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CEDIS-Working-Paper Modelos de Polícia 2015
CEDIS-Working-Paper Modelos de Polícia 2015
SEGURANÇA E
DEMOCRACIA
Nº 13
OUTUBRO
2015
RESUMO
O presente trabalho, subordinado ao tema “Sistema de Segurança Dual ou Polícia
Nacional – Uma Reflexão Crítica”, pretende refletir sobre a possibilidade do modelo dual
em vigor impedir, ou não, a modernidade do sistema policial português, bem como sobre
as perspetivas possíveis desse sistema.
A estruturação do trabalho assentou numa breve introdução, onde se apresenta o
objeto do trabalho, promove-se o enquadramento geral das forças de cariz militar e civil
no Sistema Nacional de Forças, e particular no Sistema de Segurança Interna, e em três
grandes áreas de esforço.
A primeira área de esforço destinou-se a dar atenção à dualidade existente no
Sistema Policial português (GNR/PSP), analisando-se o conceito de polícia, onde se
ressalva a importância da polícia administrativa em sentido restrito, verificando-se as
competências comuns plasmadas nas respetivas Leis Orgânicas, distinguindo-se as
atribuições e dependências, concluindo-se que a condição militar marca a destrinça entre
as duas instituições, elencando-se por fim argumentos a favor e contra o modelo dual
instituído, sendo de salientar que existe espaço suficiente para ambas.
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A segunda área do trabalho foi dedicada análise dos sistemas policiais europeus,
em consonância com a classificação destes sistemas (15 de entre os 28 Estados
Membros), concluindo-se que na UE não existe um único modelo policial e que Portugal a
par de Espanha, França e Itália, adotaram o modelo pluralista vertical na verdadeira
aceção do conceito.
Na terceira e última área de esforço salientou-se as perspetivas possíveis do
Sistema Policial português, apresentando-se as tendências como a desmilitarização do
sistema, a constituição da GNR como 4.º Ramo das Forças Armadas, a evolução da
dualidade, a especialização policial, a segmentação da polícia e a cooperação entre as
polícias.
Por fim, conclui-se que o modelo dual, em detrimento da constituição de uma Polícia
Nacional, é para manter no Sistema Policial português, pois não contraria a modernidade,
pelo contrário, parece ser a opção mais adequada para as sociedades onde se encontra
instalada, pois favorece a soberania democrática e a divisão de poderes e mostra-se
capaz de evoluir, acompanhando a mudança da sociedade, necessitando apenas de ter
em conta a especialização, a segmentação e a cooperação policial.
PALAVRAS-CHAVE
Sistema Policial, Modelo Dual, Militarismo, Civilismo
ABSTRACT
This study, entitled "Dual Security System or National Police - A Reflection
Criticism", intends to reflect on the possibility of dual model in force today prevent, or not,
the modernity of the Portuguese police system, as well as the possible perspectives of this
system.
The work structure was based on a brief introduction, which presents the work object,
promotes the overall framework for military and civilian nature forces on the Forces
National System, and particularly in the Internal Security System, and in three major areas
of effort.
The first area of effort was designed to give attention to the duality in Portuguese
Police System (GNR/PSP), analysing the concept of police, where is underline the
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importance of administrative police in the strict sense, verifying power sharing defined in
their Organic Laws, distinguishing the tasks and dependencies, concluding that the military
condition marks the distinction between the two institutions, referring finally the arguments
for and against the dual model set, emphasizing that there is enough room for both.
The second area of work was devoted to the analysis of European police systems, in
accord with the classification of these systems (15 of the 28 member states), concluding
that in the EU there is no single model police and Portugal along with Spain, France and
Italy, have adopted the vertical pluralistic model in the true sense of the concept.
The third and final area of effort pointed to the possible prospects of Portuguese
Police System, presenting trends as the demilitarization of the system, the constitution of
GNR as fourth Branch of the Armed Forces, the evolution of duality, police specialization,
police segmentation and cooperation between police forces.
Finally, it is concluded that the dual model, rather than the establishment of the
National Police, is to keep on the Portuguese Police System, because it isn’t contrary to
modernity, for the opposite, seems to be the most suitable option for societies where they
were installed, because it facilitates democratic sovereignty and the division of powers and
proven capable of evolving, following the change of society, requiring only take into
account the police specialization, segmentation and cooperation.
KEYWORDS
Police System, Dual Model, Militarism, Civilest
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GM - Guardas Municipais
GNR - Guarda Nacional Republicana
GRP - Guarda Real de Polícia
LBGECM -Lei das Bases Gerais do Estatuto da Condição Militar
LDN - Lei de Defesa Nacional
LOBOFA - Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas
LOGNR - Lei Orgânica da Guarda Nacional Republicana
LOPSP - Lei Orgânica da Polícia de Segurança Pública
LSI - Lei de Segurança Interna
OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
PSP - Polícia de Segurança Pública
SI - Segurança Interna
EU - União Europeia
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho Individual insere-se no âmbito do curso de Mestrado em Direito
e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, sendo realizado
na esfera da Unidade Curricular “Outros Sistemas de Segurança”, ministrada durante o
Curso de Promoção a Oficial Superior da Guarda Nacional Republicana (GNR) e pretende,
em contexto académico, analisar e refletir sobre a possibilidade do modelo dual em vigor
na atualidade impedir, ou não, a modernidade do sistema policial português, bem como
sobre as tendências desse sistema.
