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INJUSTAS
1
MAGALHÃES, Brian Zanezi
2
FRANÇA, Ricardo da Cruz
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ARAUJO, Aline Giuri
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar o Projeto Inocência e suas
contribuições no poder judiciário brasileiro. Para tanto, foi elaborado a partir de uma
pesquisa no site da iniciativa do Projeto Inocência, bem como uma revisão bibliográfica
em artigos científicos, livros, reportagens e documentários que demonstram os erros
judiciários e consequências destes causados dentro e fora do Brasil. Analisou-se a
origem do projeto e sua expansão, até o momento em que foi adotado no Brasil e
começou a ganhar aderentes e membros. Foi identificada a origem desses erros, os
motivos e como eles afetam a vida do injustiçado, demonstrando a ineficácia de
determinados pontos investigativos do processo penal vigente, a falha perante os
princípios do Devido Processo Legal, a Dignidade da Pessoa Humana e a Presunção
de inocência, todos previstos na Constituição Federal do Brasil. Explicitou-se as
consequências causadas por pessoas que possuem fé pública para atuar em nome da
sociedade, e quais seriam os motivos desses erros, e quem assumiria a posição de
consolar o prejudicado. Por fim, foi sugerida uma melhor aplicação e desenvolvimento
da iniciativa no artigo científico em tela.
ABSTRACT
This work has as main objective to present the Project Innocence and its contributions to
the Brazilian judiciary. To this end, it was prepared based on a search on the website of
the Project Innocence, as well as a bibliographic review on scientific articles, books,
reports and documentaries that demonstrate the judicial errors and consequences of
these caused inside and outside Brazil. The origin of the project and its expansion were
analyzed, until the moment when it was adopted in Brazil and started to gain adherents
and members. The origin of these errors was identified, the reasons and how they affect
the life of the wronged person, demonstrating the ineffectiveness of certain investigative
1
Graduando do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo-ES – brian-magalhaes@hotmail.com.
2
Graduando do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo-ES – ricardofranca475@gmail.com..
3
Professora orientadora. Graduada em Direito. Mestre em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável. Centro
Universitário São Camilo-ES – alinegiuri@saocamilo-es.br.
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points of the current criminal process, the failure to comply with the principles of Due
Process, the Dignity of the Human Person and the Presumption of Innocence, all
provided for in the Federal Constitution of Brazil. It explained the consequences caused
by people who have public faith to act in the name of society, and what would be the
reasons for these errors, and who would take the position to console the underdog.
Finally, a better application and development of the initiative was suggested in the
scientific article on screen.
INTRODUÇÃO
Com o aumento da população carcerária especialmente em nosso país, e
consequentemente o acúmulo cada vez maior de demandas processuais criminais no
Poder Judiciário, depara-se com o aumento de condenações equivocadas, ou até
mesmo injustas no qual em muitas ocasiões resultam na condenação de indivíduos por
crimes e delitos que talvez não tenham cometido, causando-lhes prejuízos irreparáveis.
Este cenário pode gerar como consequência uma suposta insegurança jurídica no
ordenamento pátrio e condutas arbitrárias dos agentes públicos, além da incerteza se
realmente os processos são devidamente conduzidos por aqueles que são investidos e
possuem a responsabilidade de administrar o trâmite processual. O autor Ruy Rosado
Aguiar Júnior descreve neste sentido em sua obra: A responsabilidade civil do estado
pelo exercício da função jurisdicional no Brasil. (AGUIAR JÚNIOR, 2007)
Ciente destes problemas, este estudo versa sobre a conscientização
populacional sobre a existência do projeto, bem como, a sua respectiva expansão,
desde a sua origem, até sua chegada e expansão em nosso país, que possui como
objetivo a desconstituição de condenações injustas, o qual advogados, defensores e
outros aderentes do projeto, visam a busca pela verdade real, promovendo assim, uma
investigação mais detalhada e aprofundada do caso concreto, e analisam a instrução
processual daquela conduta, se a mesma está devidamente em concordância com a lei.
