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JUNHO

Semana 1
 Efeito de sentido e Recursos ortográficos e/ou morfossintáticos
Estudante, nesta atividade, vamos trabalhar com o gênero notícia e outras habilidades
necessárias à ampliação do ensino-aprendizagem. Leia o texto atentamente e procure
responder às atividades propostas, juntamente com o(a) seu(sua) professor(a).

Refletindo!!!
Efeitos de sentido

Quando queremos expressar algo além do perceptível durante a produção textual, é


comum que façamos o uso de alguns recursos. Esses recursos são conhecidos
como efeitos de sentido. Eles podem se manifestar por intermédio da ambiguidade, duplo
sentido, ironia e humor.
Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=photo
Acesso em: 27 abr. 2023.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/efeitos-sentido-duplo-sentido-ambiguidade-ironia-humor.htm. Acesso em: 3 abr. 2023 (adaptado).
Leia o texto e responda às questões propostas.
 Cidade que afundou há 3 mil anos ressurge no rio Tigre conservada
Até o momento, os pesquisadores não sabem o porquê de a cidade que afundou no rio Tigre estar
tão bem conservada.

Que descoberta impressionante! Uma cidade que afundou há aproximadamente 3 mil anos ressurgiu nas
águas do rio Tigre, no Iraque. Trata-se da cidade de Kemune, datada na época do Império Mittani.
Arqueólogos trabalham com a hipótese de a cidade ter sido submersa há décadas pela construção de
uma barragem, o local é conhecido como a “represa mais perigosa do mundo”.
O trabalho de escavação foi realizado por arqueólogos da Universidade de Tubingen, na Alemanha.
Hasan A. Quasim comandou os estudos com apoio dos pesquisadores Ivana Puljiz e Peter Pfalzner, ambos
arqueólogos alemães.
Escavação
Um palácio se revelou aos olhos dos arqueólogos. Uma enorme fortificação com torres e muralhas e até
mesmo um complexo industrial foram encontrados em boa conservação.
Localizado apenas a vinte metros das margens do rio Tigre, o palácio sustenta imensas paredes de tijolos
com até sete metros de altura. O edifício de armazém, segundo os pesquisadores, por ser grande teria uma
importância na hora de armazenar mercadorias de toda a região.
A cidade fundada em 1350 a.C teria sido destruída em algum momento posterior. É impressionante que a
estrutura tenha ficado conservada por tanto tempo, não é mesmo?
É mais um mistério para o grupo de arqueólogos resolver!
Descobertas anteriores
Em 2018, uma vazante no reservatório de Mossul possibilitou outra descoberta magnifica: os restos da
cidade de Zakhiku, também pertencente ao Império Mittani.
Sabendo dessa informação, em janeiro de 2022, o Dr. Hasan e os arqueólogos alemães resolveram
realizar uma escavação conjunta para resgatar possíveis artefatos históricos.
Unindo esforços, a equipe conseguiu reconstruir grande parte do plano da cidade em tempo recorde,
exumando e coletando material antes que a cheia das águas do reservatório inundasse novamente a região.
Momento atual
A descoberta incrível da cidade perdida no rio Tigre ocorre no momento em que a situação do Iraque está
bem delicada: há uma seca intensa que assola o país e preocupa as autoridades.
Por mais estranho que pareça foi a busca por soluções neste momento atual que levou ao fabuloso
achado histórico.
É que a baixa umidade aliada às dificuldades da própria região gera centenas de mortes de cabeças de
gado, ameaçando as colheitas e o abastecimento de água potável, foi aí que se intensificaram os esforços
para localizar água de qualidade para a população. No momento em que autoridades iraquianas
retiravam água limpa do reservatório de Mossul, a maior reserva de água doce do país, reduzindo o volume
de água de vários afluentes, foi possível avistar a bela e desconhecida cidade de Kemune.
Disponível em: https://www.sonoticiaboa.com.br/2023/03/07/cidade-afundou-ha-3-mil-anos-ressurge-rio-tigre-conservada. Acesso em: 8 mar. 2023.

1.Explique sobre o assunto tratado no texto.


2. Qual é o contexto histórico o qual essa notícia faz referência? Retire do texto um trecho que comprove
sua resposta.
3. Como o autor se posiciona ao tratar do assunto da notícia?
4. Pesquise e responda o que é “efeito de sentido.”
5. No trecho: “Um palácio se revelou aos olhos dos arqueólogos.”, a expressão destacada causa um “efeito
de sentido”. Qual é esse efeito de sentido?
6. No trecho: “A descoberta incrível da cidade perdida no rio Tigre ocorre no momento em que a situação do
Iraque está bem delicada: há uma seca intensa que assola o país e preocupa as autoridades.”
As palavras destacadas nesse trecho foram utilizadas de modo intencional? Elas apresentam um certo “efeito
de sentido”? Justifique.

 Tipos de argumento e efeitos de sentido

Estudante, nesta atividade, vamos trabalhar com os gêneros notícia, poema e tirinha, e habilidades
necessárias ao seu conhecimento. Leia os textos atentamente e procure responder às atividades propostas,
juntamente com o(a) seu(sua) professor(a).
 
 

A conotação e a denotação são as formas como usamos as palavras e os sentidos que


elas têm.
Quando usamos uma palavra no sentido literal, ou seja, de acordo com o significado do
dicionário, ela é chamada de denotativa. Mas, quando usamos uma palavra no sentido
figurado, dizemos que ela é conotativa.

Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=


photo. Acesso em: 27 abr. 2023.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/conotacao-e-denotacao/. Acesso em: 13 abr. 2023.
Leia os textos.
Texto 1
Cerrado, um risco de extinção em GoiásO Cerrado é a segunda maior cobertura vegetal do Brasil,
ficando atrás somente da Floresta Amazônica. 
O cerrado é um dos principais biomas do país, ocupa cerca de 22% de todo o território, mas sofre com
a ameaça constante de extinção, essa previsão pessimista é proveniente do atual quadro ambiental em que
se encontra o cerrado, no qual, aproximadamente 80% da biodiversidade já sofreu alterações na fauna e
flora, em Goiás a situação é mais agravante pois estimativas revelam que cerca de 90% de todo bioma já se
encontra alterado.
Em Goiás, os parques de preservação representam apenas 1% de todo cerrado goiano, enquanto que
em outros estados a média é de 2,5%, esses dados estão muito abaixo das metas internacionais que é de
10%, esse percentual deveria ser revertido em reservas ambientais em Goiás.
Por várias décadas o cerrado foi visto como impróprio à ocupação agropecuária, portanto inviável
economicamente, tal pensamento era devido às características de solo, muito ácido por causa da alta
concentração de hidróxido de alumínio e o tipo de vegetação, de árvores baixas e arbustos.
Porém, mais tarde, por volta da década de 70, a intensa mecanização e modernização do campo e a
introdução de culturas destinadas à exportação (as monoculturas) provocou uma intensa modificação no
espaço geográfico do cerrado.
"Segundo dados da WWF (World Wide Foundation), cerca de 60% do cerrado goiano já foi retirado,
dando lugar a pastagens, 6% foram destinados à agricultura, 14% destinados à ocupação urbana e
construção de estradas, somente 19% de cerrado se encontra conservados. A devastação ambiental no
cerrado por falta de manejo florestal e outras medidas desenvolvem a preocupação do risco de a
recomposição se tornar irreversível.
O que deve ser feito na região é a realização da aplicação de medidas de preservação e
conservação, repensando o modelo de desenvolvimento e criando políticas econômicas que conciliam
prosperidade, crescimento financeiro e preservação (desenvolvimento sustentável).
A ação antrópica é o agente modificador das paisagens do cerrado, a constante destruição do bioma
provoca a extinção de animais, plantas e crescimento do número de erosões. A principal ação é a
agricultura que a cada ano abre mais áreas de cultivo, retirando a cobertura do cerrado, eliminando aos
poucos o bioma.
O cerrado é um bioma extremamente rico em fauna, flora, além de apresentar potencial hídrico, muitas
espécies de animais e plantas ainda não são conhecidas ou não foram catalogadas, no entanto, sabe-se
que são identificadas 837 espécies de aves, 197 de mamíferos, 180 de répteis, 113 de anfíbios e uma
infinidade de insetos diferentes. O cerrado também é divisor de águas, possui uma grande quantidade de
água de superfície e subterrânea.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado-um-risco-extincao-goias.htm. Acesso em: 13 abr. 2023
 Texto 2
O CERRADO
Vislumbra-me esta beleza intacta do Cerrado
pois nela vejo quão generoso foi 
seu Criador!

É aqui que os sonhos abrem suas asas e voam... 


É aqui onde o vento livre embala o canto dos pássaros...
É aqui que as aves e animais vivem sem fronteiras
e deixam rastros cronológicos dos mistérios da vida
que os homens tentam desvendar seus segredos
O Cerrado!!!

Cerrado,
planalto brasileiro insondável
admirável imensidão, que se perde de vista.
Fauna, flora e muita paz!
numa aparência solitária, entretanto, tão repleta de vida !

Cerrado...
Olhos d´água que espiam a pureza da vida!
Fonte que mata a sede de milhares e milhares de vidas
animais, vegetais, humanas !

É aqui onde os buritis se agrupam em cadeias isoladas


Como se de canto em canto plantados, pelo Criador !
Aqui as nuvens viajam de carona no vento
por todo extremo desta vastidão...
sem se quer um sinal da mão humana !

Apenas os animais encantam os raros visitantes que passam...


O canto da siriema
O canto da zabelê...
O uivo do lobo guará!
O urro da onça pintada
a misturar-se ao canto dos pássaros e a sinfonia do vento !

Vertentes rubras no céu anunciam o anoitecer


o fim do dia quente
o início da noite fria
transformam as cores num manto avermelhado de luz...

Tudo é quietude na paz intocada da natureza virgem


o céu parece ter mais luz, a noite mais estrelas
o céu abobadado reluz de  pontos prateados
a encantar os olhos de quem mira este céu
a noite no Cerrado.
Estranhas luzes na mata tremulam, piscam
- são candeeiros iluminando as trilhas ?
- Não, não!
São olhos selvagens e vaga-lumes que vagam !
espreitam das matas os raros visitantes que passam!
Cerrado!
Onde até as folhas secas têm suavidade, ao caírem no chão. (...)
Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/poesias-regionais/1849650. Acesso em: 13 abr. 2023.

7. Acerca dos textos 1 e 2 é correto afirmar que o/os/no


a) ( ) dois textos tratam do mesmo tema.
b) ( ) dois textos apresentam argumentos. .
c) ( ) texto 1 é uma notícia e o 2 é um poema.
d) ( ) texto 1 predomina a linguagem denotativa.
e) ( ) texto 2 apresenta linguagem figurada ou conotativa.
f) ( ) texto 1 predomina a objetividade e no texto 2 a subjetividade.
Tipos de argumentos Refletindo!!!

