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DE POLÍCIA CIVIL
2ª EDIÇÃO
5ª RODADA - 02/04/2016
CEI-DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL
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5ª RODADA - 02/04/2016
DURAÇÃO
22/02/2016 A 20/04/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões Totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
36 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DEPOL
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2ª ED.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2016
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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PROFESSORES
Henrique Hoffmann Monteiro de Castro – Coordenador do Curso e Professor de Legislação Penal Especial
Delegado de Polícia Civil do Paraná. Ex-Delegado de Polícia Civil do Mato Grosso. Professor Coordenador da Pós-Graduação em
Ciências Criminais da FACNOPAR. Professor Convidado da Escola Nacional de Polícia Judiciária, Escola Superior de
Polícia Civil do Paraná, Escola da Magistratura do Paraná, Escola do Ministério Público do Paraná e Curso
de Formação de Defensores Públicos de Santa Catarina. Colunista do Conjur. Mestrando em Direito
pela UENP. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela UGF. Especialista em Segurança
Pública pela UNIESP. Bacharel em Direito pela UFMG. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
Processual Penal e da Associação Internacional de Direito Penal. Assessor Jurídico da Federação
Nacional dos Delegados de Polícia Civil. Facebook, Instagram, Twitter e Periscope: profhenriqueh.
facebook.com/profhenriquehoffmann
facebook.com/elisaemurillodelta
facebook.com/leonardomarcondesmachado
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INSTRUÇÕES GERAIS
O curso tem duração de 4 meses, sendo composto por 10 rodadas que ocorrem de 10 em 10 dias.
O aluno recebe, a cada rodada, 36 questões objetivas inéditas, acompanhadas do gabarito comentado de
forma pormenorizada pelos professores. O curso é totalmente online, permitindo sua participação onde quer
que esteja.
Recebe também, a cada rodada, 2 questões dissertativas e 1 peça prática inéditas. Além disso, o aluno é
contemplado com um grande diferencial: correções individualizadas das suas respostas, nas quais o professor
elabora observações e indica aspectos a melhorar. O prazo para que o aluno entregue as questões resolvidas
será de 10 dias (até a rodada seguinte). Após a entrega pelo aluno, os professores devolverão as correções no
prazo de 10 dias (na próxima rodada), acompanhadas do minucioso espelho de correção. Mesmo os alunos
que optarem por não enviar suas respostas dissertativas e peça prática receberão o espelho de correção,
bem como a seleção das melhores respostas e peças. Fique atento ao calendário disponível no site na aba
“cronograma”, e lembre-se que só serão aceitas as respostas enviadas até às 23:59h do último dia do prazo,
não sendo possível o recebimento após o limite, ainda que o aluno tenha ingressado após o início do curso.
Serão, ao todo, 10 rodadas, o que significa que o aluno receberá ao final do curso 360 questões objetivas
comentadas, 20 questões dissertativas, e 10 peças práticas.
O corpo docente é 100% composto por Delegados de Polícia de vários estados do Brasil, com experiência
docente em Academias de Polícia e cursos preparatórios, publicação de livros e artigos e até mesmo participação
em banca examinadora do concurso público para Delegado de Polícia.
Note o diferencial: aqui suas respostas serão corrigidas por quem já enfrentou com êxito batalha semelhante
à sua, e pode nortear sua caminhada.
As questões versarão sobre as disciplinas estatisticamente mais cobradas em concursos públicos para Delegado
de Polícia Civil, sendo elas: Direito Penal, Direito Processual Penal, Legislação Penal Especial (que nos editais
geralmente está incluída em Direito Penal, mas devido à sua importância para a prova foi destacada como
disciplina autônoma), Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Língua Portuguesa e Medicina
Legal. As matérias de Criminologia e Direitos Humanos serão cobradas pontualmente em Direito Penal e
Direito Constitucional, respectivamente.
Todas as questões são elaboradas a partir do programa de matérias dos editais dos concursos anteriores, e
comentadas com base em legislação, doutrina e jurisprudência.
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
1. Quanto aos crimes tributários estampados na Lei 8.137/90, assinale a alternativa certa:
d) Não se tipifica crime formal contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo
do tributo.
a) A rinha de galo, ainda que regulamentada por lei, configura crime ambiental.
c) Quem comercializar madeira com licença na qual tenha inserido declarações diversas
das que deviam constar na guia florestal pratica o crime do art. 46 da Lei 9.605/98 em
concurso com falsidade ideológica.
d) Como pena à pessoa jurídica que pratica crime ambiental, pode-se impor o recolhimento
domiciliar do responsável legal da empresa.
3. Aponte a conduta que não configura crime definido na Lei de Licitações (Lei 8.666/93):
a) Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade.
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4. Constituem crimes contra os índios e a cultura indígena, previstos no Estatuto do Índio (Lei
6.001/73), exceto:
a) Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei 9.099/95, e, subsidiariamente,
no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
c) Não incide o art. 135 do Código Penal contra aquele que deixar de prestar assistência
ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou
recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública.
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e) Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso é fato penalmente relevante
segundo a Lei 10.741/03.
b) Podem ser enquadrados nessa categoria processual penal o sequestro de bens imóveis,
a especialização e registro da hipoteca legal e o arresto subsidiário de bens móveis.
c) A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em
qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da
autoria.
d) O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre
que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver
dificuldade para sua manutenção.
d) Em sendo revogada pelo juiz, não poderá ser novamente decretada naquele caso
concreto.
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a) São características do sistema inquisitório, em sua forma pura, dentre outras, julgador
em assembleia, livre valoração da prova e processo oral.
e) São características do sistema acusatório, em sua forma pura, dentre outras, a inexistência
de coisa julgada, a prova legalmente tarifada e a acusação de ofício.
b) Quando o interrogando não falar a língua nacional, será dispensado o seu interrogatório.
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DIREITO PENAL
a) Menoridade.
e) Emoção e a paixão.
a) Quando o crime de estupro do art. 213 do Código Penal for realizado pela elementar
normativa “conjunção carnal”, sendo um deles menor de 14 anos.
13. Caio subtrai uma DVD (filme de ação) pertencente a seu vizinho Tício, sem que este saiba
disto, com o intuito de assistir ao filme porque não estava passando mais no cinema e não
possuía TV por assinatura, nem dispunha de quantia para comprá-lo. Caio logo que acaba de
assistir, o devolve intacto, duas horas depois, e coloca no mesmo lugar. Tício descobre e se dirige
até a delegacia de polícia para noticiar o fato. Na qualidade de Delegado de Polícia da unidade,
a avaliação correta seria:
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a) Furto simples.
b) Apropriação indébita.
c) Fato atípico.
d) Roubo impróprio.
14. Jorge casado com Maria, aproveitando-se da oportunidade que a mesma está dormindo, abriu
sua bolsa e subtraiu R$ 1.000,00 reais para pagar uma dívida adquirida em razão de gastos em
seu cartão de crédito e estava desesperado porque seu nome constava no sistema de restrição
e proteção ao crédito. Diante do fato que constava em um inquérito policial, na qualidade
de Delegado relator dos autos, após avaliação dos elementos informativos nela contidos e se
posicionando pela doutrina majoritária conclui que:
b) Não será punido por ser hipótese de incidência de imunidade absoluta mesmo em se
tratando de violência patrimonial prevista na lei Maria da Penha, permitindo a punição do
homem.
c) Fato atípico.
15. Mévio dirigia seu veículo em uma via pública, quando abalroou na traseira o veículo de Caio,
ocorrendo apenas danos materiais. Ambos conversaram e Mévio lhe passou seu número de
telefone para contato no intuito de acordarem o pagamento da indenização devida por Mévio.
Antes de irem embora, Caio fotografa com seu celular a placa do veículo de Mévio e guarda o seu
telefone no bolso. Mévio retorna e saca uma arma de fogo, apontando-a para Caio, determinando-
lhe que entregue o aparelho para apagar as imagens registradas, o que fora feito imediatamente.
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Mévio, verificando que há senha, novamente empunha a arma para Caio, determinando que
ele digite a senha do aparelho celular para que possa apagar as fotos. Mévio, antes de deletar
as imagens, é surpreendido por uma equipe da polícia civil que passava no momento e conduz
todos para a delegacia. Na qualidade de Delegado de polícia, a avaliação de tipicidade formal e
material adequada ao caso concreto, de acordo com a doutrina majoritária, é de:
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. A Constituição Federal elenca, logo nos artigos iniciais, os fundamentos e os objetivos da
República Federativa do Brasil, além de diversos direitos fundamentais. Algumas dessas normas
são consideradas “normas programáticas”. Sobre o tema, marque a alternativa correta:
a) Normas programáticas são normas sem eficácia constitucional e que podem ser
descumpridas pelo Poder Público.
b) Normas programáticas são normas que podem ser (des)cumpridas pelo poder público
de acordo com os limites orçamentários, sem necessidade de observância de um mínimo
existencial.
d) O caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política não pode converter-
se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando
justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima,
o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade
governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.
17. Acerca da eficácia dos direitos fundamentais, analise as assertivas e marque a alternativa
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correta.
II. A eficácia horizontal direta implica na aplicação direta dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares, mesmo que a lei não exista ou a lei regule determinada situação
de forma contrária ao direito fundamental. Essa teoria é adotada no Brasil.
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19. O regime jurídico constitucional dos servidores públicos passou por uma grande alteração
em 1998, em razão da publicação da Emenda Constitucional nº 19/1998 como se observa abaixo:
a) São bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei.
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d) São bens da União os rios, mesmo que banhem um só Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais.
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23. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
de administrá-la. Sobre o das fundações reguladas pelo Código Civil, analise as assertivas abaixo
e marque a alternativa correta.
II. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de
outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha
a fim igual ou semelhante.
III. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma, entre outros,
seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
c) O poder hierárquico, dentre outros objetivos, distribui e escalona as funções dos órgãos
da Administração Pública e estabelece a relação de subordinação entre os servidores do
quadro de pessoal, bem como edita normas complementares à lei, para a definição de seu
alcance e modo de execução.
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26. Acerca das noções conceituais sobre Administração Pública, verifique as assertivas a seguir.
II. A aplicação da lei pelo Poder Executivo, no exercício da função administrativa, depende
de provocação do interessado, sendo vedada a aplicação de ofício.
