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A importância das interações e do brincar como eixos estruturantes da prática

pedagógica para o desenvolvimento na Educação infantil

Suziane kezia Moraes de Gusmão (instituto Nacional saber)

Psicopedagogia clínica e institucional

RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo demonstrar as contribuições do brincar na
educação infantil, Embasado nas determinações dadas pela BNCC que trazem
interações e brincadeiras como eixos estruturantes na educação infantil
ressaltando sua relevância no desenvolvimento da autonomia e identidade do
sujeito. Os dois eixos facilitam não apenas o processo de socio-aprendizagem como
também o desenvolvimento infantil. Buscando frisar a importância da brincadeira
no processo de construção dos saberes e descobertas nesta primeira etapa da
Educação Básica. É de suma importância que o projeto político pedagógico seja
voltado para a realização desta metodologia, oferecendo suporte para o
enfrentamento de situações desafiadoras, onde as crianças possam superar e
enfrentar as dificuldades que se apresentarem durante o decorrer, fazendo suas
próprias descobertas e desenvolvendo habilidades e competências. Dessa forma,
será realizado um levantamento bibliográfico que possuirá como bases teóricas as
seguintes contribuições: Vygotsky (1984), Kishimioto (1994); Huizinga (1990); Piaget
(1998); Oliveira (2000); Kramer (2005), entre outros. Os autores em questão nos
permitem debater a importância do brincar na educação, bem como todos os
elementos envolvidos nesse processo. Ressalta-se ainda a importância do Educador
como mediador e incentivador no intuito de que as crianças possam se expressar
usando linguagens diversas, fazendo sua leitura de mundo, e criando uma
consciência social, partilhando e adquirindo novos saberes para construção de sua
própria identidade.

PALAVRAS-CHAVE: Educação infantil; brincar; aprendizagem.

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1 INTRODUÇÃO

Quando pensamos sobre o que é aprender, vem em nossa mente vários conceitos
e um deles está diretamente ligado à capacidade de adquirir conhecimento. Esse
processo pode acontecer de várias maneiras, desde a observação, estudo, e prática
de hábitos, além da convivência com outras pessoas. Na infância esse processo
ocorre em primeira instância no seio familiar e em seguida na escola. Dessa forma
entendemos que o espaço educacional, precisa oferecer um ambiente que favoreça
a criança descobrir e captar novos saberes, oferecendo ferramentas para que
possam desenvolver auto confiança, para se expressarem usando diferentes
linguagens e vivenciarem atividades que possibilitem sentir e vivenciar interações,
que irão resultar na aquisição de conhecimento de forma significativa. Por esta
razão, o lúdico torna-se uma ferramenta valiosa na prática pedagógica, pois, permite
que o ensino e aprendizagem ocorram multiforme além de facilitar a interação entre
as crianças em fase de desenvolvimento escolar. A temática do estudo em questão,
surgiu da necessidade de se pensar em uma metodologia que trouxesse o lúdico
como ferramenta no processo de socio aprendizagem com crianças na educação
infantil. segundo. (VYGOTSKY, 1991), “O lúdico influencia muito no desenvolvimento
da criança, pois é com jogos e brincadeiras, que ela estimula a curiosidade, adquire

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autoconfiança, aprende a agir, e proporciona o desenvolvimento da linguagem e do
pensamento.”

Ao longo desta pesquisa, vamos discutir como é necessário planejar todo o


processo, isso deve-se ao fato que não estamos tratando de uma recreação comum
e sim de uma metodologia que tem por objetivo facilitar as diversas formas de
expressão que a criança pode se conectar com o mundo a sua volta, ou seja, o ato
de brincar pode incorporar valores morais e culturais, e influir diretamente na
construção de identidade do sujeito. Porém vale ressaltar os desafios enfrentados
diariamente, eles precisam inovar e enriquecer sua metodologia a todo instante e
muitas das vezes não dispõem de recursos materiais ou estruturais. Em meio as
questões que envolvem o desenvolvimento de práticas pedagógicas envolvendo o
brincar, surge o questionamento: Qual a importância das interações e do brincar
como eixos estruturantes da prática pedagógica para o desenvolvimento na
etapa da educação infantil?

