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DE POLÍCIA CIVIL
2ª EDIÇÃO
4ª RODADA - 23/03/2016
CEI-DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL
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4ª RODADA - 23/03/2016
DURAÇÃO
22/02/2016 A 20/04/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões Totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
36 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DEPOL
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2ª ED.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2016
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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PROFESSORES
Henrique Hoffmann Monteiro de Castro – Coordenador do Curso e Professor de Legislação Penal Especial
Delegado de Polícia Civil do Paraná. Ex-Delegado de Polícia Civil do Mato Grosso. Professor Coordenador da Pós-Graduação em
Ciências Criminais da FACNOPAR. Professor Convidado da Escola Nacional de Polícia Judiciária, Escola Superior de
Polícia Civil do Paraná, Escola da Magistratura do Paraná, Escola do Ministério Público do Paraná e Curso
de Formação de Defensores Públicos de Santa Catarina. Colunista do Conjur. Mestrando em Direito
pela UENP. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela UGF. Especialista em Segurança
Pública pela UNIESP. Bacharel em Direito pela UFMG. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
Processual Penal e da Associação Internacional de Direito Penal. Assessor Jurídico da Federação
Nacional dos Delegados de Polícia Civil. Facebook, Instagram, Twitter e Periscope: profhenriqueh.
facebook.com/profhenriquehoffmann
facebook.com/elisaemurillodelta
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INSTRUÇÕES GERAIS
O curso tem duração de 4 meses, sendo composto por 10 rodadas que ocorrem de 10 em 10 dias.
O aluno recebe, a cada rodada, 36 questões objetivas inéditas, acompanhadas do gabarito comentado de
forma pormenorizada pelos professores. O curso é totalmente online, permitindo sua participação onde quer
que esteja.
Recebe também, a cada rodada, 2 questões dissertativas e 1 peça prática inéditas. Além disso, o aluno é
contemplado com um grande diferencial: correções individualizadas das suas respostas, nas quais o professor
elabora observações e indica aspectos a melhorar. O prazo para que o aluno entregue as questões resolvidas
será de 10 dias (até a rodada seguinte). Após a entrega pelo aluno, os professores devolverão as correções no
prazo de 10 dias (na próxima rodada), acompanhadas do minucioso espelho de correção. Mesmo os alunos
que optarem por não enviar suas respostas dissertativas e peça prática receberão o espelho de correção,
bem como a seleção das melhores respostas e peças. Fique atento ao calendário disponível no site na aba
“cronograma”, e lembre-se que só serão aceitas as respostas enviadas até às 23:59h do último dia do prazo,
não sendo possível o recebimento após o limite, ainda que o aluno tenha ingressado após o início do curso.
Serão, ao todo, 10 rodadas, o que significa que o aluno receberá ao final do curso 360 questões objetivas
comentadas, 20 questões dissertativas, e 10 peças práticas.
O corpo docente é 100% composto por Delegados de Polícia de vários estados do Brasil, com experiência
docente em Academias de Polícia e cursos preparatórios, publicação de livros e artigos e até mesmo participação
em banca examinadora do concurso público para Delegado de Polícia.
Note o diferencial: aqui suas respostas serão corrigidas por quem já enfrentou com êxito batalha semelhante
à sua, e pode nortear sua caminhada.
As questões versarão sobre as disciplinas estatisticamente mais cobradas em concursos públicos para Delegado
de Polícia Civil, sendo elas: Direito Penal, Direito Processual Penal, Legislação Penal Especial (que nos editais
geralmente está incluída em Direito Penal, mas devido à sua importância para a prova foi destacada como
disciplina autônoma), Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Língua Portuguesa e Medicina
Legal. As matérias de Criminologia e Direitos Humanos serão cobradas pontualmente em Direito Penal e
Direito Constitucional, respectivamente.
Todas as questões são elaboradas a partir do programa de matérias dos editais dos concursos anteriores, e
comentadas com base em legislação, doutrina e jurisprudência.
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
a) Trata-se de delito hediondo, sendo inclusive o único crime dessa natureza que não tem
previsão no Código Penal.
d) Quem viola sem justa causa sigilo empresarial contribuindo para a condução do devedor
a estado de inviabilidade econômica ou financeira responde pelo crime de violação de
sigilo funcional previsto no art. 325 do CP.
3. Com base em seus conhecimentos sobre execução penal, aponte a assertiva equivocada:
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4. Com relação às diferenças entre crimes e contravenções penais, aponte a opção errada:
5. Indique a alternativa que configura fato atípico, e não crime contra o consumidor previsto na
Lei 8.078/90:
e) Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
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6. Nos termos expressamente adotados pelo Código de Processo Penal brasileiro, após a reforma
promovida pela Lei n. 12.403/11, são pressupostos para a decretação das prisões preventivas:
7. No que concerne aos atos de iniciação do inquérito policial em crimes de ação penal pública
incondicionada, assinale a alternativa CORRETA:
b) Poderá ser formulado requerimento para instauração pelo particular, desde que seja a
vítima do crime ou seu representante legal.
c) O auto de prisão em flagrante é uma das hipóteses de instauração por ofício nesses
casos.
d) O Brasil adotou o sistema de notícia crime obrigatória para todo e qualquer cidadão.
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9. Quanto à disciplina das provas em espécie no Código de Processo Penal brasileiro, INCORRETO
afirmar que:
a) Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.
c) A acareação pode ser realizada entre acusado e testemunha, bem como entre
testemunha e pessoa ofendida, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos
ou circunstâncias relevantes.
d) O interrogatório, justamente por se tratar de meio de defesa, apenas poderá ser realizado
ao final da instrução e uma única vez.
e) O exame pericial em local de crime de incêndio deverá incluir, dentre outros dados,
o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio bem como a
extensão do dano e o seu valor.
a) O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e
cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o
Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
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c) O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será
notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
DIREITO PENAL
11. Caio viajou para passar as férias no Rio de Janeiro no período do carnaval. Durante um bloco
de carnaval, ingeriu muita bebida alcoólica o que lhe deixou com vontade de urinar. Apertado
para realizar este ato fisiológico e sem alternativas próximas, como banheiros químicos, vai para
trás de um poste da forma mais discreta possível. Porém, ao terminar de urinar, recebeu “voz”
de prisão pelo policial militar. Sendo conduzido até sua presença e na condição de Delegado de
Polícia de plantão, assinale entre as alternativas, qual melhor análise jurídica do fato à luz dos
elementos do tipo penal:
II. Consumam-se com a efetiva exposição ou abandono, desde que resulte perigo
concreto à vida ou à saúde da vítima.
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III. Em relação ao sujeito ativo do delito, configuram delitos especiais próprios para a
maioria da doutrina.
a) I e II.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) I e IV.
e) I e III.
13. Uma mulher apaixonada por um homem tenta seduzi-lo e conquistá-lo utilizando-se de todo
seu charme e glamour. Mesmo tentando de todas as formas para conquistá-lo, não consegue
êxito em seu desiderato. Assim, adquire uma arma de fogo, empregando-a o ameaça e obriga o
homem indefeso à prática de atos libidinosos, restando consumado, portanto o crime de:
a) Constrangimento ilegal.
c) Ameaça.
d) Estupro.
14. Em relação ao delito de furto, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
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III. Sujeito que subtrai para si energia elétrica alheia em pequeno valor, fazendo-o em
concurso de pessoas, sendo ambos primários, à luz da jurisprudência hoje dominante no
Superior Tribunal de Justiça, pratica furto qualificado-privilegiado.
IV. Mévio, jovem de 19 anos, subtrai R$ 4.000,00 de seu próprio pai, Tício, de 59 anos.
Nesta situação, Mévio responde pelo crime de furto agravado.
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, e III.
d) I, III e IV.
e) I, II e III.
15. Caio e Mévio, após terem subtraído uma grande quantia em dinheiro de um estabelecimento
bancário, mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, objetivando a manutenção
da posso da res furtiva e a impunidade do crime, os agentes efetuaram disparos de arma de
fogo contra os policiais militares que os cercavam na entrada da agência. Embora não tenham
conseguido fugir da ação policial e nem atingir nenhum dos milicianos, os agentes atuaram
com evidente animus necandi em relação aos policiais militares. Com base no entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, houve:
d) Latrocínio consumado.
e) Latrocínio tentado.
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. Cada vez mais a doutrina tem discutido a relevância da Constituição Federal como norma central
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do ordenamento, em especial pela possível expansão das normas com natureza constitucional,
formando o fenômeno conhecido como “bloco de constitucionalidade”. Sobre o tema, marque a
alternativa correta:
II. O caráter programático das normas constitucionais não pode converter-se em promessa
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas
nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que
determina a própria Constituição Federal.
III. A cláusula da reserva do possível pode ser legitimamente invocada, pelo Estado, com
a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, mesmo
quando puder resultar nulificação ou aniquilação de direitos constitucionais impregnados
de um sentido de essencial fundamentalidade.
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a) Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia.
19. Acerca das atribuições constitucionais dos órgãos de segurança pública, marque a alternativa
correta:
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c) A Polícia Militar pode, em concorrência com a Polícia Civil, lavrar termos circunstanciados.
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em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros.
22. Acerca da pertinência temática relativa aos legitimados para ajuizar uma ADI no STF, marque
a alternativa correta:
a) Em recente decisão, o STF reviu seu posicionamento e acabou com a pertinência temática.
DIREITO CIVIL
23. Diversos contratos possuem cláusulas relativas a encargo, termo e condição. Sobre o tema,
analise as assertivas e marque a alternativa correta.
III. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
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d) A morte do pai não gera a extinção automática do poder familiar sobre o filho.