III. A administração pública em sentido subjetivo não se faz presente nos Poderes
Legislativo e Judiciário.
Assinale:
II. João Paulo, Delegado de Polícia, autuou em flagrante João Pedro, sem observar as
formalidades legais. Dois dias depois, a prisão de João Pedro foi relaxada pelo Poder
Judiciário. A prisão ilegal narrada configura hipótese de responsabilidade objetiva do
Estado.
IV. Havendo vínculo jurídico de direito público entre Estado e delegatário de serviço, as
pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços delegados serão responsáveis
pelos atos seus ou de seus prepostos.
a) V – F – V – F.
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b) F – V – F – V.
c) V – V – F – F.
d) V – V – V – V.
e) F – F – V – V.
28. Em relação à previsão legal do Processo Administrativo no âmbito federal, assinale a alternativa
correta.
e) A indicação dos fatos e fundamentos jurídicos de um ato não pode ser baseada em
pareceres anteriores, devendo a motivação ser inédita.
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e) Diante da participação do ente estatal, temos que a Administração Pública deve realizar
contratos sempre regidos pelo Direito Público.
Assinale:
a) Se IV estiver correta.
b) Se II e IV estiverem corretas.
d) Se II estiver correta.
a) Não podem ser adquiridos por usucapião os bens dominicais, assim como os demais
bens públicos.
d) Em determinados casos, os bens públicos podem ser hipotecados para garantir débitos
do ente estatal.
e) Os bens de uso especial e os bens de uso comum são bens fora do comércio.
PORTUGUÊS
32. “O “’brasil” com ‘b’ minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação
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interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema;
como, aliás, queriam alguns teóricos sociais do século XIX, que viam na terra — um pedaço
perdido de Portugal e da Europa — um conjunto doentio e condenado de raças que, misturando-
se ao sabor de uma natureza exuberante e de um clima tropical, estariam fadadas à degeneração
e à morte biológica, psicológica e social. Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais
complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente,
e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência
de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada. É igualmente
um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode
ser acelerada na festa do carnaval; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser
trazida de volta na boa recordação da saudade. Tempo e temporalidade de ritmos localizados e,
assim, insubstituíveis. Sociedade onde pessoas seguem certos valores e julgam as ações humanas
dentro de um padrão somente seu. Não se trata mais de algo inerte, mas de uma entidade
viva, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma e se alarga para o futuro e para o
passado, num movimento próprio que se chama História. Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido
e parte misterioso, como um grande e poderoso espírito. Como um Deus que está em todos os
lugares e em nenhum, mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e
onipotente. Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto — tal
como acontece com as divindades — será preciso produzir e provocar a sua manifestação para
que se possa sentir sua concretude e seu poder. Caso contrário, sua presença é tão inefável como
a do ar que se respira e dela não se teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste
e pela percepção de algumas de suas manifestações mais contundentes. (DAMATTA, Roberto. O
que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 11-12)
Assinale a opção que não apresenta relações de comparação que estejam linguisticamente
marcadas por conectivos comparativos:
a) “Como um Deus que está em todos os lugares e em nenhum, mas que também precisa
dos homens para que possa se saber superior e onipotente.”
c) “Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido e parte misterioso, como um grande e poderoso
espírito.”
d) “Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto — tal
como acontece com as divindades — será preciso produzir e provocar a sua manifestação
para que se possa sentir sua concretude e seu poder.”
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e) “Caso contrário, sua presença é tão inefável como a do ar que se respira e dela não se
teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste e pela percepção de algumas
de suas manifestações mais contundentes.”
33. Assinale a alternativa em que a mudança de posição do termo destacado não implique a
possibilidade de mudança de sentido do enunciado.
a) Belo Horizonte já foi uma linda cidade. / Belo Horizonte já foi uma cidade linda.
b) Filho meu não irá para o exército. / Meu filho não irá para o exército.
d) Por algum dinheiro ele seria capaz de vender a casa. / Por dinheiro algum ele seria capaz
de vender a casa.
e) Com uma simples dose do medicamento ficou curada. / Com uma dose simples do
medicamento ficou curada.
34. Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera sensivelmente o sentido do
enunciado:
a) A luz da lua ainda não clareava o escuro da cajazeira. / A luz da lua não clareava ainda
o escuro da cajazeira.
b) No outro dia não voltou mais para trabalhar. / No outro dia não mais voltou para
trabalhar.
c) Mas estou aqui a mando do Capitão Antonio Silvino. / Mas aqui estou a mando do
Capitão Antonio Silvino.
d) Não queria que o vissem assim como estava. / Não queria assim que o vissem como
estava.
e) Não deixaria de fazer o que fazia agora por preço nenhum. / Não deixaria de fazer o que
fazia agora por nenhum preço.
MEDICINA LEGAL
a) Calor.
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b) Veneno.
c) Agentes mecânicos.
d) Eletricidade.
e) Substâncias cáusticas.
36. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que não indica sinal interno de lesão no
pescoço:
a) Sinal de Amussat.
c) Sinal de Thoinot.
d) Sinal de Friedberg;
e) Sinal de Hoffmann-Haberda.
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA C
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1. Quanto aos crimes tributários estampados na Lei 8.137/90, assinale a alternativa certa:
d) Não se tipifica crime formal contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo
do tributo.
COMENTÁRIO
Elisão fiscal abrange os atos lícitos praticados pelo contribuinte, antes da ocorrência do fato gerador,
com o objetivo de se organizar melhor a fim de evitar a incidência de tributos. É chamado planejamento
tributário. Ex: alguns profissionais autônomos (médicos, psicólogos etc.) decidem constituir uma pessoa
jurídica para prestar seus serviços.
Já a evasão fiscal engloba os atos ilícitos praticados pelo contribuinte, após da ocorrência do fato gerador,
com o objetivo de burlar o Fisco mediante fraude e não pagar o tributo devido. É sinônimo de sonegação
fiscal.
Dica para memorizar: eLisão = ato Lícito / eVasão = ato Viciado (evadir, fugir)
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Art. 173.
Art. 225, § 3o, As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados.
Todavia, o fato de o constituinte ter autorizado a incidência do Direito Penal contra a pessoa jurídica nessas
hipóteses não significa que se possa aplicar sanção penal sem que haja lei expressamente prevendo essa
possibilidade. Isso porque a Constituição, muito embora possua mandados de criminalização (ordens
para que o legislador tipifique crimes), não define crimes nem comina as respectivas sanções penais,
sendo preciso a criação de lei nesse sentido.
Destarte, fácil notar que a responsabilização da entidade depende de expressa previsão legal (princípio
da legalidade), o que ocorreu apenas quanto aos delitos contra o meio ambiente, já que as leis de crimes
econômicos e financeiros não a admitem. Veja:
Lei 9.605/98, art. 3°As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.
Lei 8.137/90, art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre
para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua
culpabilidade.
A colaboração premiada traduz instituto do chamado Direito Premial, consistindo em técnica especial
de investigação por meio da qual o coautor ou partícipe da infração penal, além de confessar seu
envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal informações
objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em
contrapartida, determinado prêmio legal.
Caso a legislação especial não traga o instituto expressamente, aplica-se a regra da Lei de Proteção
Vítimas e Testemunhas (Lei 9.807/99, arts. 13 e 14).
Assim, para julgar a assertiva, é preciso saber se a Lei de Crimes Tributários possui expressa previsão de
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colaboração premiada (e nesse caso esse dispositivo se aplica para tais delitos) ou se não prevê essa
possibilidade (e nessa hipótese incide a regra geral da Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas).
De fato, a Lei 8.137/90 foi uma das primeiras leis a trazer a colaboração premiada, de maneira muito
tímida, sem disciplinar pormenorizadamente o instituto (como o fez recentemente a Lei de Organização
Criminosa – Lei 12.850/13) e prevendo como prêmio tão somente a diminuição de pena. Confira:
Art. 16.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-
autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial
toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela
Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
Alguns crimes tributários (e não todos) exigem o prévio encerramento do processo administrativo-
tributário (que resulta no lançamento definitivo do tributo) para se aperfeiçoarem. São os crimes tributários
materiais, que demandam o resultado naturalístico consistente na efetiva supressão ou redução do tributo
ou contribuição. Em resumo, esse crime somente se consuma quando ocorre a constituição definitiva do
crédito tributário por parte do órgão fazendário. Estão previstos nos incisos I a IV do art. 1º.
Já os crimes formais, hospedados no inciso V do art. 1º e em todos os incisos do art. 2º, se contentam com
a prática da conduta incriminada, independentemente do efetivo não recolhimento do valor ao erário.
Por isso mesmo o Supremo Tribunal Federal, ao editar a Súmula vinculante 24, afirmou que:
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Desse modo, enquanto não concluído o procedimento administrativo-tributário, ainda não se consumou
o delito tributário material.
Na verdade, até que haja a constituição definitiva do crédito tributário é ilegal a instauração de inquérito
policial ou qualquer ato investigatório tendente a apurar crimes tributários (STJ, RHC 31.173). O Judiciário
deve rejeitar representações por medidas cautelares enquanto não encerrado o procedimento fiscal (STJ,
HC 211.393).
Para aprofundar um pouco mais, cabe sublinhar que a constituição do crédito tributário após o recebimento
da denúncia não tem o condão de convalidar a ação penal que foi iniciada em descompasso com as
normas jurídicas vigentes e com a SV 24 do STF. Desde o nascedouro, essa ação penal é nula porque
referente a atos desprovidos de tipicidade (STJ, HC 238.417).
Muito embora não sirva de álibi para todo e qualquer crime tributário, as dificuldades financeiras podem,
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a) A rinha de galo, ainda que regulamentada por lei, configura crime ambiental.
c) Quem comercializar madeira com licença na qual tenha inserido declarações diversas
das que deviam constar na guia florestal pratica o crime do art. 46 da Lei 9.605/98 em
concurso com falsidade ideológica.
d) Como pena à pessoa jurídica que pratica crime ambiental, pode-se impor o recolhimento
domiciliar do responsável legal da empresa.
COMENTÁRIO
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As atividades esportivas com aves das raças combatentes são comumente chamadas de rinhas ou brigas
de galo. A rinha de galo foi objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3776. Decidiu-se que,
ainda que haja previsão em lei estadual, a submissão a tratamento cruel ofende o art. 225, § 1º, VII, da CF,
o que significa dizer que a legislação é inconstitucional e a prática consiste em crime:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
Art. 38: “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
O ato de o proprietário rural promover destoca com o objetivo de limpar a área de pastagem
em sua fazenda é incompatível com o tipo do art. 38 da Lei n. 9.605/1998. (RHC 16.651-MG, Rel.
Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 14/6/2005).
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela
autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
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transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.
Não raras vezes o comerciante insere dados falsos na guia florestal, que é a licença exigida para
comercializar, consumir, transportar, armazenar, comprar, vender ou utilizar qualquer matéria matéria-
prima procedente de florestas.
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Nesse caso, configuram-se crimes autônomos (crime ambiental e falsidade ideológica), que lesam bens
jurídicos diversos, não havendo que se falar em incidência do princípio da consunção do conflito aparente
de leis penais. O que existe é concurso de crimes, segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
2. Desse modo, não se pode admitir que o crime de falsidade ideológica, cuja pena abstrata
varia de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão (documento público), seja absorvido pelo crime
ambiental do art. 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98, cuja pena varia de 6 (seis) meses a 1
(um) ano de detenção.
O recolhimento domiciliar é uma espécie de pena restritiva de direitos que pode ser imposta à pessoa
física que pratica delito ambiental:
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IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
Não se pode confundir as sanções penais aplicáveis à pessoa física daquelas que podem incidir contra
a pessoa jurídica. A pena contra uma pessoa física, ainda que se trate do responsável legal da empresa,
não consubstancia sanção penal contra a pessoa jurídica, mesmo que esta seja atingida de modo reflexo.
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou
doações.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações
não poderá exceder o prazo de dez anos.
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
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Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.
De fato o baixo grau de instrução ou escolaridade do agente configura expressa circunstância atenuante
trazida pela Lei 9.605/98. Relembre as atenuantes trazidas pela Lei de Crimes Ambientais:
Não se esqueça que a Lei 9.605/98, além de hospedar atenuantes, também prevê agravantes para os
crimes ambientais:
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;
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h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
3. Aponte a conduta que não configura crime definido na Lei de Licitações (Lei 8.666/93):
a) Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade.
COMENTÁRIO
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
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Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido
para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para
celebrar contrato com o Poder Público.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o
caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem,
vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando
causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser
decretada pelo Poder Judiciário:
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
prorrogação contratual, em favor do adjudicatório, durante a execução dos contratos celebrados
com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
apresentação:
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados
com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei:(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994)
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente concorrido
para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente,
das modificações ou prorrogações contratuais.
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório:
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Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar, em razão da
vantagem oferecida.
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda
de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar ou a
contratar com a Administração.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos
registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de
registro do inscrito:
Nota-se que a ameaça, pura e simples, de participante do processo licitatório não configura delito
autônomo da Lei 8.666/93, podendo ser aplicado o tipo geral do art. 147 do CP.
Caso a ameaça seja levada a efeito para impedir a realização de ato de procedimento licitatório, incide o
delito do art. 93 da Lei de Licitações.
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4. Constituem crimes contra os índios e a cultura indígena, previstos no Estatuto do Índio (Lei
6.001/73), exceto:
COMENTÁRIO
Tendo em vista que se cuida de temática única, façamos os comentários em uma só toada.
III - propiciar, por qualquer meio, a aquisição, o uso e a disseminação de bebidas alcoólicas,
nos grupos tribais ou entre índios não integrados. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. As penas estatuídas neste artigo são agravadas de um terço, quando o crime
for praticado por funcionário ou empregado do órgão de assistência ao índio.
Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja
índio não integrado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço.
O ato de matar membros de tribo indígena com a intenção de destruí-la, no todo ou em parte, configura
delito de genocídio (que é hediondo, conforme Lei 8.072/90), de acordo com a previsão no artigo
inaugural da Lei 2.889/56:
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial
ou religioso, como tal:
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Será punido:
a) Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei 9.099/95, e, subsidiariamente,
no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
c) Não incide o art. 135 do Código Penal contra aquele que deixar de prestar assistência
ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou
recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública.
e) Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
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expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso é fato penalmente relevante
segundo a Lei 10.741/03.
COMENTÁRIO
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse
4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo
Penal.
À primeira vista, pode-se pensar que a Lei 10.741/03 teria determinado a incidência dos
institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099/95 (que abrange os crimes com pena
máxima não superior a 2 anos) aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena máxima
não fosse superior a 4 anos. Isso seria contraditório, porquanto uma lei criada para dar maior
proteção ao idoso, estaria, na verdade, estabelecendo tratamento mais bondoso aos autores
dos crimes ali previstos. Portanto, deve o dispositivo ser interpretado no sentido de que aos
crimes previstos no Estatuto do Idoso somente se aplica o procedimento sumaríssimo previsto
na Lei dos Juizados (Lei 9.099/95, arts. 77 a 83), e não o termo circunstanciado de ocorrência,
a transação penal e a composição civil dos danos. Essa foi a conclusão a que chegou o
Supremo Tribunal Federal na ADI 3.096).
Em resumo:
Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena máxima não seja superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa, serão aplicáveis os institutos despenalizadores previstos na Lei
dos Juizados, nos exatos termos do art. 61 da Lei n° 9.099/95. Todavia, para os crimes previstos
no Estatuto do Idoso cuja pena máxima seja superior a 2 (dois) anos e inferior a 4 (quatro)
anos, serão aplicáveis apenas as normas procedimentais constantes da Lei dos Juizados, e
não seus institutos despenalizadores. (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial
comentada. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 200).
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes
aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.
Isso significa que não se aplicam as imunidades absolutas (art. 181 do CP) e relativas (art. 182 do CP),
referentes aos crimes patrimoniais, aos crimes do Estatuto do Idoso. Vejamos quais são elas:
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Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo:
É preciso se atentar aos crimes trazidos pelo Estatuto do Idoso, que vão prevalecer diante dos delitos
genéricos do Código Penal no conflito aparente de leis penais, em razão da aplicação do princípio da
especialidade.
Como sabemos, o crime de omissão de socorro encontra-se no art. 135 do Código Penal:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Todavia, o art. 97 da Lei 10.741/03 tipificou crime bem semelhante no art. 97, que nada mais é do que
uma forma qualificada de omissão de socorro, punida mais severamente em razão da posição de maior
vulnerabilidade da vítima:
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em
situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
Não se desconhece o crime de maus tratos, previsto no art. 136 do Código Penal:
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Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando
de meios de correção ou disciplina:
§ 2º - Se resulta a morte:
Entretanto, sabemos que existe um crime específico para proteger a vítima idosa, senão vejamos:
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a
condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis,
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
§ 2o Se resulta a morte:
Não se pode perder de vista, todavia, que o Estatuto do Idoso pune autonomamente a conduta daquele
que desobedece ordem judicial em ações envolvendo idoso:
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:
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b) Podem ser enquadrados nessa categoria processual penal o sequestro de bens imóveis,
a especialização e registro da hipoteca legal e o arresto subsidiário de bens móveis.
c) A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em
qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da
autoria.
d) O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre
que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver
dificuldade para sua manutenção.
COMENTÁRIO
As medidas cautelares reais (também chamadas “assecuratórias”) visam assegurar o resultado útil e eficaz
do processo criminal a partir da esfera patrimonial. São medidas destinadas à garantia da formação hígida
do processo, especialmente da prova processual, bem como da sua dimensão econômico-reparatória,
tida como consequência secundária de uma sentença penal condenatória.
Com efeito, essas medidas assecuratórias acabam por estabelecer algum nível de restrição aos bens
que se encontram no âmbito de disponibilidade do imputado, a fim de viabilizar a restituição das coisas
produto de crime, a reparação do dano gerado pelo delito ou mesmo o pagamento de multa ou custas
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processuais.
As medidas assecuratórias, conforme a disciplina no Código de Processo Penal (arts. 125 a 144-A), abarca
os institutos fundamentais de sequestro de bens imóveis, sequestro de bens móveis, especialização
e registro da hipoteca legal, arresto de bens imóveis como medida prévia à hipoteca legal e arresto
subsidiário de bens móveis.
É o que estabelece o artigo 134 do Código de Processo Penal. Não se pode confundir, de maneira
alguma, o sequestro de bens imóveis com a hipoteca legal. A hipoteca, diferentemente do sequestro,
recai sobre bens de origem lícita.
A possibilidade de alienação antecipada pelo juízo surge de modo expresso no Código de Processo
Penal por ocasião da Lei n. 12.694, de 2012, a qual inclui um novo dispositivo no capítulo das medidas
assecuratórias, qual seja, o artigo 144-A. Importante conhecer todo o regramento estabelecido para
tanto, senão vejamos:
Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens
sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando
houver dificuldade para sua manutenção. § 1. O leilão far-se-á preferencialmente por meio
eletrônico. § 2. Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por
valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será realizado novo
leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do primeiro, podendo os bens ser alienados
por valor não inferior a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação judicial. § 3. O
produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão final do
processo, procedendo-se à sua conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal,
no caso de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado. § 4. Quando a
indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários
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O depósito e a administração dos bens arrestados ficarão sujeitos ao regime do processo civil.
d) Em sendo revogada pelo juiz, não poderá ser novamente decretada naquele caso
concreto.
COMENTÁRIO
Pode ocorrer tanto na fase investigatória preliminar quanto na etapa processual. É possível a decretação
das medidas cautelares alternativas desde o momento do controle jurisdicional a respeito da prisão em
flagrante até na pendência de recurso em face de sentença penal condenatória. Nesse sentido, o artigo
282, § 2º, do CPP:
As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
requerimento do Ministério Público.
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O Código de Processo Penal não prevê qualquer prazo, mínimo ou máximo, para a duração das medidas
cautelares alternativas pessoais. Tanto a prisão preventiva quanto as cautelares alternativas não gozam de
lapso temporal máximo com previsão na lei, o que é bastante criticado por parcela da doutrina. O que
não significa, entretanto, que podem se eternizar ao longo da persecução penal. Também nesta seara
deve ser respeitada a garantia constitucional da duração razoável (art. 5, LXXVIII, da CF).
