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Dinis Tsutsumela

Eclidio Manuel
Hélio José Sendela
Idelton dos Santos Pedro Matsinhe
Nina Isabel Dinis

PATRIMÓNIOS CULTURAIS IMATERIAIS MOÇAMBICANOS E FORMAS DE


APROPRIAÇÃO TURÍSTICA

Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento Sustentável das Comunidades

Universidade – Save
Massinga
2023
Dinis Tsutsumela
Eclidio Manuel
Hélio José Sendela
Idelton dos Santos Pedro Matsinhe
Nina Isabel Dinis

PATRIMÓNIOS CULTURAIS IMATERIAIS MOÇAMBICANOS E FORMAS DE


APROPRIAÇÃO TURÍSTICA POPULARES

Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento Sustentável das Comunidades

Trabalho a ser apresentado a Universidade


Save-Extensão de Massinga, Mestrado em
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável das
Comunidades no Módulo de Turismo e
Património para fins avaliativos.

Docente: Prof. Doutor Carlitos Luís Sitoie

Universidade – Save
Massinga
2023
Índice

1.Introdução .................................................................................................................................... 4

1.1. Objectivos da Pesquisa…………………………...…………………………………………..5

1.1.1. Geral………………………………………………………………………………………..5

1.1.2. Específicos………………………………………………………………………………....5

1.2.Metodologia .............................................................................................................................. 6

2. Patrimónios culturais imateriais moçambicanos e formas de apropriação turística ................... 7

2.1. Património cultural……………………………………………………………………………7

2.2. Patrimónios Culturais Imateriais……………………………………………………………...9

2.3.Protecção do património cultural .......................................................................................... 155

2.4. Formas de apropriação turística moçambicana……………………………………………...16

Conclusão.................................................................................................................................... 188

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 199


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1.Introdução

Em Moçambique, a Lei do Turismo define o Turismo como um conjunto de actividades


profissionais relacionadas com o transporte, alojamento, alimentação e actividades de lazer
destinadas a turistas (Lei n° 4/2004).

Esta actividade caracteriza-se por ser dinâmica e indispensável para o homem, pois lhe permite
buscar experiências de vária ordem nos locais por onde este turista passa.

O estudo tem como objectivo central conhecer os patrimónios culturais imateriais moçambicanos
e formas de apropriação turística. O mesmo baseou-se na revisão bibliográfica, com recurso a
literatura referente ao tema em estudo.

Estruturalmente, o trabalho apresenta os objectivos, aspectos metodológicos, património cultural,


bens culturais materiais e bens culturais imateriais; protecção do património cultural; conclusão e
referências bibliográficas.
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1.1.Objectivos

1.1.1. Geral

 Conhecer os patrimónios culturais imateriais moçambicanos e formas de apropriação


turística

1.1.2. Específicos

 Conceituar património cultural;


 Descrever os patrimónios culturais imateriais moçambicanos e formas de apropriação
turística;
 Explicar as formas de apropriação turística moçambicana.
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1.2.Metodologia

O estudo baseou-se na revisão bibliográfica, tendo recorrido-se à informações disponíveis na


internet, livros, testes e outros materiais referentes a temática em estudo. Fez-se a leitura desses
materiais e posteriormente a compilação dos dados julgados pertinentes. As obras consultadas
encontram-se listadas em bibliografia no final do trabalho.
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2. Patrimónios culturais imateriais moçambicanos e formas de apropriação turística

2.1. Património cultural

O património em Moçambique tem forte presença colonial, notadamente em seus monumentos,


mas há também a preocupação em construir novos monumentos que reflitam a realidade actual.
O Governo de Moçambique reconhece o papel da Cultura como componente determinante da
personalidade dos moçambicanos e considera a sua valorização um elemento fundamental para a
consolidação da Unidade nacional, da identidade individual e de grupo (Constituição da
República de Moçambique, 1975).