Diante da importância da ludicidade na Educação Infantil, esta pesquisa terá


como objetivo geral analisar a contribuição do trabalho com o brincar e interagir no
processo de aprendizado dos educandos da Educação Infantil e a prática docente
como principal fator de mediação dos educandos no mundo de jogos e brincadeiras
possibilitando uma formação que prepare os sujeitos para o contexto social de forma
reflexiva e atuante. Como desdobramentos do objetivo geral, serão explorados
objetivos específicos que darão maior direcionamento durante a pesquisa, assim
pretende-se.Muitos foram os avanços na educação voltada para as crianças e o
investimento em uma escolarização que se preocupe em atingir seus interesses. A
Literatura Infantil se apresenta como uma ferramenta muito significativa no cotidiano
escolar, no entanto, a maneira como é trabalhada nas escolas nem sempre é
exitosa, pois a obrigatoriedade de fazer com que as crianças aprendam a ler de
imediato atrapalha o seu desenvolvimento e prejudica a possibilidade de
despertarem o gosto pela leitura.
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É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros
tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra
ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia,
antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos
achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17).

A leitura literária abre inúmeras possibilidades no que diz respeito ao


processo de desenvolvimento e formação da criança enquanto educando. A função
da leitura não se caracteriza apenas como um hábito prazeroso, ou ainda para o
ensino de conteúdo, mas principalmente para que o sujeito possa adentrar no
contexto daquilo que lê.

A leitura é uma atividade prazerosa e poderosa, pois desenvolve uma


enorme capacidade de criar, traz conhecimentos, promovendo uma nova
visão do mundo. O leitor estabelece uma relação dinâmica entre a fantasia,
encontrada nos universos dos livros e a realidade encontrada em seu meio
social. (BRITO, 2010, p. 10).

A literatura insere o educando no mundo letrado, preparando-o para o


momento em que o processo de letramento for iniciado, relacionando histórias com o
mundo que o rodeia desconstruindo conceitos e elevando a capacidade de reflexão.
Além disso, formar educandos que vejam a leitura como uma atividade interessante
que proporciona entretenimento e conhecimento só será possível quando eles
estabelecerem uma relação de intimidade com tal atividade. Nesse sentido, a escola
tem um papel primordial na função de incentivar e oportunizar momentos prazerosos
com a leitura. Assim sendo, é preciso que este contato seja agradável, lúdico,
dinâmico, para que dessa forma possa ser criado um vínculo sólido com os livros e
as suas histórias. Sobre a leitura de textos de Literatura na Educação Infantil,
precisamos compreender que:

Ler histórias para crianças, sempre, sempre é poder sorrir, rir, gargalhar
com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o
jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse
momento de bom humor, de brincadeira, de divertimento... É também
suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas
perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as
personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso
dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e
atravessamos – dum jeito ou de outro- através dos problemas que vão
sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas
personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada vez ir se
identificando com outra personagem e, assim, esclarecer melhor as próprias
dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas
(ABRAMOVICH, 1995, p. 17).

Na Educação Infantil percebe-se a relevância de se trabalhar com gêneros


literários. Mesmo essa necessidade sendo anunciada há algum tempo por vários

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autores tais como: Bezerra (2002), Marcuschi (2002), entre outros, algumas
pesquisas apontam que as práticas de letramento propostas nas turmas de
Educação Infantil, com raras exceções, estão completamente presas a atividades
que sirvam para a prática da alfabetização, conforme afirma Soares (2003, p. 107)
“De certa forma, a escola autonomiza as atividades de leitura e escrita em relação a
suas circunstâncias e usos sociais, criando seus próprios e peculiares eventos e
práticas de letramento”, este é o chamado letramento escolar.
Sendo assim, as práticas de leitura e escrita exercidas no contexto escolar
apresentam-se, na maioria das vezes, desvinculadas dos contextos sócio-culturais
reais, ou seja, há um paradoxo entre as práticas e eventos de letramento que
ocorrem dentro e fora da escola. Daí a necessidade de se letrar os sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem.
Cabe aqui a distinção entre esses dois termos: alfabetizar e letrar, que
muitas vezes são considerados sinônimos, para tanto recorremos a Soares (2003, p.
90):

Porque alfabetização e letramento são conceitos frequentemente


confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo
que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a
introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem
ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização;
por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de
alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no
quadro do conceito de letramento, como também este é dependente
daquele.

Observamos que a autora traz conceitos diferentes para as duas palavras,


porém chama atenção para a dependência de ambos. Seguindo essa concepção, o
ideal seria alfabetizar letrando. Isto significa ensinar a ler e escrever no contexto das
práticas sociais da leitura e da escrita, possibilitando ao aluno tornar-se alfabetizado
e letrado. Por isso, não basta ter livros na escola, na sala de aula, é preciso que se
criem meios para que os educandos encontrem nos livros um caminho para expandir
a sua formação.
Daí a importância de se investir no incentivo aos hábitos de leitura, na
formação de leitores e especialmente na leitura literária, já que um leitor não se
prende apenas aquilo que está no papel, ele passeia pelas diversas vertentes que
textos e livros proporcionam, entendendo melhor o mundo no qual se encontra.
Mesmo as histórias com maior teor fictício trazem consigo questões que são

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perfeitamente encontradas na vida cotidiana, como conflitos, desigualdades, medos,
superação de problemas, ensinamentos etc. Tudo isso contribui diretamente para a
formação do indivíduo que esperamos na sociedade em que vivemos.

