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DE POLÍCIA CIVIL
2ª EDIÇÃO
2ª RODADA - 03/03/2016
CEI-DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL
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2ª RODADA - 03/03/2016
DURAÇÃO
22/02/2016 A 20/04/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões Totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
36 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DEPOL
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2ª ED.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2016
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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PROFESSORES
Henrique Hoffmann Monteiro de Castro – Coordenador do Curso e Professor de Legislação Penal Especial
Delegado de Polícia Civil do Paraná. Ex-Delegado de Polícia Civil do Mato Grosso. Professor Coordenador da Pós-Graduação em
Ciências Criminais da FACNOPAR. Professor Convidado da Escola Nacional de Polícia Judiciária, Escola Superior de
Polícia Civil do Paraná, Escola da Magistratura do Paraná, Escola do Ministério Público do Paraná e Curso
de Formação de Defensores Públicos de Santa Catarina. Colunista do Conjur. Mestrando em Direito
pela UENP. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela UGF. Especialista em Segurança
Pública pela UNIESP. Bacharel em Direito pela UFMG. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
Processual Penal e da Associação Internacional de Direito Penal. Assessor Jurídico da Federação
Nacional dos Delegados de Polícia Civil. Facebook, Instagram, Twitter e Periscope: profhenriqueh.
facebook.com/profhenriquehoffmann
facebook.com/elisaemurillodelta
facebook.com/leonardomarcondesmachado
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INSTRUÇÕES GERAIS
O curso tem duração de 4 meses, sendo composto por 10 rodadas que ocorrem de 10 em 10 dias.
O aluno recebe, a cada rodada, 36 questões objetivas inéditas, acompanhadas do gabarito comentado de
forma pormenorizada pelos professores. O curso é totalmente online, permitindo sua participação onde quer
que esteja.
Recebe também, a cada rodada, 2 questões dissertativas e 1 peça prática inéditas. Além disso, o aluno é
contemplado com um grande diferencial: correções individualizadas das suas respostas, nas quais o professor
elabora observações e indica aspectos a melhorar. O prazo para que o aluno entregue as questões resolvidas
será de 10 dias (até a rodada seguinte). Após a entrega pelo aluno, os professores devolverão as correções no
prazo de 10 dias (na próxima rodada), acompanhadas do minucioso espelho de correção. Mesmo os alunos
que optarem por não enviar suas respostas dissertativas e peça prática receberão o espelho de correção,
bem como a seleção das melhores respostas e peças. Fique atento ao calendário disponível no site na aba
“cronograma”, e lembre-se que só serão aceitas as respostas enviadas até às 23:59h do último dia do prazo,
não sendo possível o recebimento após o limite, ainda que o aluno tenha ingressado após o início do curso.
Serão, ao todo, 10 rodadas, o que significa que o aluno receberá ao final do curso 360 questões objetivas
comentadas, 20 questões dissertativas, e 10 peças práticas.
O corpo docente é 100% composto por Delegados de Polícia de vários estados do Brasil, com experiência
docente em Academias de Polícia e cursos preparatórios, publicação de livros e artigos e até mesmo participação
em banca examinadora do concurso público para Delegado de Polícia.
Note o diferencial: aqui suas respostas serão corrigidas por quem já enfrentou com êxito batalha semelhante
à sua, e pode nortear sua caminhada.
As questões versarão sobre as disciplinas estatisticamente mais cobradas em concursos públicos para Delegado
de Polícia Civil, sendo elas: Direito Penal, Direito Processual Penal, Legislação Penal Especial (que nos editais
geralmente está incluída em Direito Penal, mas devido à sua importância para a prova foi destacada como
disciplina autônoma), Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Língua Portuguesa e Medicina
Legal. As matérias de Criminologia e Direitos Humanos serão cobradas pontualmente em Direito Penal e
Direito Constitucional, respectivamente.
Todas as questões são elaboradas a partir do programa de matérias dos editais dos concursos anteriores, e
comentadas com base em legislação, doutrina e jurisprudência.
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
1. No que concerne aos dispositivos penais e processuais penais do Código de Trânsito Brasileiro,
aponte a opção certa:
b) Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
c) Em razão do veto do art. 300 do CTB, não se admite a aplicação do perdão judicial ao
homicídio culposo de trânsito.
e) O homicídio culposo simples é punido com o mesmo patamar de pena que o homicídio
culposo qualificado.
a) Nas hipóteses de flagrante de ato infracional cometido sem violência ou grave ameaça,
o Delegado não é obrigado a lavrar auto de apreensão em flagrante.
d) O adolescente a quem se atribua autoria de ato nunca pode ser transportado em viatura
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policial.
e) Sendo deferida pelo juiz a internação do adolescente, poderá aguardar sua remoção a
entidade adequada na Delegacia de Polícia, pelo prazo máximo de 15 dias.
a) No homicídio praticado com emprego de arma de fogo, o porte ilegal da arma de fogo
sempre resta absorvido pelo crime contra a vida.
b) Disparar arma de fogo ou acionar munição para matar alguém acarreta concurso de
crimes do art. 15 da Lei 10.826/03 e do art. 121 do Código Penal.
c) Possuir arma de fogo com registro vencido configura crime, segundo posição
preponderante do STJ.
d) Possuir arma de fogo dentro do caminhão dirigido por motorista profissional gera crime
de posse ilegal de arma de fogo.
e) O agente que, em legítima defesa, atira em criminoso para se defender, não responde
criminalmente.
b) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias.
e) Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências
policiais contra ele.
5. No que tange à Lei 12.830/13, que dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado
de polícia, assinale a assertiva errada:
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e) A busca domiciliar pode ser utilizada para a apreensão de pessoas vítimas de crimes,
mas nunca enquanto medida destinada à prisão de criminosos em residência.
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a) Nos juízos coletivos, poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si
parentes, consanguíneos ou afins, vedada apenas a situação de cônjuges.
b) Não cabe recurso do despacho que inadmite assistente de acusação no processo penal.
d) O juiz dar-se-á por suspeito nos processos criminais em que tiver funcionado seu parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, como defensor ou
delegado de polícia, bem como quando houver desempenhado qualquer dessas funções
ou servido como testemunha.
b) Não é possível qualquer ato formal de indiciamento para as infrações penais de menor
potencial ofensivo.
c) O indiciamento policial, enquanto ato privativo do delegado de polícia, não pode ser
solicitado tampouco requisitado pelo Judiciário ou pelo Ministério Público.
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10. A respeito das prisões cautelares e medidas alternativas ao cárcere, CORRETO afirmar:
a) O Código de Processo Penal, após a reforma promovida pela Lei n. 12.403/11, ampliou
a possibilidade de o juiz decretar prisões preventivas, em face de investigações criminais
ou processos penais que tenham por objeto crimes culposos, conforme entendimento dos
Tribunais Superiores.
DIREITO PENAL
11. A lei 13.104/2015 recentemente realizou alterações significativas no Código Penal em prol da
proteção à mulher diante do significativo aumento desta forma de criminalidade. A esse respeito,
responda:
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c) O legislador não incluiu o feminicídio no rol dos crimes hediondos, somente quando
praticados por motivo fútil ou torpe.
d) Pratica feminicídio aquele que mata mulher somente nas circunstâncias do art. 5º da lei
11.340/06 ou por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
e) O feminicídio poderá ter como vítima o homem de uma relação homoafetiva, aplicando
por analogia o entendimento de algumas decisões jurisprudenciais e parte da doutrina de
incidência das medidas protetivas aos transexuais e travestis.
d) O bem jurídico tutelado neste crime é o patrimônio da administração pública que será
atingido quando a vítima for indenizada pelos danos sofridos, ao processar o ente federado
por ato de seu agente público.
13. Mévio ao procurar um advogado para ajuizar ação indenizatória em face do Estado apresenta
declaração de estado de pobreza, com firma reconhecida em cartório, com o intuito de obter os
benefícios da justiça gratuita. Posteriormente o procurador do Estado ao pesquisar sobre a vida
pessoal do autor Mévio descobre nas redes sociais que o mesmo viaja com frequência, possui
carros de luxo, apesar de morar de aluguel. Com base nestas informações oficia ao juízo para que
comunique o fato à polícia judiciária para adotar as providências cabíveis, remetendo cópia dos
autos, incluindo a declaração falsa de afirmação de pobreza. Ao receber os autos, o Delegado de
Polícia ao analisar a relevância penal do fato praticado por Mévio deverá concluir, com base na a
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a) Fato atípico.
14. A despeito da orientação do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça sobre
o crime de roubo com emprego de arma, responda a alternativa correta:
c) Caso a arma de fogo ao ser apreendida e após periciada o laudo constatar que a mesma
apresentava defeito, não será possível a incidência da majorante se o defeito apresentado
for relativamente ineficaz.
e) Quando o roubo com emprego de arma de fogo é praticado como crime meio, o
crime de porte ilegal fica absorvido por aquele em razão do princípio da consunção, não
respondendo o agente pelo roubo majorado e porte ilegal de arma em concurso de crimes,
mas somente pelo crime de roubo majorado.
a) São requisitos para o crime de desobediência a emanação de uma ordem prevista na lei,
emanada de autoridade competente ou com atribuição para tal e que o destinatário seja
qualquer pessoa.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Além da Revolução Industrial, a Segunda Guerra Mundial é apontada como outro marco
histórico relevante do Estado Social.
d) O Estado Social se materializa como um estado paternalista, de modo que existe uma
preponderância em regular e implementar direitos civis individuais em detrimento dos
direitos sociais.
e) Um dos grandes autores do paradigma do Estado Social foi Ronald Dworkin, contribuindo
para a consolidação do positivismo jurídico.
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III. O atual Código de Processo Penal, publicado em 1941 como Decreto-Lei, possui, em
razão do fenômeno da recepção, a natureza jurídica de Lei Ordinária.
18. O Estatuto dos Congressistas, para usar o termo cunhado por José Afonso da Silva, consiste
em um conjunto de regras previstas na Constituição Federal que prescreve aos parlamentares
federais direitos, prerrogativas, deveres e incompatibilidades. Sobre o tema, marque a alternativa
incorreta:
d) Embora juntamente com cada Senador sejam eleitos dois suplentes, a posse no cargo,
que constitui ato formal indispensável para o gozo das prerrogativas ligadas à função
legislativa, dá-se apenas com relação àquele que efetivamente o exerce, em caráter interino
ou permanente, não se estendendo aos suplentes enquanto o titular estiver no exercício
do cargo.
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19. Acerca das funções constitucionais do Ministério Público e da sua relação com as polícias,
marque a alternativa incorreta:
b) Todos os legitimados para a propositura da ADI no STF constam do rol dos legitimados
para propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
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21. As Constituições nascem com a finalidade de serem praticamente eternas, mas isso não implica
em dizer que são imodificáveis por necessidade de espelharem a realidade social. O constituinte
originário, ciente dessas necessidades, estabeleceu o procedimento de emenda constitucional
para alteração da Carta Magna. Acerca da criação de normas com status constitucional, marque
a assertiva correta:
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b) Se a Medida Provisória for convertida em lei antes do julgamento final da ADI, a ação
constitucional terá o seu normal seguimento se não ocorrer alteração substancial na
conversão da medida provisória em lei e se houver aditamento com a lei fruto da conversão.
c) O ato de revogação pura e simples de uma medida provisória outra coisa não é senão
uma auto-rejeição; ou seja, o autor da medida ao se antecipar a qualquer deliberação
legislativa para proclamar, ele mesmo (Poder Executivo), que sua obra normativa já não tem
serventia. Logo, reeditá-la significaria artificializar os requisitos constitucionais de urgência
e relevância, já categoricamente desmentidos pela revogação em si, tornando possível o
controle da Medida Provisória via ADI.
d) O STF não admite o controle constitucionalidade, via ADI, de medidas provisórias para
abertura de crédito orçamentário.
e) A conversão em lei não é capaz de sanar os vícios até então presentes na medida
provisória, sendo admitida a utilização de ADI após tal marco temporal.
DIREITO CIVIL
23. O princípio da boa-fé objetiva, presente no atual Código Civil, consiste em uma norma de
conduta direcionada a todas as fases contratuais, desde a fase pré-contratual até a fase pós-
contratual. Sobre o tema, analise as assertivas abaixo e marque a alternativa correta.
I. O venire contra factum proprium, aceito pela jurisprudência dos tribunais superiores, é
decorrente do princípio da boa-fé objetiva e implica na impossibilidade de um cidadão ter
uma conduta futura contrária a atos por ele reiteradamente práticos no passado.
II. O duty to mitigate the loss, decorrente do princípio da boa-fé objetiva, impõe ao credor
o constante dever de evitar que eventual dívida atinja valores exorbitantes, podendo,
caso isso aconteça, ser ao mesmo imputado uma culpa concorrente delituosa, de modo a
autorizar o Poder Judiciário a diminuir eventual indenização que receberia.
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24. Acerca da teoria da perda de uma chance, no contexto da responsabilidade civil, marque a
alternativa correta:
b) Para fins de indenização, não basta a prova de eventual prejuízo, devendo a parte provar
a sua real ocorrência.
d) A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para
alguém a frustração da chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda.
DIREITO ADMINISTRATIVO
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
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d) As disposições da Lei nº 8.429/92 não se aplicam às pessoas que não sejam agentes
públicos.
II. O princípio da modicidade traz que a Administração Pública deve buscar o modo mais
adequado da prestação do serviço aos usuários, em respeito à moralidade administrativa.
III. Serviços públicos exclusivos delegáveis não necessariamente são prestados pelo
Estado.
