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FÍSICA E CULTURA -

ZANETIC, J.
FÍSICA E CULTURA -
ZANETIC, J.

Contextualizando a
escrita de J. Zanetic
Tese Doutorado Prof. João Zanetic como tema Física também é
cultura

A tese de doutorado do Zanetic foi em 1989 •Em 2019, Martins escreve outro livro, 30
na Faculdade de Educação da Universidade de anos da tese do Zanetic , transição política e
contribuições para pensar em nova
São Paulo para obtenção título de Doutor ; conjuntura, democracia, liberdade de
ensinar e aprender e a percepção da ciência.
● Professor orientador Luís Carlos Meneses;.
● Em seu resumo “parte de uma avaliação crítica do
ensino de física no segundo grau”, hoje ensino médio;
● Analisa as consequências dessas ações que buscam
prescrever atividades, leituras e inserções nos cursos
para superação dos reflexos apontados em suas
críticas;
● Em 2009 foi lançado pelo André Ferrer P. Martins um
livro como uma análise crítica do ensino de Física,
com o seguinte questionamento “Será que
caminhamos na perspectiva de concretização de um
ensino de física como preconizado por Zanetic em sua
tese?”
ESTRUTURA

O texto é dividido em 3 partes:

● Física e cultura na escola

● Física e cultura no contexto social e cultural

● Física e cultura na literatura


PARTE I - FÍSICA E
CULTURA

NA ESCOLA
FÍSICA ESOTÉRICA
MUNDO DA CULTURA
ENSINO DE FÍSICA

● CONCEITUAÇÃO TEÓRICA; ● EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA;

● EXPERIMENTAÇÃO; ● CRÍTICA;

● HISTÓRIA DA FÍSICA; ● ATIVA;

● FILOSOFIA DA CIÊNCIA; ● ENGAJADA PELA LUTA PELA


● LIGAÇÃO COM A SOCIEDADE E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.
OUTRAS ÁREAS DA CULTURA.
Freire: curiosidade epistemológica

“Não é a curiosidade espontânea que viabiliza a


tomada de distância epistemológica. Essa tarefa
cabe à curiosidade epistemológica – superando a
curiosidade ingênua, ela se faz mais
metodicamente rigorosa. Essa rigorosidade
metódica é que faz a passagem do conhecimento
ao nível do senso comum para o conhecimento
científico. Não é o conhecimento científico que é
rigoroso. A rigorosidade se acha no método de
aproximação do objeto”
Einstein: curiosidade epistemológica

(...) como estudantes, éramos obrigados a


acumular essas noções em nossas mentes para os
exames. Esse tipo de coerção tinha (para mim) um
efeito frustrante. (...) Na verdade, é quase um
milagre que os métodos modernos de instrução
não tenham exterminado completamente a
sagrada sede de saber, pois essa planta frágil da
curiosidade científica necessita, além de estímulo,
especialmente de liberdade; sem ela, fenece e
morre. É um grave erro supor que a satisfação de
observar e pesquisar pode ser promovida por meio
da coerção e da noção de dever.
Autobiografia de Einstein (1946)

Exemplos de suas curiosidades epistemológicas:

● Agulha da bússola, aos 5 anos;

● Geometria plana de Euclides, aos 12 anos;

● Perseguição a um raio luminoso, aos 16 anos.


PARTE II - FÍSICA E
CULTURA
NO CONTEXTO SOCIAL E
CULTURAL
Revolução Copernicana e Galilaica

"A reforma astronômica não é, contudo, o


único sentido da Revolução. Outras alterações
radicais sobre o conhecimento da natureza
seguiram-se à publicação do De revolutionibus
de Copérnico, em 1543. Muitas dessas
inovações, que culminaram, um século e meio
depois, na concepção newtoniana do universo,
foram subprodutos inesperados da teoria
astronômica de Copérnico." Thomas Kuhn
Sociedades Científicas

Até a época de Kepler (1571-1630)


e Galileu (1564-1642), haviam poucas
trocas de informações entre os
cientistas.

Posteriormente, o surgimento das


sociedades científicas transformou o
relacionamento entre os cientistas e
possibilitou que as ciências naturais se
tornassem uma instituição social.
Sociedades Científicas - Século XVII

Movidas pelo cultivo da teoria e da prática, as


ciências possibilitaram o aprimoramento do comércio,
da mineralogia e da técnica militar.
As ciências possibilitaram a melhoria nos
transportes marítimos, com maior precisão na
determinação de latitude e longitude, nas minas e no
lançamento de projéteis.
Nesta época viveram Isaac Newton (1642-1727),
Robert Boyle (1627-1691) e Christiaan Huygens
(1629-1695).
Sociedades Científicas: Século XX

A ciência protagonizou consequências sociais,


por vezes positivas. Outras vezes, a ciência foi usada
para criar horrores como as bombas atômicas.

“Nós cientistas, cujo trágico destino tem sido


ajudar a produzir métodos de aniquilamento cada
vez mais horríveis e eficazes, precisamos considerar
que é também nosso solene e transcendente dever
fazer tudo que pudermos para evitar que essas
armas sejam usadas no brutal propósito para o qual
foram inventadas”
PARTE III - FÍSICA E
CULTURA

NA LITERATURA
Poema escrito pelo professor de física/poeta português,
António Gedeão.

"Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,

aquele teu retrato que toda gente conhece,

em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce

sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria do Ofícios da tua velha


Florença.