A leitura acompanhará o educando durante toda a sua vida, principalmente


fora da escola, por isso é preciso que seja trabalhada adequadamente, não
interessa, portanto, uma prática de leitura que a trate apenas como a compreensão
de sílabas e palavras, já que saber ler vai muito além, fazendo-se necessário atentar
para a mensagem do texto, o tema principal abordado, que objetivo ele traz, o que o
autor quer dizer, enfim todos os aspectos contidos dentro de uma estrutura textual,
pois cada texto, cada livro, traz consigo uma mensagem que pode contribuir
imensamente para o desenvolvimento e para a aprendizagem das crianças.

Como a capacidade de compreensão não vem automaticamente, nem


plenamente desenvolvida, precisa ser exercitada e ampliada em diversas
atividades, que podem ser realizadas antes mesmo que as crianças tenham
aprendido a decodificar o sistema de escrita. O professor contribui para o
desenvolvimento dessa capacidade dos alunos quando: a) lê em voz alta e
comenta ou discute com eles os conteúdos e usos dos textos lidos; b)
proporciona a eles familiaridade com gêneros textuais diversos (histórias,
poemas, trovas, canções, parlendas, listas, agendas, propagandas, notícias,
cartazes, receitas culinárias, instruções de jogos, regulamentos etc.), lendo
para eles em voz alta ou pedindo-lhes leitura autônoma; c) aborda as
características gerais desses gêneros (do que eles costumam tratar, como
costumam se organizar, que recursos lingüísticos costumam usar); e, d)
instiga os alunos a prestarem atenção e explicarem os ‘não ditos’ do texto, a
descobrirem e explicarem os porquês, a explicitarem as relações entre o
texto e seu título (COSTA VAL, 2006, p. 22).

2.1 O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL SEGUNDO A


LEGISLAÇÃO NACIONAL

A abordagem adotada pela escola para a Educação Infantil é motivo de


diversas discussões. Se até o fim do século XVIII a infância não era reconhecida
como uma fase da vida de suma importância para o desenvolvimento do indivíduo,
tanto biologicamente quanto socialmente, quando as crianças passaram a ter seus
direitos reconhecidos, muitas questões surgiram no que diz respeito à forma como
devem ser educadas dentro das instituições formais de ensino, mais precisamente a
escola.

A visão de educação infantil estava muito mais voltada para o cuidado do que
para o desenvolvimento e a formação. Porém, essa forma de tratar a educação
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ofertada para as crianças sofreu diversas alterações, sobretudo a idade em que elas
devem frequentar a escola, obrigatoriamente. Aos poucos a legislação nacional foi
sendo ampliada e a visão de educação infantil apenas para cuidar passou a ter duas
vertentes, cuidar e educar.

É importante ressaltar que, essas mudanças passaram a acontecer de forma


concreta com a Constituição de 1988 que se encontra em vigor até os dias atuais,
onde a educação infantil passa a ser dever da família e do Estado.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.

A partir de então, o Estado passa a ser responsável pela garantia dos direitos
atribuídos à educação ofertada, com a promulgação da LDB 9394/96 a criança
passou a ter direito a escolarização a partir dos quatro anos de idade, sendo
responsabilidade dos pais a matrícula de seus filhos, conforme mostra o artigo 6º da
supracitada lei: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças
na educação básica a partir dos 04 (quatro) anos de idade.”

Além da Constituição e da LDB, a educação infantil também está amparada


por outras leis que tem o papel de garantir que as crianças recebam uma educação
adequada com suas aptidões e necessidades. A Resolução nº 5 de 17 de Dezembro
de 2009, tem como objetivo estabelecer as Diretrizes Nacionais curriculares para a
educação infantil. Esta norma está articulada as Diretrizes Nacionais para a
educação básica e tem como finalidade orientar o processo referente à organização
da proposta pedagógica e curricular ofertada à educação infantil.