Em 2008, foram classificados os Locais históricos da Luta de Libertação nacional: Matchedje,


nwadjahane e Chilembene, no âmbito do patrimônio nacional. Note-se que os sítios da Luta de
Libertação nacional têm grande importância para o Governo de Moçambique, tanto que mesmo
antes da Ilha de Moçambique ser reconhecida como patrimônio nacional, ainda que fosse já
patrimônio Mundial, os sítios da Luta de Libertação nacional se tornaram patrimônio nacional
(IPHAN, 2015)

Os bens patrimoniais representam uma narrativa sobre a trajectória, ou ainda o que se busca ser,
e sua preservação significa contemplar a diversidade, permitir e assegurar que vários tipos do
fazer humano se perpetuem. É uma forma de permitir que as gerações futuras tenham acesso à
ancestralidade e a herança cultural da nação.

PALMER (2009) considera esta relação como o aspecto que liga uma geração à outra, processo
no qual se adoptam e adaptam maneiras de Ser, Estar e Fazer que são depois enquadradas no
conceito de Cultura.

Smith (2010), faz referencia a conotação política que pode ser atribuída á noção de património, o
que contribui para que discursos como os de revitalização do orgulho nacional e da própria
identidade nacional, possam ser usados para reforçar ideais políticos.

Actualmente, a conceituação do patrimônio cultural inclui três grandes categorias: os elementos


pertencentes à natureza, os elementos não tangíveis – como o conhecimento, as técnicas, o saber
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e o saber fazer – e toda a sorte de objectos obtidos a partir do meio ambiente e do saber fazer
(LEITE, 2011).

O património cultural gera e fomenta uma solidariedade orgânica entre os membros do corpo
social, uma coesão ou convergência mental traduzida no sentimento de pertença a uma mesma
comunidade – comunidade de origem, comunidade de destino (MENDES, 2012)

De acordo com Boletim da República (Lei nº 10/88 de 22 de Dezembro), define Património


Cultural como sendo o conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo povo
moçambicano ao longo da História, com relevância para definição da identidade cultural
moçambicana.

Na óptica Jopela (2014) Património cultural é conjunto de bens tangíveis e intangíveis, que
constituem a herança de um grupo de pessoas e que reforçam, emocionalmente, o seu sentido de
comunidade com uma identidade própria, sendo percebidos por outros como característicos.

Tipos de Património Cultural e seus exemplos

Património cultural
Património Material Património imaterial
Bens Culturais Movies Bens Culturais Móveis Musica
Obras arquitectónicas Manuscritos antigos Dança
Monumentos Objectos etnográficos Literatura
Estacões arqueológicos Obras de arte plásticas Teatro
Locais Históricos Objectos de arte popular Tradição oral
Centros históricos Colecções museológicas Praticas sócias
Paisagens culturais Instrumentos líticos Artesanato
Jardins botânicos Moedas e medalhas Religiões
Elementos naturais Cerimonias
Fonte: (Jopela, 2014, p. 06).

2.2. Patrimónios Culturais Imateriais


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Compreendem-se como sinônimas as expressões patrimônio intangível, cultura tradicional e


popular ou patrimônio oral, todas igualmente problemáticas e simplificadoras do ponto de vista
conceitual. Quanto à expressão patrimônio oral, ela dá ênfase ao modo de transmissão dessas
manifestações culturais e não supera os problemas conceituais contidos nas expressões
patrimônio imaterial ou intangível. A expressão cultura popular e tradicional tende a excluir
expressões contemporâneas e pode vincular critérios rígidos de temporalidade, classe e
autenticidade (LEITE, 2011).

Segundo a UNESCO o Património Cultural Imaterial pode ser definido como a manifestação
patrimonial da porção intangível da herança cultural dos povos, incluindo as tradições, o folclore,
as línguas, as festas e outras manifestações.

A Convenção para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovado pela UNESCO em


17 de Outubro de 2003, consiera Património Cultural Imaterial como aquele que se manifesta por
meio de expressões e tradições orais, pelas artes performáticas e práticas sociais, incluindo
rituais e eventos festivos, por conhecimentos e práticas relacionados à natureza e pelo artesanato
tradicional.

A UNESCO passou a definir patrimônio cultural imaterial como sendo as práticas, as


representações, as expressões, os conhecimentos e as técnicas, bem como os instrumentos,
objectos, artefatos e lugares que lhes são associados, além das comunidades, dos grupos e, em
alguns casos, dos indivíduos que se reconhecem como parte integrante dessa riqueza de recursos.