Atualmente a dicotomia Segurança Interna / Defesa Nacional ficou completamente
ultrapassada, uma vez que as ameaças como o tráfico de droga, a criminalidade
organizada e o terrorismo, deixaram ser apenas consideradas problemas internos.
Nos termos do Art.º 25.º da Lei de Segurança Interna (LSI), aprovado pela Lei n.º
53/2008, de 29 de agosto, as Forças e Serviço de Segurança (FFSS) são organismos
públicos, que concorrem para garantir a Segurança Interna (SI), encontrando-se entre
estes a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Polícia
Judiciária, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o Sistema de Informação de
Segurança. De referir que exercem ainda funções de segurança os órgãos da Autoridade
Marítima Nacional e do Sistema da Autoridade Aeronáutica. Porém, apenas a Polícia
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Marítima, a GNR e a PSP são forças de segurança, mas apenas estas duas últimas se
encontram enquadradas como polícias de ordem pública, visando a prevenção de delitos.
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A. CONCEITO DE POLÍCIA
O Estado é a entidade responsável pela criação de uma força coletiva (Polícia)
capaz de garantir, em níveis aceitáveis, a segurança dos cidadãos e dos seus bens
(Valente, 2005).
No Apêndice A apresenta-se uma breve resenha histórica sobre as duas
instituições (GNR e PSP) que aqui se pretendem analisar, comparar e distinguir.
A dimensão da palavra polícia assume dois grandes significados: polícia em
sentido material (ou funcional) e polícia em sentido orgânico (ou institucional) (Correia,
1994).
A polícia, numa perspetiva funcional ou material pode considerar-se como a
atividade administrativa desenvolvida pelos órgãos da administração pública que, numa
perspetiva essencialmente preventiva de danos sociais, visam assegurar a legalidade
democrática, garantir a SI e o exercício dos direitos liberdades e garantias dos cidadãos
(Raposo, 2006).
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B. COMPETÊNCIAS COMUNS
Nos termos do CPP, são consideradas Autoridades de polícia criminal “os directores,
oficiais, inspectores e subinspectores de polícia e todos os funcionários policiais a quem
as leis respectivas reconhecerem aquela qualificação.” (Art.º 1.º do CPP, sendo
especificado no Art.º 11.º da Lei Orgânica da GNR (LOGNR)2 e Art.º 10.º da Lei Orgânica
da PSP (LOPSP)3 a quem é reconhecido aquela qualificação). Nos termos do Art.º 1.º do
CPP são considerados órgãos de polícia criminal, todos os militares da GNR e elementos
da PSP a quem “(...) caiba levar a cabo quaisquer actos ordenados por uma autoridade
judiciária ou determinados por este Código.”. Enquanto órgãos de polícia criminal e sem
1 “actividade desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas,
proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal
funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias
fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.”
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(1) Atribuições
A GNR tem por atribuições um largo espetro de atividades que constam do Art.º 3.º
da LOGNR, pelo que apenas se realça as que se distinguem da PSP: assegurar o
cumprimento das disposições legais e regulamentares referentes à proteção e
conservação da natureza e do ambiente, bem como prevenir e investigar os respetivos
ilícitos; participar na fiscalização do uso e transporte de armas, munições e substâncias
explosivas e equiparadas, exceto das demais FFSS ou das FFAA; garantir a fiscalização,
o ordenamento e a disciplina do trânsito em todas as infraestruturas constitutivas dos
eixos da Rede Nacional Fundamental e da Rede Nacional Complementar, em toda a sua
extensão, fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto; assegurar a vigilância,
patrulhamento e interceção terrestre e marítima, em toda a costa e mar territorial do
continente e das Regiões Autónomas; prevenir e investigar as infrações tributárias, fiscais
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(2) Dependências
A GNR depende (Art.º 2.º da LOGNR):
Do Ministro da Administração Interna (MAI), relativamente ao
recrutamento, administração, disciplina e execução do serviço decorrente
da sua missão geral;
Do Ministro da Defesa Nacional (MDN), relativamente à uniformização
e normalização da doutrina militar, do armamento e do equipamento;
Em caso de guerra ou em situação de crise, as forças da GNR podem,
nos termos nas leis (LDN e Regime de estado de sítio e do estado de
emergência), ser colocadas na dependência do CEMGFA, através do
seu Comandante-Geral.