Sendo assim, é de suma importância ressaltar que além do reconhecimento e


dos direitos atribuídos à educação para a primeira infância, também foi estabelecida
uma nova definição de criança, por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil (2010, p. 12), que passa a ser reconhecida como:

Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas


cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona
e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

A proposta pedagógica adotada pela pré-escola, bem como o currículo devem


estar voltados para a formação que contemple o desenvolvimento dos aspectos

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motores, cognitivos, sociais, ambientais e culturais, pois, é nessa faixa etária que o
sujeito e sua personalidade serão formados. No entanto, essa questão da proposta
pedagógica e do currículo é motivo de embates e controvérsias, principalmente da
preocupação que se tem acerca dos conteúdos trabalhados com as crianças até três
anos de idade, para que se tenha o cuidado de que não seja adiantado aquilo que
será exposto no ensino fundamental.

No que diz respeito à prática pedagógica adotada na pré-escola, as Diretrizes


Curriculares Nacionais da Educação Infantil apontam que deverão ser garantidas
experiências que permitam a criança percepção acerca de si mesma e do mundo
que a cerca, além de inseri-la na diversidade das linguagens e expressões.

Em relação ao trabalho com a linguagem na escola, mais especificamente no


tocante ao contato com texto, através da leitura as referidas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 25) apontam que esta deve possibilitar
às crianças “experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem
oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos”.

Nessa concepção, entende-se que a educação infantil não se ocupará apenas


em alfabetizar as crianças, sua função está muito mais voltada para a preparação
social, cultural, ética, afetiva, individual e coletiva. Pois é sabido que quando as
crianças deixam o seio familiar ainda se encontram muito fragilizadas e
dependentes, já que o seu convívio é limitado. Por isso, quando a criança chega ao
espaço escolar ela irá precisar desvincular-se um pouco de um mundo que até então
era só seu e de sua família para dividir com as demais crianças e pessoas
envolvidas nesse processo educativo.

A educação infantil tem como objetivo desenvolver na criança a concepção de


que ela é parte integrante do meio em que vive, bem como a sua própria percepção
enquanto sujeito. O ensino deverá estar articulado com o trabalho lúdico, onde
estejam inter-relacionadas: a brincadeira, a valorização das experiências, bem como
a expressão corporal, oral e sensorial.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,


a aprendizagem da criança que se encontra na primeira infância, deverá respeitar a
sua individualidade levando em consideração que cada criança tem seu próprio

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ritmo para assimilar os conhecimentos. Dessa forma as atividades realizadas devem
observar o interesse e a progressão da criança, pois o desejo de interagir por parte
dos educandos também deve ser respeitado. Assim, segundo as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), as atividades pedagógicas
devem assegurar práticas que “promovam o conhecimento de si e do mundo por
meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que
possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos
ritmos e desejos da criança”.

No que diz respeito ao ritmo e ao desejo da criança em relação à


aprendizagem não significa que ela irá fazer apenas o que tem vontade ou
simplesmente não irá participar das atividades propostas esta questão está mais
voltada para a percepção de que cada criança aprende à sua maneira e que por isso
não se deve generalizar a partir do momento que a criança se recusa a fazer algo é
necessário investigar qual o real motivo pelo qual ela se recusa a realizar o que foi
proposto.

A educação infantil também privilegia o trabalho com a literatura, pois a partir


dela a criança desenvolverá a sua oralidade como também a escrita e as diversas
expressões, sejam elas verbais, plásticas, dramáticas, entre outras. Com isso fica
evidente que o desenvolvimento da criança acontecerá a partir de atividades lúdicas
que posteriormente irão servir como suporte no momento de sua alfabetização,
como podemos observar na indicação de trabalho pedagógico das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, P. 15):

Construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade


comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do
planeta e com o rompimento de relações de dominação etária,
socioeconômica, etnicorracial, de gênero, regional, linguística e religiosa.

O currículo ofertado é uma peça fundamental para que a criança seja


orientada da forma correta, sobretudo nos aspectos do ensino, com ênfase na leitura
a criança deve ser exposta a diversos gêneros que lhes permitam ampliar seu
vocabulário e compreender os gêneros e suas funções nas práticas sociais, por isso
deve-se favorecer a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo
domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica,

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dramática e musical, conforme orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil.
Diante do exposto compreende-se que o educador é o mediador no processo
de aquisição de conhecimento da criança, entretanto, educar não se limita a instruir
nem tão pouco a transmitir conhecimentos. O ato de educar, e aqui estamos
enfatizando a Educação Infantil, abrange também a questão de ajudar a criança a
tomar consciência de si própria, dos outros e do meio em que vive. Ao professor
cabe também o papel de mostrar os caminhos e a criança a partir da sua visão de
mundo, bem como referência familiar vai escolher qual deseja seguir.
Seguindo essa perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular (2017), indica
que a Educação Infantil deve considerar os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento da criança, estabelecendo cinco campos de experiências, nos
quais as crianças podem aprender e se desenvolver, sobretudo na área da
linguagem:

Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,


emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos
da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura,
em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
[...] Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas
necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas,
opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens (BNCC,
2017, p.34).