DIREITO ADMINISTRATIVO
b) A Administração Pública pode celebrar contratos que se regem tanto pelo Direito Público
quanto pelo Direito Privado. Nestes, o Estado deve respeito aos requisitos e limitações da
lei de licitações, mas não goza de prerrogativas do poder público.
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II. Aplicam-se, no que couber, as disposições da lei àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma direta ou indireta.
d) Se I e II estiverem corretas.
27. É sabido que os serviços públicos podem ser prestados de diversas formas e são designados
por espécies distintas. Assim, relacione os tipos de serviços públicos com as espécies às quais
pertencem:
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a) I – III – IV – II.
b) II – I – III – IV.
c) I – III – II – IV.
d) III – IV – II – I.
e) I – II – IV – III.
28. Constam da doutrina dos atos administrativos os atos ordinatórios. Podemos classificar como
exemplo de atos ordinatórios (as):
a) Homologações.
b) Decretos regulamentares.
c) Alvarás.
d) Circulares.
e) Multas.
II. Suponha-se que a empresa responsável pelo abastecimento de água precise realizar
uma operação que viabilize esgoto em um terreno particular nas proximidades da estação
de tratamento. Neste terreno, ocorre o cultivo de verduras orgânicas. No caso, poderá haver
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a requisição administrativa do citado terreno, que perdurará pelo tempo que for necessário
à utilização, dispensando-se a indenização ao proprietário com fulcro na supremacia do
interesse público sobre o particular.
III. A servidão administrativa representa ônus real imposto ao particular para garantir
a realização de obras e serviços públicos, sendo que qualquer prejuízo suportado pelo
proprietário do bem deve ser indenizado.
IV. A Constituição Federal traz que o poder público deve proteger o patrimônio cultural
brasileiro por desapropriação, tombamento e registro, dentre outras formas de preservação
e acautelamento.
a) V – F – F – V.
b) F – V – V – F.
c) V – F – V – V.
d) F – V – F – F.
e) V – V – V – F.
30. Qual é o princípio constitucional que restringe que ato administrativo seja praticado
objetivando o interesse do agente ou de terceiro, atrelando tal prática à razão legislativa?
a) Moralidade.
b) Publicidade.
c) Impessoalidade.
d) Legalidade.
e) Eficiência.
31. Quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço, na modalidade concorrência,
o prazo mínimo da publicação do aviso contendo o resumo do edital até o recebimento das
propostas ou da realização do evento será de:
a) 15 dias.
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b) 30 dias.
c) 45 dias.
d) 60 dias.
e) 90 dias.
PORTUGUÊS
32. Assinale a alternativa em que o período a seguir indica uma oração subordinada adverbial
condicional reduzida de gerúndio:
a) Se olhar.
b) Ao olhar.
c) Tendo olhado.
d) Quando olhares.
e) Olhando.
33. No período “A tarde estava tão serena e tranquila, que, mesmo longe, ouvíamos o barulho
dos cavalos”, temos uma oração subordinada adverbial com o seguinte sentido:
a) Consequência.
b) Tempo.
c) Causa.
d) Finalidade.
e) Concessão.
MEDICINA LEGAL
34. Assinale a alternativa incorreta quanto aos requisitos essenciais da identificação criminal:
a) Unicidade.
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b) Perenidade.
c) Variabilidade.
d) Mutabilidade.
e) Praticabilidade.
35. Assinale a alternativa que não corresponde aos aspectos médico-legais do evento morte:
d) Na morte agônica há extinção desarmônica das funções vitais e ocorre em tempo longo
resultando, por exemplo, em imobilidade.
e) Morte suspeita é aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma
inesperada, sem causa evidente.
36. Assinale a alternativa incorreta quanto às lesões resultantes de energias de ordem térmica:
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA A
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a) Trata-se de delito hediondo, sendo inclusive o único crime dessa natureza que não tem
previsão no Código Penal.
COMENTÁRIO
De fato o crime de genocídio é previsto no rol taxativo de crimes hediondos da Lei 8.072/90:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
(Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de
morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142,
de 2015)
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II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2º e 3º); (Inciso
incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º
e 3º da Lei no 2.889, de 1º de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela
Lei nº 8.930, de 1994)
Lembre-se que o tráfico de drogas, o terrorismo e a tortura, que também não possuem previsão no CP,
tecnicamente são crimes equiparados a hediondos, e não hediondos em sentido estrito.
Cabe destacar também que tanto a forma consumada quanto a tentada de genocídio são hediondas.
Recordemos do art. 288 do CP, que define o crime de associação criminosa (antigo quadrilha ou bando):
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013)
O aluno mais desatento poderia acreditar que a assertiva está correta. Todavia, é preciso lembrar que
existe um crime específico de associação na Lei 2.889/56:
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo
anterior:
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Assim, diante desse conflito aparente de leis penais, aplica-se o princípio da especialidade, impondo a
incidência da norma penal especial. Explica a doutrina:
Lei especial é a que contém todos os dados típicos de uma lei geral, e também outros,
denominados especializantes. A primeira prevê o crime genérico, ao passo que a última traz
em seu bojo o crime específico (MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. v. 1. São Paulo:
Método, 2015, p. 197).
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial
ou religioso, como tal:
Será punido:
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo
anterior:
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art.
1º:
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Perceba que o preceito primário, que define a conduta criminosa, é completo, não se falando em norma
penal em branco (pois não precisa de complementação por outra norma).
Já o preceito secundário, que estabelece a sanção penal, remete a outra lei penal, daí se falar em lei penal
em branco, que, no caso, é invertida, pois o complemento é exigido não para a conduta típica (preceito
primário), mas para a sanção penal (preceito secundário).
A doutrina explica:
Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário
reclama complementação. Nesse caso, o complemento deve ser obrigatoriamente uma lei,
sob pena de violação ao princípio da reserva legal. Exemplos dessa espécie de lei penal em
branco são encontrados nos artigos 1.° a 3.°da Lei 2.889/1956, relativos ao crime de genocídio
(MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. v. 1. São Paulo: Método, 2014, p. 177).
De fato não incide o delito genérico de incitação ao crime previsto no Código Penal:
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art.
1º:
A regra geral sobre a pena do crime tentado vem prevista no Código Penal:
Art. 14. Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Todavia, a Lei de Genocídio traz previsão específica, que não pode ser ignorada:
Art. 5º Será punida com dois terços das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta
Lei.
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d) Quem viola sem justa causa sigilo empresarial contribuindo para a condução do devedor
a estado de inviabilidade econômica ou financeira responde pelo crime de violação de
sigilo funcional previsto no art. 325 do CP.
COMENTÁRIO
Para julgar essa assertiva, basta o conhecimento do art. 184 da Lei 11.101/05:
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
É dizer, não se exige representação da vítima para o início do inquérito policial e consequentemente para
a ação penal.
O procedimento a ser seguido, de fato, é o sumário, conforme disciplina do art. 185 da Lei de Falências:
Art. 185. Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto nos arts. 531 a 540 do
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.
Em que pese quase todos os crimes falimentares terem pena máxima superior a 2 anos, o delito de
omissão dos documentos contábeis obrigatórios é o único cuja pena em abstrato máxima não ultrapassa
esse patamar:
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar
a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial,
os documentos de escrituração contábil obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
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O delito de violação de sigilo funcional está estampado no art. 325 do Código Penal:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confidenciais
sobre operações ou serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado de inviabilidade
econômica ou financeira:
O tipo penal do crime de desvio, ocultação ou apropriação de bens afirma textualmente que também
responde pelo delito aquele que adquire o bem por interposta pessoa, não sendo preciso se valer da
vedada interpretação in malam partem para fazer incidir a figura penal contra o suspeito:
Art. 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação judicial
ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por interposta pessoa:
3. Com base em seus conhecimentos sobre execução penal, aponte a assertiva equivocada:
COMENTÁRIO
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No Brasil, o Código Penal e a Lei de Execução Penal adotaram o sistema progressivo ou inglês.
LEP, Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão.
Nas condenações superiores a 30 anos (limite de cumprimento de pena – art. 75 do CP), o montante de
pena cumprido (requisito para a progressão) deve ser calculado sobre o total da pena imposta, pois esse
limite destina-se exclusivamente ao efetivo cumprimento da pena privativa de liberdade.
Súmula 715 do STF: A pena unificada para atender ao limite de 30 (trinta) anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
O sistema progressivo acolhido pelo direito brasileiro é incompatível com a progressão por saltos,
consistente na passagem direta do regime fechado para o aberto.
Súmula 491 do STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
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Percebe-se que a redação vigente do art. 112, §1º da LEP, dada pela Lei 10.792/03, não mais exige a
obrigatoriedade de parecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico.
Vejamos o que dispõe a Lei de Execução Penal acerca da regressão de regime de cumprimento de pena:
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a
transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução,
torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos
anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente
imposta.
Conclui-se que é possível a regressão por saltos, isto é, a passagem direta do regime aberto para o
fechado, uma vez que o art. 118, caput, da LEP refere-se no plural à transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos.
Objeto de muitas críticas, o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal é de que a execução
provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso
especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência.
Ou seja, admite-se o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório
em 2º grau e isso não ofende o postulado da presunção de não culpabilidade (STF, Tribunal Pleno, HC
126292, Rel. Min. Teori Zavascki, DJ 17/2/2016).
Com isso o STF superou a posição anteriormente adotada (STF, Tribunal Pleno, HC 84078, Rel. Min. Eros
Grau, DJ 05/02/2009).
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4. Com relação às diferenças entre crimes e contravenções penais, aponte a opção errada:
COMENTÁRIO
Para analisar essas e outras diferenças entre crimes e contravenções penais, que são espécies do gênero
infrações penais, vale a consulta a esse quadro esquemático, com indicação dos respectivos dispositivos
legais:
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Atente-se para um erro comum: muitos afirmam que não cabe tentativa de contravenção penal. Na
verdade a tentativa pode ocorrer, porém não será punida por uma opção de política criminal do legislador.
