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APOSTILAS OPÇÃO

É indiscutível que vivemos num processo dinâmico de mudança tec- Uma vez que a excelência do desempenho e o sucesso do negócio
nológica no que respeita à gestão de informação. Está na base desta requerem que todas as atividades inter-relacionadas sejam compreendi-
mudança a digitalização da informação e a disseminação dos meios de das e geridas segundo uma visão de processos, é fundamental que sejam
que dispomos para lidar com ela (portá-teis, agendas eletrônicas, smar- conhecidos os clientes dos pro-cessos, os seus requisitos e o que cada
tphones, SMS, email, chat, etc.). Para acompanhar este processo de atividade adiciona de valor relativamente a esses requisitos.
mudança, é inevitável a mudança da mentalidade das pessoas e das
instituições. O desenvolvimento de um sistema de gestão organizacional voltado
para desempenhos elevados requer a identificação e a análise de todos os
A administração pública central, regional e local encontra-se neste seus processos. A análise de processos leva a um melhor entendimento
momento numa fase de viragem da sua forma de ges-tão. Os seus siste- do funcionamento da instituição e permite a definição adequada de res-
mas de informação estão a ser confrontados com a necessidade de en- ponsabilidades, a utilização eficiente dos recursos, a prevenção e solução
frentar os desafios propostos pela sociedade de informação e conheci- dos problemas, a eliminação de atividades redundantes e a identificação
mento no que respeita à utilização de novas tecnologias e metodologias. clara dos clientes e fornecedores.
As rápidas evolu-ções tecnológicas têm um forte impacto a nível social,
econômico e cultural. Esta abordagem possibilita à instituição atuar com eficiência nos re-
As mais valias do mundo virtual são hoje indiscutíveis. São mesmo cursos e com eficácia nos resultados, uma vez que pro-cura atender os
um fator essencial para o desenvolvimento e a competi-tividade. A moder- seus clientes finais mediante a adição de valor nas atividades desenvolvi-
nização administrativa, tão referenciada pelo atual governo, vem reforçar das. A gestão de processos imple-menta uma arquitetura que pode ser
essa viragem, promovendo a adap-tação dos processos das instituições representada pelas atividades de alto nível apresentadas na figura.
públicas às novas formas de comunicar e de interagir. Visão de uma arquitetura da gestão de processos.
A modernização administrativa tem como enfoque a desburocratiza-
Esta visão tem um conjunto de benefícios associados a cada uma das
ção de processos, permitido ao cidadão o acesso a do-cumentação exis-
atividades desenvolvidas na arquitetura da gestão de processos. Estes
tente em vários e diferentes departamentos, num único local, por via das
benefícios encontram-se expostos na tabela abaixo:
tecnologias de informação.
No entanto, para que esta medida se torne eficaz, será de extrema Atividade Benefício
importância, não apenas a tecnologia, mas sobretudo a visão global de Identificar Gerir desempenhos e melhorias contínuas
gestão dos serviços e dos processos, com vista à eliminação da velha Documentar Executar ações de forma a melhorar tempos,
tendência de gestão de cada departa-mento, instruído apenas para ver os otimizar recursos, etc.
"seus" processos. Medir e simu- Identificar custos, tempos, qualidade, que permiti-
Só com essa visão se conseguirá conferir maior qualidade aos servi- lar rá um melhoramento de área problemáticas
ços prestados, aumentar a produtividade, bem como reduzir os custos Melhorar Processos melhorados assegurando a qualidade
operacionais. Os objetivos que nos são impostos pelas circunstâncias e Gerir Melhor a compreensão, o envolvimento e as ideias
pelo Pacto de Estabilidade vieram dar o impulso que faltava para que se Construir um modelo baseado nesta arquitetura de processos poderá
avance na otimização de processos e partilha de informação, tirando resolver diversos problemas que normalmente ten-dem a estar ocultos
partido da tecnolo-gia atual. num modelo funcional tradicional. O desenho de um modelo de processos
Este conceito define que a instituição tenha os seus processos de ne- permite aos colaboradores compreenderem a visão global da instituição e
gócio implementados e suportados por sistemas in-formáticos. Além disso, qual o seu contributo individual nesse contexto.
tem necessariamente que integrar todas as aplicações departamentais.
Perante a atual necessidade de mobilidade, torna-se ainda imperativo que A construção do modelo requer trabalho em equipa, de forma a asse-
os cidadãos e colaboradores possam aceder às instituições, aos seus gurar que todo o conhecimento disponível é utilizado. Um modelo simples
processos e à sua informação através de portais web enabled integrado- pode conter elementos tão específicos como atividades, etapas de pro-
res de serviços, assentes sobre sistemas de workflow e de gestão docu- cesso, funções ou áreas organizacionais, materiais e outra informação. O
mental - que são a resposta ao novo conceito de "gestão de processos". modelo pode igualmente conter notas sobre potenciais problemas nos
processos de negócio, ideias para melhorias e outros comentários.
O que é a gestão de processos?
A gestão por processos consiste num conjunto de atividades que Principais características da gestão de processos
ocorrem dentro de uma instituição pública, que estão en-volvidos direta- a) Monitorização de processos - capacidade para efetuar o seguimen-
mente com os objetivos da instituição. Estas atividades desenvolvem os to dos processos de uma forma transversal à institui-ção e a capacidade
recursos materiais, humanos e financei-ros da instituição, necessários de individualmente o utilizador poder avaliar as suas atividades.
para, por exemplo, melhorar o atendimento ao cliente e aumentar a efici- b) Modelação de processos - a modelação de processos consiste na
ência da logística. facilidade de criar e alterar processos novos ou exis-tentes, incluindo:
Assegurar que os processos sejam executados de forma clara e con- · Desenho do fluxo de trabalho e das atividades que concorrem para
sistente é muito importante para que a instituição pos-sa atingir as suas um processo;
metas e agregar valor aos seus clientes (cidadãos). Entretanto gerir estes · Desenho simples e intuitivo dos fluxos de trabalho;
processos é mais difícil do que parece, pois muitos deles não acontecem
isoladamente, mas interagem entre si. · Processos de trabalho da instituição mapeados através de templates
(modelos) reutilizáveis;
Uma orientação para os processos, permite compreender como de fa-
to as coisas são feitas na instituição, na medida em que revela problemas, · Alterações de processos;
estrangulamentos e ineficiências que numa instituição tradicional não · Redução da necessidade de formação dos utilizadores para conhece-
seriam identificados. rem os processos da instituição.