(1) Atribuições
A PSP tem por atribuições um largo espetro de atividades que constam do Art.º 3.º
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(2) Dependências
A PSP depende do Ministro da Administração Interna (Art.º 2.º da LOPSP). É de
realçar que nos termos do n.º 1 do Art.º 3.º da LOPSP, as suas atribuições em situações
de normalidade institucional são as decorrentes da legislação de SI e as suas atribuições
em situações de exceção são resultantes da legislação sobre a defesa nacional e sobre o
estado de sítio e de emergência.
E. A GRANDE DIFERENÇA
A Guarda encerra na sua essência um cariz militar, natureza esta que lhe vai atribuir
uma mais-valia, na medida em que a capacita a desempenhar duas missões distintas,
uma policial e a outra de natureza militar. A condição militar encontra-se plasmada na Lei
de Bases Gerais do Estatuto da Condição Militar (Art.º 19.º da LOGNR) e verifica-se a
vários níveis, dos quais se destaca: a própria formação dos militares, não quer dizer que
seja melhor, apenas diferente. A própria vivência, ambiente e maneira de estar na
instituição é muito diferente; os princípios pelos quais se regem estão previstos nos Art.º s
6.º a 16.º do EMGNR; a estrutura da instituição tem um forte cunho hierárquico (Art.º 28.º
do EMGNR e Art.º 19.º LOGNR); e a restrição, constitucionalmente prevista, do exercício
de alguns Direitos e Liberdades (Art.º 17.º do EMGNR, Art.º 26.º da LDN e Art.º 270.º da
CRP), onde grande parte destas restrições derivam exatamente da própria condição
militar.
De ressalvar, que não se deve confundir a palavra “militar” com a “militarizado”, uma
vez que são duas realidades distintas, tendo até o Tribunal Constitucional efetuado esta
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destrinça, considerando que “uma instituição “militarizada” é algo que apenas se aproxima,
através de determinadas características, da instituição “militar”, mas com a qual não se
identifica, não sendo sequer um seu desenvolvimento” (Tribunal Constitucional, 1987).
F. A PROBLEMÁTICA DA DUALIDADE
Em alguns países europeus, como França, Itália e Espanha, além das polícias de
cariz civil, têm forças de natureza militar, preparadas e formadas para a execução de
missões no âmbito da SI. Estas Forças são geralmente conhecidas por “gendarmarias”.
Nenhum dos países onde este modelo vigora, que se saiba, se encontra interessado em
pôr-lhe fim. Pelo contrário, coloca-se a hipótese de outros países o instituírem (Alves,
1996).
Atualmente, o Governo confirma a “(...) opção pela existência de um sistema de
segurança dual (...)”4, assente numa vertente militar e numa vertente civil.
Seja por razões económicas, seja por razões ideológicas, a natureza militar da
Guarda, é ciclicamente colocada em crise, quer por diversos autores que estudam esta
temática, quer por políticos, questionando-se o dualismo policial seguido em Portugal
(como em Itália, Espanha ou França), por oposição ao pluralismo (como na Alemanha ou
no Reino Unido) ou ao monismo (como na Dinamarca ou na Irlanda) fará algum sentido.
Os menos atentos poderão questionar da razão de existência desta dualidade policial.
Será que esta dualidade se justifica? Não será mais funcional e menos oneroso ter uma
só força?
Podemos então elencar alguns argumentos a favor, relativamente à qual esta
dualidade pode ser defendida: o modelo dual permite maior eficiência na ação sem afetar
a economia de meios; são corpos com características diferenciadas, podendo
complementar-se e ao mesmo tempo proporcionar um maior equilíbrio de forças num
estado; a Guarda, ligada inevitavelmente ao estabelecimento e manutenção de um poder
central soberano, que sobrevive a todos os regimes; as forças tipo “gendarmarias” são
garantes da segurança fronteiriça, proteção das vias de comunicação e controlo das
populações, dada a sua reconhecida mobilidade, disponibilidade, disciplina e treino para
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combate; a Guarda é sempre uma terceira força entre a polícia e as FFAA, com que os
governantes contam para gerir as crises (Alves, 1996). Quanto a argumentos, a desfavor
da dualidade podemos referir: quando as Guardas têm uma conceção militar da
manutenção da ordem; e quando são mais legitimistas do que democráticas (Alves, 1996).
Vejamos este nosso sistema dual. Existem diversas situações de perturbação da
ordem pública e de atividade criminosa que carecem de respostas providas de diferentes
capacidades. Nesta medida, o modelo dual permitiria maior eficiência na ação sem afetar
a economia de meios. Uma única força de segurança, para fazer face a qualquer destas
situações mais críticas, teria de dispor da totalidade dos instrumentos de força
apropriados, das mais simples às mais complexas, criando assim o risco dessa força se
transformar numa estrutura demasiado pesada, pouco proveitosa e eficiente (Alves, 1996).
