Os técnicos administrativos, na Administração
Pública designados por assistentes administrativos,
são os profissionais que assumem uma dupla
condição, repartida entre o trabalho de secretariado
geral e as funções administrativas mais específicas,
como sejam as das áreas ligadas à gestão de
recursos humanos, relações públicas, gestão
patrimonial, economato, aprovisionamento e
legislação laboral.
Assim sendo, as suas tarefas, em termos daquilo
que é designado como o secretariado-geral, vão
desde a recepção e conferência de documentação,
à organização de arquivos e ficheiros, ou ao registo
de dados no computador, redacção de cartas, etc.
Para além daquelas, o técnico administrativo
executa, a partir de orientações e instruções
definidas superiormente, tarefas mais
especializadas em diversas áreas e nos mais
diversos sectores de actividade económica.
São técnicos responsáveis pela divulgação das
normas e procedimentos internos, sendo muitas
vezes chamados a prestar esclarecimentos sobre
regulamentação específica do sector junto dos
outros funcionários, que a eles recorrem para obter
informações sobre os seus direitos e deveres. Um
conjunto de tarefas que implica a elaboração de
mapas e guias das obrigações legais e fiscais (IRS,
Segurança Social, entre outras) e, para aqueles que
trabalham em organismos públicos, um
conhecimento aprofundado do Regime Jurídico da
Função Pública.
Muito do trabalho que estes técnicos tinham de
fazer recorrendo a “papel e lápis”, ou a máquinas de
escrever e de calcular, como é o caso da
correspondência geral (memorandos, cartas,
ofícios, notas informativas...), do cálculo e registo
de dados contabilísticos e da elaboração de tabelas
de assiduidade e de horários, tem vindo a ser
progressivamente executado
com o auxílio do computador, ferramenta
indispensável para qualquer técnico administrativo.
Na óptica do utilizador, devem dominar aplicações
como: processamento de texto, folha de cálculo,
bases de dados, correio electrónico e Internet.
Para além do computador, trabalham com todos os
tipos de sistemas de comunicação disponíveis
(telefone, fax, etc.), uma vez que cuidam do
atendimento ao público e estabelecem os contactos
entre a entidade para a qual trabalham e o exterior.
Têm também de gerir o equipamento, utensílios e
materiais de escritório, cuidando dos aspectos
ligados à sua manutenção e reposição.
São estes técnicos que registam as entradas e
saídas de material, preenchendo e conferindo a
documentação (como requisições, guias de
remessa, facturas, recibos, cheques, letras ou
livranças) específica para cada tarefa.
As actividades em que um técnico administrativo
está integrado exigem um relacionamento constante
com os colegas de trabalho, principalmente aqueles
com os quais as tarefas se interligam. Para além de
trabalharem com outros técnicos administrativos, da
própria empresa ou organismo público, podem, no
decurso da sua actividade, transmitir orientações
superiores a outros trabalhadores administrativos
(por ex., os tesoureiros), aos operadores de
máquinas de escritório e tipografia, ou ao pessoal
das limpezas e da segurança.
Não menos frequente é a articulação que existe
entre estes profissionais e os técnicos das áreas
mais especializadas, como a contabilidade
(elaboração de orçamentos, processamento de
salários, etc.),os recursos humanos (assiduidade do
pessoal, processos de recrutamento, selecção e
admissão de pessoal, etc.), os serviços jurídicos
(legislação
laboral, legislação comercial, etc.), a informática
(gestão de bases de dados, etc.).
Dada a obrigatoriedade de contacto com o exterior,
seja para prestar informações sobre produtos e
serviços, seja para encaminhar o público (clientes e
fornecedores), devem ter conhecimentos sólidos de
pelo menos uma língua estrangeira, sendo a língua
inglesa aquela que mais se presta a facilitar este
tipo de comunicação.
Sendo uma profissão em muitos aspectos rotineira,
ela é também caracterizada pela polivalência e
versatilidade em termos da execução de tarefas.
Quem a escolhe deve pôr em prática e aperfeiçoar
as suas capacidades de concentração e
autodisciplina em prol da organização e rigor que
tem de colocar em todos os procedimentos, até
porque disso depende a imagem daqueles para
quem um técnico administrativo trabalha.
A parcela do mercado de trabalho que absorve
estes profissionais é extensa e variada, abrangendo
todos os sectores de actividade, quer públicos, quer
privados.
Seja qual for o ramo de actividade em que se insere
uma empresa, seja ela de pequena, média ou
grande dimensão, tem nos seus quadros um ou
mais técnicos administrativos.
O mesmo se passa em termos da administração
pública central ou local, que em Portugal se
apresenta como um dos maiores empregadores.