1) Argumento de autoridade: Os autores recorrem à opinião de especialistas para conferir


credibilidade e autoridade ao texto, deixando-o mais rico e dando força à argumentação. Citar
figuras consagradas ou especialistas relacionados à temática — e que tenham autoridade para
falar sobre o assunto — é uma ótima estratégia argumentativa.
2) Argumento por comprovação: Dados estatísticos e estudos costumam ser muito usados em textos de
diversos gêneros, e para que o leitor acredite no que o(a) autor(a) está argumentando, é preciso que exista
algum tipo de comprovação. Essa comprovação pode ser feita por meio de estudos, dados estatísticos e
pesquisas, ou seja, o argumento por comprovação é uma forma de comprovar a tese e reforçar a linha
argumentativa.
3) Argumento de comparação: O argumento de comparação pode ser feito de diversas formas, como entre
pensadores, filosofias, ideologias, períodos históricos, políticas econômicas, tecnologias e obras de arte.
4) Argumento de exemplificação: Consiste em usar um exemplo concreto, como uma notícia, um acontecimento,
filme ou livro, para ilustrar a tese. É mais fácil convencer o leitor da tese defendida no texto se este conseguir
associar com algo presente em sua realidade.
5) Argumento de enumeração: Nesse tipo de argumentação, o(a) autor(a) vai enumerar uma série de
ideias que corroboram sua tese, como vírgulas, marcadores ou listas numeradas.
6) Argumento por causa e consequência: Entre as estratégias argumentativas possíveis, uma das mais
comuns é a de causa e consequência. Ao optar por esse tipo de argumento, o(a) autor(a) deve explicar
os motivos e porquês de um determinado problema e apresentar as consequências dele. As
consequências podem ser positivas ou negativas, dependendo da tese apresentada na introdução.
7) Argumento por alusão histórica: Por meio da argumentação histórica, o(a) autor(a) aborda fatos
históricos conhecidos para sustentar e encadear sua argumentação.

Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=photo. Acesso em: 27 abr.


2023.
Disponível em: https://ead.umc.br/blog/tipos-de-argumentacao. Acesso em: 26 abr. 2023 (adaptado).
 
8. Identifique o tipo de argumento utilizado em cada trecho.
 a) “Em Goiás, os parques de preservação representam apenas 1% de todo cerrado goiano, enquanto que em
outros estados a média é de 2,5%, esses dados estão muito abaixo das metas internacionais que é de 10%,
esse percentual deveria ser revertido em reservas ambientais em Goiás.”
b) "Segundo dados da WWF (World Wide Foundation), cerca de 60% do cerrado goiano já foi retirado, dando
lugar a pastagens, 6% foram destinados à agricultura, 14% destinados à ocupação urbana e construção de
estradas, somente 19% de cerrado se encontra conservados.”
9. Indique as alternativas que apresentam a figura de linguagem personificação, também chamada de
prosopopeia. Justifique sua resposta.
 a) “...os sonhos abrem suas asas e voam...”
b) “...o vento livre embala o canto dos pássaros...”
c) “Olhos d´água que espiam a pureza da vida!”
d) “Fonte que mata a sede de milhares e milhares de vidas...”
e) “...os buritis se agrupam em cadeias isoladas...”
f) “...as nuvens viajam de carona no vento...”
10. No texto, “O Cerrado”, nos versos: “Vertentes rubras no céu anunciam o anoitecer/o fim do dia quente/o
início da noite fria” a figura de linguagem foi utilizada para
(A) apontar a inspiração causada pelo anoitecer.
(B) indicar a beleza retratada pela poesia sobre o cerrado.
(C) demonstrar a surpresa causada pela chegada da noite.
(D) revelar a liberdade estética defendida pelo eu lírico do poema.
(E) intensificar o sentido daquilo que se fala por meio do uso de termos com sentidos opostos no discurso.

Leia o texto, as questões e os itens.

Disponível em: https://encurtador.com.br/jyKT1. Acesso em: 31 mar. 2023.


11. Responda.
 
a) Qual é o efeito de sentido da repetição da expressão “não arruma”?
b) Qual palavra no texto comprova esse efeito de sentido?

12. No trecho “Arrumo sim!”, a forma verbal destacada foi usada para

(A) fazer um pedido.


(B) emitir uma opinião.
(C) introduzir um relato.
(D) expressar uma ação.
(A) apresentar um convite.
13. No trecho: “Você não arruma os brinquedos, não arruma a cama, não arruma o armário, não arruma
nada!” A ordem em que as palavras destacadas aparecem nesse texto sugere um/uma
(A) exagero.
(B) inversão.
(C) gradação.
(D) repetição.
(E) personificação.

 Tema, conflito gerador e efeitos de sentido

Estudante, nesta atividade, analisaremos o gênero crônica e seus elementos, com o objetivo de aprofundar
seus conhecimentos e, assim, ampliar o ensino-aprendizagem. Leia o texto, atentamente, e procure
responder às atividades propostas, juntamente com o(a) seu(sua) professor(a).
Características:
 Narrativa curta. Refletindo!!!
 Uso de uma linguagem simples e coloquial.
 Presença de poucos personagens, se houver.
 Espaço reduzido.
 Temas relacionados a acontecimentos cotidianos.
 
