línguas, todas as formas. Evidentemente um diretor de cinema estará melhor preparado se tiver leitura. John Ford, que se apresentava dizendo apenas ‘Eu faço filmes de bang-bang’, era um homem extremamente culto. – Elia Kazan Escrever para cinema me parece o tipo de escrita mais difícil de todos, porque exige a convergência de qualidades raramente reunidas. É necessário ter engenhosidade, empatia, tenacidade. É necessário ter um mínimo de capacidade literária e às vezes até de perícia. É necessário ter uma sensibilidade especial para o diálogo e uma respeitável bagagem técnica. Conforme disse, Tati, é preciso saber como são os filmes são feitos. Senão escrevemos para o vazio, numa torre de marfim, e o escrito, ainda que seja elegante, permanecerá intraduzível. E é preciso saber que as coisas que escrevemos terão um custo. - Jean-Claude Carrière Escrita de um roteiro brilhante é resultado de imaginação, criatividade e formato muito bem determinado. Não existe especulação nem improviso. Existe trabalho duro em cima do que foi definido no início da criação. - Sonia Rodrigues Um roteiro vai ser lido e, portanto, deve ser bem escrito. Se você conseguir escrever um roteiro agradável de ler, ótimo. Se tiver que optar entre ser agradável ou claro, seja claro. – Jorge Furtado No cinema, o ritmo é Deus. Se você não encontra o ritmo interno do filme, está morto. E a gramática do cinema é baseada na fragmentação do tempo e do espaço. Se você não tem isso, não tem nada para manipular. - Alejandro Gonzáles Iñarritu. O ritmo: Todo roteirista é um escravo do tempo – seja qual for a trama que ele quiser contar, de um dia na vida de uma pessoa a várias décadas na história de uma nação, ele precisa fazê-lo em, idealmente, 120 minutos, equivalendo a 120 páginas impressas. É preciso pensar nessas páginas como tempo, e não como texto (privilégio da literatura). – Ana Maria Bahiana Um filme é uma jornada, e o roteiro é seu mapa. Protagonistas movimentam-se não apenas no espaço, mas principalmente no espaço interior, ao sabor de crises e resoluções. Eles devem chegar ao final do filme o mais transformados possíveis, ou seja: narrativa e existencialmente o mais distantes possível do lugar – físico, metafísico, emocional – onde começaram. – Ana Maria Bahiana Para mim, o roteiro é um mapa, não um território. O território é a filmagem. A filmagem é o espaço no qual toda a cinematografia acontece e onde devemos explorar. Ou seja, o mistério do cinema está menos no roteiro que na filmagem. Mas depois, é justamente na edição, na montagem, onde se destila tudo o que aconteceu. Então é um processo quase químico, onde você pode transformar as coisas, juntá-las, combiná-las, e isso abrange a linguagem, todas as decisões éticas e estéticas. - Sebastián Lelio, roteirista e diretor chileno. Para Zelito Viana, os cineclubes foram fundamentais porque, naquele tempo, e até hoje, o cinema no Brasil era muito mal visto, vem muito pouca coisa (do exterior) só vem aquilo que as grandes distribuidoras querem. Naquele tempo, o cineclube era fundamental, absolutamente fundamental para a formação das pessoas porque só se pode formar cineasta vendo filme. Não tenha a menor dúvida de que a formação do cineasta, noventa por cento, é vendo filme. A história do cinema é assim: todas as pessoas que começaram a fazer cinema começaram vendo outras pessoas fazendo filmes. Sempre achei que ser alfabetizado visualmente é tão importante quanto ser alfabetizado verbalmente. O que os pioneiros do cinema estavam explorando eram as técnicas específicas do meio. No processo, inventaram uma nova linguagem baseada em imagens em vez de palavras, uma gramática visual, se vocês preferirem: closes, fusões, máscaras que ocultam parte da imagem para enfatizar outra parte, movimentos de câmera sobre trilhos ou numa grua. Essas são as ferramentas básicas que os diretores têm à sua disposição para criar e intensificar a ilusão de realidade. – Martin Scorsese Jovens cineastas me perguntam com frequência: por que preciso ver filmes antigos? A única respostas que posso lhes dar é: ainda me considero um estudante. Sim, fiz diversos filmes nos últimos vinte anos. Mas, quanto mais filmes eu faço, mais me dou conta de que realmente não sei. Estou sempre à procura de algo ou alguém com quem possa aprender. É isso o que digo a jovens cineastas e a estudantes de cinema. Façam o que os pintores costumavam fazer, e provavelmente ainda fazem. Estudem os velhos mestres. Enriqueçam sua paleta. Ampliem o quadro. Há sempre muita coisa a aprender. – Martin Scorsese.