IV. Poder concedente é o ente federativo responsável pela execução da atividade delegada,
respeitando as competências constitucionais para a prestação de serviços públicos.
a) F – V –F – V.
b) V – F – F – V.
c) F – V – V – F.
d) V – F – V – F.
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e) F – F – F – V.
28. Sobre o entendimento sumulado pelos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta.
d) O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não
na inscrição para o concurso público.
II. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
poderá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social.
III. O Direito Administrativo e os princípios trazidos pela Constituição Federal que regem
a administração pública não se destinam aos Poderes Judiciário e Legislativo, mas ao Poder
Executivo.
Assim, marca-se
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30. Quanto aos prazos expressamente previstos na Lei de Licitações (prazo mínimo até o
recebimento das propostas ou da realização do evento), assinale a alternativa correta.
d) Quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço, trinta dias para tomada
de preços.
PORTUGUÊS
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b) Ontem eu sonhava.
c) O modelo de tratamento mostrou que muitos dos vitus do Ebola, que têm evoluído nos
últimos anos, são transmitidos facilmente.
MEDICINA LEGAL
34. Assinale a alternativa que correta quanto à identificação do sexo através de exame pericial:
d) A identificação do sexo não pode ser realizada apenas pelo registro civil em cartório.
e) A identificação do sexo feminino pela vulva é uma forma de diagnóstico do sexo pela
genitália interna.
35. Assinale a alternativa incorreta sobre mortes produzidas por energia térmica decorrente pelo
calor:
a) O desmaio na praia pela alta incidência de calor é uma forma de síncope térmica;
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e) Nos casos de eritema solar, nas queimaduras são apenas de primeiro grau.
36. Assinale a alternativa correta quanto a embriaguez e suas implicações sobre a responsabilidade
penal:
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA E
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1. No que concerne aos dispositivos penais e processuais penais do Código de Trânsito Brasileiro,
aponte a opção certa:
b) Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
c) Em razão do veto do art. 300 do CTB, não se admite a aplicação do perdão judicial ao
homicídio culposo de trânsito.
e) O homicídio culposo simples é punido com o mesmo patamar de pena que o homicídio
culposo qualificado.
COMENTÁRIO
Parágrafo único. Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, de embriaguez
ao volante, e de participação em competição não autorizada o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
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I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Trata-se do teor do art. 296 do Código de Trânsito Brasileiro, com redação dada pela Lei 11.705/08:
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará
a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
A redação anterior gerava dúvida sobre a obrigatoriedade ou não de aplicação da suspensão da CNH ao
reincidente, pois utilizava o verbo “poderá”:
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz poderá aplicar
a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem
prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
O perdão judicial albergado no art. 300 do CTB foi suprimido, não por ulterior alteração legislativa, mas
por veto presidencial. Contudo, como o fundamento consistiu no fato de o Código Penal (art. 121, §5º e
art. 129, §8º) disciplinar o tema de forma mais abrangente, prevaleceu a possibilidade de sua aplicação
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também aos delitos da lei especial. Assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça (HC 21.442, Rel. Min. Jorge
Scartezzini, DP 09/12/2002).
Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância
de efeitos análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Para se aperfeiçoar, o crime precisava ser praticado em via pública, e era preciso dano concreto em razão
da expressão “expondo a dano potencial a incolumidade de outrem”.
Foi editada então a primeira “Lei Seca” (Lei 11.705/08), que trouxe a seguinte redação:
Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por
litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência.
A infração penal estampada no art. 306 passou a exigir determinada concentração mínima de
álcool no organismo, a pretexto reduzir a tolerância aos condutores alcoolizados, razão pela
qual foi chamada de “Lei Seca”. Em vez de tornar mais eficaz a repressão, acabou gerando
impunidade, face à combinação entre restrição da prova da materialidade do crime (somente
exame de etilômetro ou sanguíneo) e a garantia da inexigibilidade de autoincriminação (nemo
tenetur se detegere).
O equívoco foi posteriormente corrigido pela Lei 12.760/12, também apelidada de “Lei Seca”, que
passou a demandar no tipo penal apenas a alteração da capacidade psicomotora, ampliando
a possibilidade probatória, que agora transcende o exame do bafômetro ou de sangue para
englobar o exame clínico, de vídeo e prova testemunhal. (CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro
de. Código de Trânsito atinge a maioridade com velhos problemas e novas perspectivas.
Revista Consultor Jurídico, jan. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-jan-22/
codigo-transito-atinge-maioridade-velhos-problemas-novas-perspectivas>. Acesso em: 22
jan. 2016).
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Note que, além de não se exigir quantidade mínima de álcool no organismo, não é preciso que a conduta
ocorra em via pública.
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O condutor homicida que se encontra sob efeito de álcool ou outra substância entorpecente, ou
que esteja disputando pega, de fato merece uma reprimenda mais severa em razão do elevado
desvalor de sua conduta e do resultado gerado, desprezando a necessidade de um mínimo de
segurança viária e ignorando a exigência de paz no trânsito. Todavia, em vez de estabelecer um
patamar de pena superior ao crime em sua forma simples (2 a 4 anos), o legislador limitou-se
a alterar a modalidade de pena privativa de liberdade de detenção para reclusão, em situação
totalmente sui generis.
Apenar o homicídio culposo de trânsito qualificado com a mesma sanção penal da modalidade
simples fere as mais comezinhas regras de bom senso, chegando a configurar violação ao
postulado da proporcionalidade, no seu aspecto de proibição de proteção deficiente. Como se
sabe, a teor do art. 33 do CP, a diferença entre a detenção e reclusão limita-se à determinação
do regime inicial do cumprimento de pena. Esse detalhe perde relevância ao considerarmos
que o condenado não reincidente cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos poderá desde o
início cumpri-la em regime aberto (art. 33, §2º, c do CP). Ademais, a previsão de pena de
reclusão não impede que o juiz promova a substituição por penas restritivas de direitos, que
pode ocorrer independentemente da quantidade da pena nos crimes culposos (art. 44, I, do
CP). (CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de. Código de Trânsito atinge a maioridade
com velhos problemas e novas perspectivas. Revista Consultor Jurídico, jan. 2016. Disponível
em: <http://www.conjur.com.br/2016-jan-22/codigo-transito-atinge-maioridade-velhos-
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a) Nas hipóteses de flagrante de ato infracional cometido sem violência ou grave ameaça,
o Delegado não é obrigado a lavrar auto de apreensão em flagrante.
d) O adolescente a quem se atribua autoria de ato nunca pode ser transportado em viatura
policial.
e) Sendo deferida pelo juiz a internação do adolescente, poderá aguardar sua remoção a
entidade adequada na Delegacia de Polícia, pelo prazo máximo de 15 dias.
COMENTÁRIO
O art. 173 do ECA disciplina que o auto de apreensão em flagrante só precisa ser lavrado em caso
de flagrante de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça. Nos demais casos, pode ser
confeccionado boletim de ocorrência circunstanciado:
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça
a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107,
deverá:
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Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída
por boletim de ocorrência circunstanciada.
Interpretação equivocada não raras vezes feita vincula o auto de apreensão em flagrante a não liberação
do menor, e o boletim de ocorrência circunstanciado à liberação do adolescente. Todavia, os requisitos
da lavratura do auto de apreensão, de um lado, e da liberação do adolescente, de outro, são distintos.
Para se lavrar o auto de apreensão ou o BOC, interessa saber se o ato infracional foi praticado com
violência ou grave ameaça.
Já para o Delegado decidir pela liberação do menor, o que importa é avaliar a gravidade e a repercussão
social do ato infracional, bem como a necessidade de garantia de sua segurança pessoal ou a manutenção
da ordem pública. Relembre os dispositivos:
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça
a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107,
deverá:
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída
por boletim de ocorrência circunstanciada.
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente
liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no
primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão
social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal
ou manutenção da ordem pública.
ato infracional praticado com violência ou grave gravidade e a repercussão social do ato
ameaça infracional, e necessidade de garantia da
segurança pessoal do adolescente ou a
manutenção da ordem pública
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Cuidado. Diferentemente dos crimes de menor potencial ofensivo, em que o Delegado deve encaminhar
o infrator ao Juizado Especial Criminal (art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95), no caso de ato infracional
a Autoridade Policial conduz o adolescente ao Ministério Público, e não ao Judiciário.
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente
ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim
de ocorrência.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela
autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a
apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Muitas pessoas acreditam que há uma proibição absoluta de transportar o menor em viatura policial.
Nada mais equivocado.
O que o ECA veda é o transporte do menor de maneira atentatória à sua dignidade, conforme se
depreende do art. 178 do ECA:
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido
ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias
à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de
responsabilidade
Vale lembrar que, no caso dos adultos, há regra semelhante, não no CPP, mas em lei específica, qual seja,
a Lei de Transporte de Presos (Lei 8.653/93):
O prazo máximo que pode aguardar um adolescente internado numa Delegacia de Polícia é de 5 dias,
conforme expressa previsão legal:
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida
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em estabelecimento prisional.
a) No homicídio praticado com emprego de arma de fogo, o porte ilegal da arma de fogo
sempre resta absorvido pelo crime contra a vida.
b) Disparar arma de fogo ou acionar munição para matar alguém acarreta concurso de
crimes do art. 15 da Lei 10.826/03 e do art. 121 do Código Penal.
c) Possuir arma de fogo com registro vencido configura crime, segundo posição
preponderante do STJ.
d) Possuir arma de fogo dentro do caminhão dirigido por motorista profissional gera crime
de posse ilegal de arma de fogo.
e) O agente que, em legítima defesa, atira em criminoso para se defender, não responde
criminalmente.
COMENTÁRIO
No caso de homicídio praticado com arma de fogo, não se pode generalizar a solução jurídica para o
conflito aparente de leis penais. É possível que o crime contra a vida absorva o delito de arma de fogo, e
nada impede o concurso de crimes.
Por isso mesmo o STF já decidiu que o homicida responde também pelo porte de arma de fogo (HC
120.678), em caso no qual o agente havia adquirido a arma meses de matar a vítima, e inclusive ameaçou
o ofendido ao portar ostensivamente o revólver. Nessa situação, restou claro que as condutas de portar
arma de fogo e matar alguém foram realizadas em contextos fáticos distintos, e, portanto, os crimes se
consumaram em momentos diferentes, razão pela qual o princípio da consunção não foi aplicado. O STJ
também possui julgado nesse sentido (HC 217.321).
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De outro lado, se o criminoso usar a arma de fogo tão somente para praticar o assassinato, sendo as
ações de portar o instrumento mortífero e ceifar a vida alheia praticadas nas mesmas circunstâncias, o
crime menos grave (porte ilegal de arma de fogo) é consumido pelo crime mais grave (homicídio), é
dizer, o crime meio é absorvido pelo crime fim, em razão da aplicação do princípio da consunção que
resolve o conflito aparente de leis penais. Assim já decidiu o STJ (HC 104.455).
Logo, como dito, a análise do conflito aparente de leis penais há sempre que ser feita caso a caso, não
existindo solução universal para o problema.
O crime de disparo de arma de fogo é um exemplo em que há subsidiariedade expressa, indicada pelo
próprio tipo penal, senão vejamos:
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a
prática de outro crime:
A expressão desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime evidencia que o
crime do art. 15 do Estatuto do Desarmamento só se aplica se o agente não utilizar o disparo como meio
para a prática de delito mais grave, como é o caso daquele que deseja matar alguém nele atirando.
De outro lado, dá-se a subsidiariedade tácita ou implícita quando a lei residual não condiciona,
taxativamente, a sua aplicação em caso de impossibilidade de incidência da primária. Possível,
assim, a sua presença sem o apelo expresso do legislador, deduzindo-se da finalidade almejada
e dos meios que se relacionam entre as diversas disposições, ou seja, conclui-se pela sua
existência diante da circunstância de encontrar-se o fato implicado na lei primária como
elemento constitutivo, qualificadora, causa de aumento da pena, agravante genérica ou meio
de execução. Exemplo: Constrangimento ilegal (CP, art. 146), subsidiário diante do estupro (CP,
art. 213). (MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. v. 1. São Paulo: Método, 2015, p.
202).
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Com relação à posse (e não porte) de arma de fogo com registro vencido, o STJ possui julgado (HC
294.078) no sentido de que se trata de fato atípico, pois o esquecimento de recadastramento periódico
não gera lesividade aos bens jurídicos protegidos, e deve ser resolvido na via administrativa.
Todavia, a posição da Corte Especial (APn 686) é de que o proprietário deve demonstrar que ainda
detém os requisitos para possuir o armamento, sendo que essa ausência representa um risco para a
incolumidade pública; ademais, não existe previsão de penalidade administrativa para tal conduta, e por
isso se a conduta fosse atípica, os agentes públicos nem sequer poderiam adentrar na residência do
particular para reaver a arma de fogo com registro vencido.
Se a arma de fogo é encontrada no interior do caminhão dirigido por motorista profissional, trata-se de
crime de porte de arma de fogo (art. 14 ou 16 da Lei 10.826/03). O veículo utilizado profissionalmente
não pode ser considerado local de trabalho para tipificar a conduta como do art. 12, segundo o STJ (REsp
1.219.901).
Atente-se: situação distinta é a da pessoa que mora efetivamente num motorhome. Nesse caso, o delito
será o de posse ilegal de arma de fogo.
Agente que usa arma de fogo em legítima defesa (repele injusta agressão, atual ou iminente – art. 25 do
CP) que portava ilegalmente, responde pelo crime do art. 14, o qual tem objetividade jurídica e momento
consumativo diverso. Antes de se apresentar a situação coberta pela justificante legal, a coletividade ficou
exposta a um perigo decorrente da conduta do porte ilegal.