Como podemos constatar tanto a BNCC quanto os demais documentos, aqui


apresentados indicam que na Educação Infantil a linguagem é elemento
considerável na busca por ampliar as possibilidades da criança, tanto no que
consiste a conhecimento como fator de inclusão nas práticas sociais. Dentro desse
contexto ressaltamos a relevância do trabalho com a leitura.

Neste sentido, percebemos que o trabalho com a leitura na Educação Infantil


pode ser utilizado como um canal mediador fundamental no processo de ampliação
da linguagem e consequentemente dos conhecimentos dos estudantes, e da mesma
maneira auxiliando-os em sua formação leitora posteriormente, conforme indica os
objetivos da BNCC (2017, p. 45):

- Demonstrar interesse ao ouvir a leitura de poemas e a apresentação de


músicas;
- Demonstrar interesse ao ouvir histórias lidas ou contadas, observando
ilustrações e os movimentos de leitura do adulto-leitor (modo de segurar o
portador e de virar as páginas);

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- Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros
textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com
orientação do adulto- -leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da
esquerda para a direita);
- Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada,
identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.

Assim, podemos afirmar que a leitura impulsiona a criança em busca do


desenvolvimento. Entendendo, pois, que o processo de leitura inicia fora da
instituição escolar, mas que cabe às instituições escolares trazer significado a esse
processo dentro do espaço escolar, envolvendo os estudantes no processo de
leitura.

Dessa forma, entende-se que ouvir histórias na Educação Infantil tem uma
importância que vai além do prazer, é através dela que a criança pode conhecer
coisas novas, para que seja iniciada a construção da linguagem, da oralidade, de
ideias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal, conforme
os documentos aqui citados.

Ouvir e ler histórias consiste em entrar em um mundo encantador,


interessante e curioso que diverte e ensina. É nessa relação lúdica e prazerosa das
crianças com a obra literária que se tem a grande possibilidade de formar futuros
leitores. Para tanto, deve-se levar em consideração que grande parte das crianças
tem o primeiro contato com a literatura quando chega à escola.

É nesse aspecto que entendemos que o acesso às obras literárias na


Educação Infantil pode garantir condições para que as crianças tenham um bom
desenvolvimento do pensamento leitor, e para que haja êxito nesse processo o
professor deve ter clareza de sua metodologia com a Literatura Infantil em sala de
aula, despertando questionamentos e promovendo a construção de novos
significados.

3 A LEITURA LITERÁRIA POSSIBILITANDO O LETRAMENTO NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Entende-se que a leitura auxilia o sujeito a se apropriar de conhecimentos que


contribuirão para o seu processo de aprendizagem assim como para o seu
desenvolvimento enquanto ser pensante. Segundo Kleiman (2002), a leitura precisa

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permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em
mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.

Desta forma, é extremamente importante que desde os anos iniciais os textos,


livros, histórias, frases, parlendas, estejam presentes na vida das crianças e que
tudo isso tenha sentido para elas, pois é a partir deste processo que ela irá adquirir
o hábito pela leitura.

A leitura literária abre inúmeras possibilidades no que diz respeito ao


desenvolvimento e formação da criança enquanto educando. Além de colaborar com
a sua capacidade de criar e dar significado ao mundo e as pessoas ao seu redor, o
insere no mundo letrado, preparando-o para o momento em que o processo de
letramento for iniciado. De acordo com SOARES 2006, (apud SILVA & SILVEIRA,
2013), o conceito de letramento consiste em estado ou condição de quem não
apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a
escrita e a leitura. Letrado, então, é o indivíduo que vive em estado de letramento,
envolve-se em práticas sociais respondendo adequadamente às demandas sociais
de leitura e de escrita.
Assim, a função da leitura não se caracteriza apenas como um hábito
prazeroso, ou ainda para o ensino de conteúdos, mas principalmente para que o
sujeito possa adentrar no contexto daquilo que lê que possa ressignificar, relacionar
com o mundo que o rodeia desconstruir conceitos, elevar a capacidade de refletir
sobre temáticas que se apresentam de modo abstrato, fantasioso, mas que trazem
consigo uma dinâmica de escrita que dialoga com o meio social, com as atitudes das
pessoas, com as ideologias dentre outros fatores em que a literatura se apoia no
momento de sua criação, sendo assim o professor deve incentivar uma leitura com
objetivos bem definidos. Neste contexto, são relevantes as contribuições de Simões
(2000):

Nos momentos de leitura, o educador deve sempre procurar ser literal e dar
certo caráter interpretativo a sua leitura usando variações de entonação de
forma clara e agradável. O educador deve procurar agir como elemento
incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-se não
somente como leitor das histórias, mas também, demonstrando entusiasmo e
curiosidade, como mais um ouvinte (SIMÕES, 2000, p. 26).