Bens imateriais são os que constituem elementos essenciais da memória colectiva do povo, tais
como história da literatura oral, as tradições populares, os ritos e o folclore, as próprias línguas
nacionais e ainda obras do engenho humano e todas as formas de criação artística e literária
independentemente do suporte ou veiculo por que se manifestem (Lei no 10/88 de 22 de
Dezembro)

O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, sendo, constantemente, recriado pelos


povos, em razão de seu ambiente, de sua interacção com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade
cultural e à criatividade humana.
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A titulo de exemplo, o património cultural imaterial na Vila de Massinga também manifesta-se


pela indústria de técnicas artesanal constituída por padarias, carpintarias, serralharias, latoarias,
Agro-processamento (moageiros, e maquinetas de processamento de mandioca) e serrações.
Refere-se aqui segundo este documentado que, o nosso país possui um património importante no
domínios da música, dança e teatro, e tem produzido artistas de renome” (Boletim da República
de Moçambique, Lei nº 12/97 de Junho).
As danças e manifestações culturais estão sempre presentes em ocasiões comemorativas e nas
cerimónias tradicionais, festas de colheita, casamentos, divertimentos nocturnos e competições.
As danças do distrito de Massinga são: Semba, Xigubo, Xibavane e Ndzhumba. Estas danças são
praticadas em quase todas as Localidades. Além das danças mencionadas anteriormente,
praticam-se ainda Xizimba, Xigadigadi, Xizinguiri, Xidavatela nas partes do litoral e a parte
Norte do Distrito. Na parte Sul, em Malova, o Mapiko e o Nyau que têm sido desenvolvidos
pelos veteranos da luta de libertação Nacional (Plano do Desenvolvimento do Distrito para 2017-
2026, S/d, p. 7).

Tabela 1. Danças comuns no distrito da Massinga

Tipos de dança Instrumentos Dançarinos


Ndzhumba Batuque, timbila, marongue, magoxe, escudo, Homens e mulheres
azagaia e apito.

Xibavaneee e Pedaços de bambú, madeira, apitos e magoxe. Homens e mulheres


Semba

Xigubo e Batuque, magoxe, apitos e pedaços de madeira Homens e mulheres


Xizinguiri

Fonte: Plano do Desenvolvimento do Distrito para 2017-2026 (S/d, p. 7).


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Identificação de manifestações do PCI em Moçambique, suas ameaças e riscos


Manifestação Domínio Tipo Riscos Ameaças

Banalização da bebida; Mudanças na cosmovisão


Derrube das árvores devido à expansão comunitária; Comercialização da
Ukanyi Ritual Religioso
urbana; bebida
Queimadas descontroladas.
Redução da disponibilidade de Ukanyi; Desaparecimento dos convívios.
Ukanyi Acto festivo Social
Associação das festas do Ukanyi ao adultério.
Indumentária onerosa; Desvalorização da Redução drástica dos grupos;
Comunicação e
Makwayela Dança dança em função de outras modernas Desaparecimento com o tempo.
expressão
(Pandza);
Fusão com outros ritmos musicais. Escassez Adulteração do estilo musical e da
Comunicação e
Marrabenta Dança e música de registos; coreografia
expressão
Baixa profissionalização dos músicos; Perda de memória;
Comunicação e Estigmatização da dança; Desaparecimento da dança.
Zore Dança
expressão Redução dos participantes.
Falta de rigor na indumentária; Bibliografia Perda da originalidade;
Comunicação e
Xigubu Dança Guerreira escassa; Escassez de matéria prima; Redução Desaparecimento; Adulteração das
expressão
dos praticantes. vestes.

Gwaza Comunicação e Venda do Ukhanyu; Raridade do hipopótamo; Falta de solidariedade; Perda de


expressão/Ritua Ritual Banalização do ritual;
Muthini memória histórica;
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Fraca transmissão de conhecimento entre Desaparecimento da dança.