Para garantir a ordem e tranquilidade pública podemos destrinçar três níveis de
intervenção. O primeiro nível, por ser o menos intenso, trata da pequena criminalidade,
bem como da garantia do cumprimento das regras indispensáveis ao funcionamento
social, dito normal. Neste caso a resposta passará pela utilização de forças de segurança
menos robustas. O terceiro nível, que reproduz uma situação de desordem social
persistente e intensa, capaz de se transformar em caos generalizado e colocar em causa
a autoridade do Estado, bem como ameaçar o funcionamento das suas instituições
democráticas. Neste caso a situação só poderá ser travada pela atuação das FFAA,
mediante a declaração de um dos estados de exceção (de sítio ou de emergência). Entre
estes dois, situa-se um nível intermédio, caracterizado pela existência de criminalidade
organizada, muito violenta, com ameaças a pontos sensíveis críticos ou da possibilidade
de se desenvolverem ações que paralisem áreas críticas do funcionamento do país ou
perturbem o exercício da autoridade estatal. Nível este em que, embora se não justifique
o emprego das FFAA, recomenda a utilização de forças com cariz militar, treinadas e
preparadas para a ação policial (Branco, 2010).
Enquanto as FFAA atuam no terceiro patamar, a PSP e a GNR destinam-se a atuar
nos primeiro e segundo patamares, respetivamente. Esta lógica dual da SI, civil e militar,
não deve impedir a existência de capacidades comuns às forças, assim como alguma
sobreposição limitada de funções (Branco, 2010).
Segundo Branco (2010), existe espaço suficiente para a GNR e para a PSP,
devendo-se assumir a PSP como a “(...) verdadeira polícia do modelo dual, (...), deixando
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C. O MODELO MONISTA
Do conjunto dos 15 países da UE analisados no Apêndice B (Portugal incluído),
quatro podem-se incluir no denominado modelo Monista, ou seja, possuem apenas um
corpo policial. São eles a Suécia, a Dinamarca, a Irlanda e desde o ano 2000, também o
Luxemburgo. Segundo Alves (1998) “Embora em certos casos funciona bastante bem, é
um sistema que suscita algumas dúvidas, dado que implica uma grande concentração de
poderes num único bloco e pode dar origem à emergência de um verdadeiro poder
policial que eventualmente tende a constituir-se como um autêntico contra poder e uma
ameaça para o poder legítimo.”.
Segundo o Coronel Carlos Alves (1996), não podemos abordar o modelo Monista
com uma visão assim tão catastrófica. Refere que cada sociedade tem as suas
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particularidades culturais, pelo que não quer dizer que modelos institucionais que
funcionam bem numa cultura funcionem bem noutra. Desta forma, não podemos ver este
modelo como sinónimo de um regime político autoritário ou totalitário.
D. O MODELO PLURALISTA
Os restantes 11 países da UE, analisados no Apêndice B, possuem sistemas
pluralistas. O modelo Pluralista representa por um lado, uma barreira ao eventual
aparecimento de um poder policial autónomo, por outro, garante a independência para o
poder judiciário. Acresce a função reguladora de separação de poderes, que leva o
pluralismo policial a concorrer para a preservação da liberdade de ação dos magistrados
judiciais. Contudo este modelo não é em si mesmo um elemento constitutivo e privativo
de democracia (Alves, 1998). Dos países da UE analisados, alguns utilizam o modelo
Pluralista horizontal, outros utilizam o vertical.
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outro de natureza militar (modelo dualista), cabendo a cada um a jurisdição de uma área
geográfica bem delimitada, onde exerce uma competência policial genérica, não ficando
nenhum dos corpos ou dos seus membros individualmente considerados, inibidos de
atuar na área geográfica adstrita ao outro em determinadas circunstâncias, existindo até
certas complementaridades entre ambos. Em regra, ao corpo civil está atribuída uma área
menor, mas mais urbana, deixando ao corpo militar, as zonas suburbanas e rurais, as
fronteiras e as vias de comunicação, para além de outras missões de âmbito militar ou de
maior risco.
Uma referência a Espanha, onde coexistem com o modelo pluralista vertical, três
polícias autónomas, com atribuições e competências nas respetivas regiões autónomas.
De salientar que de todas estas forças policiais de natureza militar, apenas a GNR e
a Guardia Civil, não fazem parte das FFAA.
Assim, de acordo com a respetiva história e cultura, podemos dividir os modelos
policiais em duas grandes famílias (Alves, 1998):
Anglo-saxónica – predomínio das polícias de estatuto civil (Reino Unido e países
Escandinavos)
Europa do sul – predomínio dos sistemas de dupla componente, ou seja, com
uma polícia civil e outra de natureza militar (França, Itália, Espanha e Portugal).
Concluindo, pode-se afirmar que na UE, não existe um único Modelo Policial.
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A. DISMILITARIZAÇÃO
A desmilitarização dos corpos de polícia, por vezes com razões de facto, outras
vezes por motivos corporativistas e oportunísticos, e outras ainda apenas por moda,
acabou por assumir-se como um dos temas quentes no tocante à evolução dos corpos de
polícia.
Aponta-se a qualidade militar, belicista por natureza, como contraditória da marca
pacificadora da função polícia. Facilmente se cai na identificação entre militar e militarista.