Nessa perspectiva das práticas de leitura como auxílio ao processo de


letramento, é importante ressaltar que a escola e o professor são de fundamental
relevância para que se crie essa consciência da importância do ato de ler,
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principalmente em contextos sociais em que as crianças não têm acesso aos livros,
a escola é sua única via de acesso.

Especificamente, na área de Língua Portuguesa, deve-se trabalhar em sala


de aula com a diversidade textual que os educandos se deparam, ou possam vir a
se deparar, nos diversos ambientes em que circulam.

Na Educação Infantil percebe-se a relevância de se trabalhar com gêneros


literários. Mesmo essa necessidade sendo anunciada há algum tempo por vários
autores tais como: Bezerra (2002), Marcuschi (2002), Santos (2004), entre outros,
algumas pesquisas apontam que as práticas de letramento propostas nas turmas de
Educação Infantil, com raras exceções, estão completamente presas a atividades
que sirvam para a prática da alfabetização, conforme afirma Soares (2003, p. 107)
“De certa forma, a escola autonomiza as atividades de leitura e escrita em relação a
suas circunstâncias e usos sociais, criando seus próprios e peculiares eventos e
práticas de letramento”, este é o chamado letramento escolar.
Sendo assim, as práticas de leitura e escrita exercidas no contexto escolar
apresentam-se, na maioria das vezes, desvinculadas dos contextos sócio-culturais
reais, ou seja, há um paradoxo entre as práticas e eventos de letramento que
ocorrem dentro e fora da escola. Daí a necessidade de se letrar os sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem.
Cabe aqui a distinção entre esses dois termos: alfabetizar e letrar, que
muitas vezes são considerados sinônimos, para tanto recorremos a Soares (2003, p.
90):

Porque alfabetização e letramento são conceitos frequentemente


confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo
que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a
introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem
ameaçado perigosamente a especificidade do processo de alfabetização;
por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de
alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no
quadro do conceito de letramento, como também este é dependente
daquele.

Observa-se que a autora traz conceitos diferentes para as duas palavras,


porém chama atenção para a dependência de ambos. Seguindo essa concepção, o
ideal seria alfabetizar letrando. Isto significa ensinar a ler e escrever no contexto das
práticas sociais da leitura e da escrita, possibilitando ao aluno tornar-se alfabetizado

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e letrado. Por isso, não basta ter livros na escola, na sala de aula, é preciso que se
criem meios para que os educandos encontrem nos livros um caminho para expandir
a sua formação.
Silva e Silveira (2013, p. 96), apontam como possível solução a utilização da
leitura literária na Educação, devendo contemplar três vertentes que serão de suma
importância nesse processo, sendo elas:

a) A aprendizagem da literatura, que se dá através da experiência estética


do mundo por meio da palavra, e instiga os sentidos, os sentimentos e a
intimidade, pois há uma relação tátil, visual, sensorial, emocional do leitor
com o texto.
b) A aprendizagem sobre a literatura, que envolve os conhecimentos de
história, teoria e crítica; prevalência dos didatismos nos currículos
escolares.
c) A aprendizagem por meio da literatura, que está relacionada aos saberes
e às habilidades proporcionadas aos usuários pela prática da leitura
literária: ampliação do universo cultural do leitor através dos tantos temas
humanos, sociais, políticos, ideológicos, filosóficos, dentre outros, que são
tratados nos gêneros literários.

Com isso, fica claro que a leitura literária não se resumirá a servir como base
para alfabetização, ou ainda, desenvolverem projetos literários que se ocupam em
reproduções genéricas por meio de ilustrações, dramatizações sem que se tenha o
cuidado de se refletir sobre a temática da obra que pode enriquecer a formação da
criança.