São várias as vantagens da gestão de processos: Conclusão
· Redução dos tempos de ciclo; Como conclusão, podemos afirmar que com a atual maturidade das
· Diminuição de custos; tecnologias de gestão de conteúdos e automatização de processos, o
desafio da implementação das mudanças não é tecnológico. A chave do
· Melhoria da eficiência interna; sucesso deste tipo de projetos está na mão dos grupos de trabalho, das
· Melhoria da qualidade; equipas multidisciplinares e na sua autonomia, no que respeita a altera-
· Aumento da satisfação dos cidadãos e dos colaboradores. ções da legislação, dos procedimentos e da cultura há muito tempo enrai-
zados na administração pública central, regional e local. Leonel Miranda
Arquitetura de base

Conhecimentos Específicos 62

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APOSTILAS OPÇÃO
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impes-
2. Redação Oficial soalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz
da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico,
2.1 Características Fundamentais da
da correspondência particular, etc.
Redação Oficial. 2.2 Emprego dos
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,
Pronomes de Tratamento. 2.3 Gêne- passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
ros da Redação Oficial. 2.3.1 Aviso. 1.1. A Impessoalidade
2.3.2 Declaração. 2.3.3 E-mail. 2.3.4.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
Memorando. 2.3.5. Ofício. 2.4 Sintaxe Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique,
e Semântica da Redação Oficial. b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o
CAPÍTULO I conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL Poderes da União.
1. O que é Redação Oficial Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa- a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora
nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determi-
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do nada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comuni-
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. cação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guar-
no artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de dem entre si certa uniformidade;
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas pos-
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, sibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como
moralidade, publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impes- público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário
soalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro concebido de forma homogênea e impessoal;
está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo te-
ções oficiais. mático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem
Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja re- respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particu-
digido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A lar ou pessoal.
transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pesso-
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um ais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de
texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação
necessariamente, clareza e concisão. oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos norma- A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos va-
tivos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que lemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que
remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a seja alcançada a necessária impessoalidade.
obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
republicano. A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público
Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais,
concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras
elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos
impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem. públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja
necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser
Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse
conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados
público). grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circula-
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técni-
foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e co, tem sua compreensão dificultada.
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa-
Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedi-
oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 ata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com
de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado
outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as
características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de si mesma para comunicar.
de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do
acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um
que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que
e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de
incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
frases.
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parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que
ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. nada acrescentem ao que já foi dito.
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na por isso, ser dispensadas.
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro
das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto
pretendida compreensão por todos os cidadãos. a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que
nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento
próprios da língua literária. geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão ofi- gíria e o jargão;
cial de linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comuni- c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
cações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas uniformidade dos textos;
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, que nada lhe acrescentam.
como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão É pela correta observação dessas características que se redige com
limitada. clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramati-
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos cais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de correção.
difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser
outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos as-
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo suntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz
e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o
significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não
1.3. Formalidade e Padronização possam ser dispensados.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obede- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que
cem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua
impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui-
certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida da por sua revisão. "Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados",
quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão
uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos no redigir.
Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to-
polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco qua-
comunicação. dro, constante de obra de Adriano da Gama Kury , a partir do qual podem
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uni- ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias
formidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma
natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O delas tem sentido! O quadro tem aqui a função de sublinhar a maneira de
estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que como não se deve escrever:
se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide,
ainda, da apresentação dos textos.
CAPÍTULO II
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto defini-
tivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroni- AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
zação. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de 2. Introdução
normas específicas para cada tipo de expediente. A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial.
1.4. Concisão e Clareza Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades
oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa- de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, dos fechos e a identificação do signatário.
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias 2.1. Pronomes de Tratamento
ou repetições desnecessárias de ideias. 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor-
palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê- porados ao português os pronomes latinos tu e vos, "como tratamento
la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passa- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra", passou-se a

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empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se- Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Prossegue o autor: Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
"Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se di- As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, segui-
rigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de ca- do do cargo respectivo:
tegoria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vas-
salos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria Senhor Senador,
(...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adota- Senhor Juiz,
ram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternida- Senhor Ministro,
de, vossa eminência, vossa santidade." Senhor Governador,
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssi-
estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. mo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressu-
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o posto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém sua repetida evocação.
o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para par-
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas. ticulares. O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal, (...)
2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento No envelope, deve constar do endereçamento:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen- Ao Senhor
tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pro- Fulano de Tal
nominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com Rua ABC, no 123
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância 70.123 – Curitiba. PR
para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego
integra a locução como seu núcleo sintático: "Vossa Senhoria nomeará o
do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento
substituto"; "Vossa Excelência conhece o assunto".
de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento Senhor.
tratamento são sempre os da terceira pessoa: "Vossa Senhoria nomeará
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título
seu substituto" (e não "Vossa ... vosso...").
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empre-
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama- gue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar
substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho- por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
mem, o correto é "Vossa Excelência está atarefado", "Vossa Senhoria Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
deve estar satisfeito"; se for mulher, "Vossa Excelência está atarefada", formalidade às comunicações.
"Vossa Senhoria deve estar satisfeita".
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por
força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.
2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento Corresponde-lhe o vocativo:
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu- Magnífico Reitor,
lar tradição. São de uso consagrado: (...)
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar-
a) do Poder Executivo; quia eclesiástica, são:
Presidente da República; Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo
Vice-Presidente da República; correspondente é:
Ministros de Estado; Santíssimo Padre,
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; (...)
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comuni-
cações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Embaixadores;
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
de natureza especial; Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigi-
Prefeitos Municipais. das a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria
Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.
b) do Poder Legislativo: Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religi-
Deputados Federais e Senadores; osos.
Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais; 2.2. Fechos para Comunicações
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério
c) do Poder Judiciário: da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli-
Ministros dos Tribunais Superiores; ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente
dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Membros de Tribunais;
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Juízes;
Respeitosamente,
Auditores da Justiça Militar.
