Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo demonstrar as contribuições do brincar na
educação infantil, Embasado nas determinações dadas pela BNCC que trazem
interações e brincadeiras como eixos estruturantes na educação infantil
ressaltando sua relevância no desenvolvimento da autonomia e identidade do
sujeito. Os dois eixos facilitam não apenas o processo de socio-aprendizagem como
também o desenvolvimento infantil. Buscando frisar a importância da brincadeira
no processo de construção dos saberes e descobertas nesta primeira etapa da
Educação Básica. É de suma importância que o projeto político pedagógico seja
voltado para a realização desta metodologia, oferecendo suporte para o
enfrentamento de situações desafiadoras, onde as crianças possam superar e
enfrentar as dificuldades que se apresentarem durante o decorrer, fazendo suas
próprias descobertas e desenvolvendo habilidades e competências. Dessa forma,
será realizado um levantamento bibliográfico que possuirá como bases teóricas as
seguintes contribuições: Vygotsky (1984), Kishimioto (1994); Huizinga (1990); Piaget
(1998); Oliveira (2000); Kramer (2005), entre outros. Os autores em questão nos
permitem debater a importância do brincar na educação, bem como todos os
elementos envolvidos nesse processo. Ressalta-se ainda a importância do Educador
como mediador e incentivador no intuito de que as crianças possam se expressar
usando linguagens diversas, fazendo sua leitura de mundo, e criando uma
consciência social, partilhando e adquirindo novos saberes para construção de sua
própria identidade.
1
.
1 INTRODUÇÃO
Quando pensamos sobre o que é aprender, vem em nossa mente vários conceitos
e um deles está diretamente ligado à capacidade de adquirir conhecimento. Esse
processo pode acontecer de várias maneiras, desde a observação, estudo, e prática
de hábitos, além da convivência com outras pessoas. Na infância esse processo
ocorre em primeira instância no seio familiar e em seguida na escola. Dessa forma
entendemos que o espaço educacional, precisa oferecer um ambiente que favoreça
a criança descobrir e captar novos saberes, oferecendo ferramentas para que
possam desenvolver auto confiança, para se expressarem usando diferentes
linguagens e vivenciarem atividades que possibilitem sentir e vivenciar interações,
que irão resultar na aquisição de conhecimento de forma significativa. Por esta
razão, o lúdico torna-se uma ferramenta valiosa na prática pedagógica, pois, permite
que o ensino e aprendizagem ocorram multiforme além de facilitar a interação entre
as crianças em fase de desenvolvimento escolar. A temática do estudo em questão,
surgiu da necessidade de se pensar em uma metodologia que trouxesse o lúdico
como ferramenta no processo de socio aprendizagem com crianças na educação
infantil. segundo. (VYGOTSKY, 1991), “O lúdico influencia muito no desenvolvimento
da criança, pois é com jogos e brincadeiras, que ela estimula a curiosidade, adquire
2
autoconfiança, aprende a agir, e proporciona o desenvolvimento da linguagem e do
pensamento.”
Ler histórias para crianças, sempre, sempre é poder sorrir, rir, gargalhar
com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o
jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse
momento de bom humor, de brincadeira, de divertimento... É também
suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas
perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as
personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso
dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e
atravessamos – dum jeito ou de outro- através dos problemas que vão
sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas
personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se
identificando com outra personagem e, assim, esclarecer melhor as próprias
dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas
(ABRAMOVICH, 1995, p. 17).
4
autores tais como: Bezerra (2002), Marcuschi (2002), entre outros, algumas
pesquisas apontam que as práticas de letramento propostas nas turmas de
Educação Infantil, com raras exceções, estão completamente presas a atividades
que sirvam para a prática da alfabetização, conforme afirma Soares (2003, p. 107)
“De certa forma, a escola autonomiza as atividades de leitura e escrita em relação a
suas circunstâncias e usos sociais, criando seus próprios e peculiares eventos e
práticas de letramento”, este é o chamado letramento escolar.