Só ficaria isento de responsabilidade penal aquele que deu a sorte de, justamente no momento em que
sofreu a iminente ameaça, achou uma arma de fogo e a utilizou para se defender.
b) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias.
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e) Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências
policiais contra ele.
COMENTÁRIO
Em razão de as alternativas tratarem do mesmo assunto, melhor que os comentários sejam feitos em
bloco único.
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem
prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido
da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências
policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
Nota-se que o Delegado de Polícia deve remeter em 48 horas o pedido de medidas protetivas ao juiz, e
não decidir por si só sobre sua concessão.
A título de curiosidade, existe proposta de alteração da Lei Maria da Penha (Projeto de Lei 6433/13)
justamente para permitir que a Autoridade Policial conceda as medidas protetivas, a fim de ampliar a esfera
de proteção à vítima. Vale destacar que tais medidas cautelares não são definidas constitucionalmente
como cláusula de reserva de jurisdição, o que significa dizer que pode perfeitamente a lei conferir essa
atribuição ao Delegado de Polícia, assim como o fez para a liberdade provisória com fiança (art. 322 do
CPP).
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5. No que tange à Lei 12.830/13, que dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado
de polícia, assinale a assertiva errada:
COMENTÁRIO
A Lei 12.830/13, chamada de Lei de Investigação Criminal ou Lei do Delegado de Polícia, deve ser de
domínio do candidato que almeja ocupar esse importante cargo.
Trata-se de lei recente, ainda pouco comentada pela doutrina e objeto de praticamente nenhum julgado
pelos Tribunais Superiores.
É o que dispõe o art. 2º, § 5º da referida Lei, que traz a inamovibilidade do Delegado de Polícia, que ainda
não possui assento constitucional:
Art. 2º. § 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado.
A assertiva nada mais faz do que repetir o teor do art. 3º da Lei de Investigação Criminal:
De acordo com o art. 2º, § 6º, o indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato
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fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e
suas circunstâncias.
Importante sublinhar que eventual requisição de indiciamento formulada por juiz ou membro do Ministério
Público é ilegal, ainda que essas autoridades disponham de provas que incriminem o suspeito.
Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não existe fundamento
jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao Delegado de Polícia
o indiciamento de determinada pessoa. A rigor, requisição dessa natureza é incompatível com
o sistema acusatório, que impõe a separação orgânica das funções concernentes à persecução
penal, de modo a impedir que o juiz adote qualquer postura inerente à função investigatória.
Doutrina. Lei 12.830/2013 (STF, HC 115.015, Rel. Min. Teori Zavaski, DP 27/08/2013)
O promotor, em que pese realizar o controle externo da atividade policial e poder requisitar diligências
investigativas (art. 129, VII e VIII da CF), não possui legitimidade para interferir nas investigações em curso.
Ou seja, deve aguardar a condução discricionária das investigações pelo Delegado. Apenas no momento
em que receber o inquérito relatado, caso considere que ainda restam diligências imprescindíveis para o
oferecimento da denúncia (art. 16 do CPP), pode devolver os autos à Delegacia para complementação
das apurações.
A constatação de que o Delegado de Polícia é a única autoridade legitimada a presidir o inquérito policial
(e qualquer outro procedimento policial) já foi feita inclusive pelo Supremo Tribunal Federal:
A Constituição, por outro lado, prevê a exclusividade do inquérito policial presidido por delegado
de polícia de carreira (CF, art. 144, §4º) (STF, Tribunal Pleno, ADI 1.115, Rel. Néri da Silveira, DJ
17/11/1995)
A investigação penal, quando realizada por organismos policiais, será sempre dirigida por
autoridade policial, a quem igualmente competirá exercer, com exclusividade, a presidência do
respectivo inquérito (STF, HC 94.173, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 27/11/2009).
Esse poder requisitório do Delegado de Polícia está albergado no art. 2º, §2º da Lei de Investigação
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Criminal:
Art. 2º. §2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia,
informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
Na verdade, não foi a Lei 12.830/13 que criou essa possibilidade para a Autoridade de Polícia Judiciária.
O próprio art. 144, §4º da Constituição Federal, ao dispor que a missão da Polícia Judiciária é de investigar
infrações penais, confere a faculdade de a Autoridade Policial requisitar todos os dados necessários para
o esclarecimento do fato, ressalvada, obviamente, as informações protegidas pela cláusula de reserva
de jurisdição (aquelas que a Constituição condiciona o fornecimento à prévia ordem judicial, tal como a
interceptação telefônica).
Além disso, o art. 6º, III do Código de Processo Penal também já conferia esse poder ao Delegado de
Polícia, ao estabelecer que:
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
(...)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
Assim, o legislador, ao reafirmar esse poder de requisição ao Delegado de Polícia, buscou municiar a
Autoridade Policial dos meios necessários para coletar provas de forma célere e eficaz.
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e) A busca domiciliar pode ser utilizada para a apreensão de pessoas vítimas de crimes,
mas nunca enquanto medida destinada à prisão de criminosos em residência.
COMENTÁRIO
A busca e apreensão é normalmente referida pelo senso comum como se fosse medida única. Em verdade,
contudo, representa duas etapas distintas de um procedimento que, na maioria das vezes, apresenta-se
conjugado, porém nada impede que seja realizado de maneira isolada. A busca é a diligência de procura
de objetos ou pessoas determinadas. Já a apreensão diz respeito à medida de constrição real ou pessoal
numa relação de custódia.
Embora esteja inserida expressamente no capítulo das provas no Código de Processo Penal, trata-se
tecnicamente de meio de obtenção (ou de investigação) de prova. Vale lembrar que a busca e apreensão
é, em regra, extraprocessual, exercida por autoridade administrativa, e não judicial, como o próprio
delegado de polícia, destinando-se à obtenção de meios de prova (ex.: documento, faca, revólver, drogas
etc).
A casa é objeto de proteção constitucional contra o ingresso não consentido, sem autorização judicial,
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na forma do art. 5º, XI, da CRFB: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial”. Ademais, muito embora o ordenamento constitucional
faça referência expressa ao significante “casa”, entende-se, em nível doutrinário e jurisprudencial, que
a interpretação deve ser ampliada, constituindo objeto de proteção não apenas o espaço restrito e
tipicamente doméstico.
Importante ressaltar, neste particular, a própria definição legal de “casa” utilizada pelo Código Penal, em
seu art. 150, § 4º, ao tratar do crime de violação de domicílio. A lei penal assegura expressamente que a
expressão “casa” compreende: “I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação
coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade”.
Nessa linha, o próprio Supremo Tribunal Federal já assentou que o conceito de casa abrange, observada
específica limitação espacial (área interna não acessível ao público), os escritórios profissionais (STF, HC
82788/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, DP 06/02/2006). Ou seja, não há dúvida de que ambientes profissionais
privados em geral (escritórios, salas, lojas, oficinas, restaurantes, consultórios etc.) estão sujeitos à proteção
constitucional, exigindo, portanto, ordem judicial devidamente fundamentada e precisa, quanto ao local,
motivos e fins da diligência, para a realização válida de buscas e apreensões não consentidas (STF, HC
106566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, DP 18/03/2015).
Trata-se de enunciado em contrariedade literal ao disposto no artigo 240, § 1º, do Código de Processo
Penal, que trata das finalidades da medida de busca domiciliar. Acompanhe:
a) Nos juízos coletivos, poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si
parentes, consanguíneos ou afins, vedada apenas a situação de cônjuges.
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b) Não cabe recurso do despacho que inadmite assistente de acusação no processo penal.
d) O juiz dar-se-á por suspeito nos processos criminais em que tiver funcionado seu parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, como defensor ou
delegado de polícia, bem como quando houver desempenhado qualquer dessas funções
ou servido como testemunha.
COMENTÁRIO
O Código de Processo Penal possui regra expressa vedando a participação de juízes que mantenham
relação de parentesco em julgamentos coletivos. Nesse sentido, reza o artigo 253 do CPP:
Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar
dos autos o pedido e a decisão.
Os peritos estão sujeitos à imposição de multa pelo não atendimento das intimações do juízo competente,
sem prejuízo da possibilidade de condução coercitiva à audiência em caso de não comparecimento, nos
termos dos artigos 277 e 278, ambos do Código de Processo Penal. Acompanhe:
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Parágrafo único. Incorrerá na mesma
multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: a) deixar de acudir à intimação
ou ao chamado da autoridade; b) não comparecer no dia e local designados para o exame; c)
não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá
determinar a sua condução
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Não é possível confundir causas de suspeição e impedimento do magistrado. A proposição sob exame
elenca hipóteses de impedimento, porém as trata como se fossem causas de suspeição, o que está
incorreto. Verifique a disciplina dos artigos 252 (impedimento) e 254 (suspeição), ambos do Código de
Processo Penal, sobre a matéria.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu
cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar
da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido
como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de
fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo
ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
interessado no feito.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das
partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge,
ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o
terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado
por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou
devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador
de sociedade interessada no processo.
O Código é bastante claro ao dispor, em seu artigo 274, que as regras sobre suspeição dos magistrados
aplicam-se, no que lhes for aplicável, aos serventuários e funcionários da justiça. Confira:
b) Não é possível qualquer ato formal de indiciamento para as infrações penais de menor
potencial ofensivo.
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c) O indiciamento policial, enquanto ato privativo do delegado de polícia, não pode ser
solicitado tampouco requisitado pelo Judiciário ou pelo Ministério Público.
COMENTÁRIO
A formal atribuição do rótulo de indiciado exige mais do que a mera suspeita criminosa. A suspeita pode
se contentar com juízo de possibilidade, o que permite a instauração válida de um inquérito policial
(obedecida a noção de justa causa também exigida para o seu início regular), enquanto o indiciamento
requer feixe substancial de probabilidade. Segundo Lopes Jr. e Gloeckner, exige-se para o indiciamento
“um grau mais elevado de certeza da autoria do que a situação de suspeito” (GLOECKNER, Ricardo
Jacobsen; LOPES JÚNIOR, Aury. Investigação Preliminar no Processo Penal. 06 ed. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 429).
Segundo Moraes Pitombo, indiciar alguém, como parece claro, não deve surgir da pura arbitrariedade
da autoridade policial, mas sempre como ato juridicamente legítimo no caso concreto. Não se funda no
(ab)uso de um suposto poder discricionário, visto que inexiste, tecnicamente, a possibilidade legal de
escolher entre indiciar ou não. A questão situa-se na legalidade estrita do ato. O suspeito, sobre o qual
reunidos elementos suficientes de autoria da infração, deve ser indiciado. Já aquele que, contra si, possui
frágeis indícios, ou nem sequer tais informações, não pode ser indiciado, restando a sua condição inicial
de mero suspeito ou, ainda, excluído até mesmo esse rótulo primário (MORAES PITOMBO, Sérgio Marcos.
O Indiciamento como Ato de Polícia Judiciária. In: Revista dos Tribunais, n. 577, p. 313-316).
De fato não existe indiciamento em termos circunstanciados. Trata-se de ato típico e limitado à disciplina
do inquérito policial. Logo, as infrações penais de menor potencial ofensivo, salvo quando conexas
com outros crimes ou contravenções que determinem a apuração conjunta mediante inquérito policial,
ficariam excluídas do juízo conclusivo de indiciamento. O enunciado, entretanto, está incorreto, uma vez
que afirmou que nunca seria possível essa situação, que pode existir em caráter excepcional.
O indiciamento é ato privativo do delegado de polícia (art. 2º, § 6, da Lei n. 12.830/13). Assim, não
poderá ser realizado, direta ou indiretamente, pelo Judiciário ou pelo Ministério Público, quando se
tratar de investigação conduzida por órgão de Polícia Judiciária (Estadual ou Federal). Os membros da
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magistratura ou do parquet não possuem atribuição para indiciamento em inquéritos policiais, ainda
que por requerimento ou requisição dirigida ao Delegado de Polícia. Nesse sentido, inclusive, é o
posicionamento dos Tribunais superiores (STF e STJ).
O Supremo Tribunal Federal, seguindo o entendimento de que não cabe ao juiz ordenar indiciamento,
concedeu habeas corpus para anular decisão de um magistrado de primeiro grau que, após recebimento de
denúncia oferecida pelo Ministério Público, determinara à autoridade policial a efetivação do indiciamento
formal dos pacientes.1 (STF, HC 115.015/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, DP 27/08/2013). Na mesma linha, o
Superior Tribunal de Justiça considerou que, “por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por
meio da qual o Delegado de Polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados,
não se admite que seja requerida ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria
o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática
criminosa, em nítida violação o sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio” (STJ, Rel.
Min. Jorge Mussi, RHC 47984/SP, DP 12/11/14).
O Código é, realmente, absolutamente omisso neste particular. Assim, diante da lacuna legislativa,
bem como na tentativa de compatibilizar a dinâmica procedimental da investigação e as garantias
fundamentais de suspeitos e indiciados, ambos tidos efetivamente como sujeitos de direitos (e não
objetos de investigação), surgem algumas propostas alternativas quanto ao momento mais apropriado
para a realização do ato formal de indiciamento. Há quem defenda que deveria ocorrer em momento
imediatamente anterior ao interrogatório, sem prejuízo de que essa oitiva do então indiciado fosse
realizada mesmo já havendo prestado declarações iniciais (oitiva anterior sob a condição de suspeito ou
investigado já que não havia sido formado o convencimento da autoridade policial a respeito da culpa
em sentido amplo do sujeito passivo da investigação). Já Lopes Jr. e Gloeckner defendem que “primeiro
o suspeito deve ser interrogado para posteriormente decidir a autoridade policial entre indiciar ou não”,
embora reconheçam a inexistência de um ato formal e particular de indiciamento, afirmando que a
“situação de indiciado concreta-se (ou ao menos deveria) com o interrogatório policial” (GLOECKNER,
Ricardo Jacobsen; LOPES JÚNIOR, Aury. Investigação Preliminar no Processo Penal. 06 ed. São Paulo:
Saraiva, 2014, p. 438).