Embora seja um texto que faz parte do gênero narrativo (com enredo, foco narrativo, personagens, tempo e espaço), há
diversos tipos de crônicas que exploram outros gêneros textuais:
 
 Crônica Jornalística: mais comum das crônicas da atualidade são as crônicas chamadas de “crônicas jornalísticas”
produzidas para os meios de comunicação, onde utilizam temas da atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se da crônica
dissertativa.
 Crônica Histórica: marcada por relatar fatos ou acontecimentos históricos, com personagens, tempo e espaço definidos.
Aproxima-se da crônica narrativa.
 Crônica Humorística: Esse tipo de crônica apela para o humor como forma de entreter o público, ao mesmo tempo que utiliza
da ironia e do humor como ferramenta essencial para criticar alguns aspectos seja da sociedade, política, cultura, economia
etc.
Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=photo. Acesso em: 27 abr. 2023.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cronica/. Acesso em: 20 abr. 2023
Leia o texto
O ASSALTO
Carlos Drummond de Andrade

Na feira, a senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:


— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi
chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um
admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um
assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois
do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! — A senhora continuava a exclamar, e quem não tinha
escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e
legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a
ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem
que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as
mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis
pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se
no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em
ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora.
Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de
saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loira.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
— Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
— Vai ver que está caçando é marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, é tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido
esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa,
era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo
custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se,
e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa
oposta.
Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que
pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de
moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— Eles entraram na Kombi ali adiante!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar no chão geral, e como
não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no
tempo, repetido, confuso?
— Olha, um menino tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora apareceu, muito vermelha, protestando
sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto! 
ANDRADE, C. Drummond de, et al. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1978. v. 3. p. 12-14.
Disponível em: https://leituramelhorviagem.files.wordpress.com/2013/05/texto-para-leitura_o-assalto-carlos-drummond-de-andrade.pdf . Acesso em: 27 mar. 2023 (adaptado).
14. Qual é o assunto do texto “O assalto”, de Carlos Drummond de Andrade?
15. A frase dita pela senhora provocou uma enorme confusão. Por quê?
16. Na fala da senhora: “Isto é um assalto!”, qual é o sentido dado à palavra “assalto”, no texto?
17. No trecho, “Foi um deitar no chão geral [...].”, as pessoas deitavam-se no chão porque
 (A) havia joias espalhadas pelo chão.
(B) uma metralhadora estava sendo disparada.
(C) algumas pessoas caiam em cima de outras.
(D) pensaram que havia joias espalhadas pelo chão.
(E) pensaram que uma metralhadora estava sendo disparada.

18. O texto conta uma história curta, apresentando elementos tradicionais da narrativa como personagens,
tempo bem breve, espaço e enredo bem corriqueiro, do cotidiano.
Levando em conta esses elementos, pode-se afirmar que o texto pertence ao gênero
19. Qual é o fato gerador de conflito, isto é, o que provocou o desenrolar dos fatos?
20. Qual é o cenário onde se desenrola o acontecimento?
21. Em que consiste o caráter cômico (o humor) do texto?
22. De acordo com o texto, das notícias que circularam, a única verdadeira é
 ( ) um menino tocava matraca.
( ) tem um assalto ali adiante!
( ) morreram no mínimo duas pessoas.
( ) era uma mulher que chefiava o bando.
23. No texto, as ações na feira se tornaram um caos. As ações das personagens transcorrem numa certa
sequência temporal. Enumere as ações enunciadas a seguir, na ordem em que elas ocorrem no texto.
 ( ) Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
( ) Houve um rebuliço.
( ) Na confusão, circularam notícias diversas.
( ) O ônibus na rua transversal parou para assuntar.
( ) Caíram em cima do garoto...
( ) Moleques de carrinho corriam em todas as direções...
( ) Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora...
24. No trecho,
 “Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram.”
 Levando em consideração o foco narrativo, o narrador
 (A) participa da história, narrando-a em 3ª pessoa.
(B) se torna também um personagem, assumindo a condição de narrador protagonista.
(C) participa ativamente dos fatos narrados, ou seja, é um dos personagens da história.
(D) participa, onisciente, dos fatos relatados, conhece toda a história, detalhadamente, em 3ª pessoa.
(E) descreve os acontecimentos, abordando as sensações e os sentimentos das personagens, em 1ª
pessoa.
 Efeitos de sentido e marcas linguísticas

Estudante, nesta atividade, continuaremos a analisar o gênero crônica, as figuras de linguagem, com o
objetivo de aprofundar seus conhecimentos e, assim, ampliar o ensino-aprendizagem. Leia o texto,
atentamente, e procure responder às atividades propostas, juntamente com o(a) seu(sua) professor(a).

25. Observe o trecho:


 "... Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam: — Pega! Pega! Correu pra lá!”
 A repetição da palavra destacada tem como intenção, por parte do autor, de
Refletindo!!!

Comparação: expressão de termo comparativo. Quase sempre acompanhada da conjunção “como”.


 Faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Manuel Bandeira
 Metáfora: comparação mental ou abreviada em que prevalece a relação de semelhança. Não aparece a conjunção
“como”.
 Na sua mente povoa só maldade.
Meu coração é um balde despejado.
 Catacrese: metáfora que caiu no uso popular, corriqueira, muito comum.
 As pernas da mesa estão bambas.
Quero morar no coração da cidade.
 Antítese: contraposição de uma palavra ou frase a outra de sentido oposto.
 Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz
Vivo só na multidão.
Refletindo!!!
Ironia: sugestão pela entonação e pelo contexto de algo contrário ao
que pensamos, geralmente com intenção sarcástica.
  A excelente D. Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.

Metonímia: designação de um pormenor pelo conjunto de que se quer falar.