Sendo assim, as práticas de leitura e escrita exercidas no contexto escolar
apresentam-se, na maioria das vezes, desvinculadas dos contextos sócio-culturais
reais, ou seja, há um paradoxo entre as práticas e eventos de letramento que
ocorrem dentro e fora da escola. Daí a necessidade de se letrar os sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem.
Cabe aqui a distinção entre esses dois termos: alfabetizar e letrar, que
muitas vezes são considerados sinônimos, para tanto recorremos a Soares (2003, p.
90):
5
perfeitamente encontradas na vida cotidiana, como conflitos, desigualdades, medos,
superação de problemas, ensinamentos etc. Tudo isso contribui diretamente para a
formação do indivíduo que esperamos na sociedade em que vivemos.
A visão de educação infantil estava muito mais voltada para o cuidado do que
para o desenvolvimento e a formação. Porém, essa forma de tratar a educação
6
ofertada para as crianças sofreu diversas alterações, sobretudo a idade em que elas
devem frequentar a escola, obrigatoriamente. Aos poucos a legislação nacional foi
sendo ampliada e a visão de educação infantil apenas para cuidar passou a ter duas
vertentes, cuidar e educar.
A partir de então, o Estado passa a ser responsável pela garantia dos direitos
atribuídos à educação ofertada, com a promulgação da LDB 9394/96 a criança
passou a ter direito a escolarização a partir dos quatro anos de idade, sendo
responsabilidade dos pais a matrícula de seus filhos, conforme mostra o artigo 6º da
supracitada lei: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças
na educação básica a partir dos 04 (quatro) anos de idade.”
7
motores, cognitivos, sociais, ambientais e culturais, pois, é nessa faixa etária que o
sujeito e sua personalidade serão formados. No entanto, essa questão da proposta
pedagógica e do currículo é motivo de embates e controvérsias, principalmente da
preocupação que se tem acerca dos conteúdos trabalhados com as crianças até três
anos de idade, para que se tenha o cuidado de que não seja adiantado aquilo que
será exposto no ensino fundamental.
8
ritmo para assimilar os conhecimentos. Dessa forma as atividades realizadas devem
observar o interesse e a progressão da criança, pois o desejo de interagir por parte
dos educandos também deve ser respeitado. Assim, segundo as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), as atividades pedagógicas
devem assegurar práticas que “promovam o conhecimento de si e do mundo por
meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que
possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos
ritmos e desejos da criança”.
9
dramática e musical, conforme orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil.
Diante do exposto compreende-se que o educador é o mediador no processo
de aquisição de conhecimento da criança, entretanto, educar não se limita a instruir
nem tão pouco a transmitir conhecimentos. O ato de educar, e aqui estamos
enfatizando a Educação Infantil, abrange também a questão de ajudar a criança a
tomar consciência de si própria, dos outros e do meio em que vive. Ao professor
cabe também o papel de mostrar os caminhos e a criança a partir da sua visão de
mundo, bem como referência familiar vai escolher qual deseja seguir.
Seguindo essa perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular (2017), indica
que a Educação Infantil deve considerar os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento da criança, estabelecendo cinco campos de experiências, nos
quais as crianças podem aprender e se desenvolver, sobretudo na área da
linguagem:
10
- Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros
textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com
orientação do adulto- -leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da
esquerda para a direita);
- Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada,
identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
Dessa forma, entende-se que ouvir histórias na Educação Infantil tem uma
importância que vai além do prazer, é através dela que a criança pode conhecer
coisas novas, para que seja iniciada a construção da linguagem, da oralidade, de
ideias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal, conforme
os documentos aqui citados.
11
permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em
mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.
