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DE POLÍCIA CIVIL
2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
CEI-DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL
2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
DURAÇÃO
22/02/2016 A 20/04/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões Totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
36 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DEPOL
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. 2ª ED.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2016
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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PROFESSORES
Henrique Hoffmann Monteiro de Castro – Coordenador do Curso e Professor de Legislação Penal Especial
Delegado de Polícia Civil do Paraná. Ex-Delegado de Polícia Civil do Mato Grosso. Professor Coordenador da Pós-Graduação em
Ciências Criminais da FACNOPAR. Professor Convidado da Escola Nacional de Polícia Judiciária, Escola Superior de
Polícia Civil do Paraná, Escola da Magistratura do Paraná, Escola do Ministério Público do Paraná e Curso
de Formação de Defensores Públicos de Santa Catarina. Colunista do Conjur. Mestrando em Direito
pela UENP. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela UGF. Especialista em Segurança
Pública pela UNIESP. Bacharel em Direito pela UFMG. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
Processual Penal e da Associação Internacional de Direito Penal. Assessor Jurídico da Federação
Nacional dos Delegados de Polícia Civil. Facebook, Instagram, Twitter e Periscope: profhenriqueh.
facebook.com/profhenriquehoffmann
facebook.com/elisaemurillodelta
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INSTRUÇÕES GERAIS
O curso tem duração de 4 meses, sendo composto por 10 rodadas que ocorrem de 10 em 10 dias.
O aluno recebe, a cada rodada, 36 questões objetivas inéditas, acompanhadas do gabarito comentado de
forma pormenorizada pelos professores. O curso é totalmente online, permitindo sua participação onde quer
que esteja.
Recebe também, a cada rodada, 2 questões dissertativas e 1 peça prática inéditas. Além disso, o aluno é
contemplado com um grande diferencial: correções individualizadas das suas respostas, nas quais o professor
elabora observações e indica aspectos a melhorar. O prazo para que o aluno entregue as questões resolvidas
será de 10 dias (até a rodada seguinte). Após a entrega pelo aluno, os professores devolverão as correções no
prazo de 10 dias (na próxima rodada), acompanhadas do minucioso espelho de correção. Mesmo os alunos
que optarem por não enviar suas respostas dissertativas e peça prática receberão o espelho de correção,
bem como a seleção das melhores respostas e peças. Fique atento ao calendário disponível no site na aba
“cronograma”, e lembre-se que só serão aceitas as respostas enviadas até às 23:59h do último dia do prazo,
não sendo possível o recebimento após o limite, ainda que o aluno tenha ingressado após o início do curso.
Serão, ao todo, 10 rodadas, o que significa que o aluno receberá ao final do curso 360 questões objetivas
comentadas, 20 questões dissertativas, e 10 peças práticas.
O corpo docente é 100% composto por Delegados de Polícia de vários estados do Brasil, com experiência
docente em Academias de Polícia e cursos preparatórios, publicação de livros e artigos e até mesmo participação
em banca examinadora do concurso público para Delegado de Polícia.
Note o diferencial: aqui suas respostas serão corrigidas por quem já enfrentou com êxito batalha semelhante
à sua, e pode nortear sua caminhada.
As questões versarão sobre as disciplinas estatisticamente mais cobradas em concursos públicos para Delegado
de Polícia Civil, sendo elas: Direito Penal, Direito Processual Penal, Legislação Penal Especial (que nos editais
geralmente está incluída em Direito Penal, mas devido à sua importância para a prova foi destacada como
disciplina autônoma), Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Língua Portuguesa e Medicina
Legal. As matérias de Criminologia e Direitos Humanos serão cobradas pontualmente em Direito Penal e
Direito Constitucional, respectivamente.
Todas as questões são elaboradas a partir do programa de matérias dos editais dos concursos anteriores, e
comentadas com base em legislação, doutrina e jurisprudência.
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SUMÁRIO
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ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material,
a fim de simular a situação encontrada em prova.
01. Sobre a Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65), aponte a alternativa certa:
02. No que se refere aos crimes de tortura, estampados na Lei 9.455/97, assinale a opção errada:
03. Sobre os crimes hediondos, encontrados na Lei 8.072/90, indique a alternativa correta:
c) A Lei 13.104/15, que criou a qualificadora de feminicídio no Código Penal, não alterou o
rol dos crimes hediondos.
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b) Responde pela modalidade tentada o traficante que adquire droga pelo telefone, mas não
consegue obtê-la por ter a Polícia interceptado o veículo que transportava o entorpecente.
c) É lícita a busca e apreensão domiciliar sem prévia ordem judicial na situação de flagrante
de tráfico de drogas, em que o traficante oculta entorpecentes dentro de sua residência.
d) O tráfico de drogas (art. 33) não absorve o tráfico de maquinário (art. 34).
05. No que tange à interceptação telefônica, regulada pela Lei 9.296/96 e pela Resolução 59/08
do Conselho Nacional de Justiça, aponte a opção errada:
06. A respeito das recentes modificações legislativas no ordenamento processual penal brasileiro
com reflexos diretos na etapa de investigação preliminar, assinale a alternativa CORRETA:
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07. No que concerne às características da prova testemunhal no processo penal brasileiro, assinale
a alternativa INCORRETA:
b) O depoimento testemunhal é ato pessoal, sendo cada uma das testemunhas inquiridas
individualmente.
c) Segundo regra expressa do Código de Processo Penal, o juiz não permitirá que a
testemunha manifeste suas apreciações pessoais sobre a acusação ou o acusado, salvo
quando inseparáveis da narrativa do fato.
d) Trata-se de prova de natureza dúplice, uma vez que funciona como instrumento para
a compreensão de fatos pretéritos bem como de elementos prognósticos relacionados ao
caso penal.
e) A oitiva da vítima não pode ser incluída na conceituação doutrinária de prova testemunhal.
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08. Sobre os prazos para conclusão do inquérito policial, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O inquérito policial militar deve ser concluído no prazo de 20 (vinte) dias, em se tratando
de indiciado preso. Já no caso de indicado solto, o prazo será de 40 (quarenta) dias.
c) A Lei de Drogas prevê que se o indiciado estiver preso o prazo para conclusão do
inquérito policial será de 30 (trinta) dias. Na hipótese de indiciado solto, o prazo será de 90
(noventa) dias. Ambos, no entanto, podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante
pedido justificado da autoridade da polícia judiciária.
d) Nos crimes contra a economia popular, o prazo será de 10 (dez) dias, estando o indiciado
preso ou solto.
e) O prazo da prisão temporária não tem repercussão quanto ao lapso temporal exigido
para a conclusão do inquérito policial, uma vez que são institutos autônomos e seguem
contagem distinta de prazo.
09. Quanto ao entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça no tocante ao inquérito policial,
INCORRETO afirmar que:
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DIREITO PENAL
11. Considerando a lei 12.015/09, que altera diversas disposições penais no Código Penal brasileiro
e a interpretação atual proferida pelo STJ a seu respeito, responda:
a) No crime de estupro praticado contra vítima de 17 anos de idade, a ação penal deixou de
ser de iniciativa privada como regra e passou a ser, como nova regra, pública condicionada
à representação.
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d) Os crimes contra a dignidade sexual deixaram de ser crimes de ação penal privada e
assumiram a feição de ação pública condicionada à representação.
12. A despeito dos crimes contra a dignidade sexual, responda a resposta correta conforme
entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência:
b) O agente que mantém conjunção carnal com menor de 14 anos comete crime de
exploração sexual previsto no art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) Uma pessoa praticou o crime de estupro em 2008 e foi condenada a 7 anos de reclusão,
sendo ela reincidente específico em crime dessa natureza. Neste caso, poderá progredir de
regime após cumpridos 2/3 da pena.
e) Para a tipificação no crime de estupro se exige o contato físico entre a vítima e o agente.
b) Movimentos reflexos.
a) Lei penal em branco homogênea é aquela na qual o complemento tem a mesma natureza
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c) Lei penal em branco inversa ou ao avesso ocorre quando o preceito primário é completo,
mas o secundário reclama complementação.
b) Crimes omissivos ou de omissão são os cometidos por meio de uma conduta negativa,
de uma inação, de um não fazer.
c) Crimes omissivos próprios são aqueles nos quais o próprio tipo penal prevê a omissão,
respondendo o agente pelo delito a título de dolo.
d) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão ocorrem quando cada tipo
penal estabelece uma ação, porém o agente responde pelo crime na forma omissiva por
descumprir um dever jurídico de agir imposto pelo art. 13, §2º do CP, sempre a título de
dolo.
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. A evolução do constitucionalismo foi marcada por rupturas paradigmáticas, tendo a Revolução
Francesa como um dos principais marcos históricos. Acerca desse contexto, marque a assertiva
correta:
a) A Revolução Francesa deu início ao paradigma do Estado Social, com prevalência dos
direitos civis e políticos.
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c) Com a Revolução Francesa, o poder interpretativo foi retirado do juiz, o qual passou
a ser conhecido como “boca da lei”, havendo a necessidade de consulta ao legislador na
hipótese de dúvidas do juiz diante de textos obscuros.
18. De acordo com o Supremo Tribunal Federal e com a legislação pátria, marque a assertiva
correta acerca do princípio da proporcionalidade ou razoabilidade:
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sentido estrito.
19. Acerca das características dos direitos fundamentais, marque a assertiva incorreta:
20. O Conselho Nacional de Justiça, criado em 2004 pela Reforma do Poder Judiciário, tem por
finalidade:
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21. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, e tem a Polícia
Civil como um dos seus principais órgãos. De acordo com a Constituição Federal e a legislação
vigente, marque a assertiva correta:
d) Não havendo autoridade policial no lugar em que a Polícia Militar efetuar a prisão em
flagrante de um cidadão, o preso poderá ser apresentado ao oficial da Polícia Militar para
análise da manutenção da sua prisão.
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e portanto somente pode ser utilizado pelo STF no curso de uma ação prevista para essa
modalidade de controle.
DIREITO CIVIL
23. O julgamento do RE 201819 foi concluído no final de 2005. No caso, analisou-se a possibilidade
de as associações retirarem um sócio da entidade privada, nos termos do art. 57 do Código Civil,
sem que fosse a ele oportunizado o contraditório e a ampla defesa. Apesar de não existir previsão
legal acerca do contraditório e da ampla defesa para o caso narrado, o STF entendeu acerca da
aplicação imediata de tais direitos na mencionada relação privada. Nos termos do Código Civil,
como se encontra regulamentada a situação atualmente?
a) O caso narrado, julgado em sede de Recurso Extraordinário, não possui eficácia erga
omnes, de modo que, atualmente, aos sócios excluídos não serão oportunizados os direitos
constitucionais do contraditório e da ampla defesa por ocasião de suas exclusões, devendo
tais sócios excluídos buscarem o Poder Judiciário caso se sintam lesados.