5. Indique a alternativa que configura fato atípico, e não crime contra o consumidor previsto na
Lei 8.078/90:
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e) Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança.
COMENTÁRIO
Para fins didáticos, excepcionalmente o comentário será confeccionado sem divisão por alternativas, já
que tratam do mesmo assunto.
As letras b, c, d e e trazem as condutas típicas estampadas nos arts. 63,64, 65 e 68 do CDC. São, portanto,
crimes contra o consumidor, uma vez que a Lei 8.078/90 elegeu estas condutas como infrações penais
que atentam contra a regularidade das relações de consumo:
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos,
nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente
quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma
deste artigo.
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade
competente:
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
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Já a conduta indicada na letra a não configura crime. Na verdade, o Serviço de Atendimento ao Consumidor
– SAC – é disciplinado pelo Decreto 6.523/08, cuja inobservância caracteriza infração administrativa,
sujeita às sanções de igual natureza elencadas no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 19. A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das sanções
previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990, sem prejuízo das constantes dos regulamentos
específicos dos órgãos e entidades reguladoras.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas:
I – multa;
II – apreensão do produto;
XI – intervenção administrativa;
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6. Nos termos expressamente adotados pelo Código de Processo Penal brasileiro, após a reforma
promovida pela Lei n. 12.403/11, são pressupostos para a decretação das prisões preventivas:
COMENTÁRIO
De antemão, imperioso registrar que, por se tratar de questão com objeto único, a metodologia de
correção neste particular será a de exposição global do tema com esclarecimento da resposta correta ao
final, e não apontamentos individualizados por alternativas. Segue a explicação.
A doutrina processual penal de inspiração civilista ou fundada na teoria geral do processo, ainda muito
forte em grande parte dos concursos públicos, vai apontar como pressupostos das prisões preventivas
os clássicos fundamentos das cautelares em geral: fumus boni iuris (“fumaça do bom direito”) e periculum
in mora (“perigo na demora”). Parece-nos, entretanto, que melhor seria pensar em categorias próprias
da teoria cautelar processual penal, na linha do apregoado por parte da doutrina brasileira preocupada
com a superação da tradicional vertente unitária do processo. Nesse sentido, em nome da autonomia
científica do saber processual penal, os pressupostos em questão seriam: fumus commissi delicti e
periculum libertatis.
a)“Fumus Commissi Delicti” (art. 312, parte final, CPP): fumaça da existência e autoria do crime; trata-se
de juízo de probabilidade a respeito da ocorrência do fato punível: a.1.) prova da existência do crime:
comprovação sobre a materialidade (excluída possibilidade de prisão preventiva no caso de “contravenção
penal”); a.2.) indícios suficientes de autoria: observe que a certeza quanto à autoria somente é exigida
para a condenação, e não para a decretação da prisão preventiva.
b) “Periculum Libertatis” (art. 312, primeira parte, CPP): sério risco à integridade da investigação ou do
processo, bem como à sua eficácia, diante do comportamento adotado pelo investigado ou acusado.
Observe que não se trata, como ocorre no processo civil, de mera situação de risco decorrente do tempo
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da persecução penal, e sim de fundado perigo, pautado em situação fática, ao jogo processual penal ou
à sua etapa de investigação preliminar, capaz de justificar a necessidade da prisão do imputado antes do
trânsito em julgado.
Nesse sentido, conforme as hipóteses literais do Código de Processo Penal, seriam causas de perigo na
liberdade: b.1.) garantia da ordem pública; b.2.) garantia da ordem econômica; b.3.) conveniência da
instrução criminal; b.4.) garantia da aplicação da lei penal.
Em tempo, contudo, registre-se que há sérias discussões sobre a ausência de cautelaridade e, por
conseguinte, inconstitucionalidade das duas primeiras cláusulas (prisão preventiva em nome da ordem
pública ou ordem econômica), muito embora não seja o entendimento adotado pela maioria da doutrina
tampouco pela jurisprudência majoritária (inclusive no STF e STJ).
7. No que concerne aos atos de iniciação do inquérito policial em crimes de ação penal pública
incondicionada, assinale a alternativa CORRETA:
b) Poderá ser formulado requerimento para instauração pelo particular, desde que seja a
vítima do crime ou seu representante legal.
c) O auto de prisão em flagrante é uma das hipóteses de instauração por ofício nesses
casos.
d) O Brasil adotou o sistema de notícia crime obrigatória para todo e qualquer cidadão.
COMENTÁRIO
De antemão, imperioso registrar que, por se tratar de questão com objeto único, também aqui a
metodologia de correção será a de exposição global do tema com esclarecimento da resposta correta ao
final, e não apontamentos individualizados por alternativas. Segue a explicação.
A instauração de inquérito policial diante da notícia de crime de ação processual penal de iniciativa
pública incondicionada pode ocorrer da seguinte maneira: a) de ofício; b) por requisição da autoridade
judiciária; c) por requisição do membro do ministério público; d) por requerimento da vítima ou de seu
representante legal.
a) De ofício: diz-se que a autoridade policial tem a obrigação legal de instaurar inquérito policial,
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independente de provocação de terceiro, sempre que tomar conhecimento imediato e direto de possível
crime de ação processual penal de iniciativa pública incondicionada. Fala-se aqui na característica da
oficiosidade do inquérito policial.
De antemão, duas observações são necessárias: - nem todo fato aparentemente atípico obriga à
instauração. Cite-se, por exemplo, os casos de manifesta extinção da punibilidade (prescrição); - é claro
que a instauração de ofício deve sempre obediência às regras básicas de divisão das atribuições (territorial,
material e pessoal) da função investigatória pelos órgãos de polícia judiciária.
Vale lembrar, ainda, que no âmbito da cognição direta de notícia crime, a doutrina costuma incluir as
hipóteses de notícia anônima (notitia criminis inqualificada) e os casos de prisão em flagrante (notitia
criminis de cognição coercitiva). Há, também, os casos de notoriedade (pública) e as “informações
reservadas” de órgãos de inteligência que chegam ao conhecimento do delegado de polícia em suas
atividades rotineiras.
b) Por requisição da autoridade judiciária ou membro do ministério público: o Código prevê que tanto o
juiz quanto o membro do ministério público poderão requisitar ao órgão de polícia judiciária a instauração
de inquérito policial em crimes de ação penal de iniciativa pública incondicionada.
Vale destacar, em primeiro lugar, que não existe qualquer subordinação administrativa dos órgãos
policiais em relação ao Poder Judiciário ou Ministério Público tampouco do delegado de polícia quanto
a juízes, promotores e procuradores. Ademais, a requisição não deve ser cumprida às cegas como ato
automático; demanda também verificação quanto à sua compatibilidade constitucional, convencional e
legal. Por óbvio, requisições ilegais não se cumprem. Imaginemos, por exemplo, uma requisição judicial
ou ministerial para a instauração de inquérito policial por fato atípico (ex.: adultério).
Também ilegais são aquelas requisições absolutamente genéricas, sem especificação mínima do objeto da
investigação. Imperioso que toda requisição apresente descrição suficiente dos fatos a serem apurados,
a permitir, inclusive, uma adequação provisória ou aparente quanto aos tipos penais incriminadores em
vigor. A generalidade abusiva, típica de sistemas inquisitórios ou modelos autoritários de direito penal do
autor, não se coaduna com uma visão democrática da persecução penal. Logo, permitiria ao delegado
de polícia que, de maneira fundamentada, apontando a ilegalidade do ato, devolvesse a requisição sem
cumprimento, deixando-se de instaurar inquérito policial naquelas condições.
Por fim, no tocante à requisição judicial, vale registrar a crítica de parte da doutrina quanto à sua invalidade.
Afirma-se que não caberia ao juiz dar início ao processo ou mesmo ao inquérito, ainda que mediante
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requisição, não só porque a ação penal pública é de titularidade exclusiva do parquet, mas também
porque se trata de um imperativo do sistema acusatório (GLOECKNER, Ricardo Jacobsen; LOPES JÚNIOR,
Aury. Investigação Preliminar no Processo Penal. 06 ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 275 – 276). Assim, ao
tomar ciência de suposta notícia crime, deveria o juiz encaminhar imediatamente todas as informações
ao ministério público para deliberação quanto à necessidade (ou não) de inquérito policial na espécie.
c) Por requerimento do ofendido: consiste na comunicação realizada pela vítima de um suposto crime,
acompanhada do respectivo pedido para a instauração de procedimento formal de apuração. Não
se trata de mera notícia crime, mas de típica solicitação para o início de investigação criminal. Assim,
classificada pela doutrina de “notícia crime postulatória”.
O Código estabelece alguns requisitos formais para esse requerimento do particular, os quais, sempre que
possível, devem ser observados: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização
do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeação das testemunhas, com indicação
de sua profissão e residência (art. 5º, § 1º, do CPP).
Sublinhe-se, ainda, que a notícia crime postulatória fica sujeita ao juízo discricionário do delegado de polícia
quanto ao seu deferimento ou indeferimento. No último caso, entretanto, caberá recurso administrativo
inominado ao chefe de polícia (isto é: ao delegado-geral), nos termos do art. 5º, § 2º, do CPP. Além dessa
instância administrativa de controle, caso evidenciada a ilegalidade do ato de indeferimento, seria possível
a impetração de mandado de segurança. Sem prejuízo, em qualquer caso, de apresentação direta das
peças de informação ao órgão do ministério público para análise da justa causa, com possibilidade direta
de oferecimento de denúncia ou então requisição para a instauração de inquérito policial.
d) Por comunicação de qualquer do povo: é facultado a qualquer pessoa comunicar ao órgão de polícia
judiciária a ocorrência de um suposto fato punível, colaborando com a atividade persecutória estatal. O
que se tem, aqui, é um simples ato de comunicação (mera notícia crime), sem qualquer requerimento.