Neste contexto, deve-se perguntar sobre a efetividade das presentes
condenações, sobre as condições e desigualdades em relação aos julgamentos, e a
necessidade de uma melhor precisão sobre a aplicação da indenização em decorrência
do erro judiciário.
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Assim, este trabalho apresenta como problemática: O projeto Inocência pode ser
uma ferramenta que oportuniza em sede de Revisão Criminal, na fase de execução da
pena privativa de liberdade, ao condenado comprovar que a sua condenação foi injusta,
e consequentemente obter a sua almejada justiça e liberdade?
Como pressuposto teórico temos o Projeto Inocência que pode ser uma
ferramenta que contribuirá para oportunizar ao condenado injustamente pelo poder
judiciário brasileiro, a comprovar sua inocência.
Refletir acerca da efetividade das condenações e da futura persecução penal no
Brasil, é de urgente e extrema importância, pois é de conhecimento geral que centenas
de pessoas são injustiçadas no sistema carcerário, devido a condenações indevidas,
promovendo além de danos irreparáveis às vítimas, um grande prejuízo ao Estado,
sendo eles o período de detenção ou reclusão e/ou a futura indenização estatal por erro
do judiciário.
Essa realidade decorre de diversos fatores: a altíssima concentração de
demandas processuais, a precariedade de oferta de defesa mediante a alta demanda,
as dificuldades em estabelecer padrões processuais para sanar esses vícios
processuais, a precariedade estatal em promover as devidas investigações devido à
escassez de equipamentos e tempo.
mas vem se expandindo em todo o mundo com certa lentidão, devido ao preconceito
instituído com a população carcerária.
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivos informar sobre o
funcionamento do Innocence Project diante de um cenário atual de incerteza acerca da
condução processual, demostrar sua atribuição, seu modo de atuação, seus requisitos
e sua aplicabilidade no âmbito nacional; analisar as contribuições no junto ao poder
judiciário brasileiro.
METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa exploratória sobre o tema Projeto Inocente, que segundo
Gil (2008), caracteriza-se pelo objetivo de expandir, esclarecer e modificar ideias e
conceitos, criando maior familiaridade com o problema a fim de torná-lo mais claro ou
construir hipóteses, tendo o objetivo de proporcionar uma visão maior de algo
aproximado em relação a determinado fato.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que para Marconi e Lakatos
(2003) é o levantamento geral dos diversos títulos publicados sobre o tema, capazes de
trazer informações essenciais e atuais do assunto. Para tal foram considerados livros,
artigos científicos, anais, periódicos, revistas científicas, e legislações sobre o tema.
Para compreensão do tema proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica no
site do projeto e, ainda, sobre os temas: Direito Penal, Direito Processual Penal,
Direitos Constitucionais e Globalização.
A pesquisa bibliográfica visou analisar a legislação referente ao tema proposto,
bem como buscar exemplos de práticas equivocadas durante a condução processual,
por marte dos investidos pelo Estado e sua responsabilidade frente aos erros. A
bibliografia pesquisada teve como base, principalmente, as publicações dos últimos dez
anos.
A pesquisa foi realizada através de consulta a periódicos indexados na base de
dados do: Portal Periódicos Capes; Scielo; Google Acadêmico; além de consultas aos
sites do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Na verificação da pesquisa foram
utilizados os seguintes descritores: 1. Innocence Project; 2. Projeto de inocência; 3.
Innocence Project Brasil; 4. Desconstituição de condenações injustas; 5.
