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Arte, ensino e a formação na contemporaneidade


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Avisos

CRONOGRAMA 2020.3

ARTE, ENSINO E A FORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

SEMANA 1 SEMANA 2 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 5 SEMANA 6 SEMANA 7 SEMANA 8 SEMANA 9

SEMANA 10 SEMANA 11

Olá a todes!
Nas semanas 10 e 11 debateremos sobre a Lei 11.645/08 e como a aplicamos em sala de aula. Também discutiremos trabalhos
de artistas brasileiros (as) contemporâneos (as) que tem em suas poéticas a presença das culturas Afro-brasileira e Indígena.

A lei nº 10.639/2003 institui no currículo escolar da Educação Básica o ensino da História da África e da Cultura afro-brasileira.
Posteriormente, foi ampliada para a Lei nº 11.645/08, que incluiu o ensino da Cultura Indígena. Sua promulgação enfatiza a
importância de entender negros e indígenas como autores presentes na formação histórica e artística de nosso país, como
também, a criação de uma política pública reparadora, na medida em que precisamos redefinir na maneira como esses grupos
são apresentados historicamente na literatura, na história, na arte, mas principalmente no imaginário social brasileiro, ou seja,
de como essas visões sociais são reproduzidas nas escolas, através dos livros didáticos e nas salas de aulas por docentes no
processo de formação de crianças e adolescentes.

Devemos levar em consideração que nosso ensino sofreu influência da cultura europeia e isso orientou o modo como

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analisamos teoricamente ou aplicamos determinado conteúdo escolar, um exemplo, é a pouca relevância dos assuntos a
respeito da África e cultura indígena em comparação aos demais temas históricos localizados na Europa, levando em conta um
ano letivo completo.

Assim, gostaria de apresentar os artistas Maxwell Alexandre e Denilson Baniwa, ambos jovens artistas atuantes no circuito
artístico contemporâneo. Maxwell Alexandre, atualmente está com a exposição “Pardo é papel” em cartaz no Museu de Arte do
Rio (MAR), com curadoria de Marcelo Campos. A questão levantada pela curadoria do museu coloca em voga os tipos de
heranças que queremos fortalecer, com isso, essa exposição elabora uma reflexão sobre a noção de pardo e de como seu
significado é ressignificado pelo artista ao pintar corpos negros sobre o papel pardo. O curador destaca:

“O povo negro e o retrato configuram importante capítulo na história da representação e da representatividade étnica na cultura brasileira.
O século XIX foi um momento em que se reconfigurou a ideia de retrato, estimulada pela invenção das máquinas fotográficas e pela
representação de não europeus. O Brasil patrocinou missões e viagens naturalistas para registrar tanto as particularidades da natureza
tropical quanto povos e sujeitos que viviam nas cidades e nas florestas, e colecionou esses registros. Fetichizações de todos os tipos foram
produzidas em cartões-postais e pranchas que corriam o mundo. A cidade do Rio de Janeiro, particularmente, figurou em gravuras de Jean-
Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas que contribuíram para uma historicidade referente à vida na metrópole, mas, em
contrapartida, estigmatizaram o anonimato dos corpos, servindo à corte, mais do que aos retratados. O resultado dessas empreitadas foi
marcar, estigmatizar, alegorizar traços físicos, fenótipos que ampliaram sua penetração na invenção de um imaginário nacional, na busca
por uma fictícia brasilidade que chega, na pintura, à Negra de Tarsila do Amaral. Isso acaba colocando as populações indígenas e
afrodescendentes muito distantes do retrato e mais próximas aos estigmas de uma alegoria. O que se configurou foi a criação de uma ideia
de raça, de uma fábula, como nos termos de Roberto DaMatta, em que brancos, negros e indígenas viveriam em suposta democracia racial,
marcando o Brasil com uma ampliada paleta tropical. Mas tudo isso é uma falácia, as leis contra a opressão das populações negras e
indígenas permanecem atrasadas ou nulas. As periferias mantêm-se como local de maior contingente de afrodescendentes. Com isso, a
junção entre etnicidade e classe forja uma das mais fortes bases daquilo que se nomina interseccionalidade, ou seja, não basta marcar a
periferização de vozes por um único fator, já que tudo se agrava na soma de opressões interseccionais em que se encontram distintivos de
classe, etnicidade, gênero, moradia, entre outros. Na pintura brasileira, contudo, nesse mesmo século XX, outras vozes se fizeram ouvir em
amplificação dificultosa – Heitor dos Prazeres, Maria Auxiliadora, Djanira. Assim como Maxwell Alexandre, tais artistas ocuparam, em suas
épocas, o autoproclamado lugar de fala, pintaram o que viviam, viviam onde pintavam. Com isso, ao olharmos pinturas como Meus manos,
minhas minas, meus irmãos, minhas irmãs e meus cães, da série Pardo é Papel, 2018, revisitamos cenas como as do Morro da Providência
de Heitor dos Prazeres. Vemos a população negra também com suas indumentárias de trabalho e festa, no cotidiano urbano ou em
reuniões aquilombadas de terreiro e samba. Se fizermos uma digressão, também podemos pensar na Rocinha de Maxwell como o Harlem
de Palmer Hayden, pintor contemporâneo de Heitor dos Prazeres, em que a população afrodescendente da sociedade norte-americana se
esbaldava em um cotidiano de luta e diversão, ostentando chapéus, luvas, carros de passeio, trabalhando, criando filhos, indo à igreja.”

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Pardo é Papel / processo - Maxwell Alexandre


Pardo é Papel, Visita Virtual e catálogo em pdf: https://inclusartiz.org/inclusart-exposicao/maxwell-alexandre/

Denilson Baniwa é artista, comunicador e ativista dos direitos indígenas. Vencedor do prêmio PIPA 2019, seu trabalho interroga
a história da colonização dos territórios indígenas que hoje conhecemos como Brasil. Nascido e criado na aldeia Dari, localizada
na região do Rio Negro, no interior do Amazonas, Denilson começou a pintar e desenhar ainda na infância, antes de se tornar
ativista dos direitos dos povos originários – o que veio a acontecer em sua juventude, época em que se mudou para Manaus,
capital amazonense. Para ele, sua poética pensa a arte como ferramenta de luta e difusão da cultura de seus ancestrais. Em um
dos seus últimos trabalhos, Baniwa interviu na fachada do Itaú Cultural e deixou a seguinte inscrição junto a obra:

Todo território colonial

Antes de tudo é ancestral

Quando raspadas toda escória

Plástico, asfalto, metal

Histórias não contadas na História

O sangue oxigena

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Quem sempre foi daqui sabe

SP sempre foi

Terra Indígena

Brasil Terra Indígena (Brazil Native Land), 2020. Video HD, 4min52sec (silent).

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Natureza Morta, 2017

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