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d) O caso narrado possui eficácia erga omnes, de modo que, atualmente, aos sócios
excluídos serão oportunizados os direitos constitucionais do contraditório e da ampla
defesa por ocasião de suas exclusões, mesmo que não exista previsão legal nesse sentido.
24. De acordo com o Código Civil, assinale a resposta correta acerca do domicílio do Policial Civil:
d) Será, a sua escolha, tanto o local de sua residência, quanto o seu local de trabalho.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Quanto ao excesso de poder, pode-se compreender que o agente não prescinde de suas
atribuições.
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e) A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
I. Lei estadual que admita agentes administrativos pelo regime especial temporário
prescinde de motivação.
II. A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva.
III. Conforme o conceito restrito, todas as pessoas que servem ao poder público, transitória
ou definitivamente, de modo remunerado ou não, são consideradas servidores públicos.
a) Somente I.
b) Somente II.
c) Somente III.
d) II e III.
e) I, II e III.
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responsabilidade.
III. Entende-se por caducidade na concessão de serviços públicos a transferência dos bens
do concessionário para o poder concedente, ao final do contrato de concessão.
a) V – F – F –V.
b) V – V – F – F.
c) F – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – F – V – F.
29. Segundo a atual jurisprudência do STF quanto ao direito subjetivo à nomeação do candidato
aprovado em concurso público, analise as seguintes proposições:
II. Há direito subjetivo à nomeação quando houver preterição na nomeação por não
observância da ordem de classificação;
III. Quando for realizado novo concurso para o mesmo cargo, dentro do prazo de validade
do concurso anterior, há automático direito subjetivo à nomeação aos candidatos aprovados
fora das vagas previstas inicialmente;
IV. Há direito subjetivo à nomeação quando surgirem novas vagas, durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por
parte da administração.
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b) Apenas I e II.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas I, II e IV.
30. Considerando a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa incorreta.
b) A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes
de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
31. Salvo disposição legal específica, o prazo para interposição de recurso administrativo, contado
a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, é de:
a) 05 dias.
b) 10 dias.
c) 15 dias.
d) 30 dias.
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e) 90 dias.
PORTUGUÊS
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram valores sociais altruísticos, formação
moral e não lhes impuseram limites de disciplina possuem um perfil comportamental vulnerável
à prática de infrações.
a) De desprendimento.
b) De responsabilidade.
c) De bondade.
d) De ganância.
e) De egoísmo.
33. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
padrão:
34. Assinale a alternativa em que a forma verbal destacada funciona como substantivo:
b) “Ficamos meio cegos, incapazes de perceber seja o que for acima da mediocridade”.
c) “Então eles, os heróis, chegaram a uma ilha deserta chamada Tinis, ao alvorecer”.
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MEDICINA LEGAL
a) Preâmbulo.
b) Discussão.
d) Parecer.
e) Descrição.
36. Assinale a alternativa incorreta quanto aos aspectos médico-legais das anomalias sexuais:
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QUESTÃO 1 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA E
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01. Sobre a Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65), aponte a alternativa certa:
COMENTÁRIO
A Lei de Abuso de Autoridade disciplina não apenas a responsabilidade penal, mas também administrativa
e civil. Estas três responsabilidades estão reguladas na Lei 4898/65. Por isso, diz-se que a Lei de Abuso de
Autoridade não é uma lei exclusivamente penal, embora seja predominantemente penal.
Os crimes de abuso de autoridade tem dupla objetividade jurídica. Tem uma objetividade jurídica imediata
ou principal que é a proteção dos direitos e garantias fundamentais das pessoas físicas e jurídicas. E uma
objetividade jurídica mediata ou secundária que é a normalidade e a regularidade dos serviços públicos.
O abuso de autoridade pode ser praticado tanto por ação como por omissão; em outras palavras, pode
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ser crime comissivo ou crime omissivo. Em regra, ele é praticado por ação, mas nada impede que seja
na forma omissiva imprópria.
Os crimes de abuso de autoridade têm pena máxima de 6 meses de detenção, sanção penal que é
criticada pela doutrina por ser ínfima em relação ao potencial lesivo da conduta criminosa. Isso significa
que o abuso de autoridade é infração penal de menor potencial ofensivo, com competência dos juizados
especiais criminais (art. 61 da Lei 9.099/95).
Ou seja, em regra não há prisão em flagrante, instaura-se termo circunstanciado de ocorrência em vez de
inquérito policial, e admite-se a aplicação dos institutos despenalizadores (composição civil e transação
penal).
Se o abuso for praticado contra o servidor federal e tiver relação com a função do servidor federal a
competência é do juizado especial criminal federal. Já se o crime não tiver relação com a função exercida
pelo servidor federal a competência será do juizado especial criminal estadual, conforme entendimento
sumulado pelo STJ:
Súmula 147. Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
De outro lado, considerado o sujeito ativo (e não a vítima), no caso de abuso praticado pelo servidor
federal, a competência só será do juizado especial criminal federal caso haja alguma circunstância, que
não a qualidade do funcionário público, que justifique o interesse da União no caso. É a posição do STJ
(HC 102.049) e da doutrina (Guilherme de Souza Nucci).Não se esqueça de que o abuso de autoridade
é crime comum, não previsto no Código Penal Militar. Logo, o policial militar que pratica abuso de
autoridade responde pelo delito na Justiça Comum, após ser investigado pela Polícia Civil, posição esta
também sumulada pelo STJ:
Súmula 172. Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço.
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
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f) à liberdade de associação;
h) ao direito de reunião;
Perceba que os crimes do art. 3º se aperfeiçoam com o mero atentado aos direitos fundamentais
elencados nos incisos. Isso quer dizer que são crimes de atentado, de consumação antecipada, ou seja,
consumam-se independentemente do resultado naturalístico consistente na lesão, ofensa à honra, à
liberdade de locomoção, etc.
02. No que se refere aos crimes de tortura, estampados na Lei 9.455/97, assinale a opção errada:
COMENTÁRIO
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
A primeira se constitui no dever de evitar a tortura. Trata-se de omissão imprópria. Essa modalidade nem
precisava constar da lei de tortura, pois o art. 13, § 2º do CP já estabelece a posição do garante.
A segunda omissão prevista no § 2º é o dever de apurar, ou seja, omissão própria. Assim, o sujeito ativo
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não é mais o garante, mas sim quem tem a obrigação de apurar a ocorrência (delegados, promotores,
juízes, etc.).
A crítica que se faz é que a Lei de Tortura trata de forma diferente a omissão própria da omissão
imprópria, quando o Código Penal e a Constituição determinam que se aplique a mesma consequência
para executor e garantidor:
Art. 5º. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem;
Art. 1º. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
De fato, se da tortura resulta lesão corporal grave ou gravíssima (o que não abrange a lesão corporal
leve), ou a morte da vítima, o delito é qualificado.
Prevalece o entendimento de que estes resultados devem ser fruto de culpa, ou seja, dolo na conduta
e culpa no resultado (a qualificadora é preterdolosa). Se o criminoso agir com dolo no resultado morte,
responde por homicídio qualificado. Portanto, atente-se para a diferença entre tortura qualificada pela
morte, e homicídio qualificado pela tortura.
O homicídio qualificado pela tortura (art. 121, § 2º, III do Código Penal) caracteriza-se pela morte
dolosa. O agente utiliza a tortura (meio cruel) para provocar a morte da vítima, causando-lhe intenso e
desnecessário sofrimento físico ou mental. Esse crime é de competência do Tribunal do Júri, e apenado
com 12 a 30 anos de reclusão. Trata-se de crime hediondo.
Já a tortura com resultado morte (art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97) é crime preterdoloso. Há dolo na conduta
antecedente (tortura) e culpa em relação ao resultado agravador (morte). A pena cominada ao crime é de
8 a 16 anos de reclusão, e a competência é do juízo singular. Cuida-se de crime equiparado a hediondo.
Por fim, sublinhe-se que a qualificadora só é aplicável ao executor, não alcançando os omitentes.
Todavia, não se pode confundir os crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, com os crimes
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inafiançáveis e imprescritíveis:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
nos termos da lei;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Confira o quadro:
Tortura
Racismo
Tráfico de drogas
Ação de grupos armados, civis ou militares, contra
Terrorismo
a ordem constitucional e o Estado Democrático
Hediondos
Observação interessante para ser exposta numa prova dissertativa ou oral: o STJ (REsp 816.209, Rel. Min.
Luiz Fux, DJ 10/04/2007) entendeu imprescritível a tortura, em razão do princípio pro homine (segundo o
qual deve preponderar a regra em favor da dignidade da pessoa humana), todavia num julgamento na
esfera cível, para a indenização decorrente da tortura.
Art. 1º. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
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Traz a perda do cargo ou função pública Traz a perda do cargo ou função pública
03. Sobre os crimes hediondos, encontrados na Lei 8.072/90, indique a alternativa correta:
c) A Lei 13.104/15, que criou a qualificadora de feminicídio no Código Penal, não alterou o
rol dos crimes hediondos.
COMENTÁRIO
Nos últimos tempos, a violência tem sido transmitida e potencializada pela mídia, incentivando na opinião
pública um estado de insegurança, medo e terror. O legislador então tenta resolver o problema com o
endurecimento de leis penais, visando dar uma resposta à sociedade.
Sabe-se que a real missão do Direito Penal é punir apenas os ataques mais intoleráveis aos bens jurídicos
das pessoas, norteando-se pelo princípio da intervenção mínima. Todavia, o legislador afasta-se dessa
finalidade e atua pensando na opinião pública, querendo devolver para a sociedade a (ilusória) sensação
de tranquilidade, por meio da criação de novos tipos penais, aumento de penas e restrições de garantias.
A edição de leis que cumprem função meramente representativa constitui campo fértil para um Direito
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Penal Simbólico.
Com o objetivo de dar uma satisfação à sociedade, muitas dessas leis são criadas sem um estudo
criminológico e de política criminal e acabam criando a ilusão que o direito penal resolverá o problema
da violência.
Por isso, parte da doutrina critica a Lei de Crimes Hediondos por entender que foi criada como Direito
Penal de Emergência.
Todavia, outra corrente entende que a criminalização dos crimes hediondos consiste em mandamento da
própria Constituição Federal em seu art. 5.º, XLIII, que sinalizou ao legislador que essa espécie de crimes
deveria ser disciplinada com mais rigor.
