A indústria de processamento de alimentos desempenha um papel
fundamental na produção de alimentos seguros e de qualidade para consumo humano. Dentre os diversos setores dessa indústria, destacam-se os abatedouros-frigoríficos, responsáveis pelo processamento e transformação de carnes de diferentes espécies animais (SCHWELLER & WESTERHAUSEN, 2018).
Neste trabalho, iremos abordar a concepção e apresentação de um
fluxograma completo para um abatedouro-frigorífico de coelhos, desde a saída da cunicultura até a expedição do produto final. Os coelhos têm sido amplamente criados para fins de consumo em diversos países, sendo considerados uma alternativa à carne bovina e suína, devido ao seu menor impacto ambiental e à sua alta qualidade nutricional.
Como responsável técnica pelos projetos de abate de coelhos, é crucial
observar todas as etapas do processo, desde a concepção dos fluxogramas até a inspeção final dos produtos finais. Além disso, é importante garantir que o ambiente em cada sala do fluxograma esteja em conformidade com as Boas Práticas de Fabricação (BPF) de 2018. Neste trabalho, discutirei as principais considerações em cada etapa do processo, bem como as diretrizes para o ambiente de trabalho e as BPF, dispondo assim aos
1. Recebimento dos coelhos: No início do processo, ao receber os coelhos para
o abate, é necessário verificar a qualidade dos animais, incluindo sua condição de saúde e bem-estar. Os coelhos devem ser examinados quanto a qualquer doença, lesões ou sinais de estresse. Além disso, é importante garantir que os coelhos sejam manuseados com cuidado para evitar ferimentos durante o transporte e descarregamento.
Ambiente da sala: A sala de recebimento deve ser mantida limpa e organizada.
Deve-se ter um sistema adequado de ventilação e controle de temperatura para garantir o conforto e a segurança dos animais. É importante que a sala esteja bem iluminada e livre de qualquer contaminação que possa afetar a qualidade dos coelhos.
2. Insensibilização e sangria: A etapa de insensibilização e sangria é
fundamental para minimizar o sofrimento dos animais e garantir uma sangria eficiente. O método de insensibilização deve ser realizado de acordo com as regulamentações locais e as melhores práticas. Após a insensibilização adequada, os coelhos devem ser sangrados imediatamente para evitar a coagulação do sangue.
Ambiente da sala: A sala de insensibilização e sangria deve ser higienizada e livre
de qualquer fonte de contaminação. Deve-se ter uma área adequada para acomodar os coelhos e realizar o procedimento com segurança. O ambiente deve ser bem iluminado, com piso antiderrapante e fácil de limpar para evitar acidentes e facilitar a limpeza.
3. Evisceração e resfriamento: Após a sangria, os coelhos são encaminhados
para a etapa de evisceração, onde as vísceras são removidas. É importante garantir que todas as vísceras sejam removidas adequadamente, evitando qualquer contaminação da carne. Após a evisceração, os coelhos devem ser resfriados para garantir a conservação e a qualidade do produto.
Ambiente da sala: A sala de evisceração e resfriamento deve ser mantida limpa e
organizada. Deve haver uma área dedicada para a evisceração, equipada com bancadas, ferramentas adequadas e pias para lavagem das mãos. É fundamental que a sala esteja bem refrigerada para evitar o crescimento bacteriano e garantir a segurança dos produtos.
4. Inspeção e embalagem: Nesta etapa, os coelhos já eviscerados e resfriados
passam por uma inspeção final para garantir a qualidade e a conformidade com os padrões estabelecidos. Qualquer coelho com sinais de doença, contaminação ou outras irregularidades deve ser descartado. Em seguida, os coelhos são embalados de acordo com os requisitos do mercado e prontos para serem distribuídos. Ambiente da sala: A sala de inspeção e embalagem deve ser mantida limpa e organizada. Deve haver uma área designada para a inspeção, com iluminação adequada e ferramentas de inspeção. Além disso, é fundamental seguir as BPF em relação à higiene pessoal, como uso de vestimentas adequadas, luvas e lavagem frequente das mãos. As embalagens devem ser armazenadas corretamente, evitando contaminação e danos aos produtos.
É importante ressaltar que, em todas as etapas do processo de abate de coelhos, a
saúde e o bem-estar dos animais devem ser prioritários. Além disso, a qualidade e a segurança dos produtos finais devem estar em conformidade com as regulamentações e padrões estabelecidos. Manter um ambiente de trabalho limpo, organizado e em conformidade com as BPF é essencial para garantir a excelência operacional e a satisfação dos clientes. 5. Armazenamento e distribuição: Após a inspeção e embalagem, os produtos finais de coelho devem ser armazenados adequadamente antes da distribuição. É fundamental garantir que as condições de armazenamento sejam ideais para preservar a qualidade dos produtos, como temperatura controlada, umidade adequada e ausência de contaminação. Os produtos devem ser organizados de forma a facilitar o acesso e minimizar o risco de danos durante o armazenamento.
Ambiente da sala: A sala de armazenamento deve ser projetada levando em
consideração os requisitos de temperatura e umidade para os produtos de coelho. Deve haver um sistema de refrigeração adequado para manter os produtos frescos. As prateleiras devem ser limpas e organizadas, garantindo que os produtos sejam armazenados de forma segura e separados de outros produtos que possam causar contaminação.
6. Transporte e entrega: Durante o transporte e entrega dos produtos de coelho,
é essencial garantir a integridade do produto e a conformidade com as regulamentações de segurança alimentar. Os veículos utilizados para o transporte devem estar limpos e higienizados regularmente, evitando a contaminação cruzada. Os produtos devem ser embalados de forma adequada para evitar danos e garantir a manutenção da qualidade durante o transporte.
Ambiente do veículo de transporte: O veículo de transporte deve estar em
conformidade com as regulamentações locais e ser mantido limpo e higienizado. Deve haver um controle adequado da temperatura durante o transporte refrigerado, garantindo que os produtos de coelho sejam mantidos em condições seguras. O veículo deve ser equipado com compartimentos de armazenamento apropriados, garantindo que os produtos sejam protegidos e evitando a contaminação durante o transporte.
Pode-se compreender que ao chegar ao cliente é importante garantir que a
entrega seja feita de forma segura e eficiente. Os produtos devem ser inspecionados novamente para verificar sua qualidade, integridade e conformidade com as especificações solicitadas. Quaisquer problemas identificados devem ser tratados imediatamente para garantir a satisfação do cliente.
Desta forma, preconiza-se o desenvolvimento do ambiente de trabalho em
cada sala do fluxograma deve estar em conformidade com as BPF, garantindo a qualidade e a segurança dos produtos finais. O cuidado com a saúde e o bem-estar dos animais, a higiene pessoal, a inspeção de qualidade e o controle de temperatura são aspectos cruciais para obter produtos de coelho de alta qualidade e atender às expectativas dos clientes. Referências bibliográficas:
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Boas Práticas de Fabricação –
BPF. NBR 14848. São Paulo, 2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
Instrução Normativa nº 17, de 15 de junho de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 2004. Seção 1, p. 12-13.
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
Instrução Normativa nº 14, de 28 de fevereiro de 2017. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Carne de Coelho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1 mar. 2017. Seção 1, p. 16-18.
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
Instrução Normativa nº 47, de 3 de outubro de 2017. Regulamento Técnico para Fixação dos Requisitos de Boas Práticas de Bem-estar Animal em Estabelecimentos de Abate. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 out. 2017. Seção 1, p. 3-4.
SCHWELLER G., WESTERHAUSEN R. Qualidade e segurança alimentar. São