No entanto são conceitos diferentes. Militar significa aquilo que é relativo à guerra, ao
exército, aquele que se designa como soldado, demonstra disciplina e hierarquia. Por
outro lado, militarismo é entendido como perversão do exercício de poder pelos militares,
exprime a preponderância destes numa nação ou um sistema político que se apoia nas
FFAA. Importa ter bem claro que nem tudo o que é militar é militarista. A questão crucial
não consiste na existência de forças militares de polícia, mas sim em quem e como
determina as suas estratégias e no modo como eles funcionam (Alves, 2008).
Desmilitarizar os corpos de polícia é, hoje em dia, objetivo perseguido em muitas
instâncias, inclusive em ação política. Analisemos alguns aspetos menos claros deste
problema, que originam situações controversas.
Em primeiro lugar importa referir que a GNR tem uma vertente de inserção da
política de Defesa Nacional, preparando-se para situações de crise sempre que pelos
meios constitucionais adequados forem declarados estados ou situações de exceção. É
precisamente o facto de ser uma força intermédia entre as FFAA e a PSP que pela sua
flexibilidade e polivalência, está apta a atuar articuladamente com cada uma daquelas
conforme os cenários e as necessidades, perfilando-se como a mais capaz para enfrentar
as situações híbridas e difusas, entre a normalidade e o conflito, como são as de crise.
O 11 Setembro trouxe consigo uma alteração profunda. Até então podíamos dizer
que a SI e a Defesa Nacional eram conceitos separáveis, mas de facto deixando de o ser,
cada vez menos. A experiência adquirida pelos países que integram a OTAN e a UE dão-
nos esta dimensão. De facto eram conceitos separáveis ontológica e conceptualmente,
mas, cada vez menos, operacionalmente. Assim sendo, o caráter da GNR permite cultivar
a “dupla face” de SI e de Defesa Nacional (Alves, 2008).
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respetivos países;
Atribuir-lhe os meios da Polícia Marítima, ainda a exemplo das FFSS dos países
indicados, com vista a retirar à Armada este ónus de empenhamento direto na
fiscalização policial (das praias, por exemplo);
Transferência para a GNR das atribuições de controlo, registo e fiscalização de
armas e explosivos. Presentemente a cargo da PSP, essa gestão retira do âmbito
do Ministério da Defesa Nacional o conhecimento e o controlo da situação nesta
área. Também não acontece em nenhum dos países indicados como exemplo;
Transferência das missões de segurança das representações diplomáticas
portuguesas no estrangeiro, presentemente a cargo da PSP, para as FFAA e
GNR.
O que se sugere, mais não é do que o que já funciona em pleno na França, Espanha
e Itália. Obviamente que esta solução, como de resto acontece nos países indicados,
permite a utilização de meios de reserva comuns às FFAA e às FFSS, em qualquer altura,
sem necessidade da prévia declaração dos estados de sítio ou de emergência. O que,
para além da economia de meios, se torna manifestamente mais prático e funcional.
Haveria vantagens em converter a GNR no 4.º Ramo das FFAA, uma vez que
clarificava definitivamente o seu estatuto militar e permitia uma racionalização de meios
com o assumir da função de Polícia Militar, à semelhança do que acontece em França e
Itália. Implicava por sua vez inconveniente, na vertente de coordenação com outras FFSS,
sendo esta, imprescindível na maioria das missões da GNR (Branco, 2010).
Apesar do defendido por Gervásio Branco (2010) onde vislumbra que enquanto a
GNR não for um ramo das Forças Armadas, esta não será respeitada, continuando a ser
vítima de "discriminações várias", questionamo-nos se será estrategicamente vantajoso
passar a GNR a quarto ramo das FFAA, ou seja, será esta a melhor solução para o país?
Ter uma Força de Segurança de natureza militar, que tem demonstrado ser uma mais-
valia, estando inclusive em vigor noutros países da Europa este modelo, não será mais
benéfico?
C. DUALIDADE E EVOLUÇÃO
A dualidade de forças policiais num Estado é um tema do maior interesse e muito em
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Por outro lado, as “gendarmarias” são criticadas, quando têm uma conceção militar
da manutenção da ordem e quando são mais legitimistas do que democráticas.
Assim sendo Alves (1996) refere “serem muitos os que admitem ser o dualismo ou o
pluralismo policial um sistema dos menos maus, tanto para governantes como para
governados.”. Refere ainda que quer os britânicos, quer os escandinavos, são avessos ao
modelo de “gendarmarias”, porém no Reino Unido, onde o sistema policial é pluralista,
têm existido tentativas para criar forças paramilitares de polícia e o Exército cumpre
missões no âmbito da SI. Sendo de realçar que nas ilhas britânicas e na Escandinávia, a
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D. ESPECIALIZAÇÃO DA POLÍCIA
A vida social é cada vez mais complexa, as sociedades modernas estão a viver uma
civilização cada vez mais técnica e os cidadãos tornaram-se mais exigentes. Também o
desempenho da função polícia desde há muito vem sendo afetado por estas
características. Os agentes policiais lidam diariamente com a Lei e, tal como se constata
por todo o lado, esta atravessa uma fase aguda de produção inflacionária. Acresce que a
função polícia tem vindo constantemente a alargar o leque das suas competências e
obrigações aos mais diversos campos, desde a proteção civil à defesa do ambiente.