São funcionários recrutados com regularidade, uma
vez que a modernização da administração pública
passa pelo aumento da exigência em termos das
qualificações profissionais e consequente admissão
aos quadros de pessoas com tais habilitações.
Este é um vasto cenário, que se estende por todo o
território nacional e assume contornos de maior
concentração nos grandes centros urbanos – onde
é maior a concentração empresarial, e onde estão
sediados os organismos centrais do Estado – e nas
áreas de concentração industrial.
(1) Curso a iniciar em 2004/2005.
(2) Saída intermédia: Empregado de Contabilidade.
(3) Saída intermédia: Empregado de Secretariado.
Outra das possibilidade de emprego que começa a
ganhar consistência situa-se ao nível das pequenas
e micro empresas que prestam serviço
administrativos a outras, em regime de
subcontratação.
Por cumprirem tarefas sempre subordinadas a
orientações superiores, estes profissionais
trabalham predominantemente por conta de outrem.
Os requisitos, em termos da formação de base
necessária para aceder a esta profissão, apenas
estão oficialmente definidos para a Administração
Pública e situam-se ao nível do 11.0 ano de
escolaridade, ou equivalente. No que toca às
empresas, a definição dos parâmetros de acesso
fica ao seu critério, sendo comum variar entre
ensino básico obrigatório (9.0 ano) e o 12.o ano de
escolaridade.
No entanto, e como foi dito anteriormente, os graus
de exigência colocados a um técnico administrativo
são cada vez maiores; por isso mesmo, de seguida
se apresentam alguns dos cursos que permitem a
obtenção dos conhecimentos adequados ao
desempenho destes profissionais:
CURSOS ESCOLAS
Cursos Tecnológicos Escolas
• Curso Tecnológico de Administração (1) Secundárias
Cursos Profissionais Escolas
Área de Gestão e Administração Profissionais
• Curso de Assistente de Gestão
• Curso de Técnico de Administração Naval
• Curso de Técnico de Gestão
• Curso de Técnico de Gestão Autárquica
Área de Contabilidade e Fiscalidade
• Curso de Técnico de Contabilidade
• Curso de Técnico de Contabilidade
em Organização de Economia Social
Área de Secretariado e Trabalho Administrativo
• Curso de Técnico de Secretariado
• Curso de Técnico de Secretariado
em Organização de Economia Social
Cursos de Aprendizagem Centros
Área de Serviços Administrativos e Financeiros de Formação
• Curso de Técnico Administrativo Profissional
• Curso de Técnico de Contabilidade (2) do IEFP
• Curso de Técnico de Secretariado (3)
Fonte: ME (DES) / MSST (IEFP)
Estes cursos têm por base matérias que giram em
torno das Técnicas e Práticas Administrativas e de
conhecimentos em áreas como: Contabilidade
Geral; Legislação Laboral; Documentação
Comercial; Organização do Trabalho; Administração
de Empresas e Informática (na óptica do utilizador)
.Aspecto não menos importante é o que diz respeito
à aprendizagem da Língua Portuguesa e de
língua(s) estrangeira(s), pelo facto de esta ser uma
profissão caracterizada pela redacção e conferência
de documentação, e também pela comunicação
frequente com outros funcionários da empresa e
com o exterior.
Nas empresas privadas, o acesso e progressão na
carreira de técnico administrativo estão definidos no
Contrato Colectivo de Trabalho relativo a cada um
dos sectores de actividade económica.
Na Administração Pública, o acesso à profissão faz-
se por concurso para provimento na categoria de
assistente administrativo, estando o provimento
definitivo dependente do sucesso da aprendizagem
durante um período probatório, devidamente
comprovado pelo respectivo serviço. A progressão
na carreira obedece aos requisitos previstos na lei.
Em qualquer das situações – organismos privados
ou públicos – a formação contínua é indispensável
durante todo o seu percurso profissional, partindo
por vezes da vontade de cada técnico e por vezes
da iniciativa das entidades contratantes, estando
predominantemente a cargo dos organismos de
formação dos serviços estatais, de empresas
formadoras, de organismos sectoriais de formação
e dos sindicatos.
Enquanto funcionário público, um técnico
administrativo tem um horário de trabalho de 35
horas semanais. No sector privado o horário varia
entre as 35 e as 40 horas semanais, divididas por 7
ou 8 horas diárias.
Dependendo da actividade da empresa e do volume
de trabalho na mesma, estes técnicos podem ter de
trabalhar por turnos e aos fins-de-semana.