Pode ser realizado, inclusive, pela vítima, se nenhum pedido formular juntamente com a delatio criminis.
Não se trata, em regra, de obrigação legal (dever), mas de simples faculdade. Excepcionalmente, contudo,
algumas pessoas, em razão do cargo ou função, estão obrigadas a noticiar a ocorrência de crimes (notícia
crime obrigatória) de que tenham tomado conhecimento no desempenho de suas atividades (art. 66, I e
II, da LCP; art. 45 da Lei n. 6.538/78; art. 269 do CP).
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COMENTÁRIO
Competência funcional é aquela que vai partilhar a jurisdição levando em conta os atos processuais e a
organização judiciária. São espécies:
a) Pelas Fases do Processo: tem-se, em regra, órgão judiciário único como responsável por todas as
fases do processo; contudo, pode haver fracionamento dos atos processuais entre diferentes órgãos
judiciários. Ex.: juiz competente pela instrução e julgamento da causa X juiz competente para a execução
da sentença (art. 65 da LEP).
b) Pelo Objeto do Juízo: tem-se, em regra, órgão judiciário único como responsável por todas as decisões
durante o processo; contudo, pode haver distribuição dos atos decisórios ao longo do processo entre
diversos órgãos judiciários Ex.: Tribunal do Júri - órgão jurisdicional complexo, plural e heterogêneo:
juízes leigos decidem sobre o mérito, sobre os quesitos formulados enquanto que o juiz togado sobre as
questões de direito (quantum da pena, regime inicial etc.).
c) Pelos Graus de Jurisdição: também chamada de competência funcional vertical; tem lugar em face
das hipóteses de duplo grau de jurisdição (direito de recorrer) e de competência originária (cujo maior
exemplo é o foro especial por prerrogativa de função).
A recente lei sobre a disciplina penal do terrorismo, bem como as suas disposições investigatórias e
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processuais, prevê que a competência nesses casos será da justiça comum federal (art. 11 da Lei n. 13.260),
senão vejamos:
Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são praticados contra
o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito
policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art.
109 da Constituição Federal.
A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a
cessação definitiva do exercício funcional.
9. Quanto à disciplina das provas em espécie no Código de Processo Penal brasileiro, INCORRETO
afirmar que:
a) Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais.
c) A acareação pode ser realizada entre acusado e testemunha, bem como entre
testemunha e pessoa ofendida, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos
ou circunstâncias relevantes.
d) O interrogatório, justamente por se tratar de meio de defesa, apenas poderá ser realizado
ao final da instrução e uma única vez.
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e) O exame pericial em local de crime de incêndio deverá incluir, dentre outros dados,
o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio bem como a
extensão do dano e o seu valor.
COMENTÁRIO
A perícia é um exame realizado por quem tem conhecimento técnico específico, tendo por finalidade
auxiliar o juízo em questões fora de sua área de conhecimento profissional. Quanto ao procedimento
para a realização do exame pericial, prevê o artigo 159 a seguinte disciplina básica:
Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. § 1º -
Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica
relacionada à natureza do exame; § 2º - Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de
bem e fielmente desempenhar o encargo.
A Lei n. 11.900, de 08 de janeiro de 2009, alterou dispositivos do Código de Processo Penal, com a
finalidade de prever a possibilidade de realização de interrogatório e outros atos processuais por sistema
de videoconferência. Assim, além do interrogatório (art. 185, §§ 2º a 6º, CPP), também o depoimento
testemunhal pode ser realizado por esse tipo de recurso tecnológico ou equivalente de transmissão de
sons e imagens em tempo real.
Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por
meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
realização da audiência de instrução e julgamento.
A possibilidade de confronto de versões mediante acareação de pessoas não fica restrita aos acusados
ou testemunhas, sendo bastante ampla no processo penal, conforme reza o artigo 229, caput, do CPP,
in verbis:
A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
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De fato, o interrogatório constitui muito mais do que meio de prova, oportunidade de defesa do acusado,
justamente por isso realizado ao final da instrução. Entretanto, o Código de Processo Penal em nenhum
momento vedou a realização de mais de um ato de interrogatório. Aliás, pelo contrário, consoante se
extrai do artigo 196 do CPP, poderá ser efetivado a qualquer tempo novo interrogatório, por determinação
judicial, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
Assertiva em consonância com a literalidade do artigo 173 do Código de Processo Penal, que versa sobre
a perícia em caso de crime de incêndio:
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo
que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu
valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
a) O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e
cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o
Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.
c) O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será
notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
COMENTÁRIO
Não se pode confundir Tribunal do Júri e Conselho de Sentença. O artigo 447 do CPP estabelece com
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clareza a distinção entre esses órgãos, inclusive no tocante à composição dos mesmos, in verbis:
O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco)
jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de
Sentença em cada sessão de julgamento.
O procedimento deve ser entendido como “sequência de normas, de atos e de posições subjetivas”
(GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica Processual e Teoria do Processo. Rio de Janeiro: AIDE, 2001, p. 108).
Trata-se de cópia literal do artigo 359 do Código de Processo Penal. A esse respeito, ensina REIS e
GONÇALVES que:
O funcionário público, por sua vez, é citado por oficial de justiça, por meio de mandado, porém,
o art. 359 do CPP exige que o chefe da repartição seja comunicado da data em que deverá
comparecer em juízo, para que possa previamente providenciar a substituição do funcionário
naquela data. Como o interrogatório, após a Lei n. 11.719/2008, passou a ser o último ato
instrutório da ação penal, o chefe da repartição só será cientificado da data quando o juiz
designar a audiência de instrução, na qual o réu (funcionário público) deverá se fazer presente.
Se for necessária a redesignação da audiência pela falta de alguma testemunha considerada
essencial, o chefe da repartição deverá também ser comunicado acerca da nova data (REIS,
Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Processual Penal
Esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 427).
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Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
(cinco) pela defesa.
DIREITO PENAL
11. Caio viajou para passar as férias no Rio de Janeiro no período do carnaval. Durante um bloco
de carnaval, ingeriu muita bebida alcoólica o que lhe deixou com vontade de urinar. Apertado
para realizar este ato fisiológico e sem alternativas próximas, como banheiros químicos, vai para
trás de um poste da forma mais discreta possível. Porém, ao terminar de urinar, recebeu “voz”
de prisão pelo policial militar. Sendo conduzido até sua presença e na condição de Delegado de
Polícia de plantão, assinale entre as alternativas, qual melhor análise jurídica do fato à luz dos
elementos do tipo penal:
COMENTÁRIO
Os candidatos devem estar preparados para questões de relativa facilidade, mas que revela conhecimento
mais atual sobre questões que ocorrem no dia a dia forense e que devem fugir do senso comum. Esta
questão é um exemplo de um tipo penal simples, mas que deve ter bastante atenção ao estudo dos seus
elementos do tipo.
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“Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:”
Praticar é ato comissivo de manifestação de vontade, na qual compõe a figura típica a elementar
normativa “ato obsceno”. “Só pode ser ato obsceno aquele que se refira à sexualidade, não o caracterizando
a manifestação verbal obscena.” (BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Especial 4.
6ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2012. p. 203)
Como deixa explícito em seu blog, o professor e delegado de polícia, membro da banca do concurso
para a carreira de delegado de polícia no Estado do Rio de Janeiro, leciona que o “carnaval é permissivo
por natureza e tal ato, praticado nesse momento de desapego à moralidade sexual, não tem o condão de
afetar o pudor público.” (GILABERTE, Bruno. Disponível: http://brunogilaberte.blogspot.com.br/2010/02/
ato-obsceno-no-carnaval-lei-pode-ser.html. Acesso em 19/03/2016)
Entende o autor que a noção de pudor deve ser analisada no caso concreto. No carnaval, não ofenderia,
mas a nudez em um templo religioso sim.
A alternativa está errada porque nesta contravenção penal a conduta deve ser dirigida a uma pessoa
determinada, o que não ocorreu no caso concreto. Assim dispõe o art. 61 da LCP:
“Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao
pudor:”
Como se percebe, importunar é perturbar, e “alguém” distingue-se do crime de ato obsceno porquanto
este possui como sujeito passivo a coletividade.
Não se trata de estado de necessidade porque na questão não estão presentes os requisitos para esta
excludente de ilicitude conforme dispõe o art. 24 do CP:
“Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.
Insta salientar, ainda, que no Estado de necessidade há a análise de uma situação de perigo, caracterizada
pela colidência de direitos igualmente lícitos, ou seja, um conflito entre bens jurídicos pertencentes a
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pessoas diversas, na qual se sacrifica um deles em detrimento do outro, o que não ocorre no caso em
tela já que há no caso concreto somente o interesse de uma pessoa em jogo.
A resposta está correta, pois como podemos prosseguir com a explicação da alternativa “a”, Caio ao se
esconder atrás do poste descaracterizou o “ato obsceno” conforme o conceito já abordado na alternativa
“a”.