O foco do letramento como dimensão complementar e indissociável da leitura,


deve-se privilegiar aspectos relativos à inserção e à participação dos alunos na
cultura escrita, abrangendo capacidades de uso do sistema de escrita e da leitura.
Dessa maneira, a leitura passa a ser muito mais do que apenas aprender a
decodificar; aprender a ler e escrever significa assumir um papel ativo diante dos
gêneros textuais, interagindo com os textos de forma dinâmica, prazerosa e
consciente.

Com esta nova proposta, os educadores são vistos como agentes de


letramento capazes de articularem leitura e escolarização, por isso acredita-se que,
os docentes da Educação Infantil, necessitam viabilizar a participação de seus
educandos em eventos de letramento a partir de textos literários, propondo uma
prática de leitura, dentro da escola, que proporcione situações reflexivas sobre o
caráter ideológico da leitura.

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Não é possível afirmar que o letramento por si só garante ao aluno a inclusão
social, mas a falta de letramento determina a exclusão social, já que o sujeito que
possui um alto nível de letramento é socialmente mais participante. De acordo com o
que já explicitamos anteriormente, percebemos a necessidade de investigar e
analisar as práticas de leitura e os eventos de letramento desenvolvidos no âmbito
escolar.

Nesse diapasão, ressalta-se que as obras literárias apresentam aos


educandos a possibilidade de fazer uma relação entre aquilo que os textos narram e
as atividades e situações que vivenciam diariamente, ampliando assim seu processo
de letramento, assim, é preciso que a prática pedagógica saiba como lidar
efetivamente com a temática e a proposta que cada texto traz, pois assim os alunos
poderão entrar na dinâmica do texto sem dificuldades e certamente irão observar
situações com as quais se identificarão como também a sua aprendizagem será
muito mais significativa.

A educação letrada precisa atender não somente às habilidades formais de


codificar e decodificar textos, mas também aos processos individualizados
da construção de sentidos. É preciso também ajudar os alunos a
engajarem-se com as ferramentas necessárias para compreender, avaliar e
participar dos sistemas de atividade social maiores onde os textos assumem
significados e vida (BAZERMAN, 2007, p.196, apud Oliveira & Ferreira).

Mesmo que na educação infantil a criança não tenha a obrigatoriedade de ler


e escrever, ela fará a leitura de outra forma, através da leitura de imagens, da
interpretação oral, da expressão corporal, dentre outras, por isso a necessidade de
se fazer um trabalho consistente com as obras literárias. O professor é um
importante instrumento para que o educando possa conhecer, encantar-se e
aprender a partir daquilo que está sendo contado, visto, ouvido e também tocado.

Nesse sentido, a literatura infantil tem uma função muito ampla que não se
limita à reprodução de passagens de um livro, ou de utilização de suas imagens ou
personagens para atividades aleatórias, sobre a função da literatura infantil Paiva
(2006) nos mostra que:

[...] a criança tem contato com o texto literário por meio, especialmente, de
materiais didáticos, mas nem sempre esse contato ocorre através de uma
adequada mediação. Um dos principais motivos é que as atividades
propostas não possibilitam uma aproximação literária dos alunos com os
textos. Outro motivo é a fragmentação dos textos literários, que são
apresentados aos alunos como ‘pseudotextos’, às vezes começando pela
metade, outras vezes com seu final alterado ou ignorado, ainda outras

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vezes com recortes feitos no corpo do texto apenas para adequá-lo ao
espaço do livro didático, aproximando o começo do fim (PAIVA, 2006, p.
128).

Para que a prática de leitura seja significativa para os educandos, o professor


necessita ter clareza e domínio sobre os textos que irá ofertar aos seus alunos. É
pouco provável que se crie um hábito prazeroso de leitura nos educandos se o
próprio professor não tiver esse hábito, dificilmente fará um trabalho consistente de
incentivo, é preciso ter intimidade com o mundo literário para que seus alunos
também se sintam atraídos.

É fato que um trabalho significativo com a leitura literária não é algo simples,
essa perspectiva pedagógica é desafiadora, de modo que o professor encontra-se
em uma situação nada favorável, pois sendo ele um dos principais instrumentos
desse processo, precisa desdobrar-se entre dar conta das exigências de escolarizar
os textos literários, como também de disseminá-lo entre os educandos.

A escola enquanto espaço privilegiado do conhecimento ainda precisa dar


passos em direção a um efetivo trabalho literário. Muitas são as contradições sobre
este assunto, mas um dos principais equívocos é usar os livros como meio para
alfabetizar, apresentar signos linguísticos. A educação infantil ainda não atentou
totalmente para a sua função, pois mesmo diante dos avanços alcançados ainda é
preciso definir o lugar de determinadas práticas escolares que se disseminam nas
creches e pré-escolas.