Tem-se que apenas a lei (em sentido estrito) pode criar, modificar ou excluir as medidas alternativas,
bem como disciplinar o seu procedimento. A legalidade, enquanto “garantia limitadora da incidência da
potestade punitiva e de afirmação dos direitos fundamentais do indivíduo”, restringe a discricionariedade
do magistrado ao rol elencado no art. 319 do CPP, o qual deve ser entendido como taxativo e excluído
do poder geral de cautela civil (inaplicável à seara criminal), segundo lição de Nereu José Giacomolli
(GIACOMOLLI, Nereu José. Prisão, Liberdade e as Cautelares Alternativas ao Cárcere. São Paulo: Marcial
Pons, 2013, p. 100).
O artigo 282, § 5º, do Código de Processo Penal é bastante claro ao dispor sobre a mutabilidade das
medidas cautelares alternativas à prisão, conforme a alteração fático-processual, permitindo nova
decretação mesmo após a sua revogação. Acompanhe:
O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para
que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
a) São características do sistema inquisitório, em sua forma pura, dentre outras, julgador
em assembleia, livre valoração da prova e processo oral.
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e) São características do sistema acusatório, em sua forma pura, dentre outras, a inexistência
de coisa julgada, a prova legalmente tarifada e a acusação de ofício.
COMENTÁRIO
Julgador em assembleia ou corpo de jurados; - juiz como árbitro, sem iniciativa na investigação,
em posição de igualdade com relação às partes; - ação de iniciativa popular (delitos públicos)
ou do ofendido (delitos privados); - processo oral, público e contraditório; - livre valoração
da prova; - existência de coisa julgada; - a liberdade do acusado como regra nas medidas
cautelares (BARREIROS, José António. Processo Penal. Lisboa: Almedina, 1981, p. 12).
Muito embora suas origens remotas apontem para a Roma antiga (decadência do Império Romano),
consagra-se, na forma como atualmente conhecemos, no seio da igreja Católica durante o período da
(santa) inquisição. O IV Concílio de Latrão, em 1215, figura como importante marco histórico na revolução
inquisitória, senão vejamos:
pág. 45
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Conforme Silveira Filho, a origem mencionada na proposição diz respeito ao sistema acusatório, in verbis:
Embora encontre suas raízes mais remotas na Antiguidade, nos moldes como hoje é estudado,
o sistema acusatório nasce na Inglaterra medieval, após a invasão normanda promovida
por Guilherme, o Conquistador (SILVEIRA FILHO, Sylvio Lourenço da. Introdução ao Direito
Processual Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 15).
Quanto ao sistema misto ou sincrético, suas raízes podem ser encontradas na revolução francesa (1789) e
contornos mais precisos com o surgimento do Código de Instrução Criminal (Code d’Instruction Criminelle)
Francês de 1808, inaugurando o sistema de “Juizado de Instrução Francês”.
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COMENTÁRIO
A renúncia significa abdicação do direito de oferecer queixa (ação processual penal de iniciativa privada)
ou representação (ação processual penal de iniciativa pública condicionada). Consiste na manifestação
de vontade do ofendido por meio da qual ele desiste de exercer seu direito de queixa ou representação.
Observe, no entanto, que somente é possível falar em renúncia diante de ação penal privada e pública
condicionada à representação do ofendido, inexistindo na ação penal pública incondicionada, visto que o
MP jamais pode renunciar a qualquer ação penal pública. Destaque-se também que não existe renúncia
em ação penal privada subsidiária da pública.
A renúncia é unilateral, pois não depende da aceitação do autor do ilícito penal para produzir os seus
efeitos enquanto causa extintiva da punibilidade. Diz-se, ainda, que se trata de instituto extraprocessual,
na medida em que só poderá existir antes da propositura da ação penal (é impossível renunciar ao direito
já exercido).
O perdão do ofendido somente é cabível nas ações processuais penais de iniciativa privada exclusiva e
personalíssima. Não tem lugar na ação processual penal de iniciativa pública, pois nessa o Estado mantém
o monopólio do “jus persequendi”, sendo a referida ação ditada pelo primado da indisponibilidade.
Inconcebível que haja um perdão oferecido pelo Ministério Público (na qualidade de ofendido). Também
inadmitido na ação processual penal de iniciativa privada subsidiária da pública.
A decadência pode ser definida como a perda do direito de ação (em se tratando de ação processual penal
de iniciativa privada) ou de representação (em se tratando de ação processual penal de iniciativa pública
condicionada à representação), em virtude do não exercício no prazo legal. Isso, porque, a decadência
tanto pode atingir o direito de oferecer queixa (ação penal exclusivamente privada, ação penal privada
personalíssima e ação penal privada subsidiária da pública) como o direito de representação (ação penal
pública condicionada à representação). Entretanto não se aplica à ação processual penal de iniciativa
pública incondicionada.
pág. 47
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alguns dos querelados; entretanto, se algum dos acusados não o aceitar, o processo seguirá somente
para ele (esta última situação implica em exceção ao princípio da indivisibilidade).
b) Quando o interrogando não falar a língua nacional, será dispensado o seu interrogatório.
COMENTÁRIO
O ofendido é o sujeito passivo da infração penal. Sempre que possível, deverá ser ouvido na fase
investigatória preliminar e processual penal, a fim de prestar declarações a respeito do caso penal.
Registre-se, desde logo, que por se tratar de sujeito interessado na resolução do caso, não poderá
figurar como testemunha (por definição um terceiro desinteressado). Ou seja: não presta depoimento
testemunhal, e sim declarações.
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De início, vale frisar que há séria divergência na doutrina se o Código de Processo Penal teria adotado
o sistema processual acusatório ou inquisitório. Ademais, em sentido exatamente contrário ao proposto
nesta questão, autoriza o Código que o juiz realize a oitiva de outras testemunhas para além daquelas
indicadas pelas partes. Seriam as chamadas “testemunhas do juízo”. Essa previsão consta, de modo
expresso, no caput do artigo 209 do CPP:
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas
partes.
DIREITO PENAL
a) Menoridade.
e) Emoção e a paixão.
COMENTÁRIO
Questão de relativa facilidade na qual o candidato deve estar bem atento por relacionar o estudo sobre
a culpabilidade.
A resposta está incorreta porque a menoridade penal disposta no art. 27 do CP e 228 da CR é elemento
da culpabilidade, qual seja a imputabilidade que regula a responsabilidade penal. Em outras palavras, o
juízo de reprovação ou censura que recai sobre a pessoa em razão da prática de um fato típico e ilícito.
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A exigibilidade de conduta diversa é tal qual a natureza jurídica da imputabilidade, mas para que esta
ocorra é necessário se verificar quais as hipóteses que a excluem. É isso que deseja a pergunta.
Está equivocada porquanto a coação física irresistível exclui a conduta, consequentemente o fato típico.
Conduta é uma vontade dirigida a um fim. Quando alguém age sob uma força que não é proveniente
da sua vontade, esta se descaracteriza. Lembremos que o fato típico é a soma da conduta, nexo de
causalidade, resultado e tipicidade. Assim, excluindo-se a conduta o fato é atípico. Esta opção, portanto,
exclui o tipo e não a inexigibilidade de conduta diversa que é elemento da culpabilidade e não do fato
típico.
Está incorreta porque o erro sobre a ilicitude do fato é a falsa representação sobre a permissibilidade
de uma conduta sob o aspecto legal. Ou seja, é quando o agente age pensando estar respaldado pelo
ordenamento jurídico, ou seja, pela lei. O fato é proibido por lei, mas ele age pensando que não é. Por
isso também chamado de erro sobre a proibição.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência
da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.”
Assim, se o erro é inevitável, invencível ou escusável, que significa desculpável, haverá isenção de pena,
mas se evitável, vencível ou inescusável, que significa indesculpável, haverá diminuição de pena em um
sexto a um terço.
Em outras palavras, o erro de proibição não exclui a culpabilidade, muito menos a exigibilidade de
conduta diversa.
Esta afirmativa está correta porque a coação moral irresistível é uma hipótese de exclusão de exigibilidade,
consequentemente, excluirá a culpabilidade. Neste caso o agente, apesar de ter praticado um fato típico
e ilícito, não poderá ser censurado por sua conduta. Considerando a adoção majoritária do conceito
tripartite de crime, excluindo a culpabilidade, consequentemente, o crime deixa de existir.
Há causas legais e supralegais de exclusão, sendo a hipótese em comento uma hipótese legal, prevista
no Código Penal:
“Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.”
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Devemos lembrar que a coação a que alude o preceito é a coação moral ou vis relativa, não se confundindo
com a coação física irresistível, que representa um fato atípico, como explicado acima.
A alternativa está errada porque expressamente o Código Penal, em seu artigo 28, deixa bem claro que
não são estas uma das hipóteses de exclusão de culpabilidade, in verbis:
I - a emoção ou a paixão; “
a) Quando o crime de estupro do art. 213 do Código Penal for realizado pela elementar
normativa “conjunção carnal”, sendo um deles menor de 14 anos.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de construção doutrinária e não jurisprudencial. Como a resposta é meramente
doutrinária, ao mesmo tempo que objetiva, pois não demanda exercício de hermenêutica por parte do
intérprete, basta a sua explicação para que as outras hipóteses sejam excluídas como opção correta.
Segundo Altamiro Velludo, quando duas pessoas menores de 14 anos praticam atos libidinosos ou
conjunção carnal estariam ambos praticando um ato infracional análogo ao crime de estupro de vulnerável
um no outro, ou seja, ambos seriam sujeitos ativo e passivos ao mesmo tempo, o que o autor denomina
de “estupro bilateral”:
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13. Caio subtrai uma DVD (filme de ação) pertencente a seu vizinho Tício, sem que este saiba
disto, com o intuito de assistir ao filme porque não estava passando mais no cinema e não
possuía TV por assinatura, nem dispunha de quantia para comprá-lo. Caio logo que acaba de
assistir, o devolve intacto, duas horas depois, e coloca no mesmo lugar. Tício descobre e se dirige
até a delegacia de polícia para noticiar o fato. Na qualidade de Delegado de Polícia da unidade,
a avaliação correta seria:
a) Furto simples.
b) Apropriação indébita.
c) Fato atípico.
d) Roubo impróprio.
COMENTÁRIO
Como sempre é importante salientar, em toda prova há questões difíceis e outras relativamente mais
simples. No caso o candidato deve estar atento aos elementos do tipo consagrados pela doutrina
Iremos abordar a resposta de maneira globalizada de forma que a explicação da alternativa correta exclui
as demais.