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DISCUSSÃO
No sistema acusatório jurisdicional adotado no Brasil preceitua-se pela proteção
a uma série de princípios fundamentais presentes tanto na Constituição Federal/88
quanto nos demais diplomas legais pátrios. Dentre eles destacam-se os princípios do
Devido Processo Legal, Livre Convencimento bem como o Princípio da presunção de
inocência, estes apresentando-se como norteadores para uma correta condução do
processo respeitando assim as garantias de todos aqueles que vierem a figurar no polo
passivo de um eventual processo penal. (DIREITO, 2016)
Contudo, não é este o cenário vivenciado por muitos que chegam até o judiciário
na confiança de uma adequada condução processual se deparando com diversos
casos de irregularidades na atuação daqueles que são investidos para cumprir esta
função social desde o momento da investigação até o momento do cumprimento da
pena, tendo em vista que este estudo tem enfoque na esfera penal, pois há bem mais
importante do que a liberdade? Seguramente que não! Neste entendimento, uma falha
cometida durante o processo pode gerar danos graves e até mesmo irreparáveis
àqueles que podem estar sendo acusados por crimes que talvez nem mesmo
cometeram gerando uma situação de insegurança jurídica, o que é inadmissível.
(DIREITO, 2016)
Diante da temerária situação destacada surge um movimento iniciado nos
Estados Unidos e recém chegado ao Brasil que tem como objetivo a reparação dos
possíveis erros por parte do judiciário na condução dos processos e consequentemente
em condenações criminais que vem cada vez mais tomando força no país, estamos
falando do Projeto de Inocência. (INNOCENCE PROJECT BRASIL, 2020)
uma parceria com o projeto Red Innocence, que é um programa responsável por
promover a assistência jurídica gratuita para inocentes, garantindo assim um melhor
atendimento à população daquele local, conforme descreve o site da iniciativa.
(INNOCENCE PROJECT BRASIL, 2020)
O caso Heberson
Heberson foi um dos injustiçados pelos erros por parte do Poder Judiciário, em
uma visita à Unidade Prisional em que o detento se encontrava, a Defensora Pública
Ilmair Siqueira, uma das aderentes ao projeto de inocência atendeu o rapaz, que ao se
explicar, fez com que a defensora acreditasse em sua versão dos fatos.
Perante esta situação, a defensora por via da Defensoria Pública do Estado do
Amazonas, conseguiu provar a inocência Heberson, que tinha sido acusado de estupro,
crime este que nunca cometeu, contudo na cadeia o “estuprador” sofre o mesmo crime
que cometeu, conforme relato do mesmo à associação Inoccence Project Brasil:
desta indenização, que poderia ser investido em outras áreas, como a saúde e a
educação, porém precisou ser utilizado na tentativa de “reparar” o dano causado a uma
das diversas vítimas de erros processuais.
Neste sentido, os policiais erraram, os servidores erraram, os advogados
erraram, o Magistrado errou e assim sucessivamente. Por fim, eis que surge a luz do
fim do túnel, que no caso foi a defensora que salvou a vítima, mas a questão é,
Heberson não foi o primeiro, mas deveria ser o último.
Neste sentido, já foi estabelecido o princípio do in dubio pro réu, que é definido
como, em caso de dúvidas, o réu deverá ser absolvido, porém cabe ao Estado ou a
vítima, o ônus de comprovar a autoria e materialidade da conduta Típica, Antijurídica e
culpável, que seja enquadrada e esteja expressa no Código Penal, esse princípio se
encontra positivado no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.
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Porém, a memória humana não é perfeita, pois entende-se que, devido o fato ter
causado uma certa emoção, esta pode afetar diretamente o depoimento, tirando o fato
que, o próprio local poderá interferir na descrição do perfil do criminoso, o que
aconteceu no caso relatado acima, devido a um depoimento que foi induzido ao erro,
um inocente foi condenado em uma prova frágil, e totalmente contrária a realidade, uma
vez que Heberson não continha as características descritas. (LOPES e SEGER, 2018)
Interligado a todo esse argumento, a Constituição Federal estabeleceu o
princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, deste diploma
legal, entendemos que, ninguém poderá ser considerado culpado por um crime, sem
que antes exista uma sentença penal transitada em julgado, o que também atinge o
Devido Processo Legal, previsto no artigo 5º, LIV, da Constituição Federal.