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes
de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Atenciosamente,

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Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- "Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio- tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor
res. Fulano de Tal."
ou
2.3. Identificação do Signatário "Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Con-
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da federação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moderni-
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da zação de técnicas agrícolas na região Nordeste."
identificação deve ser a seguinte: – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
(espaço para assinatura) comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
Nome parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
(espaço para assinatura)
Nome f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
Ministro de Estado da Justiça
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pá- g) assinatura do autor da comunicação; e
gina isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última
frase anterior ao fecho.
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário).

3. O Padrão Ofício
3.2. Forma de diagramação
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de unifor- Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma
mizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chama- de apresentação:
mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adian- a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
te; por ora busquemos as suas semelhanças. texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes: c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número da pági-
na;
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
expede: d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta
Exemplos: terão as distâncias invertidas nas páginas pares ("margem espelho");
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à margem esquerda;
direita: f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0
Exemplo: Brasília, 15 de março de 1991. cm de largura;
c) assunto: resumo do teor do documento g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
Exemplos: h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon-
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co- maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma
municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço. de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco.
A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres-
– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for- m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich
mas: "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-me informar que", Text nos documentos de texto;
empregue a forma direta; n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de
mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágra- trechos para casos análogos;
fos distintos, o que confere maior clareza à exposição; o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for-
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a mados da seguinte maneira:
posição recomendada sobre o assunto. tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em conteúdo
que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. Ex.: "Of. 123 - relatório produtividade ano 2002"
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
tura é a seguinte: 3.3. Aviso e Ofício
– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o 3.3.1. Definição e Finalidade
encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami- Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente
nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusi-
(tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela vamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia,
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula: ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos

Conhecimentos Específicos 66

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APOSTILAS OPÇÃO
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particula- submeta projeto de ato normativo.
res. No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutu-
3.3.2. Forma e Estrutura ra segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presiden-
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de te da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
Tratamento), seguido de vírgula. apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura
Exemplos: do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por
seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida
Senhora Ministra ou do ato normativo proposto;
Senhor Chefe de Gabinete b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas
formações do remetente: existentes para equacioná-lo;
– nome do órgão ou setor; c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– endereço postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– telefone e endereço de correio eletrônico. Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de mo-
tivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4. Memorando no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
3.4.1. Definição e Finalidade
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi- ATOS NORMATIVOS - CONCEITOS BÁSICOS
nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de LEI ORDINÁRIA
comunicação eminentemente interna.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a Definição
exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter- A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra, nor-
minado setor do serviço público. mas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normalmente,
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando pela generalidade e abstração (“lei material”), estas contêm, não raramen-
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de te, normas singulares (“lei formal” ou “ato normativo de efeitos concretos”).
procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do núme-
ro de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continua- Exemplo de lei formal:
ção. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi- – Lei orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5o);
cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitin- – Leis que autorizam a criação de empresas públicas, sociedades de
do que se historie o andamento da matéria tratada no memorando. economia mista, autarquias e fundações (Constituição, art. 37, XIX).
O STF tem entendido que os atos normativos de efeitos concretos,
3.4.2. Forma e Estrutura por não terem o conteúdo material de ato normativo, não se sujeitam ao
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, controle abstrato de constitucionalidade.
com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo
cargo que ocupa. Objeto
Exemplos: O Estado de Direito (Constituição, art. 1o) define-se pela submissão
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe pa- de diversas relações da vida ao Direito.
ra Assuntos Jurídicos Assim, não deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa
afirmativa é, todavia, apenas parcialmente correta.
4. Exposição de Motivos A Constituição exclui, expressamente, do domínio da lei, as matérias
4.1. Definição e Finalidade da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), que devem ser
disciplinadas mediante decreto legislativo. Também não podem ser trata-
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú- das por lei as matérias que integram as competências privativas do Sena-
blica ou ao Vice-Presidente para: do e da Câmara (Constituição, arts. 51 e 52).
a) informá-lo de determinado assunto; Por fim, a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001,
b) propor alguma medida; ou reservou matérias para decreto do Presidente da República (art. 84, VI,
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. alíneas a e b).
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú- Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somente podem
blica por um Ministro de Estado. ser disciplinadas por lei ordinária, sendo, aliás, vedada a delegação
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a (Constituição, art. 68, § 1º, I, II, III).
exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. Forma e Estrutura
A estrutura da lei é composta por dois elementos básicos: a ordem le-
4.2. Forma e Estrutura gislativa e a matéria legislada.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei; a
ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de matéria legislada diz respeito ao texto ou corpo da lei.
motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato norma-
tivo, segue o modelo descrito adiante. Ordem Legislativa
A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta du- Das partes do ato normativo
as formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
O projeto de ato normativo é estruturado em três partes básicas:
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APOSTILAS OPÇÃO
a) A parte preliminar, com a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enun- terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do
ciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições segurador;
normativas; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da preten-
b) A parte normativa, com as normas que regulam o objeto definido na são; (...)”
parte preliminar;
c) A parte final, com as disposições sobre medidas necessárias à im- Agrupamento de Artigos
plementação das normas constantes da parte normativa, as disposições Como assinalado no item “Sistemática Externa”, a dimensão de de-
transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revoga- terminados textos legais exige uma sistematização adequada. No direito
ção, quando couber. brasileiro consagra-se a seguinte prática para a divisão das leis mais
extensas:
Epígrafe – um conjunto de artigos compõe uma SEÇÃO;
A epígrafe é a parte do ato que o qualifica na ordem jurídica e o situa – uma seção é composta por várias SUBSEÇÕES;
no tempo, por meio da data, da numeração e da denominação. – um conjunto de seções constitui um CAPÍTULO;
– um conjunto de capítulos constitui um TÍTULO;
Exemplo de epígrafe: – um conjunto de títulos constitui um LIVRO.
LEI No 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Se a estrutura alentada do texto requerer desdobramentos, adotam-se
Ementa ou Rubrica da Lei as PARTES, que se denominam Parte Geral e Parte Especial.