Trata-se de ato administrativo formal por meio do qual, de maneira fundamentada, mediante análise
técnica e jurídica dos fatos investigados, o delegado de polícia responsável pela presidência do inquérito
policial manifesta o seu convencimento quanto à existência de materialidade delitiva e indícios de autoria
em relação a determinada(s) pessoa(s). Nesse sentido, o artigo Art. 2º, § 6º, da Lei n. 12.830/13:
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análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
COMENTÁRIO
Tem-se por “juiz natural” a garantia de órgão judiciário preexistente ao fato (ilícito penal), previamente
definido em lei e submetido a regras legais de competência que determinam a distribuição dos processos
(ou casos concretos sob julgamento). Goza de previsão expressa na Constituição, ao dispor que “ninguém
será processado nem sentenciado senão pela autoridade jurisdicional competente” (art. 5º, LIII, CRFB).
Por fim, dentre as suas consequências mais importantes, temos a vedação dos tribunais de exceção
ou tribunais ad hoc (art. 5º, XXXVII, CRFB), entendidos como aqueles órgãos judiciários criados ou
com competência definida após o fato concreto e com finalidade específica para julgamento de caso
determinado (anterior à sua criação ou à sua competência). Ex.: Tribunal de Nuremberg criado após a
Segunda Guerra Mundial.
Ampla defesa consiste na garantia assegurada à parte processual (autor e réu) de que, no exercício do
contraditório, goze de ampla (ou total) possibilidade de apresentar a sua versão dos fatos e das teses
jurídicas (enfim: a sua defesa), com real capacidade de influenciar na decisão judicial. O direito de defesa
apresenta-se bipartido em: a) “direito à autodefesa” (“exercido pessoalmente pelo acusado”); b) “direito
à defesa técnica” (“exercido por profissional habilitado, com capacidade postulatória, e conhecimentos
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técnicos, assegurando assim a paridade de armas entre a acusação e a defesa”). O direito à autodefesa,
por sua vez, divide-se em: a.1) “direito de presença”: “comparecimento em audiências pelo acusado”; a.2)
“direito de audiência”: “direito de ser ouvido pela autoridade judiciária” (interrogatório como mecanismo
de defesa / faculdade do réu / silêncio como opção); a.3) “direito de postular pessoalmente”: “presente
na possibilidade de recorrer pessoalmente (CPP, art. 577, caput), de interpor habeas corpus ou revisão
criminal (CPP, art. 623), de arrolar testemunhas (CPP, art. 395) etc...” (BADARÓ, Gustavo Henrique Righi
Ivahy. Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, t. I. p. 1-36).
O juiz é absolutamente livre para decidir; entretanto, deverá indicar todos os motivos fáticos e jurídicos
que fundamentaram (ou embasaram) a sua decisão mediante sistema de persuasão racional. Trata-se da
necessidade de justificação das razões de decidir.
Trata-se de garantia constitucionalmente assegurada, sob pena de nulidade das decisões judiciais (art.
93, IX, CF) Também estabelecida expressamente no próprio Código de Processo Penal enquanto requisito
obrigatório da sentença (art. 381, III).
Segundo Badaró, a motivação das decisões judiciais apresenta uma dupla finalidade: a) garantia das partes:
sob ótica individualista (interesse das partes no processo), tem por escopo permitir a impugnação da
decisão e de seus fundamentos pela via recursal. Trata-se de função técnico processual ou endoprocessual
da motivação. Fala-se neste particular, ainda, na possibilidade de o órgão jurisdicional superior controlar
ou apreciar a atividade jurisdicional de instância inferior; b) garantia da sociedade para o controle da
atividade jurisdicional. Trata-se de função extraprocessual ou político-axiológica da motivação (BADARÓ,
Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, t. I. p. 1-36).
Garantia da parte quanto à possibilidade de provocar a (re)análise da decisão judicial proferida, agora
por órgão judiciário hierarquicamente superior (ou mais graduado) e diverso do qual emanou o decisum.
Trata-se, genericamente, do direito a reexame da decisão judicial (vulgo “direito de recorrer” ou “direito
de recurso”). A sua previsão expressa consta do art. 8, n. 2, “h”, da Convenção Americana de Direitos
Humanos: “o direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”.
A garantia de identidade física do julgador, tida por parte da doutrina como decorrência imediata da
oralidade, determina que o magistrado responsável por presidir a instrução do processo deve ser o
mesmo incumbido do julgamento do feito. Essa regra consta, expressamente, no art. 399, § 2º, do CPP,
senão vejamos:
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10. A respeito das prisões cautelares e medidas alternativas ao cárcere, CORRETO afirmar:
a) O Código de Processo Penal, após a reforma promovida pela Lei n. 12.403/11, ampliou
a possibilidade de o juiz decretar prisões preventivas, em face de investigações criminais
ou processos penais que tenham por objeto crimes culposos, conforme entendimento dos
Tribunais Superiores.
COMENTÁRIO
Item desconforme a interpretação conferida pelos Tribunais Superiores (STF e STJ) ao regramento da
prisão preventiva no Código de Processo Penal após modificações promovidas pela Lei n. 12/403/11, in
verbis:
(...) Ilegalidade da medida. Consoante o disposto no art. 313 do referido código, somente se
admite a imposição de prisão preventiva em face de imputação da prática de crimes dolosos
(STF, HC 116.504, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DP 21/08/2013).
2. A prisão processual deve ser configurada no caso de situações extremas, em meio a dados
sopesados da experiência concreta, porquanto o instrumento posto a cargo da jurisdição
reclama, antes de tudo, o respeito à liberdade. 3. In casu, existe manifesta ilegalidade, pois foi
decretada a custódia provisória pelo Juízo de origem, fundamentalmente, na fuga do paciente,
que teria sido ouvido pela autoridade policial e não mais foi localizado, mesmo após ser citado
por edital. Tal fundamentação poderia justificar a prisão cautelar, não fosse o fato de se tratar
de crime culposo. 4. O art. 366 do Código de Processo Penal autoriza, em certas situações, a
decretação da prisão provisória, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, quando o
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acusado é citado por edital, mas não comparece em juízo nem constitui defensor. Contudo, após
a promulgação da Lei 12.403/11, o art. 312 do Código de Processo Penal deve ser interpretado
sistematicamente à luz do art. 313 do mesmo Código, que não admite a decretação de prisão
preventiva em crimes culposos. (STJ, HC 270.325, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DP
26/03/2014).
A propósito, segundo registra a jurisprudência do STJ, sendo os efeitos dessa medida de suspensão
extremamente gravosos, deve-se agir com a máxima cautela, sempre observando o princípio da
razoabilidade diante do caso concreto, a fim de limitar os excessos por parte do Estado-juiz na sua
aplicação (STJ, RHC 42366/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DP 03/02/2015).
Registre-se, ademais, que o Código foi omisso no tocante aos efeitos da suspensão cautelar quanto
aos direitos e deveres funcionais (CHOUKR, Fauzi Hassan. Medidas Cautelares e Prisão Processual –
comentários à Lei n. 12.403, de 04 de maio de 2011. 01 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 115). Cite-se,
v.g., a ausência de previsão no tocante à repercussão financeira da medida. Pergunta-se: a suspensão
cautelar implica interrupção do pagamento ou perda da remuneração? Parece-nos definitivamente que
não. A medida é bastante clara quanto à suspensão do exercício das funções ou das atividades, e não de
bloqueio financeiro ou cassação de salários e rendas. Mesmo porque não se trata de pena criminal ou
administrativa nem mesmo de efeitos extrapenais de condenação criminal definitiva, mas de providência
cautelar sempre marcada pela provisionalidade que deve respeito às verbas de natureza alimentar. Logo,
é de se aplicar, por analogia, o regramento administrativo das cautelares previsto no art. 20, parágrafo
único, da Lei n. 8429/92:
Vale lembrar que até o polêmico afastamento disposto na reformada “Lei de Lavagem de Capitais” (art.
17-D da Lei n. 9.613/98) trata de assegurar os direitos básicos do servidor como a sua remuneração.
Vejamos:
Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e
demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada,
o seu retorno.
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Os advogados, em relação ao exercício da profissão, só poderão ser presos em flagrante por crimes
inafiançáveis e se fazendo presente um representante da OAB, além de imediata comunicação ao
Presidente da respectiva Seccional, sob pena de nulidade.
Art. 7º da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB). São direitos do advogado: IV - ter a presença de
representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia,
para lavratura de auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação
expressa à seccional da OAB; § 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por
motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso
IV deste artigo.
É claro que se a pessoa, apesar de ser advogado, pratica crime não relacionado ao exercício da função
advocatícia, inaplicável esta regra de garantia, sendo tratado como qualquer cidadão comum.
DIREITO PENAL
11. A lei 13.104/2015 recentemente realizou alterações significativas no Código Penal em prol da
proteção à mulher diante do significativo aumento desta forma de criminalidade. A esse respeito,
responda:
c) O legislador não incluiu o feminicídio no rol dos crimes hediondos, somente quando
praticados por motivo fútil ou torpe.
d) Pratica feminicídio aquele que mata mulher somente nas circunstâncias do art. 5º da lei
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e) O feminicídio poderá ter como vítima o homem de uma relação homoafetiva, aplicando
por analogia o entendimento de algumas decisões jurisprudenciais e parte da doutrina de
incidência das medidas protetivas aos transexuais e travestis.
COMENTÁRIO
As questões sobre leis novas, independentemente do grau de dificuldade são sempre cobradas em
concursos para testar o grau de atualização do candidato. Quando são muito novas praticamente se
prendem a literalidade da novatio legis por serem poucos os comentários doutrinários e pouquíssimos
precedentes jurisprudenciais, não raro, nenhuma manifestação dos Tribunais superiores.
A alternativa está errada porque restou claro, pela redação do art. 121, §2º-A do CP, que o legislador não
trouxe uma qualificadora para morte de mulheres sob o aspecto biológico somente. Ou seja, não se
trata de uma qualificadora objetiva que leva em consideração somente a distinção entre seres humanos
sobre o aspecto sexual, mas uma violência em razão de gênero feminino, razão pela qual se utilizou a
expressão “por razões da condição de sexo feminino”.
Em outras palavras, violência motivada pelo gênero não é a mesma coisa que motivação pelo sexo,
admitindo-se interpretação sistêmica com base na agravante genérica do art. 61, “f” do CP, por ter sido o
crime cometido com “violência contra a mulher na forma da lei específica”, cuja lei específica é a lei maria
da penha.
A qualificadora do feminicídio é subjetiva, razão pela qual é incompatível com o motivo torpe ou fútil,
conforme já decidiu a jurisprudência e a doutrina em hipótese de homicídio híbrido, ou seja, privilegiado
e qualificado ao mesmo tempo.
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No feminicídio, como o caráter da conduta é motivacional, conclui-se que não será compatível o motivo,
entendido como repugnante, de se matar em razão do gênero feminino com as motivações privilegiadas
de relevante valor social ou moral.
A questão está errada porque a lei em comento incluiu no art. 1º, I da lei 8.072/90 o feminicídio, conforme
seu art. 2º da lei 13.104/15:
“Art. 2º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de junho de 1990, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 1º [...]
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º. I, II, III, IV, V e VI);”
Uma CPMI sobre violência doméstica chegou à conclusão de que houve no Brasil 43,7 mil mortes de
mulheres nos anos de 2000 a 2010, sendo que 41% destas mortes dentro de casa. O reflexo disso impactou
no aumento de 2,3 para 4,6 mortes por 100.000 mulheres, alcançando o Brasil o sétimo lugar ranking no
mundo em número de assassinatos de mulheres. O Brasil ratifica a convenção de Belém do Pará que é a
convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra mulher, adotada pela Assembléia Geral da
Organização dos Estados Americanos (OEA) em 09 de junho de 1994 e ratificado pelo Brasil em 27 de
novembro de 1995.
Desta maneira, o Código Penal foi alterado pela lei 13.104/15 para tratar sobre o feminicídio (matar
em razão do gênero feminino) e não feminicídio (matar mulher), como preferem alguns, sendo que
aquela consiste em matar uma mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando,
menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo
feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
“§ 2º-A Considera-se que há “razões de condição de sexo feminino” quando o crime envolve:
Sobre violência doméstica e familiar iremos alcançar seu conteúdo normativo na lei 11.340/06, no art. 7º,
enumerados os tipos de violência e no art. 5º, o contexto das violências enumeradas no art. 5º.
No caso das relações homoafetivas masculinas definitivamente não se aplicará a qualificadora. A lei
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falou em mulher. Não é possível a analogia no direito penal, ou seja, não podemos aplicar a lei penal em
desfavor do sujeito ativo do crime, seja na qualidade de investigado, indiciado ou réu. Assim sendo, não
se pode admitir o feminicídio quando a vítima é um homem (ainda que de orientação sexual distinta da
sua qualidade masculina).
d) O bem jurídico tutelado neste crime é o patrimônio da administração pública que será
atingido quando a vítima for indenizada pelos danos sofridos, ao processar o ente federado
por ato de seu agente público.