A modernização dos meios, implícita em tudo, obriga a desenvolver novas
tecnologias policiais, a aumentar o grau de habilitação escolar e a diversificar e alargar a
formação dos agentes de polícia. A profissionalização no mais correto sentido é uma
exigência inultrapassável, mas não basta por si só, pois a forte diversidade de algumas
tarefas, em nome da indispensável eficácia, acaba por impor especializações várias. E
estas, por vezes, implicam situações contraditórias. Atuar em forças de intervenção é
incompatível com o desempenho normal das tarefas de polícia de proximidade; qualquer
delas se situa nos antípodas das de investigação criminal ou das de combate ao crime
organizado; nenhuma bate certo com a fiscalização rodoviária ou com o combate ao crime
fiscal ou mesmo com a proteção do ambiente. Além de outros não citados, qualquer dos
conjuntos específicos de tarefas acabados de referir exige, hoje, especialização cuidada,
obtida na base de qualificações particulares que permitam melhorar as condições de
desempenho do serviço, procurando maximizar a eficácia do mesmo (Alves, 2007).
Surge por esta via a necessidade de formar especialistas e unidades especiais de
polícia, com competências apenas setoriais, mas com alta qualificação nas mesmas.
E. SEGMENTAÇÃO DA POLÍCIA
De há uns anos a esta parte, têm vindo a multiplicar-se as experiências daquilo que
é designado como polícia de proximidade ou polícia comunitária. Algumas ideias-força
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mais comuns que se identificam nos projetos em curso são: conseguir maior aproximação
nas relações entre polícia e cidadãos; dar mais importância às políticas locais de seguran-
ça; atuar preferencialmente no sentido da prevenção, em termos pró-ativos; constituir a
polícia como prestadora de serviços à população local; assentar o sistema no
patrulhamento local, personalizado; dar maior autonomia aos agentes que se encontram
no terreno; territorializar os corpos de polícia, com áreas demarcadas de comando único;
descentralizar as organizações policiais (Alves, 2008).
Torna-se evidente a tendência forte para a segmentação dos corpos, com acentuado
predomínio do policiamento local e de caráter geral. Ao patrulheiro da polícia de
proximidade, não é possível ser um especialista de cada um dos aspetos que interessam
à polícia, portanto, a sua eficácia em muitos campos está limitada. Temos antes que vê-lo
como um generalista, polivalente apenas até certo ponto, efetivamente vocacionado para
o policiamento geral (Alves, 2008).
Porém, os militares veem as saídas do patrulhamento geral para as várias
especialidades como evolução ou quase promoção na carreira e, em muitos casos,
encaram o patrulhamento geral como menos prestigiante. Para estes, o “verdadeiro
trabalho de polícia” seria o da investigação criminal, erigido em mito, ou então melhor
seria trabalhar numa especialidade menos pesada ou mais aliciante que a da patrulha.
Estas ideias têm criado bastantes dificuldades, designadamente para se conseguir
pessoal qualificado e motivado para o exercício do policiamento de proximidade.
F. COOPERAÇÃO
A complexidade crescente da vida em sociedade, as cada vez maiores facilidades de
transportes e de comunicações, os caminhos conducentes à criação de grandes espaços
e à globalização da vida internacional, a internacionalização do crime, o terrorismo, têm
vindo a acentuar as necessidades de cooperação cada vez mais estreita entre as forças
de polícia de diversos países e, ao mesmo tempo, a induzir efeito semelhante a nível
interno.
Inicialmente posta em marcha com a INTERPOL, melhorada com relações bilaterais
entre alguns países, alargada em quadros multilaterais, traçando novos caminhos com o
esboço da EUROPOL no seio da UE. Os mecanismos próprios da cooperação
internacional têm vindo a conduzir à melhoria de cooperação entre corpos de polícia a
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nível interno.
Segundo Alves (2008) a cooperação entre corpos de polícia, por razões de eficácia,
torna-se muito mais exigente quanto à especialização.
O problema da coordenação da informação policial tática, em Portugal continua a
não estar resolvido, tendo a mesma de ser concertada entre a PJ, a PSP, a GNR e
demais serviços de segurança. Não falamos aqui da existência de bases de dados, que
as há até demais, mas da utilização destas pelas FFSS, constituindo esta “falha” um
grande desperdício e vulnerabilidade do sistema policial português.