Ler Clarice Lispector. (autor pela obra)
Comer o pão (por alimento) que o diabo amassou (por sofrimento).
Personificação ou prosopopeia: atribuição de ações, qualidades ou sentimentos a seres inanimados.
 O tempo passou na janela e só Carolina não viu.
Chico Buarque de Holanda
 Hipérbole: afirmação exagerada.
 Falei mil vezes para você!
Morri de estudar para o vestibular.
 

Refletindo!!!

Sinestesia: interpretação de planos sensoriais, mistura de sensações de sentidos diferentes. Como na metáfora,
relaciona elementos de universos diferentes.
 Senti um cheiro doce no ar.
Eufemismo: emprego de termos considerados mais leves para suavizar uma expressão considerada cruel ou
ofensiva.
 Foi para o céu, em vez de morreu.
Está forte, em vez de está gorda.
 Monteiro Lobato
Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=photo. Acesso em: 27 abr. 2023.
Disponível em: https://escrevendoofuturo.org.br/caderno_docente/cronica/os-recursos-do-cronista/. Acesso em: 27 abr. 2023 .
26. Observe o fragmento:
 “Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por
seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que
ninguém pudesse evitá-la.”
 De acordo como o trecho, responda:
 a) De quem era a voz que subia pelo mar de barracas?
b) A que foi comparada essa voz que subia do mar de barracas?
c) Explique a expressão “mar de barracas” destacada no trecho.
27. No trecho, “O ônibus na rua transversal parou para assuntar.”, as expressões destacadas foram
utilizadas para
 (A) mostrar exagero.
(B) enfatizar uma ideia.
(C) personificar um objeto.
(D) combinar dois ou mais sentidos.
(E) ironizar sobre o transporte coletivo.
28. O autor se vale de palavras e expressões típicas de registros informais da língua, de marcada oralidade.
Nas passagens abaixo, substitua a palavra sublinhada que caracteriza o registro informal pela pertinente no
registro formal.
 a) “— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!”
b) “— Olha ela ali!”

29. No fragmento “Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam: — Pega! Pega! Correu pra lá!”,
a palavra destacada é, na língua, um registro
(A) formal.
(B) arcaico.
(C) informal.
(E) regional.
(D) científico.
Semana 2
 Tema, parcialidade/imparcialidade e relações entre as partes
Estudante, para aprofundar os seus conhecimentos, nesta atividade analisaremos o gênero editorial. Leia o
texto, atentamente, e procure responder às atividades propostas, juntamente com o(a) seu(sua) professor(a).

Refletindo!!! Editorial
O editorial é um gênero textual jornalístico que se posiciona criticamente a respeito dos
assuntos mais relevantes para o momento, expressando a opinião de uma equipe.
Possui uma linguagem formal e padronizada na norma culta, com argumentação
impessoal. Sua estrutura se compõe na apresentação do tema, discussão, fundamentação e
conclusão", sendo comumente indicada no topo ou canto da página com algum indicativo como
“carta ao leitor”.
Imagem disponível em: https://br.freepik.com/search?format=search&query=mulher%20pensativa%20fundo%20azul&type=photo. Acesso em: 27 abr. 2023.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-editorial.htm. Acesso em: 24 abr. 2023
Leia o texto a seguir.

Filtro do TikTok reaquece debate sobre os distúrbios de imagem


Brazilian Association of Plastic Surgeons disse que situação agrava pacientes com transtorno dismórfico
corporal
Gabriel Ferneda da CNN em São Paulo
O crescente número de cirurgias plásticas vem
levantando um debate sobre distúrbios de imagem na
sociedade contemporânea.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP), foram feitas 1.306.962 intervenções cirúrgicas
estéticas no Brasil em 2023, contra 459 mil entre 2007 e 2008.
Segundo a Brazilian Association of Plastic Surgeons
(BAPS), um dos vilões de doenças e distúrbios de imagem são
as redes sociais.
Um estudo da BAPS mostrou que as mídias
sociais agravam um problema que atinge mais de 4 milhões de
brasileiros de 15 a 30 anos: o transtorno dismórfico corporal.
Esse distúrbio faz com que as pessoas tenham um foco obsessivo em características que consideram
inadequadas para sua aparência. Dessa forma, elas perdem a capacidade de reconhecer de forma realista
a beleza do seu corpo.
Recentemente, o TikTok criou um filtro chamado “My New Twin”, que vem sendo chamado de “galã de
novela”, por transformar o rosto do usuário em uma imagem de modelos.
De acordo com a cirurgiã plástica Dra. Heloise Manfrim, sócia-fundadora da BAPS, filtros de redes
sociais vem tendo um papel que agrava distúrbios de imagem como o transtorno dismórfico corporal.
“Hoje, está sendo muito comum principalmente por influência dos filtros dos aplicativos como
Instagram e Snapchat ou até mesmo pelo photoshop que hoje faz com que o culto à aparência acabe
massacrando as peculiaridades dos corpos reais, das vidas reais, de pessoas reais. Muitos pacientes
chegam ao consultório buscando alterar tantos pontos da aparência e é necessário identificar esses
distúrbios para o encaminhamento correto ao psiquiatra” (argumento de autoridade/modalizador deôntico),
avaliou. Heloise Manfrim afirmou também que é comum que distúrbios deste tipo aconteçam entre a
infância e o início da fase adulta.
“Nessa fase da vida, a autoestima ainda depende muito de uma boa aparência, logo, aparecer bem nas
selfies torna-se quase que uma obrigação. Há também o desejo de receber ‘likes’ e obter mais ‘seguidores’
nas mídias sociais, já que os adolescentes pensam nisso como sua posição social. No total, esses fatores
motivam muitos jovens a querer se submeter à cirurgia plástica”, explica.
 