A doutrina quando explica o elemento subjetivo do tipo no crime de furto é unânime em afirmar que o
dolo nesta modalidade criminosa constitui com a consciência e a vontade de ter a coisa alheia como se
fosse sua. Ou seja, com o animus de assenhoramento ou animus rem sibi habendi.
Desta forma a retirada de bem nível da propriedade, posse ou detenção da vítima por si só não configura
o crime por ausência de dolo, vislumbrando-se, neste jaez, o denominado furto de uso.
Para balizar soluções concretas e tornar mais seguro a aplicação deste entendimento, a doutrina construiu
entendimento de que para caracterizar a ausência deste dolo o agente deve subtrair a coisa móvel com
o intuito de devolvê-lo imediatamente, a coisa deve ser infungível (em furto de energia ou dinheiro, por
exemplo, não é possível), bem como o bem não pode estar deteriorado.
No caso concreto o tempo de duas horas para devolução é o suficiente para denotar relação de
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imediatidade entre a subtração e a devolução, bem como se trata de coisa infungível e o mesmo continua
com seu devido valor (seja econômico ou sentimental), por não ter sido deteriorado.
Em outras palavras, em se tratando de fato atípico, não resta configurado nenhuma outra alternativa
prevista na questão como fato criminoso.
14. Jorge casado com Maria, aproveitando-se da oportunidade que a mesma está dormindo, abriu
sua bolsa e subtraiu R$ 1.000,00 reais para pagar uma dívida adquirida em razão de gastos em
seu cartão de crédito e estava desesperado porque seu nome constava no sistema de restrição
e proteção ao crédito. Diante do fato que constava em um inquérito policial, na qualidade
de Delegado relator dos autos, após avaliação dos elementos informativos nela contidos e se
posicionando pela doutrina majoritária conclui que:
b) Não será punido por ser hipótese de incidência de imunidade absoluta mesmo em se
tratando de violência patrimonial prevista na lei Maria da Penha, permitindo a punição do
homem.
c) Fato atípico.
COMENTÁRIO
Desta forma faremos uma abordagem global por ser mais didático e atender aos fins da exclusão das
outras hipóteses.
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É cedido que há previsão no Código Penal das denominadas imunidades, tendo sido inclusive este tema
abordado em rodada anterior desta mesma edição. Mas neste caso o tema é polêmico e a sua incidência
se dá por uma interpretação constitucional e não pela simples leitura da letra fria da lei, conforme dispõe
o art. 181 do Código Penal:
“Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
Como Jorge é casado com Maria e é ele autor da subtração, tem-se a hipótese do art. 7º, IV da Lei
11.340/06, que assim dispõe:
“Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
Para alguns doutrinadores, a lei Maria da Penha teria vindo para proteger a mulher como fez a lei
10.741/03 para proteger o idoso, na qual excluiu a incidência das imunidades do art. 181 e 182 do CP,
conforme dispõe o art. 183, III do CP, introduzido pelo Estatuto do Idoso, ipsis literis:
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”
Desta forma, a lei Maria da Penha seria considerada letra morta se a violência patrimonial prevista nela
fosse anulada pela imunidade do Código Penal e nunca o cônjuge seria punido.
No entanto, a maioria da doutrina entende que ao idoso a imunidade não se plica por expressa disposição
de lei. Não há previsão, lamentavelmente, pelo legislador de regra de exclusão semelhante à violência
de gênero no âmbito patrimonial. Estender a regra do Estatuto do Idoso às hipóteses da lei Maria da
Penha seria aplicar a analogia ou interpretação extensiva para prejudicar o réu, o que é vedado pelo
ordenamento jurídico constitucional em seu art. 5º, XXXIX que presta obediência ao princípio da reserva
legal.
“é a vontade da lei que manda (não a vontade do legislador e muito menos a do intérprete).
Nenhum intérprete pode ampliar o sentido do texto legal (para além do limite da vontade da
lei)” BIANCHINI, Alice. GOMES, Luiz Flávio. GARCÍA‑PABLOS DE MOLINA, Antonio. Direito
penal: introdução e princípios fundamentais. 2º Ed. São Paulo: RT, 2009, p. 53.
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15. Mévio dirigia seu veículo em uma via pública, quando abalroou na traseira o veículo de Caio,
ocorrendo apenas danos materiais. Ambos conversaram e Mévio lhe passou seu número de
telefone para contato no intuito de acordarem o pagamento da indenização devida por Mévio.
Antes de irem embora, Caio fotografa com seu celular a placa do veículo de Mévio e guarda o seu
telefone no bolso. Mévio retorna e saca uma arma de fogo, apontando-a para Caio, determinando-
lhe que entregue o aparelho para apagar as imagens registradas, o que fora feito imediatamente.
Mévio, verificando que há senha, novamente empunha a arma para Caio, determinando que
ele digite a senha do aparelho celular para que possa apagar as fotos. Mévio, antes de deletar
as imagens, é surpreendido por uma equipe da polícia civil que passava no momento e conduz
todos para a delegacia. Na qualidade de Delegado de polícia, a avaliação de tipicidade formal e
material adequada ao caso concreto, de acordo com a doutrina majoritária, é de:
COMENTÁRIO
A questão será explicada de forma global em razão da necessidade de se traçar as diferenças e semelhanças
entre as alternativas postas pela questão.
É importante salientar que o elemento em comum nos crimes de roubo, extorsão e constrangimento
ilegal previstos nas alternativas é a grave ameaça como elementar normativa, de cujo emprego da arma
de fogo transforma os crimes em majorados, conforme art. 146, §1º, 157, §2º, I e 158, §1º, todos do CP,
fugindo a esta semelhança, mas não muito diferente, o exercício arbitrário das próprias razões, que prevê
a sua prática mediante violência, mas pode ser praticado de forma livre, consequentemente, poderá
haver emprego de grave ameaça, mas para realizar cobrança ou pretensão ou vantagem devida, nos
demais a vantagem será indevida. O desvalor da conduta não é a cobrança do que lhe é devido, mas o
emprego de violência ou grave ameaça para este exercício, ao revés de ajuizar demanda cível adequada
para ver sua pretensão alcançada e, com isso, a obtenção de vantagem devida.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite,
ou a fazer o que ela não manda:
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Aumento de pena
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter
para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
fazer alguma coisa:
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-
se a pena de um terço até metade.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo
quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
A questão, portanto, descarta como alternativa correta o art. 345 do CP, em razão de não haver pretensão
legítima ou respaldo legal para considerar como legítima a pretensão de ver apagada uma imagem de
algo público e em ambiente também público, registrada por aparelho celular.
Há outra ligeira semelhança entre a extorsão, o constrangimento ilegal e o exercício arbitrário, que é a
obtenção de uma vantagem. Na extorsão existe a elementar normativa “indevida vantagem econômica”,
que diferencia a este delito dos crimes de constrangimento ilegal (vantagem indevida, mas distinta da
econômica) e exercício arbitrário das próprias razões (vantagem devida).
No constrangimento ilegal, o agente também emprega violência ou grave ameaça para forçar a vítima
a fazer ou não fazer algo, porém, sua intenção não é de obter alguma vantagem econômica, mas outra
qualquer, que no caso em tela era impedir que Caio registrasse a identificação do veículo, que sequer era
um registro do dano, que pudesse servir como prova da colisão, mas somente funcionasse como uma
anotação para eventual localização do proprietário ou possuidor, acaso o contato telefônico não lograsse
êxito em chegarem em algum acordo.
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Ainda que servisse como um elemento de prova ou indício para o processo civil, não há nenhum
impedimento ou proibição legal que alguém em ambiente público registre fato ou coisa que esteja neste
mesmo ambiente, não havendo que se falar em reserva da privacidade.
A vantagem visada pelo Mévio somente teria utilidade como forma de impedir que Caio registrasse um
sinal de identificação do veículo como mecanismo de busca para encontrar o endereço para eventual
ação indenizatória cabível, não sendo também hipótese de fraude processual em processo civil do art.
347 do CP, bem como não é hipótese da fraude processual prevista no art. 312 da Lei 9.503/97, por não
haver vítima, muito menos o art. 305 da Lei 9.503/97, por não ter Mévio se afastado para se isentar de
responsabilidade civil.
Não restam dúvidas, portanto, que se trata do crime de constrangimento ilegal majorado pelo emprego
de arma de fogo.
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. A Constituição Federal elenca, logo nos artigos iniciais, os fundamentos e os objetivos da
República Federativa do Brasil, além de diversos direitos fundamentais. Algumas dessas normas
são consideradas “normas programáticas”. Sobre o tema, marque a alternativa correta:
a) Normas programáticas são normas sem eficácia constitucional e que podem ser
descumpridas pelo Poder Público.
b) Normas programáticas são normas que podem ser (des)cumpridas pelo poder público
de acordo com os limites orçamentários, sem necessidade de observância de um mínimo
existencial.
d) O caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política não pode converter-
se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando
justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima,
o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade
governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.
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COMENTÁRIO
As normas programáticas consistem em verdadeiros programas e diretrizes voltadas para atuação futura
dos órgãos estatais, estabelecendo parâmetros constitucionais direcionados para a atuação do Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Sobre o tema, o STF entendeu, na ADPF 45, verbis:
Cabe assinalar, presente esse contexto - consoante já proclamou esta Suprema Corte - que
o caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política “não pode converter-se
em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao
que determina a própria Lei Fundamental do Estado”
Em contexto similar, o STF, no RE 393175, entendeu que “O direito à saúde - além de qualificar-se como
direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa consequência constitucional indissociável
do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da
organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população,
sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. A
interpretação da norma programática não pode transformá-la em promessa constitucional inconsequente.”
Sobre o tema, recomendamos a leitura da íntegra do voto proferido na ADPF 45. Ao entrar no link, favor
clicar em “ADPF - Políticas Públicas - Intervenção Judicial “Reserva do Possível” (Transcrições)”, presente
no sumário:
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo345.htm
17. Acerca da eficácia dos direitos fundamentais, analise as assertivas e marque a alternativa
correta.
II. A eficácia horizontal direta implica na aplicação direta dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares, mesmo que a lei não exista ou a lei regule determinada situação
de forma contrária ao direito fundamental. Essa teoria é adotada no Brasil.
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previsão legal para os direitos fundamentais irradiarem seus efeitos nas relações particulares.
Essa teoria não é adotada no Brasil.