(Não, não, Galileu! Eu não disse Santo Ofício. Disse


Galeria dos Ofícios).
Existe o trabalho como crítico de arte do físico Mário
Schenberg  com o livro Crítica e Criação da Ed USP

A Busca de Fundamentos: A Essência da


Crítica de Arte
Uma Forma de Divulgar a Arte: Críticos de
Arte Catálogo como Lugar de Crítica
A Crítica como Incentivo e Mediação: “Não
Ter Pressupostos”
Arte e Ciência: “Melhor Comunicação entre
os Homens”
Artes e Esculturas cinéticas

Movimento Artístico moderno das artes


plásticas em Paris década de 50;
● Arte abstrata , efeito de ótica, obra móvel.
● Maiores nomes: Alexander
Calder (1898-1976), Móbiles” (desenho em
quatro dimensões);
● Marcel Duchamp (1887-1968);
● Equipo 57” (1957), “Groupe de Recherche
D'Art Visuel” (1960), na França; e o Grupo
Zero (1958), na Alemanha.

How to Make a Kinetic Sculpture - YouTube

7 Incredible Kinetic Sculptures - YouTube


As ideias

A relação entre ciência e cultura fica mais


evidente nesta parte do texto, uma vez que são
citados diversos exemplos na literatura que
podem ter contribuído para as ideias científicas
que vieram posteriormente.
Nesta parte, Zanetic também cita como a
literatura caminhou lado a lado com a ciência,
na construção de novas interpretações e no
próprio debate de ideias. Alguns cientistas,
inclusive, produziram literatura.
Paradigma aristotélico-ptolomaico

“As partes deste céu são tão uniformes,


que eu não posso dizer qual Beatriz escolheu
para meu lugar. Mas ela, que via o meu desejo
de saber, começou, sorrindo tão alegre, que no
seu rosto parecia regozijar-se o próprio Deus:
deste céu começa a natureza do mundo como
do seu princípio, fazendo que a Terra seja firme
no centro do universo e as outras partes em
torno se movam”
Literatura e ciência

Escritores e estudiosos da “(...) a poética do Barroco reage a uma


nova visão do cosmo introduzida pela
linguagem investigaram a relação entre revolução copernicana, sugerida quase em
a literatura e a física: termos figurativos pela descoberta da
elipticidade das órbitas planetárias por Kepler
● Edgar Allan Poe (1809-1849) – descoberta que põe em crise a posição
privilegiada do círculo como símbolo de
● Émile Zola (1840-1902) perfeição cósmica. Assim como a
● Umberto Eco (1932-2016) pluriperspectiva da construção barroca se
● Richard Dawkins (1941) ressente desta concepção – não mais
geocêntrica e, portanto, não mais
antropocêntrica – de um universo ampliado
rumo ao infinito (...)”
Kepler e Literatura

Kepler é autor de uma novela chamada Sonho ou astronomia da Lua, que sob
influência das descobertas de Galileu e por suas próprias ideias sobre a gravidade.
“O choque inicial [de aceleração] é o pior, pois o viajante é atirado para cima como
numa explosão de pólvora (...) Deve, portanto, ser entorpecido por narcóticos, tendo os
membros cuidadosamente protegidos para não serem arrancados e para que o recuo
se distribua por todas as partes do corpo (...) Quando a primeira parte da viagem
estiver terminada, será mais fácil, porque em jornada tão longa o corpo escapa
indubitavelmente à força magnética da Terra e penetra na da Lua, de modo que esta
vence. (...) visto que tanto a força magnética da Terra como a da Lua atrai o corpo e o
mantém suspenso, o efeito é como se nenhuma delas o atraísse. No fim, a sua massa,
por si própria, se voltará para a Lua”
As investigações de Dawkins

Dawkins observou o descontentamento de


Keats (1795-1821) e Goethe (1749-1832) com
as descobertas de Isaac Newton. Keats
escreveu um poema contando que Newton
vulgarizou o arco-íris e Goethe recusava a
óptica. Para Dawkins, os poetas não se
dispuseram a compreender a mensagem
construída pela ciência, mas que poderiam
passar a contemplar as descobertas caso
tivessem tido uma educação científica.
Émile Zola e o positivismo

“Não somos nem químicos, nem físicos, nem


fisiólogos; somos simplesmente romancistas que
nos apoiamos nas ciências. (...) o romancista
experimentador nada mais é senão um cientista
especial que emprega o instrumento dos outros
cientistas, a observação e a análise. (...) O artista
parte do mesmo ponto que o cientista; ele se
coloca diante da natureza, tem uma ideia a priori e
trabalha segundo esta ideia. Ele só se separa do
cientista se levar sua ideia até o fim, sem verificar
a sua exatidão pela observação e experiência.”
As ideias que ficam no ar

“(...) se a arte reflete a O escritor russo F. Dostoiévski


realidade, é fato que a reflete (1821-1881) escreve em Os irmãos
com muita antecipação.”
Karamazov que a geometria euclidiana não
Umberto Eco.
servia mais ao propósito de explicação do
mundo físico.

Em A máquina do tempo, H. G. Wells


(1866-1946) reflete que a linha matemática,
sem espessura, não tinha lugar no mundo
real.
O que seria da física sem a cultura?

“(...) essa planta frágil da


curiosidade científica
necessita, além de
estímulo, especialmente de
liberdade”
Quanta - YouTube

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