Sobre a necessidade de se preservar a relação de ludicidade que a criança


tem com o livro da mesma forma que atribui ao brinquedo, é importante ressaltar
que, essa relação não pode se limitar ao ato de manusear um livro como faz com um
brinquedo ao longo de toda a sua formação na educação infantil. Essa relação entre
livro e criança deve ser ampliada aos poucos, ao passo que o professor irá trabalhar
os diversos aspectos de uma obra de maneira singular, suas ilustrações, cores,
traços, a temática das histórias, a contextualização, a expressividade, as
particularidades de seus personagens, o desfecho de cada história, as inter-relações
que os alunos farão entre aquilo que estão conhecendo através da história e aquilo
que vivem com suas famílias, colegas de escola, pessoas que fazem parte de seu
cotidiano, o meio social em que se encontram e as exigências do mesmo, valores e
princípios que são valorizados.

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Há que se ressaltar que este é um trabalho que não será feito em um
pequeno espaço de tempo, sendo necessárias etapas de pesquisa,
aperfeiçoamento, adequação, traçar metas, avaliar diariamente a prática, trazendo
para si novos significados. A educação infantil e os atores envolvidos nesse
processo têm uma responsabilidade extremamente significativa, e no que tange ao
letramento literário essa responsabilidade torna-se ainda maior, pois inserir uma
criança no mundo literário não se restringe apenas a lhe dar um livro e fazer-lhe
ouvir uma história. Entretanto, para que todas as possibilidades citadas aqui ocorram
é preciso que a literatura ofertada seja significativa, construtiva trazendo qualidade
em suas narrativas e demais aspectos constituintes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que um dos grandes problemas existentes na educação é a


dificuldade apresentada pelos educandos em criar uma aproximação com leitura e a
literatura. Por esse motivo é importante incentivar a prática de leitura com o gênero
literário desde cedo. No decorrer deste trabalho ressaltou-se a importância que a
leitura literária exerce na formação da criança, desde a educação infantil
perpassando ao longo de toda sua vida e o quanto as práticas de leitura estão
presentes no nosso cotidiano.

Discutiu-se também a relevância no que tange à introdução da Literatura na


Educação Infantil, acreditando que a inserção da Literatura Infantil surge como uma
ferramenta a ser utilizada pelos professores, contribuindo na formação de leitores,
proporcionando não somente o enriquecimento cultural como também a própria
formação social do estudante. E nesse processo cabe ao professor indicar os
caminhos que conduzirão os futuros leitores ao hábito da leitura, incentivando-os e
instigando-os a ampliarem sua diversidade textual, apresentando-os novos livros,
além de alimentar a imaginação e o prazer de ler.

Destacou-se ainda a importância do processo de letramento que não se limita


a preocupação de ensinar as crianças a reconhecer signos linguísticos, mas
especialmente compreender os gêneros textuais e suas funções, isto é: a lê-los,
escrevê-los e interpretá-los, além de conseguir interagir socialmente utilizando esses

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gêneros nas práticas sociais. Nesse contexto, ressaltamos a relevância de que os
professores também sejam leitores.

Trabalhar a literatura desde a educação infantil e incentivar o hábito à leitura


alimenta o imaginário da criança possibilitando que esta exprima suas emoções
(alegria, o medo, a curiosidade, entre outras) com a finalidade de gerar prazer
despertando nos pequenos o gosto pela leitura possibilitando nesse processo que as
crianças desenvolvam sua imaginação, contribuindo significativamente para o seu
desenvolvimento.

O desafio de despertar o interesse pela leitura na escola é de fato uma tarefa


árdua, em especial nos dias atuais, em que a tecnologia tem um alcance significativo
em todas as camadas sociais, e os livros por sua vez vem perdendo espaço para o
mundo virtual. Por isso defendemos que o estimulo à leitura na Educação Infantil é
fundamental, pois quanto mais cedo os hábitos de leitura forem apresentados às
crianças, mais fácil se torna a aceitação por parte delas.

Em síntese, compreende-se que introduzir a leitura literária na Educação


Infantil contribui para o seu enriquecimento cultural, intelectual e social. Deste modo
fica evidente a grande necessidade de se trabalhar o desenvolvimento da criança
por meio da Literatura, devido a sua extrema relevância na contribuição para o
desenvolvimento intelectual, bem como auxilia na construção da personalidade das
crianças, ajudando-as a compreender melhor o mundo a sua volta formando sujeitos
atuantes capazes de executar e compartilhar os conhecimentos adquiridos.

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Scipione, 1995.

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