A ementa é a parte do ato que sintetiza o conteúdo da lei, a fim de Por exemplo, o Código Civil de 10 de janeiro de 2002:
permitir, de modo imediato, o conhecimento da matéria legislada. PARTE GERAL
Exemplo de ementa: LIVRO I
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. DAS PESSOAS
A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a finali- TÍTULO I
dade principal da lei; evite-se, portanto, mencionar apenas um tópico
genérico da lei acompanhado do clichê “e dá outras providências”. DAS PESSOAS NATURAIS
Preâmbulo CAPÍTULO I
O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do cargo DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
em que se acha investida e da atribuição constitucional em que se funda CAPÍTULO II
para promulgar a lei e a ordem de execução ou mandado de cumprimento, DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
a qual prescreve a força coativa do ato normativo. CAPÍTULO III
Exemplo de autoria: DA AUSÊNCIA
O Presidente da República Seção I
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- Da Curadoria dos Bens do Ausente
guinte lei (...) Seção II
Exemplo de ordem de execução: Da Sucessão Provisória
O Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Seção III
Âmbito de aplicação Da Sucessão Definitiva
O primeiro artigo da lei indicará o objeto e o âmbito de aplicação do Cláusula de Revogação
ato normativo a ser editado de forma específica, em conformidade com o
Até a edição da Lei Complementar no 95, de 1998, (art. 9o – v. Apên-
conhecimento técnico ou científico da área respectiva.
dice) a cláusula de revogação podia ser específica ou geral. Desde então,
Fecho da Lei no entanto, admite-se somente a cláusula de revogação específica. Assim,
Consagrou-se, entre nós, que o fecho dos atos legislativos haveria de atualmente é incorreto o uso de cláusula revogatória do tipo “Revogam-se
conter referência aos dois acontecimentos marcantes de nossa História: as disposições em contrário.”.
Declaração da Independência e Proclamação da República. A revogação é específica quando precisa a lei ou leis, ou parte da lei
Exemplo de fecho de lei: que ficam revogadas .
“Brasília, 11 de setembro de 1991, 169o da Independência e 102o da Exemplo de cláusulas revogatórias específicas:
República.” “Fica revogada a Lei no 4.789, de 14 de outubro de 1965.”
Matéria Legislada: Texto ou Corpo da Lei “Ficam revogadas as Leis nos 3.917, de 14 de julho de 1961, 5.887,
O texto ou corpo da lei contém a matéria legislada, isto é, as disposi- de 31 de maio de 1973, e 6.859, de 24 de novembro de 1980.”
ções que alteram a ordem jurídica. Ele é composto por artigos, que, dis- “Ficam revogados os arts. 16, 17 e 29 da Lei no 7.998, de 11 de janei-
postos em ordem numérica, enunciam as regras sobre a matéria legislada. ro de 1990.”
Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade básica Ademais, importantes doutrinadores já ressaltavam a desnecessidade
para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de assuntos de um texto da cláusula revogatória genérica, uma vez que a derrogação do direito
normativo. Os artigos desdobram-se em parágrafos e incisos, e estes em anterior decorre da simples incompatibilidade com a nova disciplina jurídi-
alíneas. ca conferida à matéria (Lei de Introdução ao Código Civil, art.2o, § 1o).
Por exemplo, o art. 206 do Código Civil de 10 de janeiro de 2002: Destarte, afigura-se mais útil o emprego da cláusula específica, que –
“Art. 206. Prescreve: além de cumprir a finalidade de marcar o encerramento do texto legislativo
§ 1o Em um ano: – remete com precisão aos dispositivos revogados.
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destina- Cláusula de Vigência
dos a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospe- Além da cláusula de revogação, o texto ou corpo do ato normativo
dagem ou dos alimentos; contém, normalmente, cláusula que dispõe sobre a sua entrada em vigor.
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra Caso a lei não consigne data ou prazo para entrada em vigor, aplica-se
aquele, contado o prazo: preceito constante do art. 1o da Lei de Introdução ao Código Civil, segun-
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da do o qual, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o
data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo país 45 dias após a sua publicação.

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APOSTILAS OPÇÃO
Assinatura e Referenda – Lei que faculta aos Estados legislar sobre questões específicas das
Para terem validade, os atos normativos devem ser assinados pela matérias relacionadas na competência legislativa privativa da União (art.
autoridade competente. Trata-se de práxis amplamente consolidada no 22, parágrafo único);
Direito Constitucional e Administrativo brasileiros. – Lei que fixa normas para a cooperação entre a União e os Estados,
As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado que res- o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
pondam pela matéria (Constituição, art. 87, parágrafo único, I), que assu- vimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, parágrafo único);
mem, assim, a co-responsabilidade por sua execução e observância. No – Lei dos Estados que institui regiões metropolitanas, aglomerações
caso dos atos de nomeação de Ministro de Estado, a referenda será urbanas e microrregiões. (art. 25, § 3o);
sempre do Ministro de Estado da Justiça, nos termos do art. 29 do Decreto – Lei que define as áreas de atuação de sociedades de economia
no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, que “Dispõe sobre a organização da mista, empresas públicas e fundações criadas pelo poder público (art. 37,
Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências”. XIX);
– Lei que estabelece exceções aos limites de idade para aposentado-
LEI COMPLEMENTAR ria do servidor público no caso de exercício de atividades consideradas
penosas, insalubres ou perigosas (art. 40, § 4o);
– Lei que dispõe sobre as normas gerais para a instituição de regime
Definição
de previdência complementar pela União, Estados, Distrito Federal e
As leis complementares constituem um terceiro tipo de leis que não Municípios, para atender aos seus respectivos servidores titulares de
ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a cargo efetivo (art. 40, § 15);
revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a insti-
– Lei que estabelece o procedimento de avaliação periódica para per-
tuição de lei complementar buscou o constituinte resguardar certas maté-
da de cargo de servidor público (art. 41, §1o);
rias de caráter paraconstitucional contra mudanças céleres ou apressa-
das, sem lhes imprimir uma rigidez exagerada, que dificultaria sua modifi- – Lei que dispõe sobre as condições para integração das regiões em
cação. desenvolvimento e a composição dos organismos regionais (art. 43, § 1o,
I, II);
A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69). – Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e pelo Dis-
trito Federal, proporcionalmente à população (art. 45, § 1o);
– Lei que autoriza o Presidente da República a permitir, sem manifes-
Objeto
tação do Congresso, em determinadas hipóteses, que forças estrangeiras
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. Poder-se- transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
ia afirmar que, sendo toda e qualquer lei uma complementação da Consti- (art. 49, II, e art. 84, XXII).