No Código Penal Militar há vários crimes com condutas trazidas na Lei 8.072/90, como estupro, homicídio
qualificado, latrocínio, extorsão mediante sequestro, epidemia com resultado morte, e até mesmo
genocídio. Porém, como o art. 1º da Lei só considera hediondo os crimes tipificados no CP, o crime
previsto no CPM, mesmo que idêntico, não será hediondo.
Essa alternativa demonstra a importância de o aluno estar atualizado com as mais recentes inovações
legislativas.
Como sabemos, a Lei 13.104/15 criou uma nova forma de homicídio qualificado, qual seja, o feminicídio:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Feminicídio
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
O legislador, acostumado a cometer “barbeiragens” na edição de leis, dessa vez não se esqueceu de
incluir o novel tipo penal como crime hediondo, conforme se vê na Lei 8.072/90:
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no
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I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V e VI); (Redação
dada pela Lei nº 13.104, de 2015).
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
CP, Art. 157, §3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a
quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa.
Assim, fica claro que somente no caso de ocorrência da morte (latrocínio) será considerado hediondo.
O crime de favorecimento da prostituição foi incluído recentemente na lista de delitos hediondos pela Lei
12.978/14:
CP Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
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b) Responde pela modalidade tentada o traficante que adquire droga pelo telefone, mas não
consegue obtê-la por ter a Polícia interceptado o veículo que transportava o entorpecente.
c) É lícita a busca e apreensão domiciliar sem prévia ordem judicial na situação de flagrante
de tráfico de drogas, em que o traficante oculta entorpecentes dentro de sua residência.
d) O tráfico de drogas (art. 33) não absorve o tráfico de maquinário (art. 34).
COMENTÁRIO
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais,
de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de
drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
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VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
Dentre as causas de aumento de pena do crime de tráfico de drogas está a interestadualidade (art. 40,
V da Lei 11.343/06). Ou seja, a pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se caracterizado o tráfico entre Estados da
Federação ou entre estes e o Distrito Federal.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que não (HC 122.791). É perfeitamente possível o aumento da pena
se, em que pese o agente não ter conseguido ingressar ou remeter o entorpecente para outro estado,
houver provas suficientes a indicar essa intenção. Tome-se como exemplo o caso concreto analisado pelo
STF, em que o traficante estava no interior de ônibus de transporte interestadual com bilhete cujo destino
final seria outro Estado da Federação, sendo capturado antes de ter atingido seu desiderato.
O crime de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06) é de ação múltipla ou conteúdo variado, sendo
suficiente para a concretização do delito a prática de apenas um dos 18 verbos nucleares desse tipo misto
alternativo.
No caso apresentado, não há dúvidas que o traficante que vendeu o entorpecente consumou o crime
do art. 33 da Lei de Drogas (verbos remeter e transportar). A dúvida surge quanto ao traficante que
comprou a droga (verbo adquirir): responde por tráfico de drogas tentado ou consumado?
O STF (HC 71.853) e o STJ (REsp 1.215 e HC 212.528) entendem que o delito se consuma no instante em
que ocorre o acordo entre comprador e vendedor, não havendo necessidade de que se efetue a tradição
da droga adquirida, pois que a compra e venda se realiza pelo consenso sobre a coisa e o preço.
Sabemos que, segundo o art. 5º, XI da CF, uma das exceções em que se admite o ingresso na casa alheia
contra sua vontade é o flagrante delito, que torna lícita a entrada na residência ainda que à noite.
De outro lado, conhecemos que crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo (ex:
tráfico de drogas na modalidade ocultar), e enquanto não cessar a permanência, admite-se sua prisão
em flagrante (art. 303 do CPP) mesmo que dentro de sua casa.
Justamente por isso o entendimento do STF e STJ sempre foi de que não se exige mandado de busca e
apreensão para ingressar na residência daquele que está em flagrante de crime permanente.
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A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados.
Assim, a medida deve ser justificada por elementos suficientes, como por exemplo prova testemunhal,
interceptação telefônica, campana policial, etc. O mero achismo do policial, ou uma denúncia anônima
não confirmada por diligências preliminares, não configuram justa causa para a diligência.
Como se sabe, o princípio da consunção (ou princípio da absorção) estabelece que o fato mais amplo e
grave consome (absorve) os demais fatos menos amplos e graves. É um dos 4 princípios utilizados para
solucionar o conflito aparente de leis penais.
Nessa seara, dúvida que surge é se o tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06) absorve o tráfico de
maquinário (art. 34 da Lei de Drogas). Em outras palavras: se o traficante possui maquinário (ex: balança
de precisão, que consiste em instrumento para a preparação de drogas), e também a própria droga,
responde por qual(is) delito(s)?
Se o agente possuir os objetos materiais no mesmo contexto fático, com a mesma finalidade, então incide
o princípio da consunção, pois ambos os delitos protegem a saúde pública, sendo a posse do maquinário
ato preparatório do tráfico de drogas. É o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF, HC 109.708).
Todavia, não é impossível que o agente responda por ambos os crimes. Isso ocorre se o delinquente
praticar as condutas em situações fáticas bem distintas, destacadamente.
No caso do adulto que possui ou porta drogas para consumo pessoal, são admitidas apenas penas
restritivas de direitos, consistentes em advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços
à comunidade ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo, conforme
estabelece expressamente o preceito secundário do art. 28 da Lei 11.343/06.
Já se o usuário de drogas for adolescente, não se admite a privação da liberdade segundo interpretação
sistemática feita pelo Supremo Tribunal Federal, em julgados tanto da 1ª Turma (HC 119160) quanto
da 2ª Turma (HC 124682). Como se sabe, ao adolescente não se impõe sanção penal, mas medidas
socioeducativas (art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente). O detalhe é que as 2 medidas
socioeducativas que implicam privação de liberdade, quais sejam, semiliberdade (art. 120 do ECA) e
internação (arts. 121 e 122 do ECA), não podem ser aplicadas. Logo, as medidas possíveis de serem
impostas ao adolescente são apenas as medidas protetivas (arts. 101, I a VI, do ECA), advertência (art. 115
do ECA), prestação de serviços à comunidade (art. 117 do ECA) e liberdade assistida (art. 118 do ECA).
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A justificativa é que se nem mesmo o maior de 18 anos pode sofrer a privação da liberdade, com mais
razão não se pode impor a severa medida para o adolescente que incidir nessa conduta. Entendimento
contrário subverteria o princípio da proteção integral do menor inimputável (art. 227 da Constituição
Federal e arts. 1º, 3º e 100, parágrafo único, II do ECA).
Por fim, é bom lembrar que se o agente for criança, ao ato infracional praticado correspondem as
medidas de proteção emolduradas no art. 101 do ECA.
05. No que tange à interceptação telefônica, regulada pela Lei 9.296/96 e pela Resolução 59/08
do Conselho Nacional de Justiça, aponte a opção errada:
COMENTÁRIO
Para julgar essa assertiva, bastava o conhecimento do artigo inaugural da Lei 9.296/96:
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da
investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade
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No mesmo sentido a Resolução 59/08 do CNJ, alterada pela recentíssima Resolução 217/16:
Art. 10. Atendidos os requisitos legalmente previstos para deferimento da medida, o Magistrado
fará constar expressamente em sua decisão:
V - os motivos pelos quais não seria possível obter a prova por outros meios disponíveis;
A interceptação telefônica é medida sigilosa, por expressa previsão legal, logo no artigo inaugural da Lei
9.296/96:
Por isso, a violação desse sigilo configura crime do art. 10 da Lei de Interceptação Telefônica, delito
especial em relação ao crime de violação de sigilo funcional hospedado no art. 325 do Código Penal:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
A Resolução 59/08 do CNJ, modificada pela Resolução 217/16, reforça essa obrigação de sigilo,
determinando que o juiz competente que tomar conhecimento da quebra de segredo deverá requisitar
a instauração de investigação:
Art. 17. Não será permitido ao Magistrado e ao servidor fornecer quaisquer informações, direta
ou indiretamente, a terceiros ou a órgão de comunicação social, de elementos sigilosos contidos
em processos ou inquéritos regulamentados por esta Resolução, ou que tramitem em segredo
de Justiça, sob pena de responsabilização nos termos da legislação pertinente.
§ 1º No caso de violação de sigilo de que trata o caput deste artigo, por integrantes do Poder
Judiciário ou por membros de outras instituições, dentre as quais a polícia, o Ministério Público
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Não se pode tolerar que trechos de interceptações telefônicas continuem estampados na capa de jornais
e revistas de grande circulação, como se estivéssemos na França do século XVIII, em que o “condenado
era oferecido aos insultos, às vezes aos ataques dos espectadores.” (FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir.
Petrópolis: Vozes, 1998, p. 49).
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:
Perceba que não há autorização para que oficial de polícia militar represente pela medida. Aliás, os
milicianos não possuem capacidade postulatória para nenhum outro ato investigativo de crime comum,
porquanto não possui atribuição constitucional (art. 144 da CF) nem legal para tanto.
Em que pese o PM não poder representar ou mesmo executar a interceptação telefônica em investigação
de crime comum, lamentavelmente o STJ vem emprestando interpretação utilitarista (que deseja combater
a criminalidade a qualquer custo, ainda que desrespeitando a divisão constitucional de atribuições) para
admitir que os milicianos executem a medida de análise das conversas interceptadas.
Em que pese ser de rara verificação na prática, o pedido verbal de interceptação telefônica é possível em
tese, em situações excepcionais, conforme autoriza a Lei de Interceptação Telefônica:
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde
que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão
será condicionada à sua redução a termo.
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Dispositivo semelhante pode ser encontrado na Resolução 59/08 do CNJ, alterada recentemente pela
Resolução 217/16:
Art. 10. § 1º Nos casos de formulação de pedido verbal de interceptação (artigo 4º, § 1º, da Lei
9.296/96), o servidor autorizado pelo magistrado deverá reduzir a termo os pressupostos que
autorizem a interceptação, tais como expostos pela autoridade policial ou pelo representante
do Ministério Público.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial
poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
06. A respeito das recentes modificações legislativas no ordenamento processual penal brasileiro
com reflexos diretos na etapa de investigação preliminar, assinale a alternativa CORRETA:
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COMENTÁRIO
De antemão, necessário reconhecer que a Lei n. 13.245, de 12 de janeiro de 2016, promoveu alterações
consideráveis no regramento do inquérito policial, em especial no que diz respeito ao exercício do direito
de defesa e à disciplina do contraditório mitigado durante essa fase investigatória preliminar. O que,
entretanto, não significou uma completa revisão da estrutura da persecução penal brasileira tampouco
a conversão dos procedimentos de investigação prévia em processos submetidos a contraditório pleno
e ampla defesa. Em nenhum momento a lei promoveu uma equiparação entre investigação criminal e
processo penal, submetendo ambos às mesmas garantias. A investigação ainda mantém o seu caráter
inquisitório, tendo em vista o poder exclusivo de gestão dos atos instrutórios e a concentração de funções
em um único órgão (o investigador). O que houve, em certa medida, foi um reforço do direito de defesa
e da própria noção de contraditório no procedimento de investigação (seja policial seja ministerial).