Para corroborar com este entendimento, um julgado da Turma Recursal dos Juizados Especiais Criminais
do Estado do Rio de Janeiro:
“É atípica a conduta, por faltar o elemento normativo do tipo, o qual se refere ao ato obsceno,
que exige uma conotação sexual, ausente na conduta do agente. 0007551-33.2008.8.19.0006
- TURMAS RECURSAIS 1ª Ementa Juiz(a) SANDRA SANTAREM CARDINALI - Julgamento:
17/06/2011 - CAPITAL 1a. TURMA RECURSAL DOS JUI ESP CRIMINAIS. ATO OBSCENO. URINAR
EM VIA PUBLICA. AUSENCIA DE DOLO. RESISTENCIA PASSIVA. ABSOLVICAO”
O tipo subjetivo é o dolo, consistente na consciente e vontade de praticar ato obsceno em lugar público,
aberto ou exposto ao público, que no caso concreto está caracterizado o dolo, porquanto Caio realiza
todas as etapas do elemento cognoscitivo (conhecimento do fato - que constitui a ação típica) e volitivo
(elemento da vontade de realizar esse fato como domínio do fazer ou não fazer), que compõem o dolo
natural, adotado na teoria finalista da conduta. A atipicidade se dá por outra razão.
II. Consumam-se com a efetiva exposição ou abandono, desde que resulte perigo
concreto à vida ou à saúde da vítima.
III. Em relação ao sujeito ativo do delito, configuram delitos especiais próprios para a
maioria da doutrina.
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a) I e II.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) I e IV.
e) I e III.
COMENTÁRIO
A questão será respondida pelos itens de I a IV e após, por conclusão, a definição da alternativa correta.
As questões versam sobre os crimes previstos nos artigos 133 e 134, ambos do Código Penal:
“Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
§ 2º - Se resulta a morte:
Aumento de pena
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§ 2º - Se resulta a morte:
Esta questão está correta porquanto a pena prevista para o crime de exposição ou abandono de recém-
nascido é detenção, de seis meses a dois anos, portanto da competência dos juizados especiais criminais,
conforme art. 61 da lei 9.099/95, com redação alterada pela lei 11.313/06.
A assertiva está correta porque ambos são crimes próprios, ou seja, o sujeito ativo é pessoa com
características específicas. No abandono de incapaz, o sujeito deve ter especial relação de assistência
com o sujeito passivo, como cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, ou tenha a posição de garantidor,
ou, ainda, haja dado causa ao abandono, por anterior comportamento, conforme art. 13, § 2º, CP.
Já no crime de abandono de recém-nascido, para uma parte da doutrina, apenas a mãe pode cometer,
pois a lei se refere à desonra “própria”.
“Para a maioria dos doutrinadores, somente o pode praticar a mãe que concebeu ilicitamente;
opina DAMÁSIO DE JESUS, que também o pai incestuoso ou adúltero poderia cometer o
delito; para ANDRÉS A. BALESTRA, ainda outros parentes próximos poderiam ser incluídos”
(DELMANTO, Celso; DELMANTO, Roberto; JUNIOR, Roberto Delmanto; e DELMANTO, Fabio
Machado De Almeida. Código Penal Comentado. 6ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 287)
Este item está errado em razão da explicação do item “III”, já que a maioria da doutrina entende que
somente a mãe pode praticar o crime e não o pai.
13. Uma mulher apaixonada por um homem tenta seduzi-lo e conquistá-lo utilizando-se de todo
seu charme e glamour. Mesmo tentando de todas as formas para conquistá-lo, não consegue
êxito em seu desiderato. Assim, adquire uma arma de fogo, empregando-a o ameaça e obriga o
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homem indefeso à prática de atos libidinosos, restando consumado, portanto o crime de:
a) Constrangimento ilegal.
c) Ameaça.
d) Estupro.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão que depende de uma análise simples das elementares dos tipos nos crimes
contra a dignidade sexual, em especial, após a lei 12.015/09, haja vista que alterou significativamente a
estrutura de diversos tipos penais.
Em razão da abordagem global sobre o tema, iremos fazer uma análise contextualizada das alternativas.
Após a lei 12.015/09, o crime de atentado violento ao pudor, previsto no art. 214 do CP, foi fundido ao art.
213 do CP, que passou a prever em um mesmo artigo o objeto jurídico da dignidade sexual, seja por ato
libidinoso diverso da conjunção carnal, seja pela conjunção carnal.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)
No entanto, o art. 213, do CP, após a lei 12.015/09, não mais define o estupro como um crime próprio.
Com relação à conjunção carnal, entendida esta como a cópula vagínica com o pênis, uma conduta que
somente pode ser realizada entre heterossexuais. Já o ato libidinoso, entre heterossexuais ou homossexuais.
A questão, ao mencionar homem e mulher, admite ato libidinoso ou conjunção carnal para a caracterização
do crime de estupro.
O candidato poderia se equivocar com o “atentado violento ao pudor”, mas este artigo foi revogado e
sua conduta inserida no art. 213, DP, sendo denominado de “estupro” qualquer das condutas descritas no
tipo.
A violação sexual mediante fraude está descartada porque não houve nenhum emprego de fraude, mas
sim grave ameaça com arma de fogo.
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14. Em relação ao delito de furto, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
III. Sujeito que subtrai para si energia elétrica alheia em pequeno valor, fazendo-o em
concurso de pessoas, sendo ambos primários, à luz da jurisprudência hoje dominante no
Superior Tribunal de Justiça, pratica furto qualificado-privilegiado.
IV. Mévio, jovem de 19 anos, subtrai R$ 4.000,00 de seu próprio pai, Tício, de 59 anos.
Nesta situação, Mévio responde pelo crime de furto agravado.
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, e III.
d) I, III e IV.
e) I, II e III.
COMENTÁRIO
Esta questão está correta porquanto a pena prevista para o crime de exposição ou abandono de recém-
nascido é detenção, de seis meses a dois anos, portanto da competência dos juizados especiais criminais,
conforme art. 61 da lei 9.099/95, com redação alterada pela lei 11.313/06.
O entendimento doutrinário é exatamente o oposto. A mera relação empregatícia com vínculo permanente
não é o suficiente, por si só, para a qualificadora do furto com abuso de confiança do art. 155, § 4º, II do
CP.
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confiança.” (GRECO, Rogério. Código Penal Comentado.7ª ed. Niterói: Imperus, 2013, p. 458).
“A análise do grau de confiança não pode ser realizada de modo objetivo, mas sim perquirindo
o vínculo subjetivo entre os sujeitos do crime, mormente no que tange ao lesado. Inexistindo a
relação diferenciada de confiança, somente poderá ser aplicada a agravante genérica prevista
no artigo 61, II, “f” do CP ao agente.”(GILABERTE, Bruno. Crimes Contra o Patrimônio. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 2013, p. 45)
Neste sentido, a doutrina vem advogando que nas hipóteses do art. 155, § 4º, I, III e IV, a aplicação do
privilégio ocorreria. Em relação ao art. 155, § 4º, II, o entendimento é de que será possível na adequação
da conduta sobre a “escalada ou destreza”, por serem de ordem objetiva. Por fim, quanto à qualificadora
“abuso de confiança” ou “fraude”, não seria cabível por ter caráter subjetivo, inaplicável, portanto, o
privilégio.
A hipótese está equivocada porquanto incide a escusa absolutória prevista no art. 181 do Código Penal:
“Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
Trata-se de uma imunidade decorrente do parentesco, também consideradas estas hipóteses, do art. 181
do CP de imunidades absolutas ou substanciais.
Aproveitando o tema objeto de estudo e para um material mais completo para aprofundamento do
candidato, impende salientar que esta isenção não exclui o agente da obrigação de reparação do dano
sofrido pela vítima. Haverá apenas extinção de punibilidade caracterizando o caráter personalíssimo. Ou
seja, não se estende àqueles que estejam na condição de partícipe e que, portanto, não pertençam ao
rol taxativo do artigo 181 e incisos seguintes do CP.
A doutrina ainda aponta algumas divergências quanto à natureza jurídca das escusas absolutórias como:
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15. Caio e Mévio, após terem subtraído uma grande quantia em dinheiro de um estabelecimento
bancário, mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, objetivando a manutenção
da posso da res furtiva e a impunidade do crime, os agentes efetuaram disparos de arma de
fogo contra os policiais militares que os cercavam na entrada da agência. Embora não tenham
conseguido fugir da ação policial e nem atingir nenhum dos milicianos, os agentes atuaram
com evidente animus necandi em relação aos policiais militares. Com base no entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, houve:
d) Latrocínio consumado.
e) Latrocínio tentado.
COMENTÁRIO
A questão envolve o debate do crime complexo e suas hipóteses previstas no Código Penal, no caso
concreto o latrocínio e a jurisprudência relacionada a ele. Por ser mais didática uma explicação global,
faremos o gabarito analisando o caso concreto de forma ampla.
O crime de latrocínio enquadra-se no conceito de crime complexo porque atinge mais de um bem
jurídico. No caso concreto, a vida e o patrimônio. Por conta disso, várias hipóteses mostram-se possíveis
quando o agente atua com intenção de matar durante o roubo: o ato de matar para viabilizar a prática
de outro crime constitui delito autônomo e não homicídio qualificado em concurso material com outro
crime, não sendo nesta hipótese conexão teleológica entre o roubo e o homicídio qualificado por conexão
teleológica.
Quando se analisa o crime complexo, ocorre a desconfiguração dos crimes autônomos que o compõe.
Desta forma, para que o crime complexo se consuma se faz necessário que todo o tipo penal seja
realizado. Exemplo: se o Caio pretende praticar um crime de roubo, mas consegue apenas empregar o
constrangimento, a ameaça ou violência sem conseguir subtrair o dinheiro desejado, o crime complexo
restará tentado. Em outras palavras os crimes que antes eram autônomos (constrangimento ilegal,
ameaça, lesão corporal, furto), ao se fundirem perderam sua autonomia, não mais subsistindo sozinhos.
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Neste sentido:
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. Cada vez mais a doutrina tem discutido a relevância da Constituição Federal como norma central
do ordenamento, em especial pela possível expansão das normas com natureza constitucional,
formando o fenômeno conhecido como “bloco de constitucionalidade”. Sobre o tema, marque a
alternativa correta:
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de Hermenêutica Constitucional e Teoria Geral da Constituição de alto nível
de dificuldade, no qual o candidato deve ter conhecimento da jurisprudência do STF e do conceito que
envolve o “bloco de constitucionalidade”.