Outra forma de cooperação, embora distinta, que poderá ocorrer no futuro, será entre a
GNR e as FFAA. Senão vejamos, em caso de guerra ou em situação de crise, as forças
da GNR podem ser colocadas na dependência do CEMGFA, através do seu
Comandante-Geral, porém, esta norma não tem reciprocidade. Ou seja, em caso de uma
intervenção de nível intermédio (possibilidade de se desenvolverem ações que paralisem
áreas críticas do funcionamento do país ou perturbem o exercício da autoridade estatal),
porque não colocar algumas forças das FFAA na dependência do Comandante-Geral da
GNR, através do seu CEMGFA. Esta cooperação poderia também ser estendida à PSP,
com devidas adaptações.
CONCLUSÕES
Os ventos da modernidade, na medida em que esta implica rutura com o passado,
colocam problemas ao dualismo policial, muito principalmente à sua componente militar,
mormente devido à sua tradicional resistência à mudança. No entanto, como instituições
históricas sólidas, as “gendarmarias” têm conseguido não só aguentar os embates da
mudança como adaptar-se aos novos tempos e, sem perderem os seus valores
fundamentais, continuarem a cumprir as finalidades que lhes são traçadas pelo poder
político. Isto mesmo integra já a sua tradição. Atualmente pesam mais os ritmos da
mudança, vertiginosos e nada fáceis de acompanhar, que não esperam por aqueles que
descuidadamente se atrasam.
Em jeito de conclusão, podemos afirmar:
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Neste sentido, estou apto a responder à pergunta de partida – “Será que o modelo
dualista impede a modernidade do sistema policial português?”. Por inúmeras razões
já aventadas o dualismo como sistema interno de um Estado não contraria a
modernidade, pelo contrário, parece a opção mais adequada para as sociedades onde se
encontra instalada. Afasta fantasmas, favorece a soberania democrática e a divisão de
poderes e mostra-se capaz de evoluir, acompanhando a mudança social, pelo que, neste
contexto, existe espaço para as duas Forças de Segurança (GNR e PSP).
Porém, ao dualismo, necessita de ser acrescentados: especialização, segmentação
e cooperação. Surge assim a necessidade de formar especialistas e unidades especiais
de polícia, com competências apenas setoriais, mas com alta qualificação das mesmas. A
cooperação entre corpos de polícia, por razões de eficácia, torna-se muito mais exigente
quanto à especialização, que deve ter como ponto de partida um banco de dados comum
com acesso restrito a quem tenha de ter conhecimento.
Assim sendo, os exíguos recursos humanos e materiais obrigará o sistema policial
português a evoluir, quem sabe se não no sentido, de colocar forças militares das FFAA
na dependência da GNR ou da PSP (mediante controlo operacional e não de comando
completo ou de comando operacional), através do seu CEMGFA.
Em suma, a Polícia Nacional não se aventa a melhor solução a seguir. Porém, para
sobreviver num contexto de dualismo policial, a GNR, terá de ser autónoma e específica
como terceira força (charneira), gerir cuidadosamente uma vivência saudável dos seus
valores tradicionais, mantendo relações flexíveis com a envolvente social, afirmar-se
como tendo natureza militar e policial, mas recusando o militarismo e o civilismo,
respetivamente.
BIBLIOGRAFIA
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de agosto – Diário da República n.º 168/2007, Série I de 2007-08-31), Lisboa: Diário da
República.
Assembleia da República, 2007b. Aprova a Lei Orgânica da GNR (Lei n.º 63/2007, de 6
de novembro – Diário da República n.º 213/2007, Série I de 2007-11-06), Lisboa: Diário
da República.
Assembleia da República, 2008. Aprova a Lei de Segurança Interna (Lei n.º 53/2008, de
29 de agosto – Diário da República n.º 167/2008, Série I de 2008-08-29), Lisboa: Diário
da República.
Assembleia da República, 2014. Procede à primeira alteração à Lei de Defesa Nacional,
aprovada pela HYPERLINK "https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-
/search/492378/details/normal?l=1" \t "_blank" \o "Lei Orgânica n.º 1-B/2009" Lei Orgânica
n.º 1-B/2009 , de 7 de julho (Lei Orgânica n.º 5/2014, de 29 de agosto – Diário da
República n.º 166/2014, Série I de 2014-08-29), Lisboa: Diário da República.
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Nesta altura, desenrola-se a campanha de 1801 contra a Espanha, que culminou com a perda de
Olivença, região além Guadiana que nunca mais voltou a Portugal, embora juridicamente nos continue a
pertencer.
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posicionamento ao lado das tropas de D. Miguel I (liberal e irmão mais novo de D. Pedro
IV), ditado a sua extinção em 26 de Maio de 1834, na Convenção de Évora-Monte, pelas
mãos de D. Pedro IV, regente do reino durante a menoridade de sua filha D. Maria II.
Porém, por reconhecer a urgente necessidade de por cobro à escalada alarmante da
criminalidade e violência (em consequência do período de Guerra Civil), D. Pedro IV
ordenou, por Decreto de 3 de Julho 1834, a organização da Guarda Municipal de Lisboa,
com idênticas características à extinta GRP. Em 1835, já após a morte de D. Pedro IV,
por Decreto de 24 de agosto, foi organizada a Guarda Municipal do Porto (GNR, 2010).