O Estatuto da Advocacia (Lei n. 8.906/94) assegura, em seu art. 7º, inciso XIV, amplo direito de acesso por
parte de todo advogado, mesmo sem procuração, a procedimentos investigatórios de natureza qualquer,
inclusive autos de prisão em flagrante, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. Entretanto, o próprio Estatuto
da OAB registra de modo expresso duas limitações a essa prerrogativa dos advogados: i) “autos sujeitos
a sigilo” (art. 7, § 10º, da Lei 8.906/94); ii) “elementos de prova relacionados a diligências em andamento e
ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia
ou da finalidade das diligências” (art. 7º, § 11º, da Lei 8.906/94).
De fato, a defesa ganhou novos mecanismos formais de atuação com a edição da Lei n. 13.245/16, a qual
pode funcionar como importante instrumento de resistência a eventuais manobras fraudulentas durante
a investigação criminal, principalmente no campo das nulidades e das responsabilizações por “doping”
do investigador. No tocante ao direito fundamental do advogado de acessar os autos de investigação
criminal, perante a polícia judiciária ou o ministério público, já consagrado na redação original do Estatuto
da Advocacia (art. 7º da Lei 8.906/94) e reafirmado pelo STF (Súmula Vinculante 14), tem-se agora novos
contornos, possibilitando inclusive a “responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem
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prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente” (art. 7º, §
12º, da Lei 8.906/94).
07. No que concerne às características da prova testemunhal no processo penal brasileiro, assinale
a alternativa INCORRETA:
b) O depoimento testemunhal é ato pessoal, sendo cada uma das testemunhas inquiridas
individualmente.
c) Segundo regra expressa do Código de Processo Penal, o juiz não permitirá que a
testemunha manifeste suas apreciações pessoais sobre a acusação ou o acusado, salvo
quando inseparáveis da narrativa do fato.
d) Trata-se de prova de natureza dúplice, uma vez que funciona como instrumento para
a compreensão de fatos pretéritos bem como de elementos prognósticos relacionados ao
caso penal.
e) A oitiva da vítima não pode ser incluída na conceituação doutrinária de prova testemunhal.
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COMENTÁRIO
A oralidade significa que a prova testemunhal será produzida, em regra, na forma oral. É o que dispõe
o art. 204, caput, do CPP: “o depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha
trazê-lo por escrito”. Ressalvando, entretanto, que não será vedada à testemunha breve consulta a
apontamentos (art. 204, parágrafo único, do CPP).
As exceções à regra da oralidade estão previstas no próprio Código. Nestas hipóteses, admite-se a forma
escrita, senão vejamos: a) surdos, mudos e surdos-mudos (art. 223, parágrafo único, c.c. art. 192, caput,
do CPP); b) Presidente e Vice-Presidente da República, além dos presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (art. 221, § 1º, CPP).
A pessoalidade implica que as testemunhas sejam ouvidas separadamente; inquiridas cada uma de forma
isolada, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras. É o teor do art. 210 do
CPP:
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem
ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso
testemunho. Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão
reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
A questão versa sobre a polêmica objetividade exigida legalmente do relato testemunhal, o qual deverá
afastar-se de juízos de valor ou de opiniões pessoais a respeito dos fatos percebidos pelos sentidos do
sujeito, salvo quando absolutamente inseparáveis da narrativa do fato. Neste sentido, dispõe o art. 213
do CPP:
O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
inseparáveis da narrativa do fato.
A prova testemunhal é marcada apenas pela natureza retrospectiva, nunca prospectiva. Isso significa que
a testemunha depõe sobre fatos pretéritos, não podendo servir como fonte de prognósticos. Trata-se
de prova auxiliar na compreensão do passado relevante à tomada de decisão a respeito do caso penal.
Assim, a retrospectividade é elencada pela doutrina como uma de suas características fundamentais.
A testemunha é, por definição, toda pessoa que, não sendo parte nem sujeito diretamente interessado
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na resolução do caso penal, relata perante o magistrado competente pela instrução do feito os fatos
pretéritos que, sendo relevantes ao objeto do processo, conseguiu apreender pelos sentidos próprios e
segundo a forma que os tem armazenado em sua memória. Logo, a vítima restaria excluída desse âmbito.
08. Sobre os prazos para conclusão do inquérito policial, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O inquérito policial militar deve ser concluído no prazo de 20 (vinte) dias, em se tratando
de indiciado preso. Já no caso de indicado solto, o prazo será de 40 (quarenta) dias.
c) A Lei de Drogas prevê que se o indiciado estiver preso o prazo para conclusão do
inquérito policial será de 30 (trinta) dias. Na hipótese de indiciado solto, o prazo será de 90
(noventa) dias. Ambos, no entanto, podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante
pedido justificado da autoridade da polícia judiciária.
d) Nos crimes contra a economia popular, o prazo será de 10 (dez) dias, estando o indiciado
preso ou solto.
e) O prazo da prisão temporária não tem repercussão quanto ao lapso temporal exigido
para a conclusão do inquérito policial, uma vez que são institutos autônomos e seguem
contagem distinta de prazo.
COMENTÁRIO
Segundo o art. 20 do Código de Processo Penal Militar, o inquérito deve ser concluído no prazo de
20 (vinte) dias, em se tratando de indiciado preso. Já no caso de indicado solto, o prazo será de 40
(quarenta) dias, podendo esse lapso temporal ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade
militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade
de diligência, indispensáveis à elucidação do fato.
O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver
preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da
autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo
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É o que estabelece o artigo 51 da Lei de Drogas (Lei nº. 11.343/06), senão vejamos:
O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de
90 (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem
ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade
de polícia judiciária.
§ 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo
de 10 (dez) dias.
Diversamente do sustentado no item sob análise, tem-se a clássica lição, doutrinária e jurisprudencial, no
sentido de que, uma vez decretada a prisão temporária, o tempo de custódia será acrescido ao prazo
de encerramento do inquérito policial. Logo, considerando que o seu prazo máximo, nos termos do art.
2º, caput, da Lei n. 7.960/89, é de 10 (dez) dias, coincide com o lapso temporal previsto no Código para
indiciados presos em geral (art. 10 do CPP). Entretanto, se a prisão temporária for decretada nas hipóteses
de crimes hediondos, com fundamento no art. 2º, § 4º, da Lei n. 8.072/90, o prazo passa a ser de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
09. Quanto ao entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça no tocante ao inquérito policial,
INCORRETO afirmar que:
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COMENTÁRIO
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Nesta linha, segue a ementa de julgamento publicado neste mês de fevereiro de 2016:
O trancamento de inquérito policial, em sede de habeas corpus, somente deve ser acolhido se
restar, de forma indubitável, comprovada a ocorrência de circunstância extintiva da punibilidade,
de ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito e ainda da atipicidade
da conduta (STJ, RHC 30.604/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DP 05/02/2016).
(...)3. A tramitação direta de inquéritos entre a polícia judiciária e o órgão de persecução criminal
traduz expediente que, longe de violar preceitos constitucionais, atende à garantia da duração
razoável do processo, assegurando célere tramitação, bem como aos postulados da economia
processual e da eficiência. Essa constatação não afasta a necessidade de observância, no bojo
de feitos investigativos, da chamada cláusula de reserva de jurisdição. 4. Não se mostra ilegal
a portaria que determina o trâmite do inquérito policial diretamente entre polícia e órgão da
acusação, encontrando o ato indicado como coator fundamento na Resolução n. 63/2009 do
Conselho da Justiça Federal. 5. Estando expressamente previsto, na Resolução do CJF, que os
advogados e os estagiários de Direito regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do
Brasil terão direito de examinar os autos do inquérito, devendo, no caso de extração de cópias,
apresentar o seu requerimento por escrito à autoridade competente, não há a configuração de
ofensa ao princípio do contraditório, ao da ampla defesa e tampouco ao exercício da advocacia
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COMENTÁRIO
A correta redação do dispositivo legal (art. 31 do CPP) fala apenas em “morte do ofendido” e declaração
judicial de ausência, senão vejamos:
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
A renúncia do ofendido, por sua vez, não permite a transferência da legitimidade ativa para o cônjuge,
ascendente, descente ou irmão. Trata-se de causa extintiva da punibilidade (art. 107, V, CP), que opera
efeitos quando realizada de maneira expressa ou tácita (art. 50 do CPP).
Os requisitos de qualquer peça inicial acusatória, seja denúncia ou queixa, estão previstos no art. 41 do
CPP:
A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias,
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação
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Note, portanto, que é possível acusação formal válida em face de pessoa diante da qual se desconhece
o nome e demais elementos civis (ex.: RG, CPF etc.), desde que possível, de alguma maneira, a sua
identificação ou correta individualização.
A legitimidade para agir, condição da ação processual penal identificada na correta pertinência subjetiva,
pode ser dividida em ativa e passiva. Quanto à primeira, pertence, em regra, ao Estado, por meio do
Ministério Público (ação penal de iniciativa pública - art. 129, I, CF), mas também pode ser exercida pelo
ofendido ou querelante (ação penal privada) – este último maior de idade ou devidamente representado
– nos casos legalmente admitidos.
A ação processual penal é um direito autônomo, pois o seu exercício independe do direito material
invocado. Ou seja, a existência e a possibilidade de exercício do direito de ação independem de qualquer
relação jurídica material; decorre, pelo contrário, da própria autonomia do direito processual penal.
Conforme as lições de Aury Lopes Júnior, “o direito potestativo de acusar não se confunde com o poder de
punir (direito material) (LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional.
v. I. 03 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 328).
DIREITO PENAL
11. Considerando a lei 12.015/09, que altera diversas disposições penais no Código Penal brasileiro
e a interpretação atual proferida pelo STJ a seu respeito, responda:
a) No crime de estupro praticado contra vítima de 17 anos de idade, a ação penal deixou de
ser de iniciativa privada como regra e passou a ser, como nova regra, pública condicionada
à representação.
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d) Os crimes contra a dignidade sexual deixaram de ser crimes de ação penal privada e
assumiram a feição de ação pública condicionada à representação.