COMENTÁRIO
A alternativa está errada porque afirma o diametralmente oposto da jurisprudência do STJ, conforme o
informativo 564 deste Tribunal superior, cuja explicação se encontra no comentário da alternativa “c”.
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A alternativa está errada porque neste caso, ainda que esteja correta a afirmação de que ser servidor
público é uma circunstância de caráter pessoal, no entanto ela compõe um elemento normativo do tipo,
portanto é uma elementar do art. 316 do CP, incidindo a regra do art. 30 do CP, quando do tratamento
do concurso de pessoas pelo Código Penal:
Desta forma o particular responderá pelo crime tipicamente próprio, apesar de não ser funcionário
público, no entanto, por esta regra de adequação típica por subordinação mediata, será tratado como
se esta circunstância possuísse.
A alternativa está errada porque a resposta se limitou a conceituar o bem jurídico tutelado, que é a
administração pública, somente pelo aspecto patrimonial. A doutrina e a jurisprudência são uniformes
em entender que a Administração Pública é protegida “tanto em seu aspecto patrimonial, consistente
na preservação do erário, como também em sua face moral, representada pela lealdade e probidade dos
agentes públicos.” (MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte especial – vol.3, 4.ª ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 596).
A alternativa está incorreta. É muito comum o candidato associar o crime de natureza formal com
impossibilidade de tentativa. Isto porque são tipos penais descrevem uma conduta e um resultado,
contentando-se para sua consumação somente com a prática da conduta (dirigida ao resultado),
sendo considerado eventual resultado somente para efeito de exaurimento. Em regra, são condutas
instantâneas, mas com possibilidade de fracionamento em diversos atos, caracterizando-se como crimes
plurissubsistentes.
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É a distinção entre crimes plurissubsistentes e unissubsistentes que o candidato deve se ater para
verificar se o mesmo admite ou não tentativa. Exemplo de crime unissubsistente, ou seja, que não admite
fracionamento da conduta em dois ou mais atos são os crimes omissivos próprios, como o art. 135 do CP.
Os crimes formais são, em regra plurisubsistentes, no caso em especial, a concussão pode ser um crime
desta natureza e, portanto, pode admitir tentativa. O erro da questão foi ter associado a inadmissão da
tentativa à natureza formal do crime.
13. Mévio ao procurar um advogado para ajuizar ação indenizatória em face do Estado apresenta
declaração de estado de pobreza, com firma reconhecida em cartório, com o intuito de obter os
benefícios da justiça gratuita. Posteriormente o procurador do Estado ao pesquisar sobre a vida
pessoal do autor Mévio descobre nas redes sociais que o mesmo viaja com frequência, possui
carros de luxo, apesar de morar de aluguel. Com base nestas informações oficia ao juízo para que
comunique o fato à polícia judiciária para adotar as providências cabíveis, remetendo cópia dos
autos, incluindo a declaração falsa de afirmação de pobreza. Ao receber os autos, o Delegado de
Polícia ao analisar a relevância penal do fato praticado por Mévio deverá concluir, com base na a
atual jurisprudência do STJ:
a) Fato atípico.
COMENTÁRIO
A questão irá avaliar a capacidade do candidato de se atualizar com a jurisprudência dos Tribunais
Superiores, bem como o estudo doutrinário sobre os elementos do tipo penal de um crime em espécie.
Elaboraremos uma resposta global em razão da explicação de uma alternativa, relacionar-se no prejuízo
na explicação com relação às demais alternativas. Assim sendo, asseveramos que a alternativa correta
é a “a”, cuja explicação exclui as demais opções como opção correta, restando todas prejudicadas,
consequentemente, alternativas incorretas.
Inicialmente é importante destacar o conceito de documento público para efeito penal. Infelizmente o
Código Penal não tratou do tema como fez com o conceito de funcionário público no art. 327, CP, o que
gera muita controvérsia a respeito.
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Para Nucci, citando Muñoz Conde, documento público, “em sentido amplo, é toda materialização de
um dado, fato ou narração, bem como todo objeto que seja capaz de reconhecer algum dado ou uma
declaração de vontade ou pensamento atribuído a uma pessoa e destinado a suportar algum negócio
jurídico.” (cf. Muñoz Conde, Derecho penal – parte especial, p. 689, apud NUCCI, Guilherme de Souza.
Manual de direito penal, 11ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 1022).
De forma mais detalhada Masson, ao explicar a compreensão de documento como expressão de vontade
de pessoa determinada, aduz:
“O autor do escrito – que não é necessariamente a pessoa que o escreveu, e sim aquela a quem
se deve a declaração de vontade ou expressão de pensamento que o escrito contém – há de ser
identificado. De fato, a autoria certa exigida para que um escrito seja considerado documento é
daquele de quem o documento deveria ter emanado, e não do autor da falsidade.” (MASSON,
ob. cit. p, 463)
Uma coisa é o autor do documento, outra coisa é quem o falsificou. A pessoa que emana o documento,
pessoa jurídica (pública ou privada) ou pessoa física deve ser a pessoa com atribuição para emaná-la e
deve ser identificada. Uma carta apócrifa, por exemplo, não é documento. No reconhecimento de firma,
o selo é público, mas o documento, no caso em tela, a declaração de pobreza firmada pela própria
pessoa, não foi elaborado por servidor público no exercício de suas funções.
Rogério Greco, aduz ainda que o documento deve possuir três qualidades a saber:
“a) ser meio de perpetuação e constatação de seu conteúdo; b) poder, por intermédio dele, ser
identificado seu autor, exercendo a função determinada de garantia de sua autoria; c) servir
como instrumento de prova de seu conteúdo.” (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, parte
especial, vol. IV, 9ªed., Niterói: Impetus, 2013, p. 286)
“É atípica a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter
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14. A despeito da orientação do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça sobre
o crime de roubo com emprego de arma, responda a alternativa correta:
c) Caso a arma de fogo ao ser apreendida e após periciada o laudo constatar que a mesma
apresentava defeito, não será possível a incidência da majorante se o defeito apresentado
for relativamente ineficaz.
e) Quando o roubo com emprego de arma de fogo é praticado como crime meio, o
crime de porte ilegal fica absorvido por aquele em razão do princípio da consunção, não
respondendo o agente pelo roubo majorado e porte ilegal de arma em concurso de crimes,
mas somente pelo crime de roubo majorado.
COMENTÁRIO
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Insta salientar, no entanto, que se a arma de fogo é apreendia e periciada e, sendo constatada a sua
inaptidão para a produção de disparos, neste caso, O STJ entende que não se aplica a majorante,
configurando o crime de roubo do caput (roubo simples). Evidente que se trata de uma incoerência
na orientação dos Tribunais Superiores, que confundem o candidato, haja vista que este entendimento
poderia fazer sugerir que a apreensão da arma de fogo seja necessária para a incidência da majorante,
haja vista que o legislador, ao prever a majorante, teria buscado punir com maior rigor o indivíduo que
empregou artefato apto a lesar a integridade física do ofendido, consequentemente, a reprodução de
um perigo real à vítima, o que não ocorre na hipótese de instrumento notadamente sem potencialidade
lesiva. Assim, a utilização de arma de fogo que não tenha potencial lesivo afasta a mencionada majorante,
mas não a grave ameaça, que constitui elemento do tipo “roubo” na sua forma simples. STJ. 6ª Turma. HC
247.669-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 4/12/2012.
Para fins de incidência da majorante de emprego de arma, inclui-se qualquer arma, seja própria ou
imprópria. A primeira consiste em artefato construído especificamente para ataque e defesa e a segunda
qualquer artefato que não tenha esta finalidade, mas possui capacidade de maior lesividade à vítima
acaso sejam empregadas na violência.
Para efeitos de nossos estudos é importante saber uma pequena distinção entre as armas em seu aspecto
doutrinário. As armas de fogo serão consideradas próprias, mas as armas brancas podem ser próprias
ou impróprias.
O conceito de arma de fogo está previsto no artigo 3º, XIII, do Dec. 3.665/2000, in verbis:
“arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária
a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de
direção e estabilidade ao projétil;”
Como armas brancas próprias temos as espadas, instrumentos das artes marciais, ou as impróprias como
faca, facão, canivete e quaisquer outros “artefatos” capazes de causar dano à integridade física do ser
humano ou de coisas, como por exemplo uma garrafa de vidro quebrada, um garfo, um espeto de
churrasco, uma chave de fenda etc.
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Em relação a arma de brinquedo era considerada para efeitos da majorante até aproximadamente o ano
de 2002, em razão, inclusive da Súmula 174 do STJ admitindo esta possibilidade. Contudo, essa súmula
foi cancelada, de modo que, atualmente, no crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo
não autoriza o aumento da pena.
Se, após o roubo, foi constatado que a arma empregada pelo agente apresentava defeito, incide
mesmo assim a majorante? Depende: Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente
seja absolutamente ineficaz, não incide a majorante. Ex: revólver que não possui mecanismo necessário
para efetuar disparos. Nesse caso, o revólver defeituoso servirá apenas como meio para causar a grave
ameaça à vítima, conforme exige o caput do art. 157, sendo o crime o de roubo simples; Se o defeito
faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja relativamente ineficaz, INCIDE a majorante. Ex:
revólver que algumas vezes trava e não dispara. Nesse caso, o revólver, mesmo defeituoso, continua
tendo potencialidade lesiva, de sorte que poderá causar danos à integridade física, sendo, portanto, o
crime o de roubo circunstanciado.
Há que se ter muito cuidado com este tipo de questão que misturam posicionamentos aparentemente
similares, dão aparência de orientação correta dos tribunais, mas que na verdade partem de premissas
distintas, não se tratando, na verdade de um mesmo assunto, mas distintos.
Após apreensão da arma e constatação de que estava desmuniciada, segundo o STJ a arma terá somente o
condão de configurar a grave ameaça para tipificar a conduta como roubo simples, NÃO sendo suficiente
para caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade lesiva no momento
da prática da conduta. (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 15/10/2015).
Posicionamento distinto apresenta o STF, segundo o qual é irrelevante o fato de estar ou não municiada
para que se configure a majorante do roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 06/08/2013).
O candidato deve ter cuidado para não confundir com outra orientação semelhante ao STF, mas que
trata de pressupostos distintos, pois a decisão se refere a uma questão processual sobre o ônus da prova,
que somente aparentemente contradiz o entendimento do STJ que exige potencialidade lesiva da arma
para incidência da majorante não presumindo esta potencialidade, quando decidiu que cabe ao réu, se
assim for do seu interesse, demonstrar que a arma é desprovida de potencial lesivo, como na hipótese de
utilização de arma de brinquedo, arma defeituosa ou arma incapaz de produzir lesão (STJ EREsp 961.863/
RS). Neste caso o STJ está dispensando o Ministério Público do ônus da prova sobre a potencialidade
lesiva, invertendo este ônus para o réu.
É uma orientação aparentemente antagônica, mas parte da premissa de que o Ministério Público tenha
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oferecido denúncia com base em outros elementos de prova em situação em que a arma não fora
apreendida. Nesta feita, se o réu alegar que a mesma estava desmuniciada ou defeituosa, deveria
ele apresenta-a para que, submetida a perícia, restasse demonstrada a ausência de potencialidade e,
consequentemente, a não aplicação da majorante.
Em regra, o crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 ou 16, da Lei 10.826/2003) é absorvido pelo
crime de roubo majorado ou também chamado de circunstanciado. Aplica-se o princípio da consunção,
considerando que o porte ilegal de arma de fogo funciona como crime meio para a prática do roubo
(crime fim), sendo por este absorvido.
a) São requisitos para o crime de desobediência a emanação de uma ordem prevista na lei,
emanada de autoridade competente ou com atribuição para tal e que o destinatário seja
qualquer pessoa.
COMENTÁRIO
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A alternativa está errada porque o destinatário da ordem não pode ser genérico, mas sim uma pessoa ou
grupo de pessoas determinadas e de forma direta cujo destinatário deva ter o dever jurídico de cumpri-
la. Ademais, insta salientar, que não haverá crime se a recusa se der por motivo de força maior ou por ser
impossível por algum motivo o seu cumprimento.
A alternativa está errada porque a ausência de previsão de imputação do crime de desobediência impede
a responsabilidade criminal.
Segundo orientação jurisprudencial, se houver norma civil que comine sanção da mesma natureza para
um fato que poderia caracterizar crime de desobediência, mas não realiza em seu texto a ressalvar de
sua cumulação com a pena criminal, o agente não poderá ser responsabilizado por inexistir crime, mas
somente a sanção cominada expressamente e especificadamente para a regra prevista e não cumprida.
O exemplo clássico é a previsão no art. 219 do CPP, que comina sanção à testemunha intimada que sem
justo motivo falta à audiência, prevendo sanção de multa cumulada com as das despesas da diligência,
bem como a punição pelo crime de desobediência, conforme o trecho “sem prejuízo do processo penal
por crime de desobediência”.
Com relação ao art. 442 do CPP, alterado pela Lei 11.689/08, prevê pena de multa ao jurado que deixe
de comparecer no dia marcado para a sessão ou que se retire antes de ser dispensado, mas não
ressalva a aplicação autônoma do crime de desobediência, de modo que o faltoso só incorre na sanção
administrativa, não podendo ser punido por crime de desobediência. Nesta mesma linha de raciocínio se
encontram os arts. 165 e 195 do Código de Trânsito. (STF, 2ª Turma. HC 88.452-1/RS. Rel. Min. Eros Grau,
j. 02.05.2006)
O erro da questão está em que não se trata de uma questão pacífica, mas ao contrário, extremamente
controvertida.