A partir da ADI 595 (ADI 595, julgada em 18/2/2002, Rel. Ministro Celso de Mello), o Pretório Excelso
começou a aceitar a abertura da norma constitucional parâmetro, consagrando-se a possibilidade de
servirem também como parâmetro os princípios implícitos da ordem constitucional vigente.
Ademais, após a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, todos os tratados de direitos humanos ratificados
pelo Brasil e aprovados pelo rito do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal de 1988, também comporão
o bloco de constitucionalidade e, portanto, servirão de norma parâmetro para fins de controle de
constitucionalidade.
Em síntese, de acordo com a atual jurisprudência pátria, compõem hoje, no Brasil, o “bloco de
constitucionalidade”: a Constituição Federal de 1988, suas emendas constitucionais, os tratados
de direitos humanos aprovados pelo rito do art. 5º, § 3º, da Constituição, e os princípios implícitos
da ordem constitucional vigente. É importante ressaltar que o preâmbulo da Constituição Federal
não faz parte do “bloco de constitucionalidade”, pois, segundo o STF (ADI 2076, julgada em 15/8/2002,
Rel. Ministro Carlos Velloso), não possui força normativa (não é norma central) por se situar no domínio
da política.
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II. O caráter programático das normas constitucionais não pode converter-se em promessa
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas
nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que
determina a própria Constituição Federal.
III. A cláusula da reserva do possível pode ser legitimamente invocada, pelo Estado, com
a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, mesmo
quando puder resultar nulificação ou aniquilação de direitos constitucionais impregnados
de um sentido de essencial fundamentalidade.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão que requer do candidato conhecimentos envolvendo temas inerentes à
implementação de direitos fundamentais de segunda geração, os quais necessitam de uma atuação
do Estado e a disponibilidade de recursos financeiros. O voto do Ministro Celso de Mello, proferido na
ADPF 45 ADPF 45 julgada em 29/4/2004, Rel. Ministro Celso de Mello), é considerada verdadeiro leading
case sobre o tema. Apesar da citação abaixo ser um trecho longo, demonstra como é possível relacionar
controle judicial de políticas públicas, normas constitucionais programáticas, mínimo existencial, reserva
do possível e princípio da proporcionalidade (ou razoabilidade):
É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário
- e nas desta Suprema Corte, em especial - a atribuição de formular e de implementar políticas
públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, “Os Direitos Fundamentais na Constituição
Portuguesa de 1976”, p. 207, item n. 05, 1987, Almedina, Coimbra), pois, nesse domínio, o
encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Tal incumbência, no entanto,
embora em bases excepcionais, poderá atribuir-se ao Poder Judiciário, se e quando os
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órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles
incidem, vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a integridade de
direitos individuais e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional, ainda que
derivados de cláusulas revestidas de conteúdo programático.
Cabe assinalar, presente esse contexto - consoante já proclamou esta Suprema Corte - que
o caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política “não pode
converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público,
fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira
ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado”
(RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema
pertinente à “reserva do possível” (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, “The CostofRights”,
1999, Norton, New York), notadamente em sede de efetivação e implementação (sempre
onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), cujo
adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações estatais positivas
concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas. [...] Não se mostrará lícito, no
entanto, ao Poder Público, em tal hipótese - mediante indevida manipulação de sua atividade
financeira e/ou político-administrativa - criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo,
arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento
e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas de
existência.
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Em princípio, o Poder Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro Poder para
substituí-lo em juízos de conveniência e oportunidade, querendo controlar as opções
legislativas de organização e prestação, a não ser, excepcionalmente, quando haja uma violação
evidente e arbitrária, pelo legislador, da incumbência constitucional. No entanto, parece-nos
cada vez mais necessária a revisão do vetusto dogma da Separação dos Poderes em
relação ao controle dos gastos públicos e da prestação dos serviços básicos no Estado
Social, visto que os Poderes Legislativo e Executivo no Brasil se mostraram incapazes
de garantir um cumprimento racional dos respectivos preceitos constitucionais. [...]
a) Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob fundamento de isonomia.
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COMENTÁRIO
Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob fundamento de isonomia.
A alternativa está correta e foi objeto de julgado do STF (HC 90138, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 11/09/2007), como se observa abaixo:
A alternativa é transcrição de parte de um julgado do STF (MS 26860, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal
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Pleno, julgado em 02/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-184 DIVULG 22-09-2014 PUBLIC 23-09-
2014):
A alternativa está incorreta e mescla um julgado do STF com a teoria relativa ao tema.
O julgado do STF (MS 22.164, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-1995, Plenário, DJ de 17-
11-1995) sobre o ponto levantado coloca o seguinte:
A questão está equivocada, pois o direito da igualdade possui dois prismas de análise. A igualdade
formal, vista como uma igualdade perante a lei, verdadeiro direito de primeira geração por requerer do
Estado um não-fazer para a sua concretização; e a igualdade material, o qual requer do Estado políticas
públicas para a sua implementação, como o direito à previdência, entre outros.
A alternativa está correta e foi objeto de julgado do STF (HC 95009, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal
Pleno, julgado em 06/11/2008), como se observa abaixo:
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19. Acerca das atribuições constitucionais dos órgãos de segurança pública, marque a alternativa
correta:
c) A Polícia Militar pode, em concorrência com a Polícia Civil, lavrar termos circunstanciados.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível alto de dificuldade, devendo o candidato conhecer a jurisprudência do
STF e as normas constitucionais do assunto.
A alternativa está incorreta, pois a Polícia Civil não possui qualquer atribuição investigativa de infração
penal militar:
Art. 144 § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares.
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Art. 144 § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.
A função de polícia judiciária foi conferida, com exclusividade, às polícias civis e à polícia federal,
cabendo a esses órgãos auxiliar o Poder Judiciário, no sentido de cumprir determinações judiciais como
mandados de busca e apreensão, autorização para interceptação telefônica, mandados de prisão e outros.
Trata-se de usurpação de função pública pela Polícia Militar a lavratura de termo circunstanciado,
consistindo, também, em ato de improbidade administrativa. Tal atribuição é, em caráter indelegável, da
polícia civil. Para aprofundar o estudo do tema, sugerimos a leitura do artigo “Termo circunstanciado deve
ser lavrado pelo delegado, e não pela PM ou PRF”, de autoria do Dr. Henrique Hoffmann:
http://www.conjur.com.br/2015-set-29/academia-policia-termo-circunstanciado-lavrado-delegado
Art. 144. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares.
Ademais, a leitura do artigo acima, de autoria do Dr. Henrique Hoffmann, serve aqui também como
referência.
A alternativa está correta, pois, consoante decidiu o STJ (RHC 50.011/PE, julgado em 25/11/2014, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma), “as atribuições da Polícia Federal e a competência da Justiça
Federal, ambas previstas na Constituição da República (arts. 108, 109 e 144, § 1º), não se confundem,
razão pela qual não há falar que a investigação que deu origem à ação penal foi realizada por autoridade
absolutamente incompetente. As atribuições da Polícia Federal não se restringem a apurar infrações em
detrimento de bens, serviços e interesses da União, sendo possível a apuração de infrações em prol da
Justiça estadual”.
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível médio de dificuldade, devendo o candidato ter conhecimento das
normas constitucionais relativas ao tema.
(...)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
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f ) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; (...)
A competência originária do STF não abrange a ação popular, sendo incorreta a letra A.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível alto de dificuldade, que exige conhecimento da natureza dos tratados
pág. 64
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b) admitindo-se a tese de que não contam com valor constitucional, eles servem de paradigma
(apenas) para o controle difuso de convencionalidade (ou de supralegalidade);
d) o controle difuso de convencionalidade desses tratados com status supralegal deve ser
levantado em linha de preliminar, em cada caso concreto, cabendo ao juiz respectivo a análise
dessa matéria antes do exame do mérito do pedido principal. Em outras palavras: o controle
difuso de convencionalidade pode ser invocado perante qualquer juízo e deve ser feito por
qualquer juiz;
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Desse modo, deve haver uma dupla compatibilidade vertical-material das leis, ou seja, em razão
dessa nova posição sobre o tema, atualmente, uma lei deve ser compatível com o conteúdo dos tratados
internacionais e com o conteúdo das disposições constitucionais. Luiz Flávio Gomes, ao interpretar o
voto do Ministro Gilmar Mendes no RE 466343, explica o que este denominou de dupla compatibilidade
vertical-material, a que se deve submeter a legislação pátria:
Toda lei ordinária, doravante, para ser válida, deve (então) contar com dupla compatibilidade
vertical-material, ou seja, deve ser compatível com a Constituição brasileira assim como com
os tratados de direitos humanos. Se a lei (de baixo) entrar em conflito (isto é: se for antagônica)
com qualquer norma de valor superior (Constituição ou tratados), não vale (não conta com
eficácia prática). A norma superior irradia uma espécie de “eficácia paralisante” da norma
inferior (como diria o Min. Gilmar Mendes).
22. Acerca da pertinência temática relativa aos legitimados para ajuizar uma ADI no STF, marque
a alternativa correta:
a) Em recente decisão, o STF reviu seu posicionamento e acabou com a pertinência temática.
pág. 66
CEI-DELEGADO
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão com alto nível de dificuldade, que requer do candidato um certo conhecimento
da jurisprudência do STF sobre o tema e da legislação aplicável.