COMENTÁRIO
Após a alteração do artigo 225, caput e parágrafo único pela lei 12.015/09, os crimes definidos nos
Capítulos I e II do Título VI , quais sejam os artigos 213 a 218-B, serão de ação pública condicionada à
representação da vítima, no entanto, a ação será pública incondicionada se a vítima for menor de 18 anos
ou menor de 14 anos (pessoa vulnerável), enfermo ou deficiente mental, (pessoa vulnerável) ou incapaz
de oferecer resistência (pessoa vulnerável).
Trata-se de uma questão controvertida, mas o candidato deve se ater ao enunciado, quando o mesmo
informa que a resposta deve estar de acordo com interpretação e orientação do STJ, o qual tem o
posicionamento afirmado na alternativa em comento, cuja orientação pode ser extraída pela Sexta Turma
da Corte Cidadã, no julgamento do HC 276.510-RJ, Relator Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 11/11/2014.
Face o texto claro e bem explicado do acórdão pedimos vênia para transcrever seus trechos:
“(....)
7. A interpretação que deve ser dada ao referido dispositivo legal é a de que, em relação à vítima
possuidora de incapacidade permanente de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos,
a ação penal seria sempre incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa incapaz de oferecer
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resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos, a ação penal permanece
condicionada à representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de evitar o
strepitus judicii.
9. No caso em exame, observa-se que, embora a suposta vítima tenha sido considerada incapaz
de oferecer resistência na ocasião da prática dos atos libidinosos, esta não é considerada
pessoa vulnerável, a ponto de ensejar a modificação da ação penal. Ou seja, a vulnerabilidade
pôde ser configurada apenas na ocasião da ocorrência do crime. Assim, a ação penal para o
processamento do crime é pública condicionada à representação. (....)”
Salientamos, por oportuno, que o termo strepitus judicii, empregado no acórdão, significa escândalo
provocado pelo ajuizamento da ação penal.
Como se pode observar no conteúdo da resposta da alternativa “(b)”, o STJ faz distinção entre
vulnerabilidade permanente e temporária.
Insta salientar que o professor Bruno Gilaberte, delegado de polícia do Estado do Rio de Janeiro e membro
da banca examinadora de Direito Penal deste concurso, possui o mesmo entendimento, conforme se
depreende em sua obra:
“Ainda que esta tenha por um período tênue sua capacidade cognitiva obnubilada, em curto
espaço de tempo já se torna apta a conveniência de suprir a condição de procedibilidade.
Portanto, fica claro que a exceção legal somente tem aplicação aos casos de incapacidade
prolongada. (GILABERTE, Bruno. Crimes Contra a Dignidade Sexual. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 2014, p. 103)
Como se pode observar, pela simples disposição do art. 225 do Código Penal, bem como no conteúdo
do comentário da alternativa “(a)”, é imperioso concluir que é possível dois tipos de ações penais públicas.
Uma condicionada como regra e outra incondicionada.
“Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
condicionada à representação.
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A revogação do crime de atentado violento ao pudor previsto no art. 214 do Código Penal pela lei
12.015/09 não implica na ocorrência da chamada abolitio criminis.
Inicialmente, ocorre abolitio criminis quando uma lei nova deixa de considerar relevante para o Direito Penal
um fato considerado crime, conforme previsão expressa no art. 2.º, caput, do Código Penal. Quando se
opera esse fenômeno legislativo e alguém estiver sendo investigado, processado ou condenado por fato
que deixa de ser considerado crime, ocorre também uma causa de extinção da punibilidade, conforme
art. 107, inc. III do Código Penal.
É unânime na doutrina que a norma proibitiva contida na disposição daquele artigo revogado passou a
constar na nova redação do novo art. 213 do Código Penal.
Quando isto ocorre se opera uma revogação somente formal. Materialmente a proibição continua
incindindo o que a doutrina denomina de princípio da continuidade típico-normativa ou princípio da
continuidade normativa. Em outas palavras, o artigo é revogado, mas a norma é transferida pelo outro
dispositivo. Este fenômeno nos auxilia, inclusive, a compreender ensinamentos da teoria geral do Direito
de que dispositivo ou artigo não se confunda com norma jurídica.
12. A despeito dos crimes contra a dignidade sexual, responda a resposta correta conforme
entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência:
b) O agente que mantém conjunção carnal com menor de 14 anos comete crime de
exploração sexual previsto no art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente.
d) Uma pessoa praticou o crime de estupro em 2008 e foi condenada a 7 anos de reclusão,
sendo ela reincidente específico em crime dessa natureza. Neste caso, poderá progredir de
regime após cumpridos 2/3 da pena.
e) Para a tipificação no crime de estupro se exige o contato físico entre a vítima e o agente.
COMENTÁRIO
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Ao responder a questão, o candidato deve ter cuidado quando a orientação for por entendimentos
majoritários, haja vista que poderá haver dentre as opções de respostas, afirmativas corretas à luz de
entendimentos doutrinários ou jurisprudenciais minoritários.
O STJ no âmbito do julgamento do REsp. 1480881/PI (2014/0207538-0), Relator Min. Rogerio Schietti
Cruz, j. em 26/08/2015, decidiu por unanimidade que um caso envolvendo uma menina de 11 anos de
idade que namorava um adulto de 25 anos de idade desde seus 8 anos, com consentimento dos pais
não poderia relativizar a vulnerabilidade prevista no estupro de vulnerável, conforme destacamos em um
de seus trechos:
“(....) 7. A modernidade, a evolução moral dos costumes sociais e o acesso à informação não
podem ser vistos como fatores que se contrapõem à natural tendência civilizatória de proteger
certos segmentos da população física, biológica, social ou psiquicamente fragilizados. No
caso de crianças e adolescentes com idade inferior a 14 anos, o reconhecimento de que são
pessoas ainda imaturas - em menor ou maior grau - legitima a proteção penal contra todo
e qualquer tipo de iniciação sexual precoce a que sejam submetidas por um adulto, dados os
riscos imprevisíveis sobre o desenvolvimento futuro de sua personalidade e a impossibilidade de
dimensionar as cicatrizes físicas e psíquicas decorrentes de uma decisão que um adolescente ou
uma criança de tenra idade ainda não é capaz de livremente tomar. (....)”
Está previsto no art. 217-A como crime de estupro de vulnerável “Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. A afirmativa não tem nenhuma relação com o crime
previsto no art. 244-A da lei 8069/90, que se trata de uma forma de lenocínio, conforme se depreende
da sua disposição:
“Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei,
à prostituição ou à exploração sexual:”
O crime previsto no art. 233 é um crime que tem como bem jurídico tutelado o senso de pudor coletivo
e, portanto, ocorre em um ambiente público, conforme se depreende do dispositivo em comento:
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“Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:”
Por esta razão a questão já estaria equivocada porque o enunciado afirma que o autor estava no interior
de sua residência. Esta análise, de per si, exclui a alternativa como correta.
No entanto, como o intuito do Curso CEI é estudarmos para concurso, aproveitamos e exploramos a
questão com outras possibilidades.
A automasturbação praticada pela pessoa na questão caracteriza o elemento normativo “ato libidinoso”
(GILABERTE, Bruno. Ob. cit., p. 83) e como o faz na presença de “menor de 18”, se este for menor de
catorze e o especial fim de agir é satisfação da lascívia própria ocorrerá o crime previsto no art. 218-A na
modalidade “praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria”. Acaso a masturbação seja no menor de 14 anos o crime será de estupro de vulnerável.
Em se tratando, desta mesma conduta, mas na presença de menor de 18 e maior de 14 anos o fato será
atípico.
Nesta alternativa, o candidato deveria se recordar que o estupro é crime hediondo conforme art. 1º,
V da lei 8.072/90. Atente-se que o crime ocorreu em 2008, portanto, após a alteração sofrida pela lei
11.464/07. Isto significa dizer, que a fração da progressão de regime que será aplicada será a de 2/5 se o
réu for primário e 3/5 acaso seja reincidente, conforme o art. 2º, §2º da lei 8.072:
“§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-
se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5
(três quintos), se reincidente”
A questão tenta confundir a fração da progressão de regime com do livramento condicional, que é de
2/3, conforme artigo 83, V do Código Penal. Portanto, a afirmativa está errada.
A doutrina é uniforme no entendimento de que o crime de estupro possui elementares como violência ou
grave ameaça que se empregadas contra a vítima e o sujeito ativo determine que a mesma se masturbe
para a satisfação da lascívia do autor, o crime ocorrerá, sendo desnecessário o contato físico da vítima
com o sujeito ativo. Cuidado, se o autor, mediante violência ou grave ameaça, se auto masturba na
presença da vítima sem tocá-la o fato será tipificado como constrangimento ilegal, conforme art. 146 do
Código Penal, posto que o art. 213, caput do CP, por descrever esta conduta como “praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso”, impinge dizer que a vítima deve participar do ato para a
caracterização do crime de estupro. (GILABERTE, Bruno. Ob. cit., p. 20)
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b) Movimentos reflexos.
COMENTÁRIO
Dentro do estudo do fato típico, primeiro substrato do crime ( juntamente com a ilicitude e a culpabilidade,
segundo a teoria tripartite utilizada pela doutrina e jurisprudência majoritárias), encontra-se a conduta.
São quatro os elementos do fato típico: conduta, resultado naturalístico, relação de causalidade (nexo
causal) e tipicidade.
A conduta possui como elementos (a) comportamento voluntário (dirigido a um fim), e (b) exteriorização
da vontade.
Caso fortuito ou força maior são os acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio
da vontade do ser humano. Força maior é um fato da natureza, (raio que provoca um incêndio, por
exemplo). Já o caso fortuito pé o acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo homem, com
causa desconhecida (cabo elétrico aéreo que sem saber o motivo se rompe e cai sobre fios telefônicos
causando incêndio e explosão de caldeira de usina, por exemplo).
Movimentos reflexos são a reação motora ou secretora em consequência de uma excitação dos sentidos.
Não se confunde com as ações em curto-circuito. Ex. médico bate com o martelo no joelho do paciente,
que chuta a boca de outrem.
Coação física irresistível (vis absoluta) ocorre nas hipóteses em que o agente, em razão de força física
externa, é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. O coagido serve
como instrumento do crime.
A embriaguez completa, voluntária ou culposa, não exclui a conduta. E a embriaguez completa involuntária
exclui a culpabilidade, terceiro requisito do crime (MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. v. 1. São
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a) Lei penal em branco homogênea é aquela na qual o complemento tem a mesma natureza
jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora.
c) Lei penal em branco inversa ou ao avesso ocorre quando o preceito primário é completo,
mas o secundário reclama complementação.
COMENTÁRIO
Quando a lei penal apresenta todos os elementos da conduta criminosa, é chamada de norma penal
completa.