Para alguns, conforme a própria assertiva da questão, não é possível que funcionário público pratique
crime de desobediência porque o art. 330 está no Capítulo dos crimes cometidos por particular contra
a Administração. No entanto, para outra parte da doutrina e jurisprudência, o funcionário comete o
crime se desobedece à ordem em situação similar à de um particular, mas, se o faz no exercício de suas
funções, não há desobediência, podendo responder, dependendo da situação, por crime de prevaricação.
Verificamos que este entendimento é o que vem prevalecendo.
A alternativa está equivocada porque este tipo de conduta possui previsão de tipicidade especial e,
portanto, aplica-se comando incriminador norma específico previsto no art. 10 da lei 7.347/85:
“Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Além da Revolução Industrial, a Segunda Guerra Mundial é apontada como outro marco
histórico relevante do Estado Social.
d) O Estado Social se materializa como um estado paternalista, de modo que existe uma
preponderância em regular e implementar direitos civis individuais em detrimento dos
direitos sociais.
e) Um dos grandes autores do paradigma do Estado Social foi Ronald Dworkin, contribuindo
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de Hermenêutica Constitucional e Teoria Geral da Constituição de alto nível de
dificuldade, no qual o candidato deve ter conhecimento da história do constitucionalismo, em especial
do contexto envolvendo a Revolução Industrial e a Modernidade.
Para responder a questão, segue um breve trecho do livro Controle de Constitucionalidade para Concursos,
publicado pela Editora Juspodivm, de autoria deste Delegado de Polícia, o qual terá a 4ª edição neste
ano:
(...)
Diferente do paradigma Liberal, o Estado Social propiciou uma nova leitura dos direitos
individuais já consagrados, agregando agora os direitos de segunda geração (direitos
sociais). Com base nesse fundamento, não só a propriedade passou a ter um cunho social,
mas também foram incorporados novos direitos sociais, até então inexistentes. Em regra,
esses novos direitos foram de caráter econômico, social e cultural.
(...)
(...)
Essa mudança paradigmática reflete também no Poder Judiciário. Com o advento do Estado
Social (ou Estado de Bem-Estar Social), causado pela Revolução Industrial e pela Primeira
Guerra Mundial, a interpretação se incorporou à função dos magistrados. No entanto, era
uma interpretação ainda limitada, apesar de representar um importante passo na evolução da
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hermenêutica jurídica.
Esse modelo fechado e hierarquizado de regras, idealizado por Kelsen, não permitia que o
direito fosse impregnado pelos princípios. De um lado, cabia aos cientistas do direito traçarem
dentro da moldura as possíveis interpretações, e, do outro lado, cabia ao magistrado fixar a
interpretação que mais entendia adequada. A interpretação judicial, também chamada de
interpretação autêntica, era uma escolha discricionária (conveniência e oportunidade),
entre as interpretações possíveis.
a) A assertiva “a” está incorreta, pois, como consta do texto, os direitos políticos são direitos de primeira
geração, com destaque no Estado Liberal.
c) A assertiva “c” está incorreta, uma vez a Primeira Guerra Mundial é apontada como outro marco
histórico relevante do Estado Social.
d) A assertiva “d” está incorreta. A preponderância, no Estado Social, foi para regular e implementar
direitos sociais.
e) A assertiva “e” está incorreta, pois um dos autores de referência do período foi Hans Kelsen. Ronald
Dworkin consiste em um autor do Estado Democrático de Direito e crítico do positivismo jurídico.
3 “O positivismo jurídico fornece uma teoria dos casos difíceis. Quando uma ação judicial específica não pode ser submetida
a uma regra de direito clara, estabelecida de antemão por alguma instituição, o juiz tem, segundo tal teoria, o ‘poder
discricionário’ para decidir o caso de uma maneira ou de outra” (DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de
Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes: 2002, p. 128).
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III. O atual Código de Processo Penal, publicado em 1941 como Decreto-Lei, possui, em
razão do fenômeno da recepção, a natureza jurídica de Lei Ordinária.
COMENTÁRIO
O fenômeno da recepção não incide na validade da norma, mas, sim, na vigência da norma. Desse modo,
lei não recepcionada pela nova Constituição consiste em norma revogada.
A teoria da recepção é aplicável a cada Emenda Constitucional. Quando uma lei é publicada e,
posteriormente, uma Emenda Constitucional a torna sem fundamento constitucional (por haver vício
material), ocorre a não recepção da lei anterior em face da Emenda Constitucional posterior. Exatamente
por isso, caso a lei fosse objeto de uma ADI, esta seria não conhecida com fundamento na sua revogação
ou não recepção pela nova Emenda Constitucional. Sobre o tema, “Observa-se, ainda, que, ao apreciar
a ADI 3833, que impugnou o Decreto Legislativo 444/03 em face da EC 41/03, o Tribunal houve por
bem afirmar que, a despeito de se cuidar de direito pré-constitucional, poderia a Corte reexaminar
incidentalmente, em controle abstrato, a revogação ou não recepção do direito anterior” (MENDES, Gilmar
Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 3.
ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 1022).
As leis formalmente incompatíveis com a nova Constituição ganham nova roupagem, ou seja, ocorre
a transmutação da natureza jurídica da norma. No caso, a Constituição da época determinava que
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o Código de Processo Penal deveria ser veiculado como Decreto-lei, sendo que a atual Constituição
determina que instrumento normativo a Lei Ordinária. Havendo compatibilidade material (o conteúdo do
Código de Processo Penal está compatível com a atual Constituição Federal), o Decreto-lei será recebido,
pelo novo ordenamento jurídico, como Lei Ordinária. Cita-se um exemplo da jurisprudência do STF, mas
aplicada ao Código Tributário Nacional:
O Código Tributário Nacional - CTN (Lei 5.172/66), promulgado como lei ordinária, foi
recebido, como lei complementar, tanto pela CF/67 quanto pela CF/88, as quais exigiram o
uso de lei complementar para as normas gerais de Direito Tributário,[...] (RE 560626, julgado
em 12/6/2008, Rel. Min. Gilmar Mendes.)
Assim, o Código Tributário Nacional foi criado como lei ordinária, mas foi recepcionado, pelo atual
ordenamento jurídico, como lei complementar. Houve a transmutação da natureza jurídica da lei ordinária
para lei complementar.
Lei anterior a 1988 em face da atual Constituição Federal, como regra, não se admite a utilização do
controle concentrado (como, por exemplo, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade). Caso a lei fosse
objeto de uma ADI, esta não seria conhecida com fundamento na sua revogação ou não recepção
pela atual Constituição. No entanto, admite-se que, no controle concentrado de constitucionalidade,
a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental tenha como objeto lei anterior a 1988 por
expressa disposição legal (art. 1º, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.882/99).
18. O Estatuto dos Congressistas, para usar o termo cunhado por José Afonso da Silva, consiste
em um conjunto de regras previstas na Constituição Federal que prescreve aos parlamentares
federais direitos, prerrogativas, deveres e incompatibilidades. Sobre o tema, marque a alternativa
incorreta:
d) Embora juntamente com cada Senador sejam eleitos dois suplentes, a posse no cargo,
que constitui ato formal indispensável para o gozo das prerrogativas ligadas à função
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legislativa, dá-se apenas com relação àquele que efetivamente o exerce, em caráter interino
ou permanente, não se estendendo aos suplentes enquanto o titular estiver no exercício
do cargo.
COMENTÁRIO
Trata-se da literalidade do caput do art. 53 da Constituição Federal; contudo, segue, abaixo, o art. 53 e
seus parágrafos para leitura em razão da importância do tema:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
pág. 66
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S. 245 STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.
Nesse caso, havendo concurso de agentes, com processo em curso em face de ambos, se um
for deputado federal e conseguir a incidência da imunidade, o processo continuará quanto ao
outro, ocorrendo o desmembramento do procedimento.
A alternativa é transcrição de parte de um julgado do STJ (RMS 16.727/PR, Rel. Ministro FRANCISCO
FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 20/03/2006, p. 195), considerado paradigma por
tratar de questões conceituais relativas ao Estatuto dos Congressistas:
pág. 67
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A alternativa está correta e foi objeto de julgado do STF, como se observa abaixo:
O Tribunal negou provimento a agravo regimental interposto, nos autos de inquérito, contra
decisão que determinara a baixa dos autos ao Juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de
Campo Grande, em razão de o querelado, suplente de Senador, acusado da suposta prática
dos delitos previstos nos artigos 20, 21 e 22, todos da Lei 5.250/67, deixar de exercer mandato
parlamentar, em face do retorno do titular ao cargo. Na linha da jurisprudência da Corte,
considerou-se que, embora juntamente com cada Senador sejam eleitos dois suplentes, a
posse no cargo, que constitui ato formal indispensável para o gozo das prerrogativas
ligadas à função legislativa, dá-se apenas com relação àquele que efetivamente o
exerce, em caráter interino ou permanente. Asseverou-se que os suplentes não têm jus
às prerrogativas inerentes ao cargo enquanto o titular estiver em exercício, possuindo,
apenas, mera expectativa do direito de substituir, eventualmente, o Senador com o qual
foram eleitos. Ressaltou-se, ainda, que a diplomação dos suplentes constitui formalidade
anterior e necessária à eventual investidura no cargo, nos termos dos artigos 4º e 5º, do
Regimento Interno do Senado Federal, não se podendo, entretanto, depreender disso que
a eles seja aplicado, automaticamente, o Estatuto dos Congressistas, ou seja, o conjunto de
normas constitucionais que estatui o regime jurídico dos membros do Congresso Nacional,
prevendo suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades, salvo se assumirem
o cargo interina ou definitivamente. (...) Precedente citado: ADI 2797/DF (DJU de 19.12.2006).
Inq 2453 AgR/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 17.5.2007. (Inq-2453)
A alternativa é questão corrente em concurso público e o candidato deve se atentar para a literalidade
do dispositivo abaixo:
Art. 53, § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
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19. Acerca das funções constitucionais do Ministério Público e da sua relação com as polícias,
marque a alternativa incorreta:
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível médio de dificuldade, no qual o candidato deve conhecer as normas
constitucionais relativas ao assunto, bem como conhecer a jurisprudência do STF sobre os assuntos.
(...)
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VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada
no artigo anterior;
Em 2015, o STF proferiu nova decisão sobre o tema da presidência da investigação direta pelo Ministério
Público, confirmando o teor da sua jurisprudência:
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No entanto, a alternativa está errada porque a investigação não pode ocorrer por prazo indeterminado,
o que violaria fundamentos do Estado Democrático de Direito, como a segurança jurídica e a duração
razoável de qualquer procedimento. Exatamente por isso que, de acordo com o julgado acima, o prazo
deve ser “razoável”. Ademais, a Resolução nº 13/06, do CNMP, prescreve, verbis:
Art. 3º, § 5º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá
dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações,
requerimentos, petições e peças de informação que lhes CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO sejam encaminhadas, podendo este prazo ser prorrogado, fundamentadamente,
por até 90 (noventa) dias, nos casos em que sejam necessárias diligências preliminares para a
investigação dos fatos para formar juízo de valor.
Como colocado ao fundamentar a alternativa “d”, o Ministério Público tem o poder de presidir diretamente
investigação criminal; no entanto, consoante posição pacífica do STF, o Ministério Público não possui
atribuição para presidir inquérito policial:
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do Ministério Público, está permanentemente sujeito ao controle jurisdicional dos atos que
pratique no âmbito das investigações penais que promova “expropria auctoritate”, não podendo,
dentre outras limitações de ordem jurídica, desrespeitar o direito do investigado ao silêncio
(“nemo tenetur se detegere”), nem lhe ordenar a condução coercitiva, nem constrangê-lo a
produzir prova contra si próprio, nem lhe recusar o conhecimento das razões motivadoras do
procedimento investigatório, nem submetê-lo a medidas sujeitas à reserva constitucional de
jurisdição, nem impedi-lo de fazer-se acompanhar de Advogado, nem impor, a este, indevidas
restrições ao regular desempenho de suas prerrogativas profissionais (Lei nº 8.906/94, art. 7º,
v.g.). O procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público deverá conter todas as
peças, termos de declarações ou depoimentos, laudos periciais e demais subsídios probatórios
coligidos no curso da investigação, não podendo, o “Parquet”, sonegar, selecionar ou deixar de
juntar, aos autos, quaisquer desses elementos de informação, cujo conteúdo, por referir-se ao
objeto da apuração penal, deve ser tornado acessível tanto à pessoa sob investigação quanto
ao seu Advogado. – O regime de sigilo, sempre excepcional, eventualmente prevalecente no
contexto de investigação penal promovida pelo Ministério Público, não se revelará oponível
ao investigado e ao Advogado por este constituído, que terão direito de acesso – considerado
o princípio da comunhão das provas – a todos os elementos de informação que já tenham
sido formalmente incorporados aos autos do respectivo procedimento investigatório. (HC
94173, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 27/10/2009)
A investigação criminal direta pelo Ministério Público foi regulado pela Resolução nº 13/06 do CNMP,
cabendo ao membro do parquet presidir procedimento investigação conhecido como PIC (procedimento
investigativo criminal).
b) Todos os legitimados para a propositura da ADI no STF constam do rol dos legitimados
para propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
pág. 72
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível médio de dificuldade, no qual o candidato deve ter conhecimento das
normas constitucionais e da Lei nº 11.417 de 2006 que regulou a criação da súmula vinculante.
O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei.