tuição, a sua qualidade de lei complementar seria atribuída por um ele-
– Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolida-
mento de índole formal, que é a sua aprovação pela maioria absoluta de
ção das leis (art. 59, parágrafo único);
cada uma das Casas do Congresso. A qualificação de uma lei como
complementar dependeria, assim, de um elemento aleatório. Essa não é a – Lei que confere outras atribuições ao Vice-Presidente da República
melhor interpretação. Ao estabelecer um terceiro tipo, pretendeu o consti- (art. 79, parágrafo único);
tuinte assegurar certa estabilidade e um mínimo de rigidez às normas que – Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93);
regulam certas matérias. Dessa forma, eliminou-se eventual discricionari- – Lei que dispõe sobre organização e competência dos tribunais elei-
edade do legislador, consagrando-se que leis complementares propria- torais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121);
mente ditas são aquelas exigidas expressamente pelo texto constitucional. – Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatuto do Mi-
nistério Público (art. 128, § 5o);
Disto decorre que: – Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da Advoca-
– Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida provi- cia-Geral da União (art. 131);
sória) uma relação de hierarquia, pois seus campos de abrangência são – Lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública da União,
diversos. Assim, a lei ordinária que invadir matéria de lei complementar é do Distrito Federal e dos Territórios, e prescreve normas gerais para sua
inconstitucional e não ilegal; organização nos Estados (art. 134, parágrafo único);
– Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse sobre ma- – Lei que estabelece normas gerais a serem adotadas na organiza-
téria que a Constituição de 1988 reservou à lei complementar foi recepcio- ção, no preparo e no emprego das Forças Armadas (art. 142, § 1o);
nada pela nova ordem constitucional como lei complementar. – Lei que dispõe sobre conflitos de competência, em matéria tributá-
– Lei votada com o procedimento de Lei Complementar e denominada ria, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, regula
como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, podendo ser limitações ao poder de tributar e estabelece normas gerais, em matéria
revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre matéria não reservada tributária (art. 146, I, II, III a, b, c);
constitucionalmente à lei complementar. – Lei que institui empréstimos compulsórios para atender a despesas
– Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não constituí- extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou
rem matéria constitucionalmente reservada à lei Complementar possuem sua iminência, ou para possibilitar investimento público de caráter urgente
efeitos jurídicos de lei ordinária. e de relevante interesse nacional (art. 148, I e II);
No texto constitucional são previstas as seguintes leis complementa- – Lei que institui imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII);
res: – Lei que institui outros impostos federais não previstos na Constitui-
– Lei que disciplina a proteção contra despedida arbitrária (Constitui- ção (art. 154, I);
ção, art. 7º, I); – Lei que regula a competência para instituição do imposto de trans-
– Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua cessa- missão causa mortis e doação, se o doador tiver domicílio ou residência
ção (art. 14, § 9º); no exterior, ou se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
– Lei que regula a criação, transformação em Estado ou reintegração teve o seu inventário processado no exterior (art. 155, § 1o, III);
ao Estado dos Territórios Federais e que define a incorporação, subdivi- – Lei que define os serviços sujeitos a imposto sobre serviços de
são e desmembramento dos Estados mediante plebiscito e aprovação do qualquer natureza, define as suas alíquotas máxima e mínima, exclui da
Congresso Nacional (art. 18, §§ 2o, 3o e 4o); sua incidência a exportação de serviços para o exterior e regula a forma e
– Lei que dispõe sobre os casos em que se pode permitir o trânsito ou as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão conce-
a permanência temporária de forças estrangeiras no território nacional (art. didos e revogados (art. 156, III e § 3o);
21, IV);

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– Lei que estabelece normas sobre distribuição das quotas de receitas MEDIDA PROVISÓRIA
tributárias (art. 161, I, II, III e parágrafo único);
– Lei que regulamenta as finanças públicas; o controle das dívidas ex-
Definição
terna e interna; a concessão de garantias pelas entidades públicas; a
emissão e o resgate de títulos da dívida pública; a fiscalização das institui- Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode ser edi-
ções financeiras; as operações de câmbio realizadas por órgãos e entida- tado pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. Tal
des da União, do Distrito Federal e dos Municípios; a compatibilização das medida deve ser submetida de imediato à deliberação do Congresso
funções das instituições oficiais de crédito da União (art. 163, I a VII); Nacional.
– Lei que regulamenta o exercício e a gestão financeira e patrimonial As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se não fo-
da administração direta e indireta, bem como as condições para a institui- rem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60.
ção e o funcionamento de fundos (art. 165, § 9o, I e II); Neste caso, o Congresso Nacional deverá disciplinar, por decreto legislati-
vo, as relações jurídicas decorrentes da medida provisória. Se tal discipli-
– Lei que estabelece limites para a despesa com pessoal ativo e inati-
na não for feita no prazo de 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia
vo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 169);
de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de
– Lei que estabelece procedimento contraditório especial para o pro- atos praticados durante a vigência da medida provisória conservar-se-ão
cesso judicial de desapropriação (art. 184, § 3o); por ela regidas.
– Lei que dispõe sobre o sistema financeiro nacional (art. 192); Objeto
– Lei que estabelece o montante máximo de débito para a concessão As Medidas Provisórias têm por objeto, basicamente, a mesma maté-
de remissão ou anistia de contribuições sociais ria das Leis Ordinárias; contudo, não podem ser objeto de medida provisó-
– Lei que regula a aplicação de recursos dos diversos entes da fede- ria as seguintes matérias:
ração em saúde (art. 198, § 3o); a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direi-
– Lei que estabelece casos de relevante interesse público da União, to eleitoral;
quanto aos atos que tratam da ocupação, do domínio e da posse das b) direito penal, processual penal e processual civil;
terras indígenas, ou da exploração das riquezas naturais do solo, fluviais e
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
lacustres nelas existentes (art. 231, § 6o).