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/filtro-do-tiktok-reaquece-debate-sobre-os-disturbios-de-imagem/. Acesso em: 14 abr. 2023.
 

30. Transcreva do primeiro parágrafo o tema do texto que aparece na contextualização.

31. Geralmente, o tema apresentado no texto estabelece uma relação com o título do texto. Transcreva do
título um fragmento que mostra essa relação.

32. Um tema/assunto de um texto pode ser encontrado por meio de palavras/expressões-chave. Transcreva
do texto palavras e expressões que confirmam, ou estabelecem diálogos mostrando que “distúrbios de
imagem na contemporaneidade”, apresentado no primeiro parágrafo e retomado no título do editorial, é o
tema do texto.

33. Como o autor se posiciona ao tratar do assunto do texto?


34. Algumas palavras e expressões (sinonímia) são utilizados no texto para se referirem a outras, evitando
que haja repetição de palavras, e que o texto tenha uma relação harmoniosa entre suas partes. No texto,
palavras ou expressões foram usadas para se referirem às redes sociais?
 
Refletindo!!!
35. O quarto parágrafo é um argumento no qual a (BAPS) mostra que as mídias sociais agravam o
problema, reforça dados apresentando “o transtorno dismórfico corporal.” No quinto parágrafo, há um
articulador que retoma o problema, em especial, “o transtorno dismórfico corporal” e outro articulador que
conclui o parágrafo reforçando a defesa de um ponto de vista. Quais são esses articuladores/conectores?

36. No sexto parágrafo: “Recentemente, o TikTok criou um filtro chamado “My New Twin”, que vem sendo
chamado de “galã de novela”, por transformar o rosto do usuário em uma imagem de modelos.” O pronome
relativo ‘que’ retoma uma parte-chave do argumento. Qual é essa parte?

 37. O pronome relativo ‘que’ utilizado no sexto parágrafo, pode ser substituído, sem prejuízo de sentido por
 
(A) cujo.
(B) onde.
(C) quem.
(D) o qual.
(E) quanto
 Tese, argumentos e relações lógico-discursivas

38. Qual é a tese defendida nesse texto?


39. O trecho “...hoje faz com que o culto à aparência acabe massacrando as peculiaridades dos corpos
reais, das vidas reais, de pessoas reais.”, reforça, no texto, a ideia da
( ) tese.
( ) articulação.
Modalizadores do discurso
Os elementos que atuam como indicadores de argumentação são denominados de modalizadores
discursivos. Eles são os encarregados de evidenciar o ponto de vista assumido pelo falante e assegurar o modo
como ele elabora o discurso.
Modalizador deôntico – avalia elementos do conteúdo temático, apoiados em valores do universo social, do
domínio do direito, da obrigação social, da conformidade com as regras de uso. Exemplo: “É imprescindível”, “É
necessário”, “Em razão disso” etc.
Modalizador lógico – avalia alguns elementos do conteúdo temático, apoiados em critérios do universo
objetivo considerando as condições de verdade como fatores concretos, prováveis, possíveis, eventuais,
necessários, entre outros. Exemplo: “É notório”, “Em virtude disso”, Possivelmente”, “Com certeza” etc.
Modalizador apreciativo – avalia aspectos do conteúdo temático, provenientes do mundo subjetivo da fonte de
julgamento, apresentando-os como benéficos, infelizes, estranhos, dentre outros. Exemplo: “Felizmente”, “Talvez”,
“Infelizmente”, “Tristemente”.
Modalizador pragmático – explicita responsabilidade e uma entidade constitutiva do conteúdo temático em
relação às ações de que é agente, e assim, atribuindo intenções, razões e capacidades de ação. Exemplo: “Deve
ser”, “Que dizem respeito”, “Como propõe” etc.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-sao-modalizadores-discursivos.htm. Acesso em: 23 maio 2023 (adaptado).
40. No texto, o oitavo e nono parágrafos são argumentos de autoridade e um complementa o outro. No
fragmento: “Muitos pacientes chegam ao consultório buscando alterar tantos pontos da aparência e é
necessário identificar esses distúrbios para o encaminhamento correto ao psiquiatra”, avaliou. A expressão
destacada, nesse texto, é um modalizador deôntico de
( ) obrigação.
( ) permissão.
( ) possibilidade.

41. No trecho: “Heloise Manfrim afirmou também que...” A expressão destacada estabelece uma ideia de
 ( ) acréscimo de argumento.
( ) oposição de argumento.
( ) conclusão de argumento.
42. Retire do texto o trecho que apresenta a palavra que exprime uma circunstância de tempo.