I - o Presidente da República;
IV – o Procurador-Geral da República;
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I - o Presidente da República;
VI - o Procurador-Geral da República;
Como se observa pela leitura dos dispositivos legais, as duas assertivas estão corretas, na medida em que
todos os legitimados da ADI constam do rol dos legitimados da súmula vinculante.
O art. 3º, § 1º, da Lei nº 11.417/06, confere legitimidade aos Municípios, mas com uma peculiaridade,
como se observa pela transcrição do dispositivo legal:
Pela leitura do parágrafo acima, observa-se que o Município também possui legitimidade para provocar
a aprovação, revisão ou cancelamento da súmula vinculante, desde que haja um processo no qual seja
pág. 74
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parte. Esse pedido é feito incidental ao processo e não incidental no processo, ou seja, o pedido
é feito diretamente ao STF, e não dentro do processo. Ademais, esse pedido não suspende o curso do
processo no qual o Município é parte.
Por falta de previsão legal, as partes não são legítimas para provocar a revisão, criação ou cancelamento de
uma súmula vinculante; contudo, como afirmam Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier
e José Miguel Garcia Medina4, é possível que as partes provoquem o STF para que este, de ofício, inicie
o procedimento.
21. As Constituições nascem com a finalidade de serem praticamente eternas, mas isso não implica
em dizer que são imodificáveis por necessidade de espelharem a realidade social. O constituinte
originário, ciente dessas necessidades, estabeleceu o procedimento de emenda constitucional
para alteração da Carta Magna. Acerca da criação de normas com status constitucional, marque
a assertiva correta:
COMENTÁRIO
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Trata-se de uma questão de nível fácil de dificuldade, que exige conhecimento básico acerca do
procedimento do projeto de emenda constitucional e dos tratados internacionais com conteúdo de
direitos humanos.
Inexiste a iniciativa popular para projeto de emenda constitucional. Contudo, para fins de prova discursiva
ou oral, pode-se consignar que José Afonso da Silva admite a iniciativa popular de emendas à Constituição
nos seguintes termos:
Não existe a participação do Presidente da República para sancionar ou vetar o projeto de emenda à
Constituição Federal. Alexandre de Moraes (2004, p.567)expõe o motivo desta diferença procedimental
em relação aos projetos de lei:
A assertiva está incorreta, uma vez que o mencionado procedimento não é aplicável a qualquer tratado,
mas, somente, os tratados sobre direitos humanos. Segue as disposições constitucionais sobre o tema:
pág. 76
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II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
I - o Presidente da República;
VI - o Procurador-Geral da República;
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b) Se a Medida Provisória for convertida em lei antes do julgamento final da ADI, a ação
constitucional terá o seu normal seguimento se não ocorrer alteração substancial na
conversão da medida provisória em lei e se houver aditamento com a lei fruto da conversão.
c) O ato de revogação pura e simples de uma medida provisória outra coisa não é senão
uma auto-rejeição; ou seja, o autor da medida ao se antecipar a qualquer deliberação
legislativa para proclamar, ele mesmo (Poder Executivo), que sua obra normativa já não tem
serventia. Logo, reeditá-la significaria artificializar os requisitos constitucionais de urgência
e relevância, já categoricamente desmentidos pela revogação em si, tornando possível o
controle da Medida Provisória via ADI.
d) O STF não admite o controle constitucionalidade, via ADI, de medidas provisórias para
abertura de crédito orçamentário.
e) A conversão em lei não é capaz de sanar os vícios até então presentes na medida
provisória, sendo admitida a utilização de ADI após tal marco temporal.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão com alto nível de dificuldade, que requer do candidato um profundo conhecimento
da jurisprudência do STF sobre o tema.
pág. 78
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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 32, QUE DEU NOVA REDAÇÃO
AO ART. 33, § 2º, DO DECRETO 70.235/72 E ART. 33, AMBOS DA MP 1.699-41/1998.
DISPOSITIVO NÃO REEDITADO NAS EDIÇÕES SUBSEQUENTES DA MEDIDA PROVISÓRIA
TAMPOUCO NA LEI DE CONVERSÃO. ADITAMENTO E CONVERSÃO DA MEDIDA
PROVISÓRIA NA LEI 10.522/2002. ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL DO CONTEÚDO DA NORMA
IMPUGNADA. INOCORRÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA. DEPÓSITO
DE TRINTA PORCENTO DO DÉBITO EM DISCUSSÃO OU ARROLAMENTO PRÉVIO DE BENS
E DIREITOS COMO CONDIÇÃO PARA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO.
PEDIDO DEFERIDO. Perda de objeto da ação direta em relação ao art. 33, caput e
pág. 79
CEI-DELEGADO
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Diante do exposto, para ser possível a continuação da ADI, dois elementos devem estar presentes. Primeiro,
não pode ter ocorrido alteração substancial na conversão da medida provisória em lei e, segundo, o
legitimado da ADI deve aditá-la com a lei fruto da conversão. Caso os elementos não estejam presentes,
a ADI estará prejudicada.
pág. 80
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pág. 81
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A assertiva está correta. De acordo com recente jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a lei de
conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. Nesse sentido, observa-se a passagem
do voto do Ministro Celso de Mello na ADI-MC 4048 ( julgada em 14/5/2008, Rel. Ministro Gilmar Mendes),
“[...] nem mesmo a superveniência de uma emenda à Constituição – quanto mais a promulgação de uma
simples lei de conversão – pode convalidar, ainda que para o futuro, diploma legislativo originariamente
inconstitucional”.
DIREITO CIVIL
23. O princípio da boa-fé objetiva, presente no atual Código Civil, consiste em uma norma de
conduta direcionada a todas as fases contratuais, desde a fase pré-contratual até a fase pós-
contratual. Sobre o tema, analise as assertivas abaixo e marque a alternativa correta.
I. O venire contra factum proprium, aceito pela jurisprudência dos tribunais superiores, é
decorrente do princípio da boa-fé objetiva e implica na impossibilidade de um cidadão ter
uma conduta futura contrária a atos por ele reiteradamente práticos no passado.
II. O duty to mitigate the loss, decorrente do princípio da boa-fé objetiva, impõe ao credor
o constante dever de evitar que eventual dívida atinja valores exorbitantes, podendo,
caso isso aconteça, ser ao mesmo imputado uma culpa concorrente delituosa, de modo a
autorizar o Poder Judiciário a diminuir eventual indenização que receberia.
COMENTÁRIO
A questão requer do candidato conhecimentos da Teoria Geral do Direito Civil aplicada aos contratos,
bem como correlacionar tais conhecimentos com a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
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Corolário do princípio da boa-fé objetiva e da segurança jurídica,Venire contra factum proprium, do latim
“não caia em contradição por conduta” (ou, ainda, vedação de comportamento contraditório), impõe ao
cidadão que não tenha uma conduta contrária ao seu próprio ato. Como exemplo, segue julgado:
Duty to mitigate the loss, do inglês “dever de mitigar a perda”. Esse dever tem como origem a Convenção
de Viena de 1980 (art. 77 - A parte que invoca a violação do contrato deve tomar as medidas razoáveis,
face às circunstâncias, para limitar a perda, aí compreendido o lucro cessante, resultante da violação
contratual. Se não o fizer, a parte faltosa pode pedir uma redução da indenização por perdas e danos,
no montante da perda que deveria ter sido evitada.), de modo que o credor tem o dever de evitar o
agravamento do prejuízo, ou seja, evitar que a dívida atinja valores astronômicos, podendo ser imputado
ao credor uma culpa delitual concorrente. Assim, no caso de desrespeito a esse dever, o valor da dívida
deve ser reduzida.
Sobre o tema, a 3ª Jornada do Conselho da Justiça Federal aprovou o enunciado 169 com base no art.
22 do CCB:
Art. 422 do CCB: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
En. 169 do CJF: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do
próprio prejuízo.
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2. Relações obrigacionais. Atuação das partes. Preservação dos direitos dos contratantes na
consecução dos fins. Impossibilidade de violação aos preceitos éticos insertos no ordenamento
jurídico.
3. Preceito decorrente da boa-fé objetiva. Duty to mitigate the loss: o dever de mitigar o próprio
prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para que o dano
não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente
inerte diante do dano. Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do credor. Infringência
aos deveres de cooperação e lealdade.
4. Lição da doutrinadora Véra Maria Jacob de Fradera. Descuido com o dever de mitigar o
prejuízo sofrido. O fato de ter deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 (sete) anos,
sem que este cumprisse com o seu dever contratual (pagamento das prestações relativas ao
contrato de compra e venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com
o consequente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere
dos atos de defesa possessória diminuiriam a extensão do dano.
Surrectio consiste no ganho de um direito diante de práticas, usos e costumes, ao passo que supressio
consiste na perda de um direito diante de práticas, usos e costumes. Como exemplo, tem-se a aplicação
do art. 330 CCB, uma vez que o pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia
do credor relativamente ao previsto no contrato (supressio). Todavia, o devedor ganha o direito de fazer
o pagamento em local diverso (surrectio).
24. Acerca da teoria da perda de uma chance, no contexto da responsabilidade civil, marque a
alternativa correta:
b) Para fins de indenização, não basta a prova de eventual prejuízo, devendo a parte provar
a sua real ocorrência.
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d) A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para
alguém a frustração da chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda.
COMENTÁRIO
A teoria da perda de uma chance decorre do direito francês e a sua aplicação está caracterizada quando
existe uma probabilidade de ganho e a certeza de que a vantagem perdida resultou em um possível
prejuízo.
A teoria é aplicada em face de entes públicos como se observa pelo seguinte julgado:
(...)
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presença dos requisitos ensejadores do dever de indenizar, pela perda de uma chance,
já que a demora no cumprimento da decisão judicial, que determinara o fornecimento de
medicamento imprescindível à mantença da saúde do paciente, reduziu a sua possibilidade
de sobrevida. Conclusão em contrário encontra óbice na Súmula 7/STJ. Precedentes do STJ.
(...)
(AgRg no AREsp 173.148/RJ, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 03/12/2015, DJe 15/12/2015)
Na teoria da perda de uma chance não se exige a prova da real ocorrência do prejuízo; mas, exige-se que
o prejuízo fosse possível. Sobre o tema, favor conferir julgado do STJ ao analisar a alternativa “d”.
De acordo com o STJ, a teoria da perda de uma chance se aplica em erro médico:
1. É plenamente cabível, ainda que se trate de erro médico, acolher a teoria da perda de uma
chance para reconhecer a obrigação de indenizar quando verificada, em concreto, a perda
da oportunidade de se obter uma vantagem ou de se evitar um prejuízo decorrente de ato
ilícito praticado por terceiro.
2. Nos termos da jurisprudência dessa Corte, incide o óbice da súmula 7/STJ no tocante à
análise do quantum fixado a título de compensação por danos morais quando não configurado
valor ínfimo ou exorbitante.
(AgRg no AREsp 553.104/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
01/12/2015, DJe 07/12/2015)
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2. Legitimidade do recém nascido, pois “as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem
jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito à
integralidade mental, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação”
(REsp. 1.037.759/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe
05/03/2010).
3. A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para
alguém a frustração da chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma
perda.
5. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança que tem frustrada a chance de ter
suas células embrionárias colhidas e armazenadas para, se for preciso, no futuro, fazer uso
em tratamento de saúde.
(REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 19/08/2014, DJe 01/10/2014)
Consoante julgado do STJ citado ao analisar a alternativa “d”, a teoria da perda de uma chance é aplicável
quando se tratar de falha na prestação de serviço.
DIREITO ADMINISTRATIVO
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a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
COMENTÁRIO
A Administração Pública deve observar princípios específicos diretamente aplicáveis ao tema das
licitações públicas, além dos princípios constitucionais previstos no art. 37, caput e outros dispositivos da
Constituição Federal. Vamos à análise dos itens.
Item I) CORRETO.
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A publicidade, um dos princípios expressos no caput do art. 37, CF veda a edição de atos secretos pelo
poder público, pugnando pela transparência, visto que a Administração Pública não age em nome próprio,
mas de seus administrados. Assim, sua finalidade é a de fornecer conhecimento público sobre as ações
perpetradas no exercício da função administrativa. Já o princípio do sigilo das propostas nos traz que,
embora os atos praticados durante o procedimento licitatório não possam ser ocultados, as propostas
apresentadas pelos licitantes devem gozar de absoluto sigilo até a data da abertura dos envelopes, o que
se dá em sessão pública e com a presença dos que concorrem à licitação. Devemos lembrar, ademais,
que um licitante não deve conhecer a proposta do outro, sendo que a violação do sigilo da proposta é
crime definido na lei de licitações, configurando improbidade administrativa.
d) As disposições da Lei nº 8.429/92 não se aplicam às pessoas que não sejam agentes
públicos.
COMENTÁRIO
A leitura da legislação administrativa é fundamental para a resolução das questões sobre a matéria.
Assim, sugerimos que o estudo da lei seca seja incorporado ao planejamento do aluno com frequência.
Assertivas semelhantes aparecem com frequência nos mais variados concursos públicos. É importante
sedimentar que, conforme art. 14 da Lei nº 8.429/92, não apenas o Ministério Público, mas qualquer
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pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação
destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela
pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
Art. 7º. Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar
ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Art. 3º. As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.
Infelizmente algumas bancas examinadoras ainda exploram as chamadas “pegadinhas”, truques utilizados
para que o candidato desatento seja prejudicado. Assim, trocamos as palavras “ilícito” e “público”, o que
poderia ser identificado sem dificuldades na hipótese de uma leitura detida. Desta forma, as três espécies
de atos de improbidade previstas na Lei nº 8.429/92 (arts. 9, 10 e 11, em rol exemplificativo) são: atos
que geram enriquecimento ilícito, atos que causam danos ao erário público e atos que atentam contra
princípios da Administração Pública.