e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
LEI DELEGADA adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de crédito extraordiná-
rio, a qual é expressamente reservada à Medida Provisória (Constituição,
Definição art. 167, § 3º);
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Presidente e) as que visem a detenção ou sequestro de bens, de poupança po-
da República em virtude de autorização do Poder Legislativo, expedida pular ou qualquer outro ativo financeiro;
mediante resolução e dentro dos limites nela traçados (Constituição, art. f) as reservadas a lei complementar;
68, caput e §§). g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional
De uso bastante raro, apenas duas leis delegadas foram promulgadas e pendente de sanção ou veto do Presidente da República;
após a Constituição de 1988 (Leis Delegadas no 12, de 7 de agosto de h) aprovação de Código; e
1992 e no 13, 27 de agosto de 1992). i) regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido
alterada por meio de emenda constitucional promulgada no período com-
Objeto preendido entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda
A Constituição Federal (art. 68, § 1o) estabelece, expressamente, que Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001.
não podem ser objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Por fim, o Decreto no 4.176, de 2002, recomenda que não seja objeto
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara ou do Sena- de Medida Provisória a matéria “que possa ser aprovada dentro dos
do Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação prazos estabelecidos pelo procedimento legislativo de urgência previsto na
sobre: Constituição” (art. 40, V).
a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira Forma e Estrutura
e a garantia de seus membros; São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas em
b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 10.3. Forma e Estrutura.
c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Exemplo de Medida Provisória
“MEDIDA PROVISÓRIA Nº 55, DE 7 DE JULHO DE 2002.
Forma e Estrutura Autoriza condições especiais para o crédito de valores iguais ou infe-
Sobre a estrutura e a forma da Lei Delegada são válidas, fundamen- riores a R$ 100,00, de que trata a Lei Complementar no 110, de 29 de
talmente, as considerações expendidas em 11.3. Forma e Estrutura. junho de 2001, e dá outras providências.
Exemplo de Lei Delegada: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con-
fere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com
“LEI DELEGADA Nº 12, DE 7 DE AGOSTO DE 1992. força de lei:
Dispõe sobre a instituição de Gratificação de Atividade Militar para os Art. 1º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar em con-
servidores militares federais das Forças Armadas. tas vinculadas específicas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, FGTS, a expensas do próprio Fundo, os valores do complemento de
Faço saber que, no uso da delegação constante da Resolução no 1, atualização monetária de que trata o art. 4o da Lei Complementar no 110,
de 1992 - CN, decreto a seguinte lei: de 29 de junho de 2001, cuja importância, em 10 de julho de 2001, seja
Art. 1o Fica instituída a Gratificação de Atividade Militar, devida men- igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais).
sal e regularmente aos servidores militares federais das Forças Armadas, § 1º A adesão de que trata o art. 4º da Lei Complementar no 110, de
pelo efetivo exercício de atividade militar, ou, em decorrência deste, 2001, em relação às contas a que se refere o caput, será caracterizada no
quando na inatividade. ato de recebimento do valor creditado na conta vinculada, dispensada a
(...) comprovação das condições de saque previstas no art. 20 da Lei no
Art. 5o Esta lei delegada entra em vigor na data de sua publicação, 8.036, de 11 de maio de 1990.
com efeitos financeiros a contar de 1° de julho de 1992, observada a § 2º Caso a adesão não se realize até o final do prazo regulamentar
graduação estabelecida pelo art. 2°. para o seu exercício, o crédito será imediatamente revertido ao FGTS.

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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 2º O titular de conta vinculada do FGTS, com idade igual ou supe- Exemplo de Decreto Legislativo:
rior a setenta anos ou que vier a completar essa idade até a data final para “Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet,
firmar o termo de adesão de que trata o art. 6o da Lei Complementar no Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regi-
110, de 2001, fará jus ao crédito do complemento de atualização monetá- mento Interno, promulgo o seguinte
ria de que trata a referida Lei Complementar, com a redução nela prevista, DECRETO LEGISLATIVO Nº 57, DE 2002
em parcela única, no mês seguinte ao de publicação desta Medida Provi-
sória ou no mês subsequente ao que completar a mencionada idade. Aprova solicitação de o Brasil fazer a declaração facultativa prevista
no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publica- Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê
ção. Internacional para a Eliminação da
Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violação
DECRETO LEGISLATIVO dos direitos humanos cobertos na Convenção.
O Congresso Nacional decreta:
Definição Art. 1º Fica aprovada solicitação de fazer a declaração facultativa pre-
Decretos Legislativos são atos destinados a regular matérias de com- vista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de
petência exclusiva do Congresso Nacional (Constituição, art. 49) que Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência
tenham efeitos externos a ele. do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial para receber e
analisar denúncias de violações dos direitos humanos cobertos na Con-
Objeto
venção.
Objeto do Decreto Legislativo são as matérias enunciadas no art. 49
Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
da Constituição, verbis:
quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção,
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: bem como, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituição Federal,
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internaci- quaisquer ajustes complementares que acarretem encargos ou compro-
onais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio missos gravosos ao patrimônio nacional.
nacional; Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publica-
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a ção.
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou Senado Federal, em 26 de abril de 2002
nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
Senador RAMEZ TEBET
complementar;
Presidente do Senado Federal”
III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se au-
sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o DECRETO
estado de sítio, ou suspender qualquer dessas medidas;
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do Definição
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Decretos são atos administrativos da competência exclusiva do Chefe
VI – mudar temporariamente sua sede; do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstra-
VII – fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senado- tamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei. Esta é a defini-
res, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e ção clássica, a qual, no entanto, é inaplicável aos decretos autônomos,
153, § 2o, I; tratados adiante.
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Repú-
blica e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, Decretos Singulares
39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (v. g., de-
IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repú- cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédito, de desa-
blica e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda de nacionali-
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, dade, etc.).
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da Decretos Regulamentares
atribuição normativa dos outros Poderes; Os decretos regulamentares são atos normativos subordinados ou
XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de secundários.
emissoras de rádio e televisão; A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro, não se
XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A distinção substan-
União; cial reside no fato de que a lei inova originariamente o ordenamento
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas fixa, tão-somente, as
nucleares; “regras orgânicas e processuais destinadas a pôr em execução os princí-
XV – autorizar referendo e convocar plebiscito; pios institucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela cir-
de recursos hídricos, e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; cunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”.
XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras pú- Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandeira de
blicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.” Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permitem particulariza-
ções gradativas quando não têm como fim a especificidade de situações
Acrescente-se, ainda, como objeto do Decreto Legislativo a disciplina insuscetíveis de redução a um padrão qualquer. Disso resulta, não raras
das relações jurídicas decorrentes de medida provisória não convertida vezes, margem de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da
em lei (Constituição, art. 63, § 3o). lei.
Não se há de confundir, porém, a discricionariedade administrativa,
Forma e Estrutura atinente ao exercício do poder regulamentar, com delegação disfarçada de
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas no item poder. Na discricionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou
11.3. Forma e Estrutura. Ressalte-se, no entanto, que no decreto legislati- dever, a obrigação ou a restrição, fixando os requisitos de seu surgimento
vo a autoria e o fundamento de autoridade antecedem o título. e os elementos de identificação dos destinatários. Na delegação, ao revés,

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APOSTILAS OPÇÃO
não se identificam, na norma regulamentada, o direito, a obrigação ou a II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administração nos
limitação. cem primeiros dias do novo governo;
III - projetos que aguardam implementação ou que tenham sido inter-
Estes são estabelecidos apenas no regulamento. rompidos; e
Decretos Autônomos IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas pela Ad-
Com a Emenda Constitucional no 32, de 11 de setembro de 2001, in- ministração Pública Federal.
troduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutrinaria- Art. 7º O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementares para
mente como decreto autônomo, i. é., decreto que decorre diretamente da execução do disposto no art. 5º.
Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei ordinária. Art. 8º As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transi-
Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de organização ção devem ser objeto de agendamento e registro sumário em atas que
e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicita-
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de das e o cronograma de atendimento das demandas apresentadas.
funções ou cargos públicos, quando vago (art. 84, VI, da Constituição). Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Forma e Estrutura Brasília, 11 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da Repú-
Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: a or- blica.
dem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou corpo FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
da lei). Silvano Gianni”
Assinale-se que somente são numerados os decretos que contêm re-
gras jurídicas de caráter geral e abstrato.
PORTARIA
Os decretos que contenham regras de caráter singular não são nume-
rados, mas contêm ementa, exceto os relativos a nomeação ou a designa-
ção para cargo público, os quais não serão numerados nem conterão Definição e Objeto
ementa. É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem
Todos os decretos serão referendados pelo Ministro competente. instruções sobre a organização e funcionamento de serviço e praticam
outros atos de sua competência.
Exemplo de Decreto: Forma e Estrutura
“DECRETO Nº 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002. Tal como os atos legislativos, a portaria contém preâmbulo e corpo.
Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pú- São válidas, pois, as considerações expendidas no item 11.3. Forma e
blica Federal durante o processo de transição governamental. Estrutura.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con- Exemplo de Portaria:
fere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, “PORTARIA Nº 5, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2002.
DECRETA: Aprova o Regimento Interno do Conselho
Art. 1º Transição governamental é o processo que objetiva propiciar
Nacional de Arquivos - CONARQ.
condições para que o candidato eleito para o cargo de Presidente da
República possa receber de seu antecessor todos os dados e informações O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no
necessários à implementação do programa do novo governo, desde a data uso da atribuição que lhe confere o art. 9º do Decreto nº 4.073, de 3 de
de sua posse. janeiro de 2002,
Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência da R E S O L V E:
República a coordenação dos trabalhos vinculados à transição governa- Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Interno do
mental. Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.
Art. 2º O processo de transição governamental tem início seis meses Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
antes da data da posse do novo Presidente da República e com ela se
PEDRO PARENTE”
encerra.
Art. 3º O candidato eleito para o cargo de Presidente da República
poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso às informações APOSTILA
relativas às contas públicas, aos programas e aos projetos do Governo
Federal. Definição e Finalidade
Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será feita por
meio de ofício ao Presidente da República. Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de decre-
tos e portarias pessoais (nomeação, promoção, ascensão, transferência,
Art. 4º Os pedidos de acesso às informações de que trata o art. 3o,
readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remo-
qualquer que seja a sua natureza, deverão ser formulados por escrito e
ção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade e aposentadoria),
encaminhados ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da
para que seja corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro
República, a quem competirá requisitar dos órgãos e entidades da Admi-
na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, etc.), desde
nistração Pública Federal os dados solicitados pela equipe de transição,
que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.
observadas as condições estabelecidas no Decreto no 4.199, de 16 de
abril de 2002. Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apostila deve ser
Art. 5º Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão encaminhar feita pelo Ministro de Estado que o propôs.
ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República as Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por aposti-
informações de que trata o art. 4o, as quais serão consolidadas pela lamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signatário da portaria.
coordenação do processo de transição. Nos dois casos, a apostila deve sempre ser publicada no Boletim de
Art. 6º Sem prejuízo do disposto nos arts. 1o a 5o, o Secretário- Serviço ou Boletim Interno correspondente e, quando se tratar de ato
Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executivos dos Ministé- referente a Ministro de Estado, também no Diário Oficial da União.
rios informações circunstanciadas sobre:
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio de apostila
I - programas realizados e em execução relativos ao período do man- é evitar que se sobrecarregue o Presidente da República com a assinatura
dato do Presidente da República; de atos repetidos, e que se onere a Imprensa Nacional com a republica-
ção de atos.
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APOSTILAS OPÇÃO
Forma e Estrutura Os setores de atividades tecnológicas e de ciências exatas, as gran-
A apostila tem a seguinte estrutura: des empresas industriais e as entidades de pesquisa científica foram os
a) título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: primeiros a manifestar a necessidade de estabelecer serviços especializa-
dos, com o objetivo de facilitar aos especialistas a obtenção de informa-
APOSTILA; ções e dados mais atualizados referentes aos trabalhos e pesquisas em
b) texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser andamento. Desde meados do século XIX, os serviços de referência
iniciada com a remissão ao decreto que autoriza esse procedimento; bibliográfica das bibliotecas especializadas, sobretudo as americanas, já
c) data, por extenso: haviam compreendido a necessidade de um trabalho específico para
Brasília, em 12 de novembro de 1990; facilitar a localização de livros, artigos e documentos e também para
d) identificação do signatário, abaixo da assinatura: prestar auxílio direto à busca de dados e informações específicas de seus
consulentes.