43. Observe o fragmento:


 “Nessa fase da vida, a autoestima ainda depende muito de uma boa aparência, logo, aparecer bem nas
selfies torna-se quase que uma obrigação. Há também o desejo de receber ‘likes’ e obter mais ‘seguidores’
nas mídias sociais, já que os adolescentes pensam nisso como sua posição social. No total, esses fatores
motivam muitos jovens a querer se submeter à cirurgia plástica”, explica.
 As palavras em destaque estabelecem, respectivamente, uma ideia de
 (A) causa e condição.
(B) adição e oposição.
(C) finalidade e causa.
(D) adição e explicação.
(E) causa e consequência.
Proposta de Produção Textual – 2ª e 3ª SÉRIES
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
 Os desafios da era do lixo
W. F. Padovani
A urbanização trouxe progresso e melhorou a vida da humanidade, mas deixou muita sujeira pelo
caminho. A questão de nosso tempo: o que fazer com o espantoso – e quase inevitável – volume de detritos
das grandes cidades de modo a transformá-lo em riqueza.
[...]
O lixo, evidentemente, é tão velho quanto a humanidade. Nem sempre, porém, foi problema. Na pré-
história, grupos nômades alimentavam-se da caça, da pesca e dos vegetais e os restos da refeição – ossos,
peles e casca dos frutos – eram largados no solo e seguiam o ciclo natural, numa espécie de éden ecológico.
Cada rajada de progresso desde então contribuiu para que os detritos aumentassem, sem que isso
incomodasse muito as pessoas em volta (o asseio, em diversas sociedades, foi um conceito que custou a
pegar).
São muitas as ilustrações de Londres e Paris na Idade Média que mostram ruas emporcalhadas e dejetos
sendo lançados das janelas sobre transeuntes incautos. Jean-Baptiste Debret, o retratista do Rio de Janeiro
antigo, e outros artistas daquele tempo desenharam os escravos, chamados de tigres, que à noite
transportavam em tonéis, nas costas, o lixo das casas e o despejavam no mar e em lagoas. A visão do lixo
como problema a ser enfrentado só se firmou no século XIX, quando a Revolução Industrial instituiu um novo
patamar de tecnologia, de conforto, de produtos – e de resíduos. O lixo, a partir daí, e empurrado pela
comprovação científica de seu papel como causador de doenças várias, começou a ser um desafio para a
humanidade. A industrialização incorporou ao cotidiano das pessoas uma série de novos produtos – e, mais
que todos eles, o onipresente plástico, que, por demorar um século para se decompor e nunca desaparecer
completamente, hoje enfeia ruas, praias, rios e até o fundo do mar. O impulso industrial também contribuiu
para o surgimento das metrópoles – e, quanto mais gente confinada em determinado espaço, mais detritos
se acumulam.
Disponível em: https://cides.com.br/os-desafios-da-era-do-lixo/. Acesso em: 24 abr. 2023.
TEXTO II
 
Uns perdem, outros transformam
Quanto mais rico o país, mais lixo se joga fora, mais lixo se recolhe, mais lixo se reaproveita e mais
dinheiro se ganha com isso. Compare:
Segundo especialistas, se o problema do lixo já estivesse bem resolvido no Brasil, 10% da sua energia
poderia ter como fonte o biogás, constituído basicamente por metano e dióxido de carbono liberados por
detritos. Na contabilidade geral, somando-se inclusive o dineiro usado por governos e prefeituras para cuidar
de aterros que não geram energia, está-se jogando no lixo, por assim dizer, uma receita que pode alcançar 10
bilhões de reais. Pois é: além de fazer bem ao meio ambiente, à saúde e à paisagem, o tratamento adequado
do lixo ajuda a economia. É o desafio de uma nova era.
Disponível em: https://cides.com.br/os-desafios-da-era-do-lixo/. Acesso em: 24 abr. 2023.

TEXTO III
A acumulação de sujeira é inevitável, faz parte do mundo atual e não para de crescer e se multiplicar,
com novos e problemáticos ingredientes. Às toneladas de garrafas, sacolas e embalagens de plástico
descartadas todos os dias vieram se somar, mais recentemente, placas, teclados e outros componentes de
computadores, impressoras, celulares e demais exemplares de uma nova categoria, o lixo eletrônico, ou e-
lixo. Diante de tantos e tão variados detritos, muita gente está buscando meios de lidar com o que se joga
fora.
“O destino do lixo é a nova fronteira da evolução humana”, diz Sabetai Calderoni, doutor em ciências pela
Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em planejamento pela Universidade de Edimburgo, na
Escócia, e autor do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo. “De agora em diante o homem tem de transpor esse
obstáculo para progredir.” À medida que soluções vão sendo pensadas, o lixo vai se transformando ele
próprio num grande negócio. Empresas de coleta, tratamento e reciclagem, um setor avançado nos países
desenvolvidos e ainda incipiente, mas em franca expansão, naqueles em crescimento, como o Brasil,
empregam milhares de pessoas e movimentam grandes quantias. Nos Estados Unidos, as empresas de
coleta e tratamento de lixo urbano faturam 57 bilhões de dólares por ano. Na União Europeia, o segmento
movimenta o equivalente a 48 bilhões de dólares, e, no Japão, 41 bilhões. No Brasil, são apenas 10 bilhões.
A disparidade deve diminuir à medida que o consumo crescer nos países menos desenvolvidos, pois, quanto
mais bens, mais lixo haverá: nos Estados Unidos, por exemplo, cada pessoa produz 2 quilos de lixo por dia;
no Brasil, 1 quilo. Nos países mais pobres do planeta, o índice não passa de 300 gramas.
 