Danças Comunicação e
Dança gerações; Secretismo; Envelhecimento dos
Mandlozi expressão/Ritual
praticantes.
Ritos de Ritual Mudanças climáticas; Descrédito dos líderes comunitários;
Ritual
Chuva Propiciatorio Envelhecimento dos praticantes. Desaparecimento do ritual.
Comunicação e Massificação da actividade. Escassez de Recursos
Escultura em
expressão/Técnicas Escultura
Pedra Sabão
artesanais
Comunicação e Único grupo; Conhecimento restrito a uma Desaparecimento.
Enowa Dança/Medicin
expressão/Técnicas família.
Niketxe a tradicional
associadas a natureza
Fraca transmissão e envolvimento dos Redução do número de grupos
Comunicação e
Niketxe Dança jovens; Globalização. Falta de interesse dos Desaparecimento com o tempo.
expressão
jovens pela dança;
Redução do número de praticantes; Desaparecimento com o tempo.
Comunicação e
Nsiripwite Dança Envelhecimento dos praticantes; Falta de
expressão
interesse dos jovens pela dança.
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Introdução de elementos externos (novos Perda da originalidade;


Comunicação e conteúdos, uso de novos adereços,
Tufo Dança
expressão adulteração das vestes, novos contextos e
espaços de actuação).
Conhecimentos e Comercialização do produto fora da época; Adulteração e perda de e originalidade,.
Matago Culinária
técnicas artesanais
Gwaza Comunicação e Venda do Ukhanyu; Raridade do Falta de solidariedade; Perda de
Ritual
Muthini expressão/Ritual hipopótamo; Banalização do ritual; memória histórica;
Frango a Conhecimentos e Comercialização massiva do Adulteração e perda da originalidade
Culinária
Zambeziana técnicas artesanais produto.
Dificuldade de acesso ao matéria- prima para Perda da originalidade do som;
Dança/ o fabrico dos adereços e instrumentos de
Comunicação e
Nyau Música/Ritual/ música (pele de búfalo, penas de aves, etc.);
expressão/Ritual
Artesanato. sobreposição do calendário escolar ao
calendário dos ritos.
Comunicação e Ausência de estudos sobre o instrumento, Perda da originalidade;.
Música/Artesan
Mbira expressão/Técnicas Escassez de
ato
artesanais informação;
Escassez de matéria-prima para confecção Perda da originalidade do som; Redução
Comunicação e dos adereços e instrumentos (Mwenje, cera dos grupos; Desaparecimento da
Timbila Dança; Música
expressão de abelha, peles, penas de aves, etc.); manifestação.
Envelhecimento dos praticantes.
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Comunicação e Não há risco. Não há ameaça.


Mapiko Dança/Musica
expressão
Comunicação e Baixo número de praticantes; escassez de Desaparecimento da dança.
Kirimu Dança
expressão informação.
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2.3.Protecção do património cultural

Em nosso mundo, a transmissão do património de geração a geração está seriamente ameaçada,


entre outros factores, pela industrialização, pelo crescimento das cidades, pelos conflitos
armados, pela degradação do meio ambiente, pelas consequências do turismo de massa
desordenado (MARTA, 2002).

A politica de preservação do património histórico-cultural compreende o processo de protecção,


promocão e gestão dos bens culturais de natureza material e imaterial, a fim de garantir o
fortalecimento da identidade nacional, regional, local e o acesso à memória.

A experiência mostra que só uma comunidade consciente e engajada na preservação de seu


património, como recurso de seu desenvolvimento económico no presente, pode enfrentar as
demandas do turismo sem ser engolida por ele no futuro. Assim, a saída para a preservação é
capacitar a comunidade para assimilar e explorar, em seu favor, as pressões do progresso e do
desenvolvimento.

Mubai (2014) reforça segundo o qual o crescimento, a estagnação ou o recuo do Turismo e da


sua importância económica e cultural nacional, foi sendo em resposta das necessidades e
políticas de momento.