NOME (em maiúsculas)
História
Secretário da Administração Federal
A organização racional da informação e da documentação levou Paul
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser mencio-
Otlet, em colaboração com Henri La Fontaine, a fundar, em Bruxelas, em
nada a data de publicação da apostila no Boletim de Serviço ou no Boletim
1895, o Instituto Internacional de Bibliografia. Como primeira tarefa, a
Interno.
instituição organizou um catálogo em fichas da produção bibliográfica
Exemplo de Apostila: mundial. Na ordenação temática das fichas, adotou-se o sistema de
“APOSTILA classificação decimal que, devidamente atualizado e aperfeiçoado, se
O cargo a que se refere o presente ato foi transformado em Assessor transformou no sistema de classificação decimal universal (CDU). Em
da Diretoria-Geral de Administração, código DAS-102.2, de acordo com o 1931 o instituto passou a denominar-se Instituto Internacional de Docu-
Decreto no 99.411, de 25 de julho de 1990. mentação e, em 1937, Federação Internacional de Documentação (FID).
Brasília, 12 de novembro de 1990. O primeiro projeto de trabalho, de organização sistemática da bibliografia
mundial, foi abandonado, mas a federação ampliou-se e passou a congre-
gar grande número de entidades de diferentes países, num programa que
NOME tem por finalidade facilitar a comunicação dos conhecimentos e a consulta
Subchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República” de todos os dados e informações disponíveis. Em Varsóvia, em 1959, foi
aprovado pelos membros da FID, reunidos em sua 25ª conferência geral,
um plano de longo prazo que previa a criação, em todo o mundo, de uma
rede de informações técnicas e científicas a serviço de estudiosos e
pesquisadores de todos os países. Os trabalhos desenvolvidos pela
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
3 Noções de Arquivologia (UNESCO) têm os mesmos objetivos da FID e são realizados em coope-
3.1 Conceitos Fundamentais de Ar- ração mútua com entidades internacionais de biblioteconomia e bibliogra-
quivologia. 3.2 Gestão de Documen- fia.
tos. 3.3 Instrumentos de Gestão de Em grande número de países foram organizados centros ou serviços
Documentos. 3.4 Protocolo. 3.5 Legis- de documentação e realizados congressos para discussão e estudo de
lação Arquivística. 3.6 Documentos problemas referentes aos trabalhos de documentação, inclusive as rela-
Arquivísticos Digitais. ções entre documentação e bibliografia, biblioteconomia, museologia e
arquivologia. A documentação passou a ter assim um sentido mais amplo
e a incluir todas as técnicas de análise da produção bibliográfica, produ-
ção e controle de traduções, técnicas de controle da informação, mecani-
ARQUIVO zação de informações e reprodução fotográfica de documentos, trabalhos
O imenso volume de informações gerado a partir do século XIX e ampli- de referência em suas mais diversas formas e publicação e divulgação de
ado extraordinariamente no século XX seria de pouca utilidade se não informações. Estabeleceu-se assim uma íntima relação entre essas áreas
pudesse ser localizado para consulta por meio das técnicas da documenta- e acentuou-se a tendência da documentação para englobar atividades que
ção. antes eram da competência de bibliotecas e bibliotecários.
Conjunto de técnicas que têm por objetivo a elaboração, produção, Paralelamente, e por força das iniciativas citadas, criou-se em diferen-
sistematização, coleção, classificação, distribuição e utilização de docu- tes países a profissão de documentarista (também denominada documen-
mentos de qualquer natureza, a documentação permite que se organize o talista), que se ocupa de reunir, classificar, catalogar, informar, editar e
conhecimento ao longo do tempo e o põe à disposição dos consulentes de divulgar informações que, de certa maneira, complementam o trabalho dos
forma conveniente e prática. O campo da documentação se amplia ou bibliotecários, arquivistas, museólogos e restauradores. Como em diver-
restringe de acordo com o conceito de documento. Para o belga Paul sos pontos a biblioteconomia e a documentação se confundem, há polê-
Otlet, autor do primeiro tratado de documentação, documento é o manus- mica entre as duas categorias profissionais, mas a diferença fundamental
crito, livro, revista, jornal, estampa, partitura musical, selo, medalha, entre elas está no grau em que uma ou outra se debruça sobre os docu-
moeda, filme, disco, objeto histórico ou artístico (quando devidamente mentos em busca de informações e no interesse que demonstram na
tombado) e as espécies animais e vegetais classificadas e catalogadas disseminação dessas informações.
em parques zoobotânicos. Enquanto no Reino Unido os documentaristas são chamados de téc-
Com tal amplitude para o conceito de documento, a documentação nicos de informação (information officers), nos Estados Unidos os bibliote-
seria um conhecimento de caráter puramente especulativo, uma vez que é cários resistem à ideia da criação de uma profissão e de organismos que
impossível, na prática, organizar domínio tão vasto. Assim, uma teoria chamem a si a execução de tarefas que julgam caber-lhes de direito e de
geral da documentação se confundiria com a teoria geral da cultura. fato, como parte fundamental das atribuições das bibliotecas, mormente
O crescente volume da produção escrita, que se compõe de muitos das especializadas. Durante algum tempo, os especialistas americanos
milhões de obras impressas desde a invenção da imprensa de caracteres tentaram adotar a palavra comunicação (communication) em lugar de
móveis, obrigou ao estabelecimento de técnicas especiais para organiza- documentação, mas a criação de vários institutos de documentação e a
ção e obtenção de informações e dados necessários a estudos, trabalhos circulação da palavra pelo mundo contribuíram para que fosse finalmente
de múltiplas ordens e pesquisas. Nas bibliotecas, museus, arquivos e aceita em seu significado mais moderno.
centros de pesquisas e informações bibliográficas, foram instituídos pro- O Brasil pode ser considerado pioneiro nesse setor, fato comprovado
cessos e normas especiais para registro da documentação existente, pela data de criação de seus organismos de documentação e do reconhe-
controle e manuseio da produção bibliográfica e dos conhecimentos em cimento profissional do documentarista, termo preferido na lei que classifi-
geral. ca as carreiras e cargos do serviço público brasileiro. Manuel Cícero
Conhecimentos Específicos 73

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