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II. O princípio da modicidade traz que a Administração Pública deve buscar o modo mais
adequado da prestação do serviço aos usuários, em respeito à moralidade administrativa.
III. Serviços públicos exclusivos delegáveis não necessariamente são prestados pelo
Estado.
IV. Poder concedente é o ente federativo responsável pela execução da atividade delegada,
respeitando as competências constitucionais para a prestação de serviços públicos.
a) F – V –F – V.
b) V – F – F – V.
c) F – V – V – F.
d) V – F – V – F.
e) F – F – F – V.
COMENTÁRIO
Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito
público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. São Paulo: Lumen
Juris, 25ª ed, 2012).
Item I) FALSO.
Respondendo à questão, Matheus Carvalho nos ensina que as Parcerias Público-Privadas (PPP) são novas
espécies de contratos de concessão de natureza especial. E completa:
pág. 91
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Embora a Administração deva buscar o modo mais adequado para a prestação do serviço público, esta
não é a definição do princípio da modicidade. Assim, segundo o princípio da modicidade, as tarifas
cobradas para os usuários dos serviços públicos devem ser as mais baixas possíveis – módicas, portanto.
Tal preceito tem como objetivo garantir a prestação do serviço ao maior número de pessoas.
Os serviços públicos exclusivos podem ser não delegáveis ou delegáveis. Os primeiros não admitem a
transferência a particulares, como o serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X, CF). Já os serviços
públicos exclusivos delegáveis, embora devam ser necessariamente prestados pelo Estado, tal prestação
pode se dar diretamente ou mediante delegação a particulares, como transporte público e energia
elétrica (art. 21, XI, CF). É importante acrescentar que o Estado se responsabiliza subsidiariamente pelos
danos decorrentes destas atividades.
O texto do art. 2º, inciso I da Lei nº 8.987/95 assim define poder concedente:
28. Sobre o entendimento sumulado pelos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta.
d) O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não
na inscrição para o concurso público.
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COMENTÁRIO
As Súmulas dos Tribunais Superiores devem ser lidas com alguma periodicidade pelos candidatos, pois
sua cobrança é bastante frequente em provas de concursos públicos.
O edital pode prever exame psicotécnico, mas apenas a lei pode causar a sujeição.
Súmula 686, STF. Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
Súmula Vinculante 5, STF. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a constituição.
Súmula 266, STJ. O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na
posse e não na inscrição para o concurso público.
Súmula 16, STF. Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
II. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
poderá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social.
III. O Direito Administrativo e os princípios trazidos pela Constituição Federal que regem
a administração pública não se destinam aos Poderes Judiciário e Legislativo, mas ao Poder
Executivo.
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Assim, marca-se
COMENTÁRIO
o conjunto harmônico de princípios que definem a lógica da atuação do ente público, a qual se
baseia na existência de limitações e prerrogativas em face do interesse público. Esses princípios
devem guardar entre si essa lógica, havendo, entre eles, um ponto de convergência (CARVALHO,
Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 689).
Item I) INCORRETO.
O princípio constitucional que impede que o ato administrativo seja praticado objetivando interesses
pessoais ou de terceiros e desprezando o mandamento legal é a impessoalidade. Celso Antônio Bandeira
de Mello nos diz que a Administração
deve tratar a todos sem favoritismos, nem perseguições, simpatias ou animosidades políticas
ou ideológicas (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo:
Malheiros, 21 ed).
Assim, é irrelevante ao Estado o conhecimento de quais serão os atingidos pelo ato, visto que sua
atuação deve ser impessoal. Assim, o comportamento estatal não se altera em virtude dos beneficiários
ou prejudicados por determinado ato administrativo, sob pena de mácula ao princípio da impessoalidade.
É imperioso que o termo “poderá” seja substituído por “deverá” para que a sentença fique correta. O art.
37, § 1º da Constituição traz expressa previsão a respeito.
pág. 94
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.
Uma vez que todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) possuem funções típicas e atípicas,
exercendo a atividade administrativa, sujeitam-se às regras de Direito Administrativo e aos princípios
constitucionalmente consagrados.
A assertiva está incorreta porque atividade vinculada é aquela em que há expressa disposição dos
requisitos em lei, sendo que a atuação administrativa encontra-se restrita ao legalmente posto, sem que
qualquer juízo de mérito possa ser feito pela Administração Pública.
30. Quanto aos prazos expressamente previstos na Lei de Licitações (prazo mínimo até o
recebimento das propostas ou da realização do evento), assinale a alternativa correta.
d) Quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço, trinta dias para tomada
de preços.
COMENTÁRIO
Os certames cobram com alguma frequência os prazos legalmente previstos, no intuito de verificar se o
candidato fez a leitura da legislação apontada pelo edital.
Ademais, devemos saber que cada modalidade de licitação respeita um prazo de intervalo mínimo
distinto, de acordo com imposição legal. Assim, passemos à verificação dos parágrafos 2º e 3º do art. 21
pág. 95
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da Lei nº 8.666/93.
§2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será:
a) concurso;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”;
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na alínea “b” do inciso
anterior, ou leilão;
pág. 96
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COMENTÁRIO
O contrato administrativo tem natureza personalíssima e deve ser celebrado com o vencedor do
procedimento licitatório. Há, todavia, a possibilidade de subcontratação parcial do objeto, desde que
limitada às situações em que haja previsão contratual e editalícia, além de autorização do ente público.
O art. 72 da Lei nº 8.666/93 nos diz que
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais
e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em
cada caso, pela Administração.
Embora o contratado tenha o dever de acatar as alterações unilaterais impostas pela Administração
Pública, estas se submetem aos limites legais, não podendo caracterizar discricionariedade administrativa.
Assim, nas palavras de Matheus Carvalho:
Para adequar as disposições contratuais, na busca incessante pelo interesse público, o Estado
contratante pode modificar a avença, independentemente do consentimento da outra parte,
desde que não prejudique o contratado e desde que a modificação seja feita nos limites
previamente estipulados pela lei. Sendo assim, não pode haver alteração que atinja o equilíbrio
econômico financeiro do contrato ou que modifique a natureza do objeto que foi explicitado
no edital do procedimento licitatório (CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo.
Salvador: Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 597).
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Contratos administrativos não admitem a retirada voluntária de qualquer um dos partícipes sem que haja
inadimplência. Nos convênios, entretanto, é possível que o partícipe rompa o vínculo a qualquer tempo
sem a imposição de sanções. Outras características marcantes dos convênios é que neles os interesses
entre os partícipes são convergentes, além de não se cogitar preço e remuneração.
PORTUGUÊS
b) Ontem eu sonhava.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
O verbo haver, no sentido de existir, torna-se impessoal. Assim, na alternativa “e”, temos uma oração sem
sujeito, de modo que toda oração é um predicado. Na alternativa “c”, a oração é com sujeito inexistente,
pois verbos que indicam tempos atmosféricos são sujeito inexistente. As letras “a” e “e” estão corretas,
pois o predicado verbal está no tempo correto e de acordo com o sujeito. Incorreta a letra “b”, pois o
sujeito “eu” não pode fazer parte do predicado, como grifado.
pág. 98
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c) O modelo de tratamento mostrou que muitos dos vitus do Ebola, que têm evoluído nos
últimos anos, são transmitidos facilmente.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
Não se separa através de vírgula sujeito do predicado, como na alternativa “a”. Na letra “b”, a separação
por vírgulas está correta, pois “atualmente” é adjunto adverbial de tempo. Na letra “c”, há a separação de
vírgula pois há a presença de oração adjetiva explicativa. Na letra “d”, também há separação de vírgula
pela presença de oração adjetiva explicativa. A letra “e”, há a separação de vírgula pelo adjunto adverbial
de tempo “por muitos anos”.
MEDICINA LEGAL
34. Assinale a alternativa que correta quanto à identificação do sexo através de exame pericial:
d) A identificação do sexo não pode ser realizada apenas pelo registro civil em cartório.
e) A identificação do sexo feminino pela vulva é uma forma de diagnóstico do sexo pela
genitália interna.
COMENTÁRIO
Para melhor explicação ao aluno, faremos a análise das questões em bloco único.
pág. 99
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SEXO: Em esqueletos, na maior parte dos casos, o diagnóstico diferencial do sexo pode ser feito
utilizando os elementos que fornece a inspeção do crânio e da mandíbula, apenas. O crânio masculino
tem espessura óssea mais pronunciada. Mas, pelo corpo também pode ser visto, já que, de acordo com
Genival França, há pelo menos sete tipos de sexo:
Sexo gonadal: Caracteriza o masculino como portador de testículos e o feminino como portador de
ovário;
Sexo da genitália interna: Caracteriza o masculino quando houve o desenvolvimento dos ductos de Wolff
e o feminino quando desenvolvidos os ductos de Muller;
Sexo da genitália externa: Define o masculino com a presença do pênis e do escroto e o feminino com a
presença da vagina, vulva e mamas;
Sexo de Identificação (ou psíquico, ou comportamental): É aquele cuja identificação o indivíduo traz de si
próprio e que se reflete no comportamento. Também é chamado de sexo moral;
Sexo médico-legal: É constatado através de uma perícia médica. São os portadores de genitália dúbia ou
sexo aparentemente duvidoso, com,o por exemplo, um portador de uma grande hipospadia, facilmente
confundível com a cavidade vaginal.
Idade: Pode ser feita pelas suturas cranianas oferece um um bom auxílio quando se pretende efetuar o
cálculo aproximado da idade ou, melhor, da faixa etária possível do indivíduo. Os sinais de “envelhecimento”
começam a aparecer nos ossos, logo após o término da soldadura das epífises às diáfises, em geral por
volta dos 25 aos 28 anos. Assim, quando se dispões de um crânio para ser analisado, a idade pode ser
estudada, acompanhando as alterações nas suturas entre os ossos cranianos (isto sem contar com outros
referentes a alterações degenerativas de escápula e de vértebras). Pela mandíbula também é possível se
chegar a uma idade aproximada.
35. Assinale a alternativa incorreta sobre mortes produzidas por energia térmica decorrente pelo
calor:
a) O desmaio na praia pela alta incidência de calor é uma forma de síncope térmica;
pág. 100
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e) Nos casos de eritema solar, nas queimaduras são apenas de primeiro grau.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
As mortes pelo calor decorrem de ação direta das chamas, substâncias inflamáveis, líquidos ferventes,
gases ou vapores superaquecidos, objetos incandescentes.
Cada forma de calor deixa na vítima uma determinada lesão que permite à perícia determinar a sua
causa.
3. INTERMAÇÃO (os raios solares atingem o indivíduo de forma indireta – ele está dentro
de uma barraca, por exemplo)
5. ERITEMA SOLAR (vermelhidão ocasionada por praia, piscina – que já representa uma
queimadura de primeiro grau; se apresentar bolhas, a queimadura já será de segundo grau)
Portanto, incorreta a letra “e”, pois no caso de bolhas, a eritema pode apresentar queimaduras de segundo
grau.
36. Assinale a alternativa correta quanto a embriaguez e suas implicações sobre a responsabilidade
penal:
pág. 101
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COMENTÁRIO
Para tornar mais didática tal explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
Perante a lei penal, a embriaguez voluntária, conceituada como aquela em que o agente apenas pretende
se embriagar sem propósitos extensivos, bem como a embriaguez culposa, que corresponde aos casos em
que o agente não pretende se embriagar, mas se incorre neste estado por imprudência ou inobservância
de alguma cautela, não exime o agente de responsabilidade penal, pois a lei o presume como imputável.
Em relação aos casos de embriaguez por caso fortuito ou força maior, no qual o agente não pretendia se
embriagar, mas decorreu de circunstâncias alheias a sua vontade ou controle, sendo ela completa, de modo
a deixar o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, acarreta a inimputabilidade
e consequente ausência de responsabilidade penal (artigo 28 do Código Penal).
O agente que intencionalmente se embriaga para delinquir, criando condições psíquicas favoráveis para a
prática do crime, submete-se a uma circunstância agravante prevista no artigo 61, II, alínea, l, do Código
Penal.
Quanto à embriaguez patológica, caracterizada pelos casos de alcoolismo crônico (com sinais de delirium
tremulus), corresponde para fins médico-legais como casos de doença psíquica, aplicando-se nestes
casos o artigo 26 parágrafo único do Código Penal, de modo que caso cometa um crime, terá a redução
de pena.
Portanto, correta a alternativa e, pois a embriaguez pré-ordenada é uma agravante genérica prevista no
Código Penal.
pág. 102
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 15 linhas. Procure responder com consulta tão somente
à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITO CONSTITUCIONAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
13/03/2016: profcei.brunozanotti@gmail.com
DIREITO PENAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
13/03/2016: profcei.leonardomarcondes@gmail.com
pág. 103
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PEÇA PROFISSIONAL
No dia 29/02/2016, “A”, padrasto da criança “B”, passou sua genitália na menor enquanto ela
dormia. “C”, mãe da criança, não presenciou o fato, mas percebeu uma súbita mudança de
comportamento na filha que, ao ser questionada pela mãe, relatou o ocorrido.
“C” procurou a Polícia Civil, e, mesmo sem a representação, da representante legal o Delegado de
Polícia instaurou inquérito policial mediante portaria a fim de apurar o fato.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
13/03/2016: profcei.henriquehoffmann@gmail.com
pág. 104
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pág. 105