê:
“Tire a rôpa pra lavá”,
E o sinhô incabulado,
Sem tê ôtra pra mudá,
Se escondê dentro de um quarto
Até a rôpa inxugá.

Sei que o sinhô não conhece


Sofrimento nem cansêra,
Pois não viu a sua esposa,
Sua boa companhêra
Sofrendo pra descansá,
De vela na cabicêra.
E o sinhô, à meia-noite,
Saí doido, na carrêra,
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Sem se importá com buraco,
Sem se importá com ladêra,
Em noite de tempestade,
Percurando uma partêra.
Pelo jeito que eu tou vendo,
Seu dotô é sabidão,
Vem passando a sua vida,
Só de caneta na mão,
Vivendo sempre na sombra,
Nas bancada do salão.
Aprendeu fazê discuço,
Aprendeu ganhá questão
E mais aquelas coisinha
Do preito das inleição,
Porém, não quis aprendê
As coisas do meu sertão:
Macaco veio não mete
A mão na cumbuca, não!

(ASSARÉ, Patativa do. Cante Lá que Eu Canto Cá. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 289-292.)

1. “Pruquê não quis aprendê / As coisa do meu sertão?” Como podemos interpretar
essa pergunta, logo no início do poema, que o poeta sertanejo lança ao “doutor
que sabe tudo”?

2. Na segunda estrofe, que aspecto da vida do sertão o trovador focaliza em seus versos?
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3. Na terceira estrofe, temos reforço das ideias apresentadas nos dois primeiros versos
ou um novo aspecto da vida do sertanejo é mostrado? Explique sua resposta.

4. “E, se às vez, mata um porquinho,

Come iguamente a um barão.

Mas, como não tem custume,

Dá logo uma indigestão”

Nesses versos, aparece uma característica que está muito presente na poesia de Pa-
tativa do Assaré, no seu falar sobre a vida do sertanejo nordestino. Para você, qual
seria essa característica?

5. Uma das características do sertanejo é valorizar o meio em que vive, apesar de quase
sempre ser pobre e sofrido. Você concorda que esse aspecto aparece de maneira mui-
to forte na quarta estrofe? Explique sua resposta.

6. Os versos de Patativa fazem uma crítica a que personagem da história desse país? Em
que versos fica evidente essa crítica?

7. O texto apresenta uma linguagem culta ou coloquial? Justifique.


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Texto II

Leia o texto a seguir que conta a história de João Grilo, personagem que simboliza o
povo nordestino que tenta sobreviver no sertão.

As proezas de João Grilo


João Martins de Athayde
João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia
criou-se sem formosura
mas tinha sabedoria
e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.

E nasceu de sete meses


chorou no bucho da mãe
quando ela pegou um gato
ele gritou: não me arranhe
não jogue neste animal
que talvez você não ganhe.

Na noite que João nasceu


houve um eclipse na lua
e detonou um vulcão
que ainda continua
naquela noite correu
um lobisomem na rua.

Porém João Grilo criou-se


pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
e boca grande e beiçudo
no sítio onde morava
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dava notícia de tudo.

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João perdeu o seu pai
com sete anos de idade
morava perto de um rio
Ia pescar toda tarde
um dia fez uma cena
que admirou a cidade.

O rio estava de nado


vinha um vaqueiro de fora
perguntou: dará passagem?
João Grilo disse: inda agora
o gadinho do meu pai
passou com o lombo de fora.

O vaqueiro bota o cavalo


com uma braça deu nado
foi sair já muito embaixo
quase que morre afogado
voltou e disse ao menino:
você é um desgraçado.

João Grilo foi ver o gado


pra provar aquele ato
veio trazendo na frente
um bom rebanho de pato
os pássaros passaram n’água
João provou que era exato.
[...]
(ATAÍDE, João Martins de. In: PROENÇA, Manoel Cavalcanti. (Org.)
Literatura popular em verso: antologia. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986.)

8. O poema conta a história de João Grilo, personagem muito astuto e travesso. O que
está sendo contado sobre esse personagem?
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9. João Grilo demostra insegurança diante das situações da vida por ter perdido o pai
muito cedo? Explique.

10. Observe a estrutura do poema e responda às questões:


a) De quantos versos é composta cada estrofe do poema?

b) Ocorre a presença de rimas. Em que sequência de versos elas ocorrem? Explique.

c) A estrutura do poema respeita as normas da literatura de cordel? Justifique.

11. Releia o título do texto:


a) Escolha no verbete proeza a acepção adequada ao título do texto. Copie-a.

Proeza (ê) S.f. 1. Ação de valor; façanha. 2. Fam. Qualquer ato invulgar praticado
por alguém. 3. P. ext. Pej. Ato censurável ou escandaloso.
(HOLANDA, Aurélio B. de. Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa. Nova Fronteira, 1988.)

b) Reescreva o título, substituindo a palavra proeza por outra de sentido semelhante


e responda: o sentido permaneceu o mesmo? O que mudou?
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12. Nesse trecho reproduzido, qual é a proeza narrada?

