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1. Será o SGQ um “Papão”?
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própria maturidade relativamente a estas questões. Alguns dos aspectos que para isso
contribuem, são entre outros, como vimos, o próprio conhecimento sobre os processos
da Qualidade e sobretudo a experiência vivida ou mesmo contada sobre a
implementação dos Sistemas de Gestão da Qualidade.
Quando observamos esta temática, importa desde logo analisar os objectivos definidos
pelas organizações, pelos seus quadros dirigentes, para a necessidade da implementação
de um SGQ. Importa perceber se a sua tomada de decisão tem por base um conceito da
qualidade como um processo que permite alcançar a melhoria continua, ou se, algum
outro factor, como por exemplo ser vista essencialmente como um veiculo promocional.
Queremos com isto dizer que um SGQ enfrenta algumas condicionantes e algumas
barreiras que tem de ultrapassar, desde a tomada de decisão até à sua implementação.
Algumas das razões para que assim aconteça já foram anteriormente enunciadas, mas
importa aqui realçar, para o propósito deste texto, que há quase um distanciamento
“natural” destes processos por parte de algumas áreas das organizações, a par de
algumas classes profissionais menos sensibilizadas para estas matérias.
2. O que é o SGQ?
Como afirma Branco (2008:34)«As acções de melhoria são uma peça fundamental de
qualquer Sistema de Gestão da Qualidade».
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Como o gráfico seguinte ilustra, o SGQ é um sistema dinâmico, que através do controlo
de gestão, permite planear, implementar, verificar e actuar.
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A Norma Portuguesa Sistema de Gestão da Qualidade: Fundamentos e vocabulário (NP
EN ISO 9000:2005), identifica oito princípios de gestão da qualidade, que constituem a
base das normas de SGQ da família ISO 9000, e que podem ser adoptados, pelos
responsáveis máximos das organizações, de forma a possibilitar uma melhor
performance da gestão:
b) Liderança
As pessoas em todos os níveis, são a essência de uma organização e o seu pleno envolvimento
permite que as suas aptidões sejam utilizadas em benefício da organização.
f) Melhoria contínua
Uma organização e os seus fornecedores são interdependentes e uma relação de benefício mútuo
potencia a aptidão de ambas as partes para criar valor».
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3. A norma NP EN ISO 9001:2000
As organizações são sistemas, sendo este definido por (Grunig e Hunt, 1984:8) como
«um conjunto organizado de grupos inter relacionados», que interagem, «que resistem
ao longo do tempo e dentro dos limites estabelecidos, respondendo e ajustando-se para
mudar face a pressões do meio ambiente para atingir e manter as suas metas» (Cutlip et
al., 1999:229).
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Segundo Fiske (2005:13), «a comunicação é uma daquelas actividades humanas que
todos reconhecem, mas que poucos sabem definir satisfatoriamente. Comunicação é
falarmos uns com os outros, é a televisão, é divulgar informação, é o nosso penteado, é
a crítica literária: a lista é interminável». Reside aqui precisamente um dos grandes
problemas, quando definimos a comunicação como objecto de estudo, por se tratar de
«algo tão diverso e multifacetado».
Por um lado, esta situação poderá encontrar resposta no facto das relações publicas,
enquanto área estratégica das organizações, «uma função de gestão que visa estabelecer
e manter uma relação mutuante benéfica entre a organização e os seus públicos de cujo
sucesso ou fracasso dependem» (Cutlip e tal., 1999: 6) ser ainda relativamente recente
nas nossas organizações. Esta é uma função ainda pouco reconhecida, em que dela têm
um conhecimento superficial e, muitas vezes, uma imagem distorcida da sua actividade
e importância. Para isso contribui, aquilo que poderá ser designado por um problema de
marca da própria profissão relações públicas. Podemos considerar uma profissão uma
marca, uma vez que esta, «marca, estigmatiza os seus profissionais, tem um valor social,
um valor de mercado, porque distingue aqueles que a observam e aqueles que a
representam, porque tem uma identidade e uma imagem» (Carvalho et al, 2005). Esta
actividade profissional revela problemas de identidade, aparece com diferentes
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designações, ao mesmo tempo que à mesma designação, correspondem geralmente
actividades diversas. Acresce ainda, o próprio campo de acção da comunicação nas
organizações, a sua especificidade, em que o seu contributo é real para atingir os fins
organizacionais mas que revela problemas em evidencia-lo. Como afirma Quintela
(2006:24) «uma boa parte do trabalho desenvolvido pelos responsáveis da comunicação
encontra dificuldades em mensurar esta realidade intangível – apesar de o valor do seu
esforço estar lá, a quantificação do seu contributo para o cumprimento dos fins
organizacionais é um processo complicado. Este ponto explica alguma resistência que a
função de comunicação encontra em alguns gestores (estes cada vez mais reféns dos
números) e o facto de ela não assumir um papel mais preponderante no seio das
organizações».