Divide-se em:
a) Lei penal em branco homogênea (homóloga, em sentido lato): o complemento tem a mesma natureza
jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora.
Pode ser homovitelina, quando a lei incriminadora e seu complemento (outra lei) encontram-se no
mesmo diploma legal. Ex: art. 169, parágrafo único, I, do CP c/c art. 1.264 do CC (conceito de tesouro).
Ou heterovitelina, se estiverem alocadas em diplomas diversos. Ex: art. 312 do CP c/c art. 327 do CP
(conceito de funcionário público).
b) Lei penal em branco heterogênea (heteróloga, em sentido estrito): o complemento tem natureza
jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora.
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c) Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário reclama
complementação. A sanção penal só pode decorrer de lei, em razão do princípio da legalidade. Ex. arts.
1.° a 3.° da Lei 2.889/56 (crimes de genocídio).
d) Lei penal em branco ao quadrado: norma penal requer um complemento que, por sua vez, deve
também ser integrado por outra norma. Ex: art. 38 da Lei 9.605/98, Código Florestal (conceito de floresta
de preservação permanente) e área de preservação permanente mediante declaração de interesse social
por parte do Chefe do Poder Executivo.
b) Crimes omissivos ou de omissão são os cometidos por meio de uma conduta negativa,
de uma inação, de um não fazer.
c) Crimes omissivos próprios são aqueles nos quais o próprio tipo penal prevê a omissão,
respondendo o agente pelo delito a título de dolo.
d) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão ocorrem quando cada tipo
penal estabelece uma ação, porém o agente responde pelo crime na forma omissiva por
descumprir um dever jurídico de agir imposto pelo art. 13, §2º do CP, sempre a título de
dolo.
COMENTÁRIO
É muito importante conhecer a classificação dos crimes, cobrada de forma recorrente nos certames.
a) Crimes comissivos ou de ação: são os praticados mediante uma conduta positiva, um fazer, tal como
se dá no roubo (CP, art. 157). Nessa categoria se enquadra a ampla maioria dos crimes.
b) Crimes omissivos ou de omissão: são os cometidos por meio de uma conduta negativa, de uma
inação, de um não fazer. Subdividem-se em:
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b1) Crimes omissivos próprios: o próprio tipo penal prevê a omissão (ex: art. 135 do CP – omissão de
socorro), respondendo o agente pelo delito a título de dolo. Em princípio, é irrelevante a ocorrência de
resultado naturalístico.
Existe um dever genérico de agir que não é observado pelo destinatário da norma. Este dever, aliás, é
dirigido a todos indistintamente (dever de solidariedade).
b2) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: cada tipo penal estabelece uma ação (ex:
art. 121 do CP – homicídio), porém o agente responde pelo crime na forma omissiva por descumprir um
dever jurídico de agir imposto pelo art. 13, §2º do CP (seja por dever legal, posição de garantidor ou
ingerência), a título de dolo ou de culpa.
O omitente possuir o dever específico de agir para impedir a ocorrência do resultado (dever jurídico)
(MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado. v. 1. São Paulo: Método, 2014, p. 271).
Caso o crime omissivo impróprio ocorra na modalidade culposa, é chamado crime de olvido (delito de
esquecimento), nomenclatura pouco utilizada mas cobrada em concurso público recentemente.
DIREITO CONSTITUCIONAL
16. A evolução do constitucionalismo foi marcada por rupturas paradigmáticas, tendo a Revolução
Francesa como um dos principais marcos históricos. Acerca desse contexto, marque a assertiva
correta:
a) A Revolução Francesa deu início ao paradigma do Estado Social, com prevalência dos
direitos civis e políticos.
c) Com a Revolução Francesa, o poder interpretativo foi retirado do juiz, o qual passou
a ser conhecido como “boca da lei”, havendo a necessidade de consulta ao legislador na
hipótese de dúvidas do juiz diante de textos obscuros.
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prevalência do direito público sobre o direito privado, com uma atuação constante do
Estado a fim de evitar a manutenção dos problemas decorrentes da pré-modernidade.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de Hermenêutica Constitucional e Teoria Geral da Constituição de alto nível de
dificuldade, no qual o candidato deve ter conhecimento da história do constitucionalismo, em especial
do contexto envolvendo a Revolução Francesa e a Modernidade.
Para responder a questão, segue um breve trecho do livro Controle de Constitucionalidade para Concursos,
publicado pela Editora Juspodivm, de autoria deste Delegado de Polícia, o qual terá a 4ª edição neste
ano:
O direito é visto como a coisa devida a alguém, em razão de seu local de nascimento na
hierarquia social tida como absoluta e divinizada nas sociedades de castas, e a justiça se
realiza sobretudo pela sabedoria e sensibilidade do aplicador em “bem observar” o princípio
da equidade tomado como a harmonia requerida pelo tratamento desigual que deveria
reconhecer e reproduzir as diferenças, as desigualdades, absolutizadas da tessitura social (a
phronesis aristotélica, a servir de modelo para a postura do hermeneuta).
O Estado Liberal, tal como o Estado de Direito, consistiu numa resposta direta à Monarquia e
aos abusos cometidos pelos órgãos detentores do Poder. Nesse período, foram reconhecidos
os primeiros direitos fundamentais, conhecidos como direitos de primeira geração, que
abrangem os aspectos civis e políticos. São direitos negativos, que determinam uma não
atuação do Estado, em razão da grande ingerência que até então este possuía na vida social
e política.
Como decorrência da predominância dos direitos civis e políticos, a relação entre o direito
privado (atuação do particular) e o direito público (atuação do Estado) era nitidamente
1 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos pragmáticos da interpretação jurídica sob o paradigma do Estado Democrático
de Direito. Revista brasileira de Direito Comparado. Belo Horizonte: Mandamentos, v. 3, p. 476 e 477, 1999.
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(...)
Nesse período, a interpretação era tão restrita que, no caso francês, limitava-se a um órgão:
o Tribunal de Cassação. Inexistia para o juiz atividade hermenêutica, uma vez que se limitava
a subsumir a lei ao caso concreto, com o papel de “boca da lei”. Carvalho Netto2 sintetiza a
atividade interpretativa do juiz no Estado Liberal:
É claro que sob este primeiro paradigma constitucional, o Estado de Direito, a questão da
atividade hermenêutica do juiz só poderia ser vista como uma atividade mecânica, resultado
de uma leitura direta dos textos que deveriam ser claros e distintos, e a interpretação algo a
ser evitado mesmo pela consulta ao legislador na hipótese de dúvidas do juiz diante de textos
obscuros e intrincados. Ao juiz é reservado o papel de mera “bouche de la loi”.
(...)
O sentido exclusivo de tamanha vinculação do Poder Judiciário à lei, baseada num modelo
clássico de separação de poderes, tinha por finalidade submetê-lo à vontade popular, que
nada mais era do que a atuação do Poder Legislativo. Se a lei era criada pelo Poder
Legislativo, representante do povo, somente este Poder poderia interpretar a lei. Como foi
explicado, essa divisão estanque de funções foi justificada pela necessidade de se limitarem os
poderes decisórios dos magistrados, a fim de não retroagir a um período histórico marcado
por desigualdades.
a) A assertiva “a” está incorreta, pois, como consta do texto, a prevalência dos direitos civis e
políticos ocorreu no paradigma do Estado Liberal.
b) A assertiva “b” está incorreta, uma vez que a ideia do direito como instrumento de manipulação
das massas e de manutenção dos privilégios das classes correspondia à pré-modernidade.
d) A assertiva “d” está incorreta. Logo após a revolução francesa houve a prevalência do direito
privado sobre o direito público.
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e) A assertiva “e” está incorreta, pois o contexto narrado se refere ao Estado Social. O Estado liberal,
por outro lado, era direcionado a uma economia de mercado com prevalência de uma omissão
estatal.
COMENTÁRIO
O poder constituinte originário compreende o poder responsável pela criação da Constituição Federal.
Já o poder constituinte derivado consiste na capacidade de alterar a Constituição Federal e de criar a
Constituição Estadual.
Boa parte da doutrina defende o poder constituinte como um poder ilimitado e incondicionado na
criação de uma nova Constituição. Contudo, cresce na doutrina que tal entendimento seria equivocado
por existirem alguns limites ao poder constituinte, valendo citar dois:
Limites Transcendentes: são aqueles advindos do direito natural (princípios eternos, imutáveis), de
valores éticos (valores ligados à moral) ou da consciência jurídica coletiva (valores adotados pela
coletividade).
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Ferdinand Lassalle, em sua obra “A Essência da Constituição” não trabalho o tema do Poder Constituinte.
A obra trata do verdadeiro significado da Constituição, a qual não estaria presa em uma folha de papel
ou em uma previsão legal. O autor distingue a constituição “folha de papel” (a constituição escrita),
da constituição real que tem por base os “fatores reais e efetivos do poder que naquele país vigem”,
sendo que a longevidade de uma Constituição decorre da aproximação entre a constituição escrita e a
constituição real. Ademais, trata-se de um livro pequeno e de leitura fácil, disponível na internet:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/constituicaol.html
O Poder Constituinte, como doutrina, teve início em 1798 com Emmanuel Sieyès, em seu livro “O que é o
Terceiro Estado?”. Esse livro trouxe basicamente duas ideias revolucionárias para a época:
http://www.olibat.com.br/documentos/O%20QUE%20E%20O%20TERCEIRO%20ESTADO%20
Sieyes.pdf
Para melhor aprofundar a resposta, segue um trecho da dissertação de mestrado do Delegado de Polícia3
que organiza a presente questão:
O Poder Constituinte, como doutrina, teve início em 1798, com Emmanuel Sieyès, em seu livro
“O que é o 3° Estado?”. Esse livro trouxe basicamente duas ideias revolucionárias: de um lado,
afirmou que a vontade do Poder Constituinte era a vontade da nação e, por outro lado, fez
distinção entre poder constituinte originário e poder constituinte derivado.
Desde 1302, o monarca francês Felipe IV – “O belo” – criou os Estados Gerais do Reino, que
tinham por fim auxiliar o rei como um órgão consultivo e deliberativo. Tal órgão era dividido
em três classes: o clero, a nobreza e a burguesia (também conhecida como o Terceiro Estado).
O voto era por classe, independentemente da porcentagem da população que cada classe
representava. Desse modo, como a aproximação entre clero e nobreza era nítida, a burguesia
3 ZANOTTI, Bruno Taufner. Mutação (in)constitucional do controle difuso de constitucionalidade. Disponível em: << http://www.
dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp136554.pdf>>. Acesso em 11.2.16.
pág. 60
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Desde a sua última convocação, em 1614, os Estados Gerais foram convocados por Luís XVI
duas vezes, em 1774 e 1787, mas não lograram sucesso pelos mesmos motivos anteriores: os
dois primeiros estados juntos detinham a maioria dos votos e não concordavam em pagar
tributos e, portanto, boicotavam a convocação (JEVEAUX, 2008, p. 82).