COMENTÁRIO
A eficácia vertical dos direitos fundamentais está presente na relação entre o Estado e o Cidadão (relação
de direito público). Segue um exemplo do STF:
Na eficácia horizontal direta utilizada no Brasil, o direito fundamental é aplicado diretamente nas relações
entre particulares. Inclusive, o exemplo abaixo (tratada na primeira rodada deste curso) trata de um caso
em que a lei regulou determinada situação de forma contrária ao direito fundamental.
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O atual Código Civil, quando da sua publicação, trouxe, no art. 57 do CCB, a seguinte prescrição legal:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto
no estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência
de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à
assembleia geral especialmente convocada para esse fim.
Acontece que, determinada associação excluiu um dos seus sócios com base no art. 57 do CCB, sem que
a ele fosse oportunizado contraditório e ampla defesa, já que inexistia previsão nesse sentido na lei e no
estatuto. Houve a judicialização do conflito, o qual chegou ao STF por meio do Recurso Extraordinário
201819. O julgamento do RE201819 teve início em 2004 e o Ministro Gilmar Mendes abriu divergência ao
não seguir a Ministra relatora Ellen Grecie e proferiu um voto acerca da aplicação dos direitos fundamentais
nas relações privadas (eficácia horizontal dos direitos fundamentais) nos seguintes termos:
Na época, houve considerável repercussão do voto, o que diretamente influenciou na alteração legislativa
que deu nova redação ao art. 57 do CCB, nos seguintes termos:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
(Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Pode-se citar outro exemplo, qual seja, o RE nº 161.243/DF. No caso, a empresa Air France possuía
dois estatutos trabalhistas diferentes, um aplicado para empregados de nacionalidade francesa e outro
aplicado aos empregados de outra nacionalidade. O STF, ao julgar o RE, determinou a aplicação do
estatuto direcionado aos franceses aos outros empregados de nacionalidade diversa, em razão da
aplicação do princípio da igualdade (o direito fundamental prevaleceu sobre a autonomia privada).
De acordo com a eficácia horizontal indireta, existe a necessidade de previsão legal para que os direitos
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fundamentais irradiem seus efeitos nas relações particulares. Essa teoria não é adotada no Brasil.
COMENTÁRIO
Art. 109, § 5º, da CF. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente
de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
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A Emenda Constitucional nº 45, de 2004 concedeu amplos poderes ao Procurador-Geral da República para
suscitar, junto ao STJ, em qualquer fase do inquérito policial ou do processo, o incidente de deslocamento
de competência para a Justiça Federal, sempre que ficar caracterizada a violação aos direitos humanos
previstos nos tratados internacionais. É difícil verificar uma conduta criminosa que não atinja, direta ou
indiretamente, os direitos humanos, o que possibilita ao Procurador-Geral da República avocar, desde
que autorizado pelo STJ, praticamente qualquer inquérito policial ou processo.
Consiste a citada hipótese em uma possibilidade perigosa que, entre outras consequências, pode tirar
das mãos dos Delegados de Polícia diversas investigações em curso, o que ocasionaria uma perda no
processo investigativo iniciado e ainda não documentado, bem como pode levar a uma estagnação dos
órgãos federais que já não dão conta dos seus próprios inquéritos policiais, majorando a morosidade do
sistema.
Desde 2004 em vigência, o dispositivo constitucional foi utilizado em casos peculiares, onde, de fato,
estava caracterizada uma patente violação aos diretos humanos. Isso se deu porque o STJ (IDC 2/DF,
Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/10/2010), ao interpretar o art. 109, § 5º, da
Constituição, ampliou os requisitos para o incidente de deslocamento de competência:
19. O regime jurídico constitucional dos servidores públicos passou por uma grande alteração
em 1998, em razão da publicação da Emenda Constitucional nº 19/1998 como se observa abaixo:
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível alto de dificuldade, no qual o candidato deve conhecer as normas
constitucionais, bem como conhecer a jurisprudência do STF sobre o assunto.
O tema envolve a ADI 2135-4, em trâmite no STF, com decisão liminar proferida em 2007 e ainda vigente.
Assim que a Constituição Federal foi publicada, o caput do art. 39 institui o regime jurídico único na
Administração Pública:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
A administração pública, com isso, somente poderia utilizar um regime jurídico para a contratação de
servidores públicos. No entanto, em 1998 a Emenda Constitucional nº 19 eliminou a obrigatoriedade
regime jurídico único e a nova redação do art. 39 passou a ser a seguinte:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política
de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
respectivos Poderes.
Observe que a EC n° 19/1998 não revogou as normativas presentes na Lei n° 8.112/1990. Pelo contrário,
a alteração constitucional possibilitou a criação de diferentes regimes jurídicos para seus agentes,
diferente daquele previsto na Lei n° 8.112/1990, mas sem revogação desse regime legal. Com isso, houve
a publicação da Lei n° 9.962/2000, prevendo a contratação de empregados públicos nas Administrações
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Contudo, a alteração constitucional do art. 39, perpetrada pela EC n° 19/1998, teve sua eficácia suspensa
pelo STF a partir de agosto de 2007, uma vez que a Câmara dos Deputados não observou, quanto a esse
dispositivo, a exigência de aprovação em dois turnos (CF, art. 60, § 2°):
Como a decisão não retroage (efeito ex nunc), a vigência do regime jurídico único abrange somente os
contratados após a decisão do STF. Assim, a redação original do art. 39 está vigente atualmente, salvo
para aqueles contratados antes da decisão do STF que suspendeu a redação do art. 39 proveniente da
Emenda Constitucional nº 19, sendo, a esses, aplicável a redação da Emenda Constitucional. Observe que
a situação ainda será analisada em decisão final de mérito pelo STF.
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a) São bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei.
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d) São bens da União os rios, mesmo que banhem um só Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível fácil de dificuldade, no qual o candidato deve ter conhecimento das
normas constitucionais.
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível fácil de dificuldade, que exige conhecimento básico acerca da linha
sucessória presidencial, consoante norma constitucional abaixo:
COMENTÁRIO
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Trata-se de uma questão com alto nível de dificuldade, que requer do candidato um profundo conhecimento
da história do controle de constitucionalidade no Brasil.
A assertiva está correta A Constituição Imperial de 1824 não trouxe qualquer forma de controle de
constitucionalidade pelo Poder Judiciário, uma vez que a soberania do Parlamento era uma regra
praticamente absoluta. A primazia da atividade legiferante, nesse período, era fruto da influência francesa,
como se observou no art. 5º, inciso VIII, da Constituição Imperial, que prescreveu como atividade da
Assembleia Geral “fazer Leis, interpretá-las, suspendê-las, e revogá-las”. Por isso, cabia ao Poder Legislativo
o controle de constitucionalidade das leis, como se observa pelo art. 15, inciso IX, desta Constituição, que
conferiu à Assembleia Geral a atribuição de velar pela guarda da Constituição Imperial.
A Constituição de 1937, também conhecida como Constituição Polaca, foi inspirada em bases
ditatoriais e era, portanto, mais centrada no Poder Executivo. Apesar de manter o controle difuso de
constitucionalidade, conferiu ao Presidente da República uma importante atribuição dentro do controle
difuso de constitucionalidade:
Art. 96 – Só por maioria absoluta de votos da totalidade dos seus Juízes poderão os Tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato do Presidente da República.
Parágrafo único – No caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo
do Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou defesa
de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da República submetê-la
novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois terços de votos em
cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal.
A assertiva está incorreta. A mencionada ação direta de inconstitucionalidade não constava da redação
original da Constituição de 1946, uma vez que ela foi inserida no ordenamento jurídico com a Emenda
Constitucional nº 16, de 1965.
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A assertiva está correta. A redação originária da Constituição de 1988 trouxe, entre outras novidades, o fim
do monopólio do Procurador-Geral da República na propositura da representação de inconstitucionalidade
e ampliou a legitimidade ativa da citada ação, tal como se observa no art. 103.
23. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
de administrá-la. Sobre o das fundações reguladas pelo Código Civil, analise as assertivas abaixo
e marque a alternativa correta.
II. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de
outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha
a fim igual ou semelhante.
III. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma, entre outros,
seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
COMENTÁRIO
A questão requer do candidato conhecimentos do Código Civil. Não se trata de uma questão de grande
dificuldade; contudo, alterações em 2015 sobre o tema podem ser um complicador.
A alternativa está incorreta por ter por base a redação antiga do dispositivo legal:
REDAÇÃO ANTIGA: Art. 62. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para
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REDAÇÃO NOVA: Art. 62. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins
de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela
Lei nº 13.151, de 2015)
A redação está correta por estar de acordo com a redação do dispositivo legal:
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de
outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a
fim igual ou semelhante.
A alternativa está correta por ter por base a nova redação do dispositivo legal:
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
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COMENTÁRIO
A questão requer do candidato o conhecimento dos artigos 20 e 21 do CCB e a ADI 4815. Trata-se,
portanto, de uma questão de dificuldade média, uma vez que A ADI 4815 outorgou aos dispositivos do
Código Civil uma nova interpretação, não sendo a literalidade de tais dispositivos aplicados quando se
tratar de obras biográficas literárias ou audiovisuais.
Os dispositivos do art. 20 e 21 do CCB (os artigos são as alternativas “a” e “b” da questão) prescrevem o
seguinte:
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Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer
essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
O STF, na ADI 4815 (ADI 4815, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 10/06/2015),
por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, julgou procedente o pedido formulado na ação direta
para dar interpretação conforme a Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto,
para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão,
de criação artística, produção científica, declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de
pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas):
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(inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o
argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado,
qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. 8.
Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de se acolher
o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às liberdades com a inviolabilidade
da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa biografada e daqueles que
pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação
conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para,
em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua
expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível autorização de
pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de
seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) O poder hierárquico, dentre outros objetivos, distribui e escalona as funções dos órgãos
da Administração Pública e estabelece a relação de subordinação entre os servidores do
quadro de pessoal, bem como edita normas complementares à lei, para a definição de seu
alcance e modo de execução.
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COMENTÁRIO
A definição trazida pela alternativa é a de poder de polícia, não de poder disciplinar. Diz o Código
Tributário Nacional:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.
A aplicação de qualquer penalidade exige instauração de prévio processo administrativo, com garantia
de contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade da punição.