A pertinência temática consiste na necessidade de comprovar que o objeto da ADI tenha relação direta
com as finalidades institucionais específicas do legitimado. O trecho da alternativa foi retirado do voto do
Relator Ministro Celso de Mello, na ADI 4190 REF-MC, julgada em 10/3/2010: “... requisito da pertinência
temática, que se caracteriza pela existência do nexo de afinidade entre os objetos institucionais da
entidade que ajuizou a ação direta e o conteúdo material dos dispositivos por ela impugnados”.
As alternativas são incorretas, pois a pertinência temática decorre unicamente da jurisprudência do STF,
inexistindo disposição legal ou constitucional.
DIREITO CIVIL
23. Diversos contratos possuem cláusulas relativas a encargo, termo e condição. Sobre o tema,
analise as assertivas e marque a alternativa correta.
III. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
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COMENTÁRIO
A questão, de grau relativamente fácil, requer do candidato somente conhecimentos do Código Civil
Brasileiro.
A condição consiste em cláusula que deriva da vontade da parte, subordinando os efeitos do negócio
jurídico a um evento futuro e incerto. Por outro lado, o termo consiste em cláusula que deriva da vontade
da parte, subordinando os efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e certo. Já o encargo (ou
modo), de acordo com Maria Helena Diniz, consiste em “cláusula acessória aderente a atos de liberalidade
inter-vivos (doação) ou causa-mortis (testamento ou legado), embora possa aparecer em promessas de
recompensa ou em outras declarações unilaterais de vontade, que impõe um ônus ou uma obrigação à
pessoa natural ou jurídica contemplada pelos referidos atos.”
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
pág. 68
CEI-DELEGADO
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d) A morte do pai não gera a extinção automática do poder familiar sobre o filho.
COMENTÁRIO
Em tese, não se trata de uma questão com alto grau de dificuldade. Contudo, requer do candidato
conhecimento da legislação e da jurisprudência.
A comoriência é utilizada, em regra, quando não é possível determinar a premoriência (pré-morte) e usa-
se tal instituto como requisito para abertura da sucessão. O tema está regulamentado no art. 8º do CCB:
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Existe uma presunção legal de morte simultânea e o magistrado, ao aplicar o art. 8º do CCB, constará que
não existe transmissão de direitos entres as pessoas que morreram na mesma ocasião.
O entendimento salutar para a defesa dos interesses do ausente e de seus herdeiros deve perpassar
pela afirmação de que a comprovação da propriedade não é condição sine qua non para a declaração
de ausência nos moldes dos arts. 22 do CC/02 e 1.159 do CPC. (REsp 1016023/DF, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/05/2008, DJe 20/06/2008)
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DIREITO ADMINISTRATIVO
b) A Administração Pública pode celebrar contratos que se regem tanto pelo Direito Público
quanto pelo Direito Privado. Nestes, o Estado deve respeito aos requisitos e limitações da
lei de licitações, mas não goza de prerrogativas do poder público.
COMENTÁRIO
O aluno deve estudar o tema contratos administrativos com atenção, pois geralmente é uma matéria
negligenciada pelos candidatos. Assim, faremos considerações iniciais, embasando as explicações na
doutrina do Professor Matheus Carvalho.
Embora o Estado possa modificar a avença mesmo sem o consentimento da outra parte, desde que não
haja prejuízo ao contratado e desde que tal modificação seja feita nos limites legais, não é possível que o
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objeto do contrato que foi disposto no edital do procedimento licitatório seja modificado, nem qualquer
modificação que alcance o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Dessa forma, a lei estipula ser possível a alteração unilateral quando houver modificação do
projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos e quando
necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto. Sendo assim, conforme previamente explicitado, a administração
NÃO pode alterar o OBJETO do contrato, porque seria burla à licitação. Explique-se: não é possível
realização de procedimento licitatório para aquisição de computadores e, posteriormente, por
mudança de necessidade pública, ser feita somente a compra de placas de rede, em observância
ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório que norteia a realização das licitações
e celebração de contratos públicos (CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo.
Salvador: Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 533).
Ao contrário. Uma vez que o Poder Público age com supremacia nas relações contratuais, temos a
verticalidade como característica própria dos contratos administrativos. Neste diapasão, surgem as
cláusulas exorbitantes:
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É exatamente o inverso.
Inicialmente devemos ter em mente que a legislação, por diversas vezes, confunde contratos
administrativos com contratos da Administração, onde este é gênero do qual aquele é
espécie, pois a expressão “contratos da administração” (sentido amplo) engloba os contratos
administrativos e os contratos de direito privado celebrados pelo Poder Público (CARVALHO,
Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 524).
A competência para legislar sobre licitações e contratos administrativos é da União (art. 22, XXVII, CF).
Sendo assim, a União Federal deve editar as leis que traçam as regras gerais, cabendo aos
estados e municípios a edição de normas suplementares, em obediências às regras estipuladas
na legislação federal. Nas hipóteses em que não houver a edição de lei local ou estadual acerca
do tema, a legislação federal será aplicada integralmente a todos os contratos administrativos
celebrados por aquele ente (CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador:
Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 525).
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II. Aplicam-se, no que couber, as disposições da lei àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma direta ou indireta.
d) Se I e II estiverem corretas.
COMENTÁRIO
Questões que tratam da legislação administrativa geralmente trazem texto expresso de lei. Sugerimos
que tenha atenção às leis mais cobradas em concursos, realizando a leitura periódica destas para fixação.
Item I) INCORRETO.
Trata-se de uma “pegadinha”. A assertiva fala em mais de cinquenta por cento, mas o parágrafo único é
claro ao dispor que a concorrência do erário seja de menos de cinquenta por cento. Vejamos.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra
a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.
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Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.
27. É sabido que os serviços públicos podem ser prestados de diversas formas e são designados
por espécies distintas. Assim, relacione os tipos de serviços públicos com as espécies às quais
pertencem:
a) I – III – IV – II.
b) II – I – III – IV.
c) I – III – II – IV.
d) III – IV – II – I.
e) I – II – IV – III.
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COMENTÁRIO
Item I) Serviços públicos exclusivos não delegáveis são aqueles que somente podem ter sua prestação
ofertada diretamente pelo Estado, não sendo admitida a transferência a particulares. Os exemplos de
serviço postal e correio aéreo nacional estão previstos no art. 21, X, CF. Há o acréscimo pela doutrina de
outros serviços, como a administração tributária e a organização administrativa que, por sua natureza,
não podem ser executados por delegação.
Item II) Serviços públicos exclusivos delegáveis são aqueles necessariamente prestados pelo Estado,
que realiza tal prestação diretamente ou por intermédio de particulares, por delegação. Os serviços de
transporte público e energia elétrica são exemplos trazidos no art. 21, XI, CF. É importante dizer que a
responsabilidade estatal é subsidiária pelos danos que possam resultar da atividade.
Item III) Serviços públicos de delegação obrigatória, como o próprio nome indica, devem ser prestados
pelo Estado, mas sua delegação ao particular se faz necessária por meio da celebração de contratos.
Assim, não pode o Estado manter seu monopólio. A radiodifusão sonora e de sons e imagens (rádio e
televisão) estão previstas no art. 223 da Constituição Federal como exemplos de serviços públicos de
delegação obrigatória.
Item IV) Serviços públicos não exclusivos de Estado são aqueles em que há prestação tanto pelo Estado
quanto pelo particular, sem necessidade de delegação. Devemos ter em mente que o fato da prestação
se dar também pelo Estado não exclui a obrigação deste de executá-lo diretamente, justamente porque
não há delegação, ou seja, a prestação indireta pelo Estado. Devemos ressaltar que a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal sustenta que estes serviços, quando prestados pelo particular, não carregam
a qualificação de serviços públicos propriamente ditos, recebendo a designação de serviços de utilidade
pública ou serviços impróprios.
28. Constam da doutrina dos atos administrativos os atos ordinatórios. Podemos classificar como
exemplo de atos ordinatórios (as):
a) Homologações.
b) Decretos regulamentares.
c) Alvarás.
d) Circulares.
e) Multas.
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COMENTÁRIO
Atos ordinatórios são aqueles responsáveis pela organização do serviço por intermédio de normas
aplicadas internamente aos órgãos que pertencem à estrutura administrativa. Neste diapasão, percebemos
claramente a manifestação do poder hierárquico da Administração, visto que tais atos não incidem sobre
terceiros alheios ao Estado.
II. Suponha-se que a empresa responsável pelo abastecimento de água precise realizar
uma operação que viabilize esgoto em um terreno particular nas proximidades da estação
de tratamento. Neste terreno, ocorre o cultivo de verduras orgânicas. No caso, poderá haver
a requisição administrativa do citado terreno, que perdurará pelo tempo que for necessário
à utilização, dispensando-se a indenização ao proprietário com fulcro na supremacia do
interesse público sobre o particular.
III. A servidão administrativa representa ônus real imposto ao particular para garantir
a realização de obras e serviços públicos, sendo que qualquer prejuízo suportado pelo
proprietário do bem deve ser indenizado.
IV. A Constituição Federal traz que o poder público deve proteger o patrimônio cultural
brasileiro por desapropriação, tombamento e registro, dentre outras formas de preservação
e acautelamento.
a) V – F – F – V.
b) F – V – V – F.
c) V – F – V – V.
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d) F – V – F – F.
e) V – V – V – F.
COMENTÁRIO
Item I) CORRETO.
Tal indenização deve ser paga de forma justa ao proprietário, sendo previamente definida. Lembramos
que, na desapropriação, que é forma originária de aquisição de propriedade, o ente público determina
a retirada de um bem de natureza privada de seu proprietário para que tal bem passe a integrar o
patrimônio público. O embasamento de tal determinação deve se dar nas necessidades coletivas.