Assim, podemos considerar o SGQ como um aliado para a área da comunicação das
organizações, para além das características intrínsecas a um SGQ ele apresenta-se
também como um instrumento valioso para evidenciar o trabalho desenvolvido pela
área da comunicação/relações publicas, uma vez que vai espelhar as suas diferentes
actividades, identificar as interacções entre as diferentes partes envolvidas intra e extra
organização, definindo responsabilidades, criando indicadores de avaliação que vão
sendo monitorizados ao longo dos processos, e tudo organizado num sistema que visa a
melhoria continua.
5. A documentação
O SGQ engloba vários processos que por sua vez integram um conjunto de
procedimentos. A documentação produzida começa precisamente pela definição do
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âmbito e objectivos, seguindo-se um fluxograma, onde são identificadas as várias
actividades e interacções, permitindo uma visualização global. Cada uma das
actividades representadas no fluxograma são depois detalhadamente descritas, referido o
respectivo “input” e “output”, o(s) responsável(‘s) e o sistema de documentação.
Seguem-se os indicadores de avaliação, e finalmente são definidos os conceitos e as
siglas utilizadas, mencionados os documentos de referencia, o registo de alterações e os
anexos.
Finalmente, para terminar este ponto, é definido o âmbito da aplicação, que neste caso,
vamos enunciar como toda a informação por parte da organização que tenha como
destinatário os media.
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envolvidas e respectivas interacções, permitindo desta forma uma visão global deste
procedimento.
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1
Aprovação das
Conhecimento dos
Acções de
Factos
Comunicação
Sim
Serviços
Centrais
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1 Sujeito a
Validação das
Conhecimento dos Aprovação da
Acções de
Factos CE?
Comunicação
Departamento de Comunicação
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1
2 Proposta de Elaboração dos
Conhecimento dos Não 1
Análise dos Factos Acções de Conteúdos de
Factos
Comunicação Comunicação
2
Comunicação
Agência de
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Validação dos Intervenção da Realização das Reacção
1 Não Monitorização e Não Fim
Conteúdos de Agência? Acções de necessária?
Avaliação
Comunicação Comunicação
Sim
10
8
Aprovação da
Briefing à Agência
Proposta
2
Comunicação
Agência de
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Elaboração da
Proposta
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Sistema/
Nº Actividade (descrição) Resp.
Documento
Um processo pode ter vários procedimentos, que são monitorizados e avaliados com
vista à melhoria continua. Para isso são criados indicadores específicos. No caso
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poderíamos considerar como indicadores: o tempo de resposta a solicitações dos
jornalistas, o sentido das notícias (positivo/negativo) e a satisfação dos jornalistas. A
monitorização destes indicadores permite identificar desvios, face aos objectivos
definidos e, através de um sistema de alerta é possível accionar um conjunto de medidas
correctivas, em tempo oportuno.
Conclusões
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O Sistema de Gestão da Qualidade apresenta-se como um factor crítico de sucesso, nas
interacções intra e extra organizacionais e na eficácia da comunicação com as diferentes
partes interessadas.
Bibliografia
CARVALHO, Susana, POUPINHA, Luís, QUINTELA, José e, REIS, José Rui (2005)
The Public Relations Brand: Elements for the Structuration of a Concept, comunicação
apresentada em Euprera Lisbon 05 – 7º Congresso Internacional da Euprera, «New
Challenges for Public Relations», Lisboa, 10-13 de Novembro
CUTLIP , Scott M., CENTER, Allen H., e, BROOM, Glen M. (1999), Effective Public
Relations, Prentice Hall International, Inc., 8.ª edição.
FISKE, John (2005), Introdução ao Estudo da Comunicação, Porto, ASA Editores, 9ª.
edição
ROJOT, Jacques (2005), Théorie des Organizations, Pais, Éditions ESKA, 2.ª edição.
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