O poder de que goza a Administração Pública de editar normas é o poder normativo. Este poder garante
ao administrador normatizar determinada situação, complementando a lei e buscando a sua fiel execução.
Em respeito à segurança jurídica, é consenso que os atos administrativos não podem gerar ofensa ao
ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada gerados sob a égide de normas anteriores. Assim,
não há medida de poder de polícia que gere efeitos retroativos ou macule efeitos produzidos por atos
validamente praticados.
Algumas das características do poder hierárquico são: dever de obediência (os agentes públicos devem
executar suas tarefas em conformidade com o legalmente determinado pelos superiores); fiscalização
das atividades (os agentes superiores devem fiscalizar as atividades desempenhadas por agente de
plano hierárquico inferior, com o objetivo de verificar sua conduta); poder de revisão (os atos praticados
por agentes de escalão inferior podem ser revistos pelos agentes superiores); avocação (em regra, o
agente superior pode avocar questões que são originalmente de trato do agente inferior); delegação
(transferência de atribuições que encontram amparo legal) e poder de dirimir conflitos (atuação precisa
nos eventuais imbróglios surgidos do desempenho da função administrativa).
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26. Acerca das noções conceituais sobre Administração Pública, verifique as assertivas a seguir.
II. A aplicação da lei pelo Poder Executivo, no exercício da função administrativa, depende
de provocação do interessado, sendo vedada a aplicação de ofício.
III. A administração pública em sentido subjetivo não se faz presente nos Poderes
Legislativo e Judiciário.
Assinale:
COMENTÁRIO
Administração Pública é o conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos que
desempenham a atividade administrativa (serviços públicos, polícia administrativa, fomento e intervenção).
Neste esteio, a função administrativa é exercida pelo Poder Executivo, de forma típica e pelos Poderes
Legislativo e Judiciário, de forma atípica. Fato é que todos os Poderes exercem função administrativa.
Em sentido amplo, a Administração abarca tanto a atividade política quanto a atividade administrativa, o
que inclui órgãos governamentais e órgãos administrativos. Já em sentido estrito, é exatamente a função
administrativa que é exercida pelos órgãos administrativos. Há uma subdivisão deste sentido estrito: a)
em sentido subjetivo, formal ou orgânico, é o conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes
públicos que desempenham a atividade administrativa (em outros termos, é QUEM desempenha); b) em
sentido objetivo, material ou orgânico, é a atividade administrativa em si (é o QUE é desempenhado).
Ao contrário do Poder Judiciário, que é considerado estático, uma vez que exige provocação do interessado
para agir, o Poder Executivo é dinâmico, pode e deve aplicar a lei de ofício. Daí podemos inferir que a
inércia da autoridade administrativa, configurada pela falta de execução de determinada prestação de
serviço que por lei está obrigada a cumprir configura abuso de poder.
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II. João Paulo, Delegado de Polícia, autuou em flagrante João Pedro, sem observar as
formalidades legais. Dois dias depois, a prisão de João Pedro foi relaxada pelo Poder
Judiciário. A prisão ilegal narrada configura hipótese de responsabilidade objetiva do
Estado.
IV. Havendo vínculo jurídico de direito público entre Estado e delegatário de serviço, as
pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços delegados serão responsáveis
pelos atos seus ou de seus prepostos.
a) V – F – V – F.
b) F – V – F – V.
c) V – V – F – F.
d) V – V – V – V.
e) F – F – V – V.
COMENTÁRIO
Item I) CORRETO.
A previsão constitucional acerca da indenização ao condenado por erro judiciário assume tamanha
importância que se insere no rol do art. 5º. Assim:
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;
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não sofrido pelos demais (mesmo que tais danos decorram de atividade originalmente lícita). Para a
teoria do risco administrativo, é de cunho objetivo a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos
ou omissivos de seus agentes, dispensando a comprovação de culpa. Assim, para que se configure a
responsabilidade objetiva do ente público, é suficiente a prova da ação ou omissão e do fato danoso,
havendo relação de causalidade com o dano suportado, seja ele material ou moral.
Como vimos no item acima, adota-se no Brasil a teoria do risco administrativo. Neste diapasão, a
responsabilidade civil do Estado é objetiva, sem que haja a demonstração de dolo ou culpa, bastando a
presença de conduta, nexo causal e resultado. Admite-se, todavia, ação regressiva do ente estatal contra
o servidor público responsável pelo dano, quando a responsabilidade passa a ser subjetiva. Ao contrário
da teoria do risco integral, a teoria do risco administrativo admite hipótese excludentes e atenuantes da
responsabilidade. As primeiras são força maior, culpa exclusiva da vítima e culpa exclusiva de terceiros
(alguns autores incluem o caso fortuito como excludente. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não); como causa
atenuante podemos citar a culpa concorrente da vítima.
A Constituição Federal é clara ao estabelecer em seu art. 37, §6º a responsabilidade objetiva como aplicável
a todas as pessoas jurídicas de direito público e às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos. Deste modo:
28. Em relação à previsão legal do Processo Administrativo no âmbito federal, assinale a alternativa
correta.
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e) A indicação dos fatos e fundamentos jurídicos de um ato não pode ser baseada em
pareceres anteriores, devendo a motivação ser inédita.
COMENTÁRIO
Novamente, frisamos a importância da leitura do texto legal, uma vez que os concursos públicos continuam
a cobrar letra fria de lei. Nesta questão, analisaremos os dispositivos da Lei n.º 9.784/99.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada
previsão especial em ato normativo próprio.
O erro da assertiva está no grau de parentesco. A lei não fala em quarto grau, mas em terceiro. Segue:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando
a lei expressamente a exigir.
A regra é a da realização dos atos em horário normal de funcionamento da repartição em que o processo
tramite. No entanto, o parágrafo único do art. 23 traz a possibilidade de conclusão dos atos após horário
de expediente. Observe:
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento
da repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento
prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
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Ao contrário. A lei traz expressamente que a decisão exarada sobre determinado fato pode buscar
motivação em pareceres, informações, decisões ou propostas, desde que estes integrem o ato. Assim é
a redação do art. 50, §1º da lei em comento:
e) Diante da participação do ente estatal, temos que a Administração Pública deve realizar
contratos sempre regidos pelo Direito Público.
COMENTÁRIO
A regra no Direito Administrativo é a impossibilidade de realização de contrato verbal. Todavia, o art. 60,
parágrafo único da Lei nº 8.666/93 anuncia uma exceção. Vejamos:
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o
de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior
a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em
regime de adiantamento.
Os contratos celebrados pela Administração Pública, sejam pelo regime de direito público
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quanto pelo regime de direito privado, estão sujeitos ao controle do Tribunal de Contas, por
se tratar de avenças travadas com o dinheiro público, além de dependerem da realização de
procedimento licitatório regular e obediência a todas as restrições impostas à Administração,
como o prazo determinado e a previsão orçamentária (CARVALHO, Matheus. Manual de Direito
Administrativo. Salvador: Editora Juspodivm, 2015, p. 524).
Complementando, o art. 113 da Lei nº 8.666/93 dispõe expressamente do controle pelo Tribunal de
Contas nos contratos administrativos:
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos
por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente,
ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da legalidade
e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de
controle interno nela previsto.
A lei autoriza que o Estado celebre contratos regidos pelo direito privado no exercício de sua
atividade ou contratos regidos pelo direito público. Todos eles ostentam a qualidade de “contratos
da administração”. Nos contratos de direito privado, o Estado não goza de prerrogativas de
poder público, não obstante precise respeitar os requisitos e as limitações estipuladas na Lei
8666/93. Ex.: contrato de compra e venda; contrato de locação regido pela lei 8245/91 c/c art.
62 parágrafo 3º da lei 8666/93 (são contratos civis, contudo, devem ter prazo determinado e
a prorrogação não pode ser tácita, além de serem precedidos de licitação). Os contratos da
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administração, ainda que privados, devem respeitar as regras da licitação, bem como devem
ser celebrados por prazo determinado, dependendo da previsão de verba orçamentária e se
sujeitam a controle orçamentário e financeiro exercido pelo Tribunal de Contas, nos moldes
definidos na Constituição Federal. Ademais, esses contratos são celebrados com a finalidade de
atingir o interesse público (CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador:
Juspodivm, 2015, p. 524).
Inicialmente, convém fazer um alerta para a divergência doutrinária quanto à definição dos
contratos administrativos. Para a maioria dos doutrinadores, nem todo contrato celebrado
pelo Poder Público tem natureza de contrato administrativo, preferindo-se como terminologia
geral “contratos da administração”. Essa expressão, em sentido amplo, visa alcançar todos
os ajustes bilaterais firmados pela Administração, correspondendo a um gênero. Entretanto,
quando esses contratos são regidos pelo direito privado, denominam-se “contratos privados
da Administração” e, quando regidos pelo direito público, recebem o nome de “contratos
administrativos” (MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. Niterói: 2012, p. 449).
Assinale:
a) Se IV estiver correta.
b) Se II e IV estiverem corretas.
d) Se II estiver correta.
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COMENTÁRIO
Temos na descentralização administrativa a criação de nova pessoa jurídica de direito público, mas com
personalidade distinta da pessoa política. As autarquias são integrantes da administração indireta, com
autonomia administrativa e criadas por lei para o exercício de atividade típica de Estado. Representam
a descentralização por serviços e independem de registro em qualquer órgão. Todavia, há controle
finalístico ou tutela administrativa, uma vez que a pessoa política fiscaliza a pessoa administrativa no
intuito de verificação do cumprimento do objetivo da criação da autarquia. As autarquias gozam de
privilégios processuais e fiscais além de, em regra, serem submetidas à responsabilidade civil objetiva,
conforme doutrina majoritária.
No texto legal, encontramos a definição das autarquias está no art. 5º, inciso I do Decreto-lei 200/67:
I – Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
As entidades autárquicas nada mais são do que entidades personalizadas, com regime de
fazenda pública, orientadas na execução das atividades estatais de forma especializada
e eficiente, decorrentes da descentralização administrativa, atuando sem nenhum interesse
econômico ou comercial, mas tão somente na busca do interesse coletivo (CARVALHO, Matheus.
Manual de direito administrativo. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 167).
a) Não podem ser adquiridos por usucapião os bens dominicais, assim como os demais
bens públicos.
d) Em determinados casos, os bens públicos podem ser hipotecados para garantir débitos
do ente estatal.