“Trata-se de uma regra que rege o tratamento que deve ser dado
a qualquer pessoa que se veja imersa como sujeito passivo de um
processo penal. Assim, a presunção de inocência como regra de
tratamento impõe tratar o imputado como se fosse inocente (STC
66/1984, F. J. 1o) até que contra ele se emita sentença que
declare a sua culpabilidade. Nesta faceta da presunção de
inocência à qual apelam expressamente a maioria de declarações
internacionais de direitos e de textos constitucionais (com exceção
do espanhol, que se limita a estabelecer o direito à presunção de
inocência, sem maiores especificações). (BELTRÁN, 2018).
Assim, com esse conjunto e com a realidade brasileira atual observa-se que a
falibilidade humana se encontra evidente, o que fomenta o presente projeto debatido
neste artigo científico.
CONCLUSÃO
Diante de tudo isso entendemos que é evidente a necessidade e expansão do
Projeto inocência/Innocence Project tendo em vista o mesmo atinge diretamente a
dignidade da pessoa humana prevista no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal. É
necessário entender que o acautelado não perde seus direitos humanos, ou que o
indiciado seja considerado culpado sem o devido processo legal, devemos buscar a
melhor instrução processual possível, e efetividade das sentenças condenatórias e
absolutórias, pois não é admissível condenar um inocente ou inocentar um culpado, o
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caso Mariana Ferrer é o caso da vez, pois a má condução da marcha processual, pode
ter inocentado um criminoso, uma vez que provas não faltaram.
Desta forma, objetivou-se explicitar o presente projeto, visando o direito a
informação e o ato de conscientizar a população quando ao Direito Penal e o Direito
Processual Penal, pois o projeto mostra que, houve toda uma instrução processual,
porém o erro só é visto na Revisão Criminal, isso gera prejuízo para própria sociedade,
pois a sociedade sustenta o governo, e o governo é responsável pelo judiciário e seus
erros, prejuízo na comprovação da culpa que não existe, prejuízo na reclusão do
inocente e por fim, prejuízo na indenização dos danos causados ao inocente, todo
dinheiro que podia ter sido investido em outras áreas.
Por fim entendemos como funciona o Innocence Project no cenário processual
atual dotado de recorrentes erros judiciais por meio de seus investidos, demonstramos
como este se apresenta este projeto, sua atribuição, modo de atuação e seus requisitos
de aplicabilidade no contexto nacional. Assim, foi possível concluir que este projeto
muito tem a contribuir para o Poder judiciário desde a detecção de lacunas nos
processos já findos bem como para uma melhor condução processual para que tais
erros ocorram cada vez menos.
REFERÊNCIAS
AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado. A responsabilidade civil do estado pelo exercício
da função jurisdicional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum, 2007.
BARBIÉRI, Luiz Felipe. CNJ registra pelo menos 812 mil preses no país; 41,5% não
têm condenação. G1. 2019. Disponível em: <
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https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/17/cnj-registra-pelo-menos-812-mil-presos-
no-pais-415percent-nao-tem-condenacao.ghtml> Acesso em 24 de novembro de 2020.
LUCA, Isabel De. DNA ajuda a reverter centenas de condenações nos EUA, mas
milhares continuam presos. O GLOBO. 2015. Disponível em: <
https://oglobo.globo.com/mundo/dna-ajuda-reverter-centenas-de-condenacoes-nos-eua-
mas-milhares-continuam-presos-16509621> Acesso em 24 de novembro de 2020.
SANTOS, Rafa. Erro judiciário não é questão apenas de estatística, mas também
de neurociência. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-ago-30/entrevista-
fundadores-innocence-project-brasil> Acesso em 20 de novembro de 2020.
SÉ, João Sento. Responsabilidade civil do Estado por atos judiciais. São Paulo:
João Bushatsky, 1976.