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Universidade

Estadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTE VISUAL
RELATÓRIO DE ATIVIDADE PÓS LEITURA DE TEXTO

Nome da (o) Aluna(o): ELIEL MORAES CAMARGO


Disciplina: 6ART127 – FUNDAMENTOS DO ENSINO DE ARTES VISUAIS
Atividade: Ficha de Leitura1
Data de Entrega: 13/09/2023
LOWENFELD, Viktor e BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo:
Mestre Jou, 1 ed.,1977. Ficha de Leitura: – Cap. 1, “O significado da arte para a educação”, pp 13-33. Leitura
Complementar: Cap. 2 “Importância da atividade criadora na educação”, pp 35-72.

A arte desempenha um papel crucial na educação das crianças, pois envolve processos complexos de
expressão e criação. Quando uma criança desenha, pinta ou constrói, ela reúne elementos de sua
experiência para formar algo novo e significativo, revelando não apenas um quadro ou uma escultura, mas
parte de sua própria visão de mundo e emoções. A criança se coloca como seu próprio ateliê,
desenvolvendo o dom de criar e trazer para matéria o que sua imaginação manifesta. Nesse contexto, o
texto nos aborda o primeiro ato dialético:

Em nosso sistema educacional, damos, realmente, ênfase aos valores humanos?

Em nossa sociedade, grande ênfase é colocada na memorização de fatos e informações para passar em
exames e cursos. Isso pode criar indivíduos que apenas repetem informações, sem desenvolver
habilidades críticas e criativas necessárias para a vida real.

A criatividade e o dom de criar são facetas vitais do desenvolvimento humano que desempenham um
papel fundamental na formação de indivíduos capazes de enfrentar os desafios do mundo com
originalidade, inovação e adaptabilidade. Enraizar essas características em uma criança é de extrema
importância, pois elas contribuem para o crescimento pessoal, e a resolução de problemas. As civilizações
antigas da Mesopotâmia e Egito valorizavam a criatividade e a criação artística, na Grécia antiga, a
criatividade era altamente valorizada, e os gregos acreditavam que a inspiração criativa vinha das musas,
divindades das artes e da criatividade. Filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, também discutiram a
importância da arte e da criatividade na sociedade.
O próprio ato de criar pode fornecer-lhe novos vislumbres, novas
perspectivas e nova compreensão para a ação futura. (p. 16)

Nesse contexto, vejo a educação como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do ser criativo.
Entender que algo vai além de simplesmente memorizar informações, para verdadeiramente conhecer
algo. Entretanto, a atual educação parte-se do princípio de que o cumprimento dessa sentença ajusta ao
jovem o papel de ocupar seu lugar como membro cooperante e bem-ajustado à sociedade, o que vai de
contraponto ao conceito de liberdade artística que o próprio texto incentiva a estimular.

O texto induz que devemos ter a capacidade de analisar e transparecer o interno do que uma criança
deseja expressar, ao invés de nos colocarmos no lugar do criador, nos colocamos no lugar do observador

1
GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. Campinas: Alínea, 2001.
e, portanto, não adotamos uma perspectiva empática, o que pode gerar diversas consequências negativas
e limitações em um olhar crítico.
A ausência de empatia impede que se compreenda verdadeiramente o ponto de vista, as experiências e
as emoções do outro. Isso pode levar a julgamentos precipitados e
superficiais, prejudicando a capacidade de compreender as complexidades das situações e dos
problemas, generalizações injustas e o reforço de estereótipos. Isso ocorre quando as pessoas não se
esforçam para entender as diferenças individuais e assumem que todos os
membros de um grupo são iguais. Rebatendo a visão do texto que ilustra o pensamento de que “o'que
importa é o modo de se exprimir-se e não o conteúdo” (p. 28)

Pode-se entender que essa posição dúbia tende a gerar justamente o sentimento que o texto exprime.
“Quando ouvimos uma criança dizer "não sei desenhar", podemos estar certos de que houve alguma
espécie de interferência em sua vida. Esta perda de fé pode ser um indício de que a criança se fechou em
seu próprio eu. Com frequência, comete-se o erro de avaliar o trabalho criador das crianças pelo seu
aspecto, pelas suas cores e formas, pelas qualidades do traço etc.” (p. 19)

É necessário ir mais a fundo, o texto me induz a uma percepção rasa da capacidade de uma criança de
criar. (p. 51) A diferença entre as representações artísticas de uma criança de cinco anos e de um jovem
de dezesseis não está apenas na forma como o tema é representado, mas também em como é percebido
e interpretado. A arte não é apenas uma questão de técnica ou habilidade; ela é profundamente
influenciada pela perspectiva e pela visão de mundo de cada artista. Quando uma criança de cinco anos
desenha um homem, ela pode não se preocupar com detalhes realistas ou proporções. Em vez disso, ela
pode se concentrar em transmitir sua própria interpretação, emoções e conceitos sobre o que um homem
representa em seu mundo. Essa representação pode ser abstrata, simbólica e carregada de significado
pessoal.

O senso estético de uma criança se desenvolve a partir da liberdade de expressão e da exploração


criativa, enfatizando que a arte permite que as crianças expressem suas visões de mundo de maneira
única.

"Salome (1965) verificou que esse adestramento não exercia influência alguma nos desenhos dos alunos
da quarta série, mas, segundo, parecia, ajudava a melhorar os desenhos dos da quinta série. Entretanto,
num experimento com alunos da quinta série, Neperud (1966) apurou que somente as meninas de grande
inteligência eram capazes de tirar proveito da instrução que enfatizava os elementos visuais” (p. 57)

O que demonstra como o desenvolvimento artístico pode variar entre os alunos e suas diferentes
percepções do mundo, que deve ser um processo variado e individual, refletindo as diferentes percepções
e experiências das crianças. Essa diversidade ressalta ainda mais a importância de valorizar e nutrir a
criatividade das crianças, permitindo que cada uma delas desenvolva seu próprio sentido estético e
apreciação pela arte de maneira única. Através da liberdade artística, as crianças podem não apenas se
expressar, mas também aprender a ver e interpretar o mundo de uma forma que é verdadeiramente
pessoal e significativa para elas.

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