Esta é fundamentalmente uma actividade de
escritório, e aqueles que a desempenham têm
pouca mobilidade para além do espaço que lhes é
destinado. Os mais modernos são locais dotados de
equipamentos e utensílios (computadores,
fotocopiadoras, impressoras, faxes, telefones, etc.)
indispensáveis ao desempenho das funções
administrativas, com boa luminosidade, cumprindo
as regras de higiene e segurança, dotados de
mobiliário ergonómico e adaptados às exigências
de uma profissão bastante sedentária. Cabe
também a estes técnicos zelar pela conservação e
melhoramentos do ambiente de trabalho.
Não sendo uma profissão que imponha particulares
exigências em termos físicos, nem especialmente
associada a qualquer um dos sexos (embora o
contingente feminino continue a fazer-se
representar em maioria), ela exige uma grande
capacidade de concentração, mormente no
desempenho de tarefas
como sejam, por exemplo, as do âmbito
contabilístico, que requerem muitas vezes um maior
grau de privacidade, em ambiente resguardado do
contacto com o público.
Na Administração Pública, os valores salariais
mensais para estes técnicos, nas respectivas
Carreiras/Categorias e no 1.0 escalão, definidos em
2002,são os seguintes:
CARREIRA / CATEGORIA REMUNERAÇÕES
Chefe de Secção €1024,09
Assistente Administrativo Especialista €806,86
Assistente Administrativo Principal €667,21
Assistente Administrativo €595,83
Fonte: Sistema Retributivo da Administração Pública (2002)
As empresas privadas regem-se, quanto a valores
remuneratórios mínimos, pelos Contratos Colectivos
De Trabalho (CCT). A título de exemplo, segundo
o CCT para o sector da construção civil e obras
Públicas, um técnico administrativo de grau I aufere
€465 e o mesmo técnico, mas de grau II, aufere
€503 mensais.
A grande diversidade de sectores e de empresas à organização administrativa das empresas e
que neles estão estabelecidas torna difícil serviços públicos.
quantificar, em termos médios, a globalidade dos
valores em causa, sabendo-se que há uma variação
alargada de sector para sector e que, se em alguns
casos estes técnicos são remunerados acima do
que está definido no CCT, outros há em que
auferem pouco mais que o salário mínimo nacional
– €348. Associação dos Técnicos Administrativos Municipais
Praça do Município, n.0 15-Apartado 219
2001-903 SANTARÉM
Normalmente, o seu regime de férias é o que está Tel.: 243330270 a /278
consagrado nos CCT e que varia entre os 22 e os Fax: 243330279/243322927
P. na Internet: www.atam.pt
25 dias úteis, tendo direito a dois dias de descanso
C. Electrónico: atam@mail.telepac.pt
semanais, bem como a todo o conjunto de regalias
a que têm direito os profissionais vinculados à Sindicato dos Trabalhadores de Escritório, Comércio,
Função Pública, nomeadamente: subsídio de Hotelaria e Serviços
alimentação, subsídio de férias e subsídio de Natal. Avenida Marquês de Tomar, n.0 44,5º
1069-190 LISBOA
Tel.: 217816040
Fax: 217934176
P. na Internet: www.sitese.pt
C. Electrónico: geral@mail.sitese.pt

Por trabalharem em proximidade com quem gere Porto

e/ou dirige as empresas ou serviços públicos, os Rua de Santa Catarina, n.0 391, 3.0 Frente
4000-451 PORTO
técnicos administrativos continuarão a ser
Tel.: 222000988
indispensáveis para o cumprimento das tarefas
anteriormente expostas. Faro
Avenida da República, n.0 166, 2.0 Esq.
8000-080 FARO
Apontam-se no entanto as tendências para a cada Tel.: 289828389
vez maior aplicação das novas tecnologias de
informação e comunicação nas suas actividades Sindicato dos Trabalhadores do Comércio,
diárias, assim como um alargar de conhecimentos Escritórios e Serviços de Portugal
Rua Almirante Barroso, n.0 3
sobre legislação e procedimentos relativos à União
1049-023 LISBOA
Europeia. Tel.: 213583330
Fax: 213583339
C. Electrónico: cesplisboa@mail.telepac.pt
O espaço comunitário e a consolidação e
desenvolvimento das instituições, órgãos e
agências europeias promovem o alargamento do
mercado de trabalho. Para um técnico
administrativo português, na posse de qualificações
adequadas às exigências deste espaço global,
abrem-se perspectivas de emprego além fronteiras,
até porque esta é das profissões que menos
diferenças revela, de país para país.

Assim, a estes técnicos – outrora comummente

chamados empregados de escritório (designação
ainda utilizada) –, ao mesmo tempo que se exige
um maior grau de conhecimentos, coloca-se
também o desafio de tentar contribuir para a
mudança, com vista a tornar uma profissão de
características rotineiras numa profissão capaz de
acompanhar e absorver as novas técnicas e
tecnologias aplicáveis