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Arte, ensino e a formação na contemporaneidade


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Avisos

CRONOGRAMA 2020.3

ARTE, ENSINO E A FORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

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Olá a todxs,

Primeiramente gostaria de agradecer a participação de todos e todas, pois mesmo sendo um curso a distância,
sei do empenho de cada um em compartilhar suas experiências e vivências. Encerramos nosso curso com o
trabalho da artista Rosana Palazyan, formada em arquitetura e frequentadora dos cursos da Escola de Artes
Visuais do Parque Lage. No final dos anos 80, a artista começa a utilizar os bordados em suas obras, técnica
aprendida com sua avó. Nos anos 90, uma tragédia familiar, a morte do seu único irmão, por um bala perdida,
aproxima a artista dos temas sociais que envolvem a violência, através do noticiário policial do jornal. Para
entender como pensavam as crianças que praticavam as cenas descritas no jornal, Rosana chegou no Instituto
João Luiz Alvez, na Ilha do Governador, RJ, que abriga menores infratores ou, menores em conflito com a lei. A
convivência por três anos com os meninos entre 12 e 17 anos possibilitou conhecê-los por outro viés, onde havia
muita dor, falta de esperança e às vezes uma vontade de liberdade e superação.

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Para saber mais sobre a artista Rosana Palazyan, visite:

- site da artista <http://rosanapalazyan.blogspot.com/2015/05/

Em 2004, Rosana expõe no Centro Cultural do Banco do Brasil - CCBB (RJ, SP e Brasília) uma retrospectiva de seus
trabalhos intitulada O lugar dos sonhos, com diferentes instalações, entre elas “... uma história que você nunca
esqueceu?” - onde pequenos travesseiros brancos suspensos, apresentam a encenação de pequenos bonecos
que reproduzem casos reais relatados pelos adolescentes. Há ainda textos delicadamente bordados que
completam a obra, como por exemplo: “Quando eu era criança, meu pai costumava bater em minha mãe… Não
havia nada que eu pudesse fazer, fiquei ali assistindo... Agora, se eu souber que meu pai bate na minha mãe, eu
vou matá-lo...”

Em outra sala, encontramos o painel “para Valéria, Luciana, Patricia, Maria, Monica...” com pingentes produzidos
com pedaços do tubo de caneta, recheados com pedaços de escova de dentes e agua de papel crepon coloridos,
onde os garotos colocam o nome da mãe ou da namorada – este “material” afirma a artista, foi descoberto na
convivência com meninos. Em Estrela Cadente, balões prateados e suspensos por gás, numa sala escura,
carregando os pedidos dos meninos para uma estrela cadente. Em Caixinha de Música – Love Story, desenhos
bordados em uma fita rosa, colada na altura dos olhos por toda a pequena sala, narram o caso real de uma
menina que era violentada pelo pai, engravidou, teve uma filha e, dois ou três anos depois, percebeu que o pai
atacaria também a sua filha – o mecanismo de uma caixinha de música repete o som e a “fábula” reproduzida
dezenas de vezes na fita rosa, demonstrando que, infelizmente, essa história não tem fim.

Segundo Rosana, seu trabalho não pretende transformar o mundo, mas provocar as pessoas a pensar diferente
sobre aquele assunto. Utiliza para isso casos reais, apresentados e “denunciados” com muita delicadeza. Para a
artista, é bastante comum que as pessoas comparem a delicadeza à fraqueza, mas, ela defende a delicadeza, tão
em falta nas relações humanas, como atitude de coragem! E nesse caso, a materialidade delicada do seu bordado,
entre linhas, cores e formas, se encaixa perfeitamente.

Nesse sentido, a produção investigativa e artística de Rosana Palazyan se aproxima da Educação, no sentido
expresso por Paulo Freire: Educação é um ato político! Não se trata de fazer política no sentido de filiação a um
determinado partido político, por exemplo, mas, sim, fazer escolhas e tomar uma posição: a favor de quem e
contra o quê nos posicionamos na Educação? E na vida?

Rosana Palazyan em sua poética defende a humanidade nas relações sociais quando denuncia os atos iniciais de
violência contra menores, o genocídio armênio, entre outros temas abordados por ela. E o faz de modo
interdisciplinar – não exatamente agregando outras parcerias, como no projeto do Rio Anhumas realizado em
Campinas, mas, considerando que a situação de violência dos menores em conflito com a lei, precisa ser

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problematizada de maneira integrada, ampliada e corajosa, nos convocando a pensar sobre a humanidade deles e
a nossa. Afinal, é impossível não relacionar o abandono afetivo à atos de violência.

Você já pensou nas aproximações entre arte e política e como esses temas potencializam diferentes abordagens de
temas transversais na sala de aula?

Para ampliar essa discusso, assista ao programa Brasil Visual, episódio Arte e Política (26’) apresentado por Rodrigo
Saad (Cabelo), que foi ao ar em junho de 2016, na TV Brasil. Nesse episódio, os artistas, críticos de arte e
curadores de exposições comentam sobre arte, política, cultura, violência, identidade étnica, cidadania, território e
poder. Entre os entrevistados, estão presentes muitos artistas já apresentados nas diferentes disciplinas da
Especialização no Ensino de Artes Visuais, entre eles, Rosana Palazyan. Todos, cada um a seu modo e, em
diferentes manifestações artísticas, nos convocam a pensar sobre o mundo, o contexto da sociedade brasileira e a
nossa realidade pessoal e profissional. Episódio Arte e Política disponível em:
https://tvbrasil.ebc.com.br/brasilvisual/episodio/arte-politica

Após assistir ao vídeo, quais foram as surpresas e indagações que mais o/a afetaram? Foi possível perceber
temáticas transversais nas obras apresentadas? A educação que fazemos (ou faremos) cotidianamente é (será) um
ato político, no sentido proposto por Paulo Freire?

Você já tinha reconhecido o quanto a Arte é um campo de conhecimento interdisciplinar em si mesmo? Ao


agregar diferentes saberes (históricos, culturais, técnicos, estéticos, filosóficos e éticos) a Arte possibilita ao
professor abordar transversalmente qualquer tema, mesmo sem a parceria de professores de outras disciplinas -
como faz Rosana Polazyan em suas produções. Bastaria ser um professor "antenado", isto é, observador, curioso e
aberto às coisas do mundo para estabelecer conexões entre diferentes saberes e transformá-las em práticas
interdisciplinares... Bastaria pensar/ser artográfico: professor, artista, pesquisador, não é mesmo?

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