No caso narrado, o correto seria a instituição de servidão administrativa, com direito do proprietário à
indenização pelos prejuízos resultantes da operação. Nas palavras de Matheus Carvalho:
A servidão administrativa consiste na utilização de um bem privado pelo ente estatal para a
prestação de um determinado serviço público ou execução de atividade de interesse público.
Decorre do poder de polícia do Estado, que sujeita o direito de propriedade dos cidadãos ao
cumprimento de sua função social e, de acordo com o art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41, caso
a medida enseje um prejuízo ao proprietário, será devida a indenização prévia (CARVALHO,
Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2ª ed, 2015, p. 1076).
Complementando o Item II, temos como características do instituto da servidão administrativa: a) incide
sobre bens imóveis e privados, sendo que estes passam a ser utilizados pelo poder público para que preste
serviços de interesse coletivo; b) comprovado o dano, haverá o pagamento de indenização ao particular
que suporta a medida restritiva; c) depende de autorização legislativa para sua regular constituição; d)
o serviço ou execução de obra é dominante em relação a um bem privado, que é serviente; e) não se
confunde com a servidão civil (esta não tem natureza pública e o bem não tem destinação pública).
30. Qual é o princípio constitucional que restringe que ato administrativo seja praticado
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a) Moralidade.
b) Publicidade.
c) Impessoalidade.
d) Legalidade.
e) Eficiência.
COMENTÁRIO
O conhecimento detalhado dos princípios trazidos pelo caput do art. 37 da Constituição Federal é
fundamental à resolução de questões e, em maior escala, à compreensão do Direito Administrativo como
um todo. Assim:
O princípio da moralidade exige do administrador público atributos como lealdade, honestidade e boa-
fé. Trata-se da busca pela atuação não corrupta no trato com a coisa pública, devendo-se observar
padrões éticos de conduta para que o interesse coletivo seja atingido.
O princípio da publicidade veda a edição de atos secretos pelo poder público, prezando pela transparência
da Administração Pública. Significa dizer que não se pode admitir a ocultação de atos que são de interesse
de toda coletividade, sob pena de mácula ao Estado Democrático de Direito. Frise-se que o princípio em
comento, além de representar uma forma de controle da administração, é um requisito de eficácia (e não
de validade) dos atos.
O princípio da impessoalidade encontra sua base no princípio da isonomia e restringe que ato administrativo
seja praticado objetivando o interesse do agente ou de terceiro, atrelando tal prática à razão legislativa.
Em outros termos, pode-se dizer que não há discriminação positiva ou negativa sob o manto do princípio
em comento. Destacamos que, segundo a teoria do órgão, quem pratica o ato não é a pessoa do agente,
mas o Estado, o órgão que ele representa. Assim, veda-se a utilização de símbolos, imagens ou nomes
que relacionem a conduta do Estado à pessoa do agente público.
O princípio da legalidade encontra sua base na existência do Estado de Direito, que cria o ordenamento
jurídico a todos os cidadãos. Assim, caso não haja previsão legal, o administrador não deve atuar e
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qualquer conduta que for praticada ao arrepio da lei será considerada desprovida de legitimidade.
O princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva legal, vez que este sustenta a
aplicação de dada espécie normativa a determinada atuação prevista pelo texto constitucional.
31. Quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço, na modalidade concorrência,
o prazo mínimo da publicação do aviso contendo o resumo do edital até o recebimento das
propostas ou da realização do evento será de:
a) 15 dias.
b) 30 dias.
c) 45 dias.
d) 60 dias.
e) 90 dias.
COMENTÁRIO
A questão encontra resposta no art. 21, § 2º, I, b da Lei nº 8.666/93, que dispõe ser de 45 dias o prazo
mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento, após publicado o aviso com o
resumo do edital.
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PORTUGUÊS
32. Assinale a alternativa em que o período a seguir indica uma oração subordinada adverbial
condicional reduzida de gerúndio:
a) Se olhar.
b) Ao olhar.
c) Tendo olhado.
d) Quando olhares.
e) Olhando.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
As orações reduzidas são caracterizadas por terem o verbo na forma de gerúndio, particípio ou infinitivo,
jamais sendo ligadas a pronome relativo ou conjunção.
A oração reduzida deve manter a mesma relação com a oração principal que se apresenta na forma
desenvolvida. Para que a oração seja reduzida de gerúndio, é preciso que o verbo esteja nessa forma e
que não haja conjunção nela (nem integrante).
Portanto, correta a letra “e”, pois “olhando” é a forma reduzida de gerúndio, podendo ser substituída
mantendo o mesmo sentido por uma oração desenvolvida como “quando olhar”.
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33. No período “A tarde estava tão serena e tranquila, que, mesmo longe, ouvíamos o barulho
dos cavalos”, temos uma oração subordinada adverbial com o seguinte sentido:
a) Consequência.
b) Tempo.
c) Causa.
d) Finalidade.
e) Concessão.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será em bloco único, para facilitar a compreensão.
A oração subordinada adverbial consecutiva exprime uma consequência decorrente do fato principal,
em uma relação de causa e efeito. As orações subordinadas adverbiais podem exprimir diversos sentidos
(causa, finalidade, tempo, modo, concessão, condição, etc.). Mais importante que memorizar conjunções
e suas classificações em relação às orações adverbiais, é compreender o contexto semântico do período.
Portanto, correta a letra “a”, pois o sentido indicado pela oração subordinada é de consequência frente
à conjunção “tão que”.
MEDICINA LEGAL
34. Assinale a alternativa incorreta quanto aos requisitos essenciais da identificação criminal:
a) Unicidade.
b) Perenidade.
c) Variabilidade.
d) Mutabilidade.
e) Praticabilidade.
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COMENTÁRIO
- variabilidade e classificabilidade – o método deve ter uma classificação que pode ser
encontrada a qualquer tempo.
Portanto, incorreta a letra “d”, pois o processo de identificação não tem como característica essencial ser
mutável, ao contrário, os caracteres a serem identificados devem ser perenes.
35. Assinale a alternativa que não corresponde aos aspectos médico-legais do evento morte:
d) Na morte agônica há extinção desarmônica das funções vitais e ocorre em tempo longo
resultando, por exemplo, em imobilidade.
e) Morte suspeita é aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma
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COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
- morte natural – aquela que sobrevém por causas patológicas ou doenças, como malformação
na vida uterina.
- morte suspeita – aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma inesperada,
sem causa evidente e com sinais de violência definidos ou indefinidos, deixando dúvida quanto
à natureza jurídica, daí a necessidade da perícia e investigação.
- morte agônica – aquela em que a extinção desarmônica das funções vitais ocorre em tempo
longo e neste caso, os livores hipostáticos formam-se mais lentamente.
- morte reflexa – aquela em que se faz presente a tensão emocional, ou seja, uma irritação
nervosa (excitação) de origem externa, exercida em certas regiões, provoca, por via reflexa, a
parada definitiva das funções circulatórias e respiratórias.
- morte violenta – aquela que resulta de ação exógena e lesiva, mesmo tardiamente no
organismo; ocorre em razão de práticas criminosas ou acidentais e na infortunística (relações
de trabalho), podendo ser: morte acidental, morte criminosa, morte voluntária ou suicídio.
36. Assinale a alternativa incorreta quanto às lesões resultantes de energias de ordem térmica:
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COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
- frio – geladuras - são as lesões corporais produzidas pela exposição do corpo humano,
por períodos prolongados, a temperaturas muito baixas; são classificadas em de 1° grau ou
eritema, de 2° grau ou flictemas e de 3° grau ou necrose (gangrena); as seqüelas resultantes
são a perda de membros ou de órgãos cartilaginosos com ulterior gangrena úmida ou seca
dos tecidos; pés de trincheira são geladuras assestadas nos membros inferiores de soldados
inadequadamente calçados, que permanecem nos abrigos, horas a fio, com os borzeguins
dentro d’água.
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Portanto, incorreta a letra “a”, pois as geladuras podem apresentar lesões de 3º grau.
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 15 linhas. Procure responder com consulta tão somente
à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
MEDICINA LEGAL
1. Discorra sobre os principais sinais de morte por ferimentos perfuro-cortantes, com foco nos
sinais de interesse médico-legal para a identificação da causa mortis.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
02/04/2016: profcei.rodolfolaterza@gmail.com
DIREITO ADMINISTRATIVO
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
02/04/2016: profcei.elisamurillo@gmail.com
pág. 86
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PEÇA PROFISSIONAL
Nazareno Machado da Silva é investigado pelo crime de extorsão mediante sequestro nos
autos de inquérito policial número 00084-2016-00285 da Diretoria Estadual de Investigações
Criminais da Polícia Civil de Minas Gerais. Diversas testemunhas já foram ouvidas, inclusive
algumas pessoas que trabalhavam na residência da vítima, além de reunido vasto material de
filmagem sobre o momento do sequestro do empresário Pedro Nel Maro. Entretanto, apesar dos
atos investigativos realizados, não foi possível ainda reunir suficientes elementos de informação
quanto aos supostos autores tampouco sobre a localização exata do cativeiro onde a vítima
ainda é mantida privada de sua liberdade. Têm-se apenas a identificação parcial dos suspeitos e
os números de telefone celular utilizados na empreitada delitiva, conforme segue: Cleber Matre,
vulgo “Pezão”, telefone 48 8956-7777, e Laura, alcunha “Maravilha”, telefone 48 9599-7357.
Registre-se, ainda, que os suspeitos possuem residência fixa e não apresentam qualquer histórico
criminal. Por fim, considere que os números telefônicos foram obtidos por meio de regulares
depoimentos testemunhais e confrontados positivamente com os dados cadastrais fornecidos
pelas empresas de telefonia, tudo devidamente carreado aos autos de inquérito policial.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
02/04/2016: profcei.leonardomarcondes@gmail.com
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