A situação se desenvolveu de tal modo que o Terceiro Estado passou a questionar o seu papel
nos Estados Gerais do Reino, de modo a fazer três pedidos ao monarca, todos analisados
por Emmanuel Sieyès em seu livro. Em síntese, os pedidos giravam em torno da busca do
proletariado por maior representação e da sua luta pelo até então inexistente poder político
decisório.
O primeiro pedido dizia respeito à limitação dos representantes do Terceiro Estado nos
Estados Gerais do Reino: “que os representantes do Terceiro Estado sejam escolhidos apenas
entre os cidadãos que realmente pertençam ao Terceiro Estado” (SIEYÈS, 2001, p. 16). O autor
complementa, afirmando que “para pertencer realmente ao Terceiro Estado, era necessário
não possuir nenhuma espécie de privilégio” (SIEYÈS, 2001, p. 16).
Essa petição era uma resposta direta a alguns representantes do Terceiro Estado que possuíam
certos privilégios, mas que não chegavam a compor a Nobreza ou o Clero. Em outras
palavras, no Terceiro Estado deveria imperar a igualdade (formal) entre seus membros, sem
qualquer tipo de benesse que colocasse um em condição mais favorável em relação ao outro.
Essa questão era tão nítida, que, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, fruto
da Revolução Francesa, foi positivado, em seu artigo primeiro, que “os homens nascem e
permanecem livres e iguais perante a lei; as distinções sociais não podem ser fundadas senão
sobre a utilidade comum”.
O segundo pedido teve relação com o número de deputados, que deveriam ser em número
igual ao total dos deputados da classe dos nobres e dos cleros. Sieyès (2001, p. 21) teceu
críticas contundentes a tal petição, já que esse pedido não resolveria o problema político
do Terceiro Estado, pois ele continuaria sem uma representatividade adequada nos Estados
Gerais do Reino. A votação, na melhor das hipóteses, terminaria empatada. Nesses termos,
cabe salientar as seguintes palavras de Sieyès (2001, p. 21):
No que diz respeito à população, sabemos a imensa superioridade que a terceira ordem tem
sobre as duas primeiras. Ignoro, como todo o mundo, qual é a verdadeira proporção, mas
como todo o mundo, me permito fazer meus cálculos.
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Por fim, no terceiro pedido (SIEYÈS, 2001, p. 25), o Terceiro Estado defendeu que os votos nos
Estados Gerais deviam se dar por cabeça e não mais por ordem (classe).
Por intermédio desses pedidos, fica claro que o Terceiro Estado, que até então era nada,
buscava ser alguma coisa. A classe proletariada possuía as forças de produção, gerenciava o
comércio, gerava riqueza, mas não possuía força política e nem representatividade eleitoral.
Isso é visualizado nas seguintes palavras de Sieyès (2001, p. 3 e 4):
Quem ousaria assim dizer que o Terceiro Estado não tem em si tudo o que é preciso para
formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que está ainda com um braço
preso. Se se suprimisse as ordens privilegiadas, isso não diminuiria em nada a nação; pelo
contrário, lhe acrescentaria. Assim, o que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo entravado e
oprimido. O que seria ele sem as ordens de privilégios? Tudo, mas um tudo livre e florescente.
Nada pode funcionar sem ele, as coisas iriam infinitamente melhor sem os outros.
Como o monarca não aceitou todos os pedidos propostos, o Terceiro Estado, adotando a
teoria desenvolvida por Emmanuel Sieyès, dá início à Revolução Francesa, declara-se em
Assembleia Constituinte, em 9 de julho de 1789, de modo a estabelecer um poder supremo,
capaz de mudar a ordem posta (JEVEAUX, 2008, p. 83). Como fruto dessa Assembleia, em
26 de agosto de 1789, foi promulgada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e,
posteriormente, a Constituição Francesa.
Para o Terceiro Estado fazer as referidas alterações e impor sua vontade, seria necessário
um poder que não estivesse vinculado à ordem jurídica vigente. Para tanto, Sieyès (2001,
p. 4) desenvolve a teoria do Poder Constituinte, atribuindo sua titularidade à nação (ordem
comum), que é por ele conceituada como “um corpo de associados que vivem sob uma lei
comum e representados pela mesma legislatura”.
Ainda em relação ao conceito de nação, Sieyès analisa se o clero e a nobreza, por terem
privilégios, fariam parte dessa nação. Nesse ponto, faz o questionamento que segue:
Será certo que a ordem nobre tenha privilégios, que ela ousa chamar de seus direitos,
separados dos direitos do grande corpo de cidadãos? Ela sai assim da ordem comum, da lei
comum. Desse modo, seus direitos fazem dela um povo à parte na grande nação (SIEYÈS,
2001, p. 4).
Diante do exposto, consegue Emmanuel Sieyès restringir o Terceiro Estado somente à classe
que até então sofria pela opressão, colocando nas mãos deste o destino da Revolução Francesa
e a busca por uma representatividade nas decisões do Estado, usando como instrumento a
teoria do Poder Constituinte.
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18. De acordo com o Supremo Tribunal Federal e com a legislação pátria, marque a assertiva
correta acerca do princípio da proporcionalidade ou razoabilidade:
COMENTÁRIO
No paradigmático caso envolvendo o escritor e editor Siegfried Ellwanger, o STF4 aplicou a proporcionalidade
para condená-lo à prisão por fazer apologia a ideias preconceituosas e discriminatórias contra a comunidade
judaica, por meio de edição e publicação de obras escritas veiculando ideias antissemitas. O Ministro
Gilmar Mendes, em seu voto, faz a análise de cada um dos substratos do princípio da proporcionalidade,
como se observa abaixo:
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Também não há dúvida de que a decisão condenatória, tal como proferida, seja necessária,
sob o pressuposto de ausência de outro meio menos gravoso e igualmente eficaz. Com
efeito, em casos como esse, dificilmente vai se encontrar um meio menos gravoso a partir da
própria definição constitucional. Foi o próprio constituinte que determinou a criminalização e
a imprescritibilidade da prática do racismo. Não há exorbitância no acórdão.
Tal como anotado nos doutos votos, não se trata, aqui, sequer de obras revisionistas da
História, mas de divulgação de ideias que atentam contra a dignidade dos judeus. Fica
evidente, igualmente, que se não cuida, nos escritos em discussão, de simples discriminação,
mas de textos que, de maneira reiterada, estimulam o ódio e a violência contra os judeus.
Ainda assim, o próprio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul agiu com cautela na
dosagem da pena, razão pela qual também aqui a decisão atende ao princípio da “proibição
do excesso”.
O STF segue a doutrina alemã de Robert Alexy e a proporcionalidade é formada pelos seguintes substratos
ou subprincípios:
De acordo com o STF, a proporcionalidade está prevista implicitamente na Constituição Federal, como
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O princípio da proporcionalidade é, de fato, utilizado pelo STF como instrumento que busca solucionar
a colisão entre princípios e entre direitos fundamentais; contudo, não existe revogação do direito
fundamental ou do princípio que não passa pelos substratos da proporcionalidade. Diferentemente dos
conflitos de regras que ocorrem no plano da validade, a colisão de princípios ou direitos fundamentais
ocorre no plano do peso ou do valor ou da importância. Em razão disso, a colisão de princípios não
resulta na expulsão daquele que não foi utilizado, já que o peso de um foi maior que o do outro em
determinado caso. Posta essa premissa, se determinado princípio ou direito fundamental não é aplicado
no caso in concreto, isso não importa na sua revogação, mas tão somente no fato de que, para aquela
hipótese, o seu valor ou peso foi mais fraco do que o valor de outro princípio. A não aplicação de certo
princípio não importa na sua expulsão do sistema, uma vez que seu plano de atuação é distinto das
regras. Do mesmo modo, a não aplicação determinante de um princípio em um caso específico não
significa que, no futuro, ele não possa ser aplicado, então de forma preponderante. Entendimento em
sentido contrário, importaria na revogação pelo STF de inúmeros princípios e direitos ao longo dos anos,
o que, reitera-se, não ocorreu.
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19. Acerca das características dos direitos fundamentais, marque a assertiva incorreta:
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível fácil, no qual o candidato deve analisar as assertivas e marcar a resposta
incorreta. Em regra, as características dos direitos fundamentais possuem nomenclaturas auto explicáveis,
mas duas observações se fazem necessárias para responder a questão:
Está correta a utilização da nomenclatura “efeito cliquet” como sinônimo de vedação ao retrocesso,
uma vez que o termo é muito utilizado no alpinismo para designar a ideia de que o alpinista não
pode retroceder na medida em que ele avança na escalada da montanha;
20. O Conselho Nacional de Justiça, criado em 2004 pela Reforma do Poder Judiciário, tem por
finalidade:
pág. 66
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dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura, reformar as decisões dos magistrados contrárias
às decisões do STF.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível médio/alto de dificuldade, na qual o candidato deve ter conhecimento
das normas constitucionais e, de forma reflexiva, da jurisprudência do STF.
Para responder as alternativas “a”, “b”, “c” e “d”, todas INCORRETAS, basta o candidato conhecer os
seguintes dispositivos da Constituição Federal:
(...)
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais
e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da
competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares
em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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(...)
A resposta correta consta da alternativa “e” e pode ser verificada pelos julgados abaixo do STF, uma vez
que o CNJ e o CNMP podem disciplinar matérias de forma geral e abstrata, com fundamento direto na
Constituição Federal. Com base nesse fundamento, o instrumento de controle de constitucionalidade de
tais atos é uma ADI e não um Mandado de Segurança:
Ainda sobre o tema, conferir a ADI-MC 128, julgada pelo STF em 2006.
6 MS 33464 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 24/03/2015.
7 MS 28293 ED, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2013
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21. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, e tem a Polícia
Civil como um dos seus principais órgãos. De acordo com a Constituição Federal e a legislação
vigente, marque a assertiva correta:
d) Não havendo autoridade policial no lugar em que a Polícia Militar efetuar a prisão em
flagrante de um cidadão, o preso poderá ser apresentado ao oficial da Polícia Militar para
análise da manutenção da sua prisão.
COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão de nível médio de dificuldade, na qual o candidato deve ter conhecimento das
normas constitucionais e, de forma reflexiva, do Código de Processo penal e outras regulamentações.