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e) Os bens de uso especial e os bens de uso comum são bens fora do comércio.
COMENTÁRIO
Trata-se do perfeito teor da Súmula nº 340 do Supremo Tribunal Federal, que revela a característica da
imprescritibilidade dos bens públicos. Alexandre Mazza nos ensina que:
Quanto à imprescritibilidade, seu significado é que os bens públicos não estão submetidos à
possibilidade de prescrição aquisitiva ou, em uma palavra, os bens públicos não se sujeitam
usucapião, diante do teor dos arts. 183, §3º, 191, parágrafo único, da Constituição, e 102 do
CC (MAZZA, ALEXANDRE. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva. 2 ed., 2012,
p. 543).
Tomando como base o art. 17 da Lei nº 8.666/93, excepcionalmente, os bens públicos podem ser objeto
de doação, a exemplo de que, quando móveis, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse
social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de
outra forma de alienação (art. 17, II, “a” da Lei nº 8.666/93).
Segundo a doutrina:
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PORTUGUÊS
32. “O “’brasil” com ‘b’ minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação
interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema;
como, aliás, queriam alguns teóricos sociais do século XIX, que viam na terra — um pedaço
perdido de Portugal e da Europa — um conjunto doentio e condenado de raças que, misturando-
se ao sabor de uma natureza exuberante e de um clima tropical, estariam fadadas à degeneração
e à morte biológica, psicológica e social. Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais
complexo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente,
e também casa, pedaço de chão calçado com o calor de nossos corpos, lar, memória e consciência
de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada. É igualmente
um tempo singular cujos eventos são exclusivamente seus, e também temporalidade que pode
ser acelerada na festa do carnaval; que pode ser detida na morte e na memória e que pode ser
trazida de volta na boa recordação da saudade. Tempo e temporalidade de ritmos localizados e,
assim, insubstituíveis. Sociedade onde pessoas seguem certos valores e julgam as ações humanas
dentro de um padrão somente seu. Não se trata mais de algo inerte, mas de uma entidade
viva, cheia de autorreflexão e consciência: algo que se soma e se alarga para o futuro e para o
passado, num movimento próprio que se chama História. Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido
e parte misterioso, como um grande e poderoso espírito. Como um Deus que está em todos os
lugares e em nenhum, mas que também precisa dos homens para que possa se saber superior e
onipotente. Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto — tal
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como acontece com as divindades — será preciso produzir e provocar a sua manifestação para
que se possa sentir sua concretude e seu poder. Caso contrário, sua presença é tão inefável como
a do ar que se respira e dela não se teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste
e pela percepção de algumas de suas manifestações mais contundentes. (DAMATTA, Roberto. O
que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 11-12)
Assinale a opção que não apresenta relações de comparação que estejam linguisticamente
marcadas por conectivos comparativos:
a) “Como um Deus que está em todos os lugares e em nenhum, mas que também precisa
dos homens para que possa se saber superior e onipotente.”
c) “Aqui, o Brasil é um ser parte conhecido e parte misterioso, como um grande e poderoso
espírito.”
d) “Onde quer que haja um brasileiro adulto, existe com ele o Brasil e, no entanto — tal
como acontece com as divindades — será preciso produzir e provocar a sua manifestação
para que se possa sentir sua concretude e seu poder.”
e) “Caso contrário, sua presença é tão inefável como a do ar que se respira e dela não se
teria consciência a não ser pela comparação, pelo contraste e pela percepção de algumas
de suas manifestações mais contundentes.”
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
Vale ressaltar que a comparação se dá pelo sentido geral da frase e não por alguma expressão comparativa.
Já nas outras opções sempre há um elemento comparativo específico de uma expressão. Vejamos: a)
Como Deus... (como = conectivo de valor comparativo); c) ... como um grande e poderoso espírito.
(como = conectivo de valor comparativo); d) ... tal como acontece com as divindades... (tal como =
conectivo comparativo); e) ... é tão inefável como a do ar... (como = conectivo comparativo).
Portanto, correta a letra “b”, pois o sentido comparativo é captado pelo contexto frasal, não pela expressão
isoladamente dependente de uma conjunção.
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33. Assinale a alternativa em que a mudança de posição do termo destacado não implique a
possibilidade de mudança de sentido do enunciado.
a) Belo Horizonte já foi uma linda cidade. / Belo Horizonte já foi uma cidade linda.
b) Filho meu não irá para o exército. / Meu filho não irá para o exército.
d) Por algum dinheiro ele seria capaz de vender a casa. / Por dinheiro algum ele seria capaz
de vender a casa.
e) Com uma simples dose do medicamento ficou curada. / Com uma dose simples do
medicamento ficou curada.
COMENTÁRIO
Para fins didáticos, a explicação será realizada de modo único para melhor compreensão do aluno.
Linda cidade = cidade linda. Vejamos a mudança de sentido nas outras opções: b) filho meu = qualquer
um dos meus filhos / meu filho = apenas aquele filho; c) meu carro novo = tenho um carro e ele é recém-
comprado / meu novo carro = tenho mais um carro e ele foi o último que eu comprei; d) por algum
dinheiro = não importa quanto, desde que haja um pouco sequer de dinheiro, a casa será vendida /
por dinheiro algum = não importa se pouco ou muito dinheiro, a casa não seria vendida; e) com uma
simples dose do medicamento = com apenas uma dose do medicamento / com uma dose simples do
medicamento = com uma dose pequena do medicamento.
Portanto correta a letra “a”, onde “linda cidade” tem o mesmo sentido de “cidade linda”, ainda que com
mudança e alternância dos termos da frase.
34. Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera sensivelmente o sentido do
enunciado:
a) A luz da lua ainda não clareava o escuro da cajazeira. / A luz da lua não clareava ainda
o escuro da cajazeira.
b) No outro dia não voltou mais para trabalhar. / No outro dia não mais voltou para
trabalhar.
c) Mas estou aqui a mando do Capitão Antonio Silvino. / Mas aqui estou a mando do
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d) Não queria que o vissem assim como estava. / Não queria assim que o vissem como
estava.
e) Não deixaria de fazer o que fazia agora por preço nenhum. / Não deixaria de fazer o que
fazia agora por nenhum preço.
COMENTÁRIO
Explicaremos em bloco único para melhor entendimento do aluno e assimilação de conteúdo do tema.
Na expressão “Não queria que o vissem assim como estava”, nessa frase a palavra “assim” indica
circunstância de modo. Já na expressão “Não queria assim que o vissem como estava”, nessa frase a
palavra “assim” indica conclusão. Correta, portanto, a letra d.
MEDICINA LEGAL
a) Calor.
b) Veneno.
c) Agentes mecânicos.
d) Eletricidade.
e) Substâncias cáusticas.
COMENTÁRIO
A vitriolagem consiste na ação física mediante arremesso de ácido sulfúrico contra a vítima, com o
objetivo de lhe causar lesões corporais deformantes da pele e dos tecidos subjacentes. Caracteriza,
portanto, crime de lesão corporal gravíssima, pela deformidade permanente (art. 129, § 2º, inc. IV, do CP:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (...) § 2° Se resulta: (...) IV - deformidade
permanente).
Portanto, correta a letra e, pois é a vitriolagem decorre de lesões produzidas por sodas cáusticas na vítima.
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36. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que não indica sinal interno de lesão no
pescoço:
a) Sinal de Amussat.
c) Sinal de Thoinot.
d) Sinal de Friedberg;
e) Sinal de Hoffmann-Haberda.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, faremos o comentário de modo unificado, com o objetivo de
facilitar a compreensão do aluno.
O enforcamento vem a ser a asfixia mecânica em que existe impedimento à livre entrada e saída do ar no
aparelho respiratório por uma constrição no pescoço feita por laço que é acionado pelo peso da própria
vítima.
LESÕES EXTERNAS: a) Aspecto do cadáver: cabeça inclinada para o lado do nó, rosto branco
ou cianótico, boca e narina com espuma, língua e olhos procedentes. No enforcamento
completo, os membros inferiores estão suspensos, e os superiores, colados ao corpo, com os
punhos cerrados mais ou menos fortemente. b) Lesões externas: sulco conste geral / único
ou mais de 1 ascendente, se interrompe no lugar do nó. Este sulco pode estar ausente em
situações especiais como nas suspensões de curta duração, nos laços excessivamente moles
ou quando é introduzido, entre o laço e o pescoço, um corpo mole.
- Sinal de Azevedo Neves: livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulco;
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LESÕES INTERNAS: SINAIS LOCAIS: Lesões da parte profunda da pele e da tela subcutânea
do pescoço (sufusões hemorrágicas e equimoses, por exemplo);
Lesões dos vasos: Sinal de Amussat (secção transversal da túnica íntima da artéria carótida
comum ao nível de sua bifurcação);
Lesão do Aparelho Laríngeo (fraturas da cartilagem tireóide e da cricóide, bem como do osso
hióide);
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*Morte por obstrução da circulação: neste caso o mais importante seria a obstrução ao nível
das carótidas acarretando perturbações cerebrais pela anóxia.
*Morte por inibição devido à compressão dos elementos nervosos do pescoço: a compressão
seria principalmente sobre o nervo vago.
Portanto, incorreta a letra c, pois trata-se de lesão externa no pescoço, presente no sulco dos enforcados.
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 15 linhas. Procure responder com consulta tão somente
à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
12/04/2016: profcei.leonardomarcondes@gmail.com
DIREITO CONSTITUCIONAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
12/04/2016: profcei.brunozanotti@gmail.com
pág. 91
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PEÇA PROFISSIONAL
Chegou ao seu conhecimento a notícia de que “A”, “B” e “C” estão comercializando drogas numa
possível “boca de fumo”. Após expedir ordem de serviço à equipe de investigação, foi apresentado
relatório descrevendo que de fato no local há uma intensa circulação de pessoas em horário
não-comercial, inclusive usuários de drogas, e os moradores da casa reiteradas vezes vão até a
porta da casa e ao que parece comercializam um produto não identificado com os transeuntes
que até lá se dirigem. Instaurado o inquérito policial para apurar os delitos de tráfico de drogas
e associação para o tráfico, na condição de Delegado de Polícia, formule a peça profissional
adequada a fim de constatar imediatamente a existência ou não de entorpecentes na localidade.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
12/04/2016: profcei.henriquehoffmann@gmail.com
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