13. Sabendo-se que o poema tem continuidade, imagine e cite outras proezas que você
acredita que João Grilo poderia realizar.

14. O poema apresenta, na primeira estrofe, uma característica supostamente negativa e


uma positiva de João Grilo.
a) Identifique essas características.

b) Que termo presente no quarto verso da primeira estrofe dá claramente a idéia de


contraste entre essas duas características? Que outro termo poderia ser usado sem
alterar o sentido dos versos?

15. Você acredita que a atitude de João Grilo, nessa passagem do poema, apresenta uma
atitude de pessoa sábia? Justifique.

16. Na quarta estrofe do poema, são apresentadas algumas características do persona-


gem. Quais são elas?
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17. Segundo o poema, Grilo nasceu sem muita sorte e atributos físicos. Que forma ele
encontrou de compensar essas ausências?

18. O texto é um poema de cordel. O autor empregou a linguagem culta ou coloquial?


Justifique.

No dia a dia, percebemos diferenças da fala entre pessoas, entre comunidades e regiões
do país. O Brasil tem fortes variedades regionais nos vários pontos do país. São variações que
a língua apresenta de acordo com as condições regionais, históricas, sociais e culturais em que
é utilizada.
Essas variações não são nem melhores nem piores que a língua padrão; são apenas dife-
renças. Vai depender do contexto em que forem empregadas para se avaliar se estão correta-
mente empregadas.

1. O Brasil tem dialetos, dentre eles um marcante é o dialeto caipira.

Complete o quadro apresentando a norma culta referente ao dialeto caipira:

Diferenças entre a fala caipira e a norma culta

Dialeto caipira Norma culta


Noi /nóis
arfinêti
fárso
miór
ocê
Nói fumo
Fosfro/fósfiro

Gíria, palavras e expressões são criadas por grupos restritos (estudantes, esqueitistas, sur-
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fistas e outros) com o intuito de estabelecer uma linguagem própria. Depois que outras pessoas
compreendem o significado, essas manisfestações de linguagem passam a ser usadas e difundidas.

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2. Segundo as informações, o que leva grupos a criarem as gírias?

3. Em que situações as pessoas costumam usar gírias?

4. Há ocasiões em que elas devem ser evitadas? Explique.

5. Identifique as gírias empregadas em cada um dos textos a seguir e as substitua por


um termo correspondente na língua padrão:
a) “ – Me amarro no estilo daquele gato, meninas.”

b) Bem sacada a ideia de fazer uma festa dançante no apê.

c) “Entrei de gaiato num navio/ Entrei, entrei, entrei pelo cano...”.

d) Ei, cara, venha até aqui.

e) Nós estamos curtindo essa parada.


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6. Leia a seguinte tirinha e resolva as questões:

QUE MASSA! BAITA


DEMAIS CARA! JOGO!

IESDE Brasil S.A.


MEU,
ESTUPENDO!

a) Qual a linguagem predominante nos diálogos?

b) Que ideia essa linguagem transmite?

c) E no segundo quadrinho, o que se descobre?

d) O que a leitura provoca no leitor?

e) Resuma em uma frase, em linguagem culta, a ideia contida nas falas.


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7. O texto a seguir é a letra de uma música “Asa branca” de Luíz Gonzaga e Humberto
Teixeira. Ela representa a tendência regionalista, ou seja, reproduz a fala do sertão.
Leia para resolver a questão.

Asa branca

Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira

IESDE Brasil S.A.


Quando oiêi a terra ardendo
Quá foguêra de São João
Eu preguntei a Deus do céu, uai
Pru que tamanha judiação?

Que brasero, que fornáia


Nem um pé de prantação
Por farta d’água, perdi meu gado
Moreu de sede meu alazão.

Inté mesmo a asa branca


Bateu asas do sertão
entounce eu disse adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração.

Hoje longe muitas légua


Numa triste solidão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortá pro meu sertão.

Quando o verde dos teus óios


Se espaiá na prantação
Eu te asseguro, num chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração.

Agora resolva:
a) Como ficaria a letra da música “Asa branca” se estivesse sido redigida de acordo
com a norma culta da língua? Reescreva-a, fazendo as alterações necessárias.
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b) Você gostou do texto “Asa branca” depois da reescrita (revisão)? Por quê?
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Cordel é uma manifestação popular, uma das maiores riquezas da tradição nordestina.
Escreva um texto em versos rimados tentando responder à questão proposta. Você pode usar
regionalismos e formas típicas da linguagem popular. Procure construir duas estrofes de quatro
a seis versos, dando continuidade ao já existente.
Então, para você, qual é a coisa maior do mundo?

“Se é poeta porfundo,


e rima sem quebrá pé,
vá me dizendo qual é
a coisa maió do mundo”

(ASSARÉ, Patativa do. Para Gostar de Ler Feira de Versos:


poesia de cordel. Ática, 2006.)

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