Esta variação em termos de nível de prioridade para o desenvolvimento deste sector acaba por
criar a ideia de falso desenvolvimento, dado que o fluxo turístico ao longo dos anos foi passando
uma impressão economicamente positiva mas que depois não se reflecte, efectivamente na
balança de receitas, algo igualmente partilhado por Comoane (2009).
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2.4. Formas de apropriação turística moçambicana

Moçambique é um país com enorme diversidade de produtos turísticos desde praias com águas
cristalinas, um património cultural bastante rico e zonas florestais de grande valor a nível
mundial. Com este vasto leque de riquezas naturais, Moçambique está num bom caminho para
lançar-se no mercado económico competitivo embora seja necessário traçar planos estratégicos
viáveis no que diz respeito a sua implementação, com vista a divulgação em prol do
desenvolvimento do Turismo em Moçambique (MICUTUR, 2016).

O turismo de base local actua como actividade articuladora em prol do fortalecimento da cultura
do lugar, em que o morador tem na prática as implicações sociais que contribuem para o
fortalecimento da identidade e da memória ao visualizar na cultura um potencial que vai muito
além de sua apresentação como mercadoria para roteiros turísticos sofisticados (Gastal, 2002).

Para Bispo (2014, p. 133), Todavia, existem várias formas de apropriação da cultura em função
da actividade turística:

 A educação patrimonial: que tem nos bens culturais sua fonte primária como atributo
de fortalecimento da identidade local e da cidadania, fazendo com que a comunidade
perceba suas potencialidades a partir de suas heranças culturais, através de um
reconhecimento plausível de seus valores. A educação patrimonial pode ser assim um
instrumento de ‘alfabetização cultural’ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do
mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajectória
histórico-temporal em que está inserido (Bispo 2014, p. 136)

Até chegar ao processo de apropriaç`ao, a educação patrimonial passa por três procedimentos
que colaboram com despertar do sentimento de pertencimento: observação, registo e exploração
(Bispo 2014, p. 136)

A etapa de observação actua com a percepção sensorial dentro de cinco sentidos cognitivos:
audição, visão, tacto, paladar e olfacto. Os moradores são estimulados por meio de perguntas,
jogos, experimentos, relatos, ou seja, de dinâmicas que os envolvem e façam com que eles
explorem ao máximo os bens patrimoniais de sua comunidade, a partir dos seus órgãos
sensoriais.
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O registo é a maneira pela qual o morador expressará o que ele pensa, o que ele visualiza seu
pensamento através de um desenho, de uma fotografia, de uma música, de uma poesia, de um
mapa, etc., ou seja, seu conhecimento sobre os bens culturais da sua localidade, como ele se vê a
partir deles.

A terceira etapa consiste na exploração, que é o momento da reflexão sobre os registos


produzidos por eles, ou por jornais, revistas e fotografias. Esta fase ajuda a despertar o senso
crítico, interpretando os símbolos e seus significados. O sentimento de pertencimento a partir do
processo de apropriação é consentido aos poucos. É proveniente de uma forma de lpidação,
estimula as memórias das experiências vividas nas comunidades. Na apropriação, o morador vai
acionar sua criatividade no sentido de demonstrar o que foi apreendido durante as fases
anteriores, estimulndo-o externar o seu entendimento de preservação, valorização sobre os bens
culturais que lhes fazem parte, por meio de uma expressão, de uma apresentação que cause
reconhecimento, percepsão da identidade e de um prévio planeamento elaborado pelos
moradores para actuaç~ao da actividade turística em sua localidade (Bispo 2014, p. 137)

 A singularidade cultural das comunidades seja no âmbito material ou imaterial: é


um dos atractivos que levam um grande número de pessoas a se deslocarem por diversos
lugares do mundo em busca de satisfazer a curiosidade, em busca de ter contacto com
práticas e lugares diferentes dos seus. São elementos peculiares, outros tantos fantasiosos
que transformam a prática num espectáculo comummente apresentado em formas, cores,
fazeres, saberes, materializado em construções diversas, cujo tempo e o espaço são
resquícios guardados e teatralizados por um imaginário propenso a ser cortês com o
mundo das fantasiais (Bispo 2014, p. 135)
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Conclusão

De acordo com Boletim da República (Lei nº 10/88 de 22 de Dezembro), define Património


Cultural como sendo o conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo povo
moçambicano ao longo da História, com relevância para definição da identidade cultural
moçambicana.