Nos momentos de leitura, o educador deve sempre procurar ser literal e dar
certo caráter interpretativo a sua leitura usando variações de entonação de
forma clara e agradável. O educador deve procurar agir como elemento
incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-se não
somente como leitor das histórias, mas também, demonstrando entusiasmo e
curiosidade, como mais um ouvinte (SIMÕES, 2000, p. 26).
13
e letrado. Por isso, não basta ter livros na escola, na sala de aula, é preciso que se
criem meios para que os educandos encontrem nos livros um caminho para expandir
a sua formação.
Silva e Silveira (2013, p. 96), apontam como possível solução a utilização da
leitura literária na Educação, devendo contemplar três vertentes que serão de suma
importância nesse processo, sendo elas:
Com isso, fica claro que a leitura literária não se resumirá a servir como base
para alfabetização, ou ainda, desenvolverem projetos literários que se ocupam em
reproduções genéricas por meio de ilustrações, dramatizações sem que se tenha o
cuidado de se refletir sobre a temática da obra que pode enriquecer a formação da
criança.
14
Não é possível afirmar que o letramento por si só garante ao aluno a inclusão
social, mas a falta de letramento determina a exclusão social, já que o sujeito que
possui um alto nível de letramento é socialmente mais participante. De acordo com o
que já explicitamos anteriormente, percebemos a necessidade de investigar e
analisar as práticas de leitura e os eventos de letramento desenvolvidos no âmbito
escolar.
Nesse sentido, a literatura infantil tem uma função muito ampla que não se
limita à reprodução de passagens de um livro, ou de utilização de suas imagens ou
personagens para atividades aleatórias, sobre a função da literatura infantil Paiva
(2006) nos mostra que:
[...] a criança tem contato com o texto literário por meio, especialmente, de
materiais didáticos, mas nem sempre esse contato ocorre através de uma
adequada mediação. Um dos principais motivos é que as atividades
propostas não possibilitam uma aproximação literária dos alunos com os
textos. Outro motivo é a fragmentação dos textos literários, que são
apresentados aos alunos como ‘pseudotextos’, às vezes começando pela
metade, outras vezes com seu final alterado ou ignorado, ainda outras
15
vezes com recortes feitos no corpo do texto apenas para adequá-lo ao
espaço do livro didático, aproximando o começo do fim (PAIVA, 2006, p.
128).
É fato que um trabalho significativo com a leitura literária não é algo simples,
essa perspectiva pedagógica é desafiadora, de modo que o professor encontra-se
em uma situação nada favorável, pois sendo ele um dos principais instrumentos
desse processo, precisa desdobrar-se entre dar conta das exigências de escolarizar
os textos literários, como também de disseminá-lo entre os educandos.
16
Há que se ressaltar que este é um trabalho que não será feito em um
pequeno espaço de tempo, sendo necessárias etapas de pesquisa,
aperfeiçoamento, adequação, traçar metas, avaliar diariamente a prática, trazendo
para si novos significados. A educação infantil e os atores envolvidos nesse
processo têm uma responsabilidade extremamente significativa, e no que tange ao
letramento literário essa responsabilidade torna-se ainda maior, pois inserir uma
criança no mundo literário não se restringe apenas a lhe dar um livro e fazer-lhe
ouvir uma história. Entretanto, para que todas as possibilidades citadas aqui ocorram
é preciso que a literatura ofertada seja significativa, construtiva trazendo qualidade
em suas narrativas e demais aspectos constituintes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
17
gêneros nas práticas sociais. Nesse contexto, ressaltamos a relevância de que os
professores também sejam leitores.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo:
Scipione, 1995.
BAZERMAN, Charles. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007.
18
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:
www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/proen/ldb_11ed.pdf. Acesso em: 25 de
outubro de 2020.
PAIVA, Aparecida Paiva, Aracy Martins, Graça Paulino, Zélia Versiani (orgs.).
Literatura e Letramento: espaços, suportes, interfaces. Bel o Horizonte, Autêntica
Editora, 2006.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 10. ed. São Paulo: Global,
1998.
19