Para responder as alternativas “a” e “b” basta conhecer os seguintes dispositivos da Constituição Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
IV - polícias civis;
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Para responder as letras “c” e “d”, além do art. 144, §§ 4º e 5º, da Constituição Federal, acima mencionado,
o candidato deve conhecer o seguinte dispositivo do CPP:
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será
logo apresentado à do lugar mais próximo.
Ademais, em relação às letras “c” e “d” a atividade do Policial Militar, seja para presidir procedimento
investigativo, seja para analisar eventual prisão em flagrante, incidiria em grave inconstitucionalidade (e,
por via de consequência, em desvio de função, com as devidas consequências criminais e administrativas),
já que estaria atuando em atividades típicas da Polícia Civil, atribuídas constitucionalmente aos Delegados
de Polícia. Tanto que a alegação de inexistência de Autoridade Policial em determinado Município não
pode servir de argumento para usurpação da atividade da Polícia Civil pela Polícia Militar, o que, por si só,
justifica a existência do art. 308 do CPP.
A questão abordada na alternativa “e” requer do candidato muito cuidado. O tema, inclusive, pode ser
abordado em questões discursivas e orais, na medida em que existe um grande embate sobre o ponto
levantado em alguns Estados da Federação, como Minas Gerais. Sobre uma completa abordagem do
tema, portanto, sugiro a leitura do artigo “Homicídio cometido por policial militar contra civil: atribuição
investigativa da polícia civil ou da polícia militar?”, de minha autoria. Link:
http://pensodireito.com.br/03/index.php/component/k2/item/74-homic%C3%ADdio-cometido-por-
policial-militar-contra-civil-atribui%C3%A7%C3%A3º-investigativa-da-pol%C3%ADcia-civil-ou-da-
pol%C3%ADcia-militar
Ademais, o conteúdo do artigo também consta do meu livro “Delegado de Polícia em Ação”, publicado
pela Editora Juspodivm:
https://www.editorajuspodivm.com.br/autores/detalhe/231
pág. 70
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COMENTÁRIO
Trata-se de uma questão com um bom nível de dificuldade, uma vez que requer conhecimento da
legislação e da jurisprudência dos Tribunais Superiores. Assim, cada um dos cinco comentários abaixo
seguem, respectivamente, os cinco itens acima:
• O amicus curiae está previsto não só para as ações do controle concentrado de constitucionalidade,
como também para as ações do controle difuso de constitucionalidade, nos termos art. 950, § 3º,
do atual CPC;
• Essa é a posição pacífica do STF, de modo que a manifestação do amicus curiae não se limita à
forma escrita, admitindo-se também a sua sustentação oral9. Inclusive, essa jurisprudência foi
incorporada ao seu Regimento Interno em 2004 (art. 131, § 3°, do Regimento Interno).
9 . Jurisprudência pacífica do STF que, em 2004, foi incorporada ao seu Regimento Interno (art. 131, § 3°, do Regimento
Interno).
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• O equívoco da assertiva “c” está na sua parte final. Apesar de estar previsto expressamente no art.
7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99 que a admissão de terceiros (como o amicus curiae) é feita pelo
Relator em despacho irrecorrível, o STF admite a interposição de recurso pelo amicus curiae
exclusivamente “para impugnar a decisão de não-admissibilidade de sua intervenção nos autos”. 10
• De acordo com o art. 3º, § 2º, da Lei nº 11.407/06, que regulamenta a súmula vinculante, “no
procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator
poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”.
Ainda que se trate de ação constitucional que cuide de interesses que extrapolam o das
partes diretamente envolvidas, não se me afigura pertinente o pedido de assistência,
mormente tendo em vista o caráter restritivo que o Código de Processo Penal atribui a esse
tipo de legitimado na persecução criminal.
Todavia, conforme bem anotado no parecer ministerial, se mostra bastante razoável a admissão
das organizações da sociedade civil Requerentes na condição de amicus curiae, mormente
tendo em conta sua efetiva atuação no caso em apreço, inclusive como agentes provocadores
dos organismos responsáveis por garantir os direitos humanos.
DIREITO CIVIL
23. O julgamento do RE 201819 foi concluído no final de 2005. No caso, analisou-se a possibilidade
de as associações retirarem um sócio da entidade privada, nos termos do art. 57 do Código Civil,
sem que fosse a ele oportunizado o contraditório e a ampla defesa. Apesar de não existir previsão
legal acerca do contraditório e da ampla defesa para o caso narrado, o STF entendeu acerca da
aplicação imediata de tais direitos na mencionada relação privada. Nos termos do Código Civil,
como se encontra regulamentada a situação atualmente?
10 . ADI-ED 3615, julgada em 17/3/2008, Rel. Ministra Cármen Lúcia. No mesmo sentido, ADI 5022, julgada em 18/12/2014.
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a) O caso narrado, julgado em sede de Recurso Extraordinário, não possui eficácia erga
omnes, de modo que, atualmente, aos sócios excluídos não serão oportunizados os direitos
constitucionais do contraditório e da ampla defesa por ocasião de suas exclusões, devendo
tais sócios excluídos buscarem o Poder Judiciário caso se sintam lesados.
d) O caso narrado possui eficácia erga omnes, de modo que, atualmente, aos sócios
excluídos serão oportunizados os direitos constitucionais do contraditório e da ampla
defesa por ocasião de suas exclusões, mesmo que não exista previsão legal nesse sentido.
COMENTÁRIO
O atual Código Civil, quando da sua publicação, trouxe, no art. 57 do CCB, a seguinte prescrição legal:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto
no estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência
de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à
assembleia geral especialmente convocada para esse fim.
Acontece que, determinada associação excluiu um dos seus sócios com base no art. 57 do CCB, sem que
a ele fosse oportunizado contraditório e ampla defesa, já que inexistia previsão nesse sentido na lei e no
estatuto. Houve a judicialização do conflito, o qual chegou ao STF por meio do Recurso Extraordinário
201819. O julgamento do RE 201819 teve início em 2004 e o Ministro Gilmar Mendes abriu divergência ao
não seguir a Ministra relatora Ellen Grecie e proferiu um voto acerca da aplicação dos direitos fundamentais
nas relações privadas (eficácia horizontal dos direitos fundamentais) nos seguintes termos:
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Na época, houve considerável repercussão do voto, o que diretamente influenciou na alteração legislativa
que deu nova redação ao art. 57 do CCB, nos seguintes termos:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida
em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no
estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Deve-se ressaltar, por fim, que a decisão tomada no RE 201819 ocorreu em sede de controle difuso de
constitucionalidade, desprovido de eficácia erga omnes, em especial porque inexistiu qualquer suspensão
do dispositivo do CCB pelo Senado, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal.
24. De acordo com o Código Civil, assinale a resposta correta acerca do domicílio do Policial Civil:
d) Será, a sua escolha, tanto o local de sua residência, quanto o seu local de trabalho.
COMENTÁRIO
A questão abordada requer do candidato conhecimentos básicos da parte geral do Código Civil, em
12 . RE 201819, julgado em 11/10/2005, Rel. para acórdão Ministro Gilmar Mendes, conforme noticiado no Inf. 405 do STF.
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Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar
onde for encontrada.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
O funcionário público possui domicílio necessário, sendo o lugar em que o mesmo exerce permanentemente
as suas funções.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Quanto ao excesso de poder, pode-se compreender que o agente não prescinde de suas
atribuições.
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COMENTÁRIO
Não se pode delegar o poder de polícia ao particular, conforme preceitua Marçal Justen Filho:
Veda-se a delegação do poder de polícia a particulares não por alguma qualidade essencial ou
peculiar à figura, mas porque o Estado Democrático de Direito importa o monopólio estatal da
violência (JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. São Paulo: Fórum, 5ª ed, p.
556).
Assim, o Estado não pode transferir a terceiros as atividades de imposição coercitiva. No entanto, algumas
atividades materiais acessórias ou conexas ao exercício do poder de polícia podem ser transferidas ao
exercício de particulares.
Embora a adstrição do agente público aos mandamentos legais seja exigida, não há liberdade de ação
no exercício do poder vinculado. Alexandre Mazza nos diz:
Fala-se em poder vinculado ou poder regrado quando a lei atribui determinada competência
definindo todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para
o agente público escolher a melhor forma de agir. Onde houver vinculação, o agente público
é um simples executor da vontade legal. O ato resultante do exercício dessa competência é
denominado ato vinculado. Exemplo de poder vinculado é o de realização do lançamento
tributário (art. 3º do CTN) (MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo:
Saraiva, 2ª ed, 2012, p. 253).
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai
além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto,
sua competência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da
Administração fora do que a lei lhe permite (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 38ª ed, 2012, p. 117).
Deste modo, entende-se que no excesso de poder, o agente ultrapassa aquilo que poderia fazer em suas
atribuições, atuando fora de seus limites.
As lições de Alexandre Mazza elucidam a assertiva. O autor nos diz que o poder hierárquico:
É um poder interno e permanente exercido pelos chefes de repartição sobre seus agentes
pág. 76
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1ª RODADA - 22/02/2016
subordinados e pela administração central em relação aos órgãos públicos consistente nas
atribuições de comando, chefia e direção dentro da estrutura administrativa. Assim como o
disciplinar, o poder hierárquico é interno à medida que não se aplica a particulares. Mas, ao
contrário daquele, o poder hierárquico é exercido permanentemente, e não em caráter episódico,
como ocorre com o poder disciplinar (MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo.
São Paulo: Saraiva, 2ª ed, 2012, p. 259).
A taxa de polícia decorre, sempre, da efetiva realização de atividades ou diligências públicas no interesse
do contribuinte, ou seja, do real exercício do poder de polícia. A Constituição Federal é clara acerca do
assunto:
Art. 145, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição.
e) A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
COMENTÁRIO
pág. 77
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2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
Segundo a doutrina majoritária, encabeçada por Hely Lopes Meirelles, a publicidade não é requisito de
validade do ato administrativo, mas de eficácia. Para tal compreensão, é importante deixarmos claro
as distinções básicas entre ato perfeito, válido e eficaz. Ato perfeito é aquele que concluiu seu ciclo de
formação (agente, forma, finalidade, motivo e objeto) e os requisitos de validade. Ato válido, por sua vez,
é o ato legal (os elementos do ato administrativo válido estão em conformidade com a lei). Ato eficaz é
o ato que não depende de termo inicial, condição suspensiva ou confirmação de outra autoridade para
produzir efeitos. Assim, se um agente público assina um ato, mas não o envia para publicação no Diário
Oficial, por exemplo, o ato existe e é válido, pois é legal, mas é ineficaz.
Deve-se destacar, entretanto, que embora os atos administrativos tragam situações de fato presumidas
como verdadeiras, reais