O património em Moçambique tem forte presença colonial, notadamente em seus monumentos,


mas há também a preocupação em construir novos monumentos que reflitam a realidade actual.
O Governo de Moçambique reconhece o papel da Cultura como componente determinante da
personalidade dos moçambicanos e considera a sua valorização um elemento fundamental para a
consolidação da Unidade nacional, da identidade individual e de grupo (Constituição da
República de Moçambique, 1975).
Os tipos de Património Cultural e seus exemplos são: Património Material: Bens Culturais
Movies (Obras arquitectónicas, Monumentos, Estacões arqueológicos, Locais Históricos,
Centros históricos , Paisagens Culturais, Jardins botânicos, Elementos naturais);
Bens Culturais Móveis (Manuscritos antigos , Objectos etnográficos, Obras de arte plásticas,
Objectos de arte popular, Colecções museológicas, Instrumentos líticos, Moedas e medalhas).
Património imaterial: Musica, Dança, Literatura, Teatro, Tradição oral, Praticas sócias,
Artesanato, Religiões, Cerimonias.
Para Bispo (2014, p. 133), Todavia, existem várias formas de apropriação da cultura em função
da actividade turística a saber:

A educação patrimonial que tem nos bens culturais sua fonte primária como atributo de
fortalecimento da identidade local e da cidadania, fazendo com que a comunidade perceba suas
potencialidades a partir de suas heranças culturais, através de um reconhecimento plausível de
seus valores.

A singularidade cultural das comunidades seja no âmbito material ou imaterial: que é um dos
atractivos que levam um grande número de pessoas a se deslocarem por diversos lugares do
mundo em busca de satisfazer a curiosidade, em busca de ter contacto com práticas e lugares
diferentes dos seus.
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Referências bibliográficas

BISPO, L. M. C. (2014). Em busca do turismo com as cores do lugar: A educação patrimonial


como instrumento de apropriação para o turismo de base local.

COMOANE. A. (2009). Impacto da Política de Desenvolvimento em Turismo: Contingências e


Estratégias. In: Comunicações Apresentadas nos Seminários do Gabinete de Estudos da
Presidência da República: Gabinete de Estudos da Presidência.

GASTAL, S. (2002 ).“Lugar de memória: Por uma nova aproximação teórica ao património
local.” In:GASTAL . S. Turismo: Investigação e crítica. São Paulo.

IPHAN. (2015) Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em Novembro.

JOPELA, A. (2014 ). “Definições de conceitos-chaves”. In: Jopela, Albino. Etal. Manual


deConservação do património Cultural Imóvel em Moçambique. Maputo, Ministério daCultura-
Direcção Nacional do Património Cultural.

Lei n° 10/88, de 22 de Dezembro, que determina a protecção legal dos bens materiais e
imateriais do património cultural moçambicano. In: Boletim da República, I Série, número 51.

Lei n° 4/2004, de 17 de Junho, que aprova a Lei do Turismo. In: Boletim da República, I Série,
número 24.

LEITE, E. (2011). Turismo Cultural e Patrimônio Imaterial no Brasil. Coleção Verde Amarela
vol. 6 - Ó Pátria amada

MARTA, S. M. (2002). Turismo histórico-cultural: parques temáticos, roteiros e atrações


âncora. Ed. UFMG; Território Brasilis.

MENDES, A. R. (2012). O que é Património Cultural. GENTE SINGULAR editora, Lda. Rua
Gonçalo Velho, 90 8700-478 Olhão, 1ª edição.

MUBAI, M. (2014). Turismo Cultural em Moçambique: Uma Abordagem Histórica. Maputo:


Imprensa Universitária.
20

PALMER, C. (2009). Reflections on the Practice of Ethnography Within Heritage Tourism. In:
Sorensen, M. L; Carman, J. Heritage Studies; Methods and Approaches. London: Rourledge.

PLANO DO DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO2017-2026.Massinga. S/d, 80 p. SOARES,


Ícaro Osinski. Folguedos: património imaterial, um elemento de identidade favorecendo a
actividade turística. s/d.

SMITH, L. (2010). Archaeological Theory and the Politics of Cultural Heritage. London:
Routledge.

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