Segundo Branco (2010) em 1868, as Guardas são colocadas sob um comando
único, o Comando-Geral das Guardas Municipais (GM), sediado no Quartel do Carmo, em
Lisboa, sendo-lhes introduzidas alterações de organização de modo a compatibilizá-las
com a organização do Exército, em matéria de disciplina e promoções. Quanto à
Segurança Pública esta continua subordinada ao Ministério do Reino (GNR, 2010).
A GM herdou assim as funções desempenhadas pela GRP, mas mais ampliadas de
entre as quais se destaca a característica de Corpo Militar.
De realçar que as GM, nos acontecimentos de 4 e 5 de Outubro de 1910, que
levariam à implantação da República, se constituíram como um dos últimos bastiões da
monarquia, tendo sofrido um significativo número de baixas, sobretudo por ataques à
bomba infligidos por civis, enquadrados na Carbonária. Segundo Regalado (2006), uma
vez mais, a sua fidelidade à causa monárquica, resultou na sua extinção por Decreto do
Governo Provisório, dando lugar nesse mesmo ano à criação da Guarda Republicana
(de Lisboa e Porto). Porém, esta criação seria a título transitório, enquanto não se
organizasse a GNR, "um Corpo de Segurança Pública para todo o país", não existindo
qualquer alteração fundamental relativamente às suas antecessoras. Tratando-se assim
de uma mera alteração de nome, de modo a fazer ressaltar o cariz do novo regime
emergente. O Comando-Geral permaneceu no Carmo, em Lisboa e a sua subordinação
aos Ministérios da Guerra e do Interior continuou como do antecedente (GNR, 2010).
A Guarda Nacional Republicana foi criada através do Decreto de 3 de Maio de
1911, sendo esta uma força de Segurança de natureza militar, constituída por militares
organizados num Corpo Especial de Tropas dependendo em tempo de paz do MAI, para
efeitos de recrutamento, administração e execução do serviço decorrente da sua missão
geral, e do MDN para efeitos de uniformização e normalização da doutrina militar, do
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(36 ao todo). Na grande Londres (uma área com cerca de 1580 Km 2 e 7,5 milhões de
habitantes) há 32 municípios. Existem, no Reino Unido 52 forças de polícia: 8 na
Escócia, 1 na Irlanda do Norte (The Royal Ulster Constabulary) e 43 na Inglaterra e País
de Gales. Cada força é responsável pela aplicação da lei da sua área de competência. A
uniformidade e a eficácia são garantidas pelo Home Office (escola de formação de
Bramshill, colégio da Policia da Escócia, Laboratório da policia Cientifica, Registo de
Dados Criminais, Computador Central, rádio Nacional da Policia)
Este conjunto de corpos policiais totaliza um efetivo de 152.000 polícias, existindo
assim um reduzido número de agentes de polícia em relação à população existente, que
é aproximadamente de 1 polícia para 468 habitantes. Todas estas forças policiais
dependem do Ministério do Interior, são de estatuto civil, podendo ser uniformizada ou
não. As Forças Policiais têm liberdade sindical.
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habitantes por Km2. Na Bélgica existem duas forças policiais de estatuto civil onde
existe liberdade sindical e uma política da polícia:
a. Policia Federal (unidade central);
b. Polícia local: existem 196 Corpos de Polícia Local.
V. A Polícia da Grécia
A Grécia é uma Republica com uma área total de 131.990 Km2. O país é formado
por uma longa península e 2.000 ilhas, 134 das quais são desabitadas. O continente
constitui 80% da área total. As ilhas estão espalhadas na circunferência da península,
encontrando-se a maior parte delas no arquipélago do Mar Egeu.
A população da Grécia e de 11,3 milhões de habitantes. O país está dividido em 13
grandes distritos e 51 prefeituras subordinadas aos distritos. Em termos de forças policiais
existem duas polícias de estatuto civil cuja unidade central é a Direção Geral onde
existe liberdade sindical e política da polícia:
a. Policia Helénica – esta polícia está na dependência do Ministério da Ordem
Pública, exercendo as suas funções sob diferentes condições, no continente e na
área insular, nos grandes subúrbios e nos povoados rurais, extremamente
tradicionais. A competência territorial da Policia Helénica estende-se por todo o
país. Os dois únicos sectores que não supervisiona são da competência da
Policia Portuária e das Autoridades Alfandegárias.
b. Policia Portuária – esta força é dependente do Ministério da Marinha Mercante,
e desempenha missões gerais de polícia na área marítima.
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No conjunto das duas forças policiais existe assim um efetivo de 215.000 agentes
policiais, ou seja, existe 1 polícia por 316 habitantes.
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Ministério do Interior.
Existem cerca de 27.000 agentes policiais no conjunto das Forças, pelo que o seu
ratio habitante/polícia é de um polícia para 300 habitantes. Estes agentes policiais têm
liberdade sindical.
Para além destas duas que são de âmbito nacional existem mais quatro polícias
de caráter local (polícias autónomas e local).
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