Disponível em: https://cides.com.br/os-desafios-da-era-do-lixo/. Acesso em: 24 abr. 2023. (Fragmento).
TEXTO IV
PROPOSTA DE ESCRITA DO GÊNERO EDITORIAL
Estudante, suponha que você seja o Editor-chefe de um jornal de grande circulação em Goiânia. Sua tarefa
consiste em escrever o editorial de uma publicação que apresenta um importante estudo sobre o lixo e seu
destino. O tema é: O descarte adequado do lixo: responsabilidade de todos. Lembrando que seus
argumentos devem explicitar um ponto de vista defendendo a posição do jornal, que é favorável ao
descarte adequado dos detritos.
TEMA
O descarte adequado do lixo: responsabilidade de todos

Estudante, observe que para refletir sobre essa temática, nota-se que alguns aspectos-chave, além dos
textos-base/motivadores relacionados à leitura de mundo, ajudam na construção de ideias mais completas
para produzir o texto.
 Para tratar desse assunto, algumas questões podem ser problematizadas:
1. O que é a coleta de lixo?
2. A coleta de lixo funciona?
3. Como a transformação do lixo pode ser benéfica?
4. O descarte adequado do lixo doméstico pode ajudar?
Um texto se desenvolve em torno de um tema, ou de um tópico ou, ainda, daquilo que,
convencionalmente, se costuma chamar de ideia central. Eis alguns aspectos que podem contribuir com o
desenvolvimento da Sequência Didática que será organizada e desenvolvida pelo(a) professor(a).
Para compreender o tema:
1. Qual é o problema central apresentado pelo tema?
2. Por que é um problema?
3. Por que é uma questão que precisa ser considerada?
4. Quais são as causas/consequências relacionadas a esse problema?
5. Qual (quais) possível (possíveis) solução (soluções/intervenções) para esse problema?
6. Essa solução (intervenção) é viável? Por quê?
 

Estudante, ao refletir sobre as possíveis motivações do problema em questão, algumas suposições ou


conjecturas podem ser feitas antes de iniciar a produção de texto:
➢ Lixo jogado fora e não tratado.
➢ Descarte irregular de detritos em lixões.
➢ Coleta seletiva é mínima em alguns municípios.
➢ O tratamento inadequado do lixo afeta a economia.
 
Retomando o tema para elaborar uma sugestão de “tese

Sugestão de uma tese para ser defendida a partir desse tema:


 O descarte irregular de lixo doméstico causa grandes consequências à saúde e ao ambiente.
 
  Tipos de argumentos para desenvolver a produção do editorial sugerido:
 Estudante, para defender um ponto de vista (tese), é preciso argumentos para sustentar esse ponto de vista. Ao
escrever o seu texto, relembre os tipos de argumentos apresentados neste material, como:
➢ Argumento de comprovação.
➢ Argumento de comparação.
➢ Argumento de exemplificação.
➢ Argumento de autoridade.
➢ Outros.
Ainda reforçando a construção dos argumentos é possível construir:
➢ Explicação sobre o que é descarte adequado do lixo.
➢ Dados de pesquisa que confirmam a tese.
➢ Exemplos comprovados de descarte irregular do lixo.
➢ Explicação sobre os maus hábitos do descarte do lixo.
➢ Depoimentos de pessoas especializadas no assunto.
 Estudante, aqui há algumas sugestões para planejar a escrita do seu editorial:
1. Contextualizar o tema (de preferência no primeiro parágrafo), situando o leitor dentro do cenário no qual
se insere o ponto de vista apresentado.
2. É muito comum que os editoriais apresentem uma tese a respeito do problema ou questão levantada.
Sendo assim, é importante elaborar uma tese (ponto de vista) para ser defendida(o) no texto.
3. Determinar os tipos de argumentos que serão utilizados na sustentação da tese.
4. Definir as comprovações com exemplos, fatos para construir as estratégias de argumentação.
5. Refletir sobre a construção dos argumentos considerando a consistência, a objetividade e a persuasão
entre outros aspectos.
6. Utilizar um repertório rico de elementos articuladores na produção do texto e refletir sobre as relações
pretendidas.
7. Utilizar elementos modalizadores para reforçar a persuasão do discurso
argumentativo. A utilização desse recurso é fundamental na construção de textos
argumentativos.
8. Na construção da conclusão, retomar principalmente, aspectos do tema e da tese. Faz-se uma síntese
do que foi dito anteriormente, apresentando, em certa medida, um resumo geral do que se pretendeu
afirmar no texto. É comum, também, além de retomar aspectos da tese, do tema, a retomada de
informações-chave, além de indicações de possíveis caminhos para o enfrentamento do problema.
9. Elaborar um título criativo, que desperte no leitor desejo de ler o texto. Considerar que, depois da
escrita do editorial, é necessário elaborar a reescrita.

Estudante, sugerimos alguns pontos que podem ser apresentados no editorial para minimizar o problema:
➢ Exigir um descarte adequado do lixo.
➢ Investir em programas de geração de renda para catadores de lixo.
➢ Investimento no tratamento adequado do lixo descartado.
➢ Investimento em empresas que transformam lixo em energia.
 Estudante, aqui há sugestões de títulos que podem ser utilizados quando o texto
for finalizado (lembrando que o título precisa ser justificado em algum aspecto do
texto. Nesse caso, as sugestões/títulos possíveis foram elaboradas considerando
tema e aspectos dos textos motivadores.
➢ Com vocês: o lixo!
➢ Não ao acúmulo de lixo!
➢ Mudança de hábitos!
➢ Lixo: reciclar ou não reciclar?
➢ Do lixo ao luxo...

Estudante, não se esqueça de que o gênero Editorial é um texto de cunho jornalístico e opinativo que
serve para apresentar o posicionamento crítico de determinado grupo (empresa, jornal ou direção) sobre
os principais assuntos do momento da publicação. É um texto que possui uma linguagem formal e
padronizada na norma culta, com argumentação impessoal.
Folha de Produção de Texto
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Núcleo de Recursos Didáticos
NUREDI

Contato: (62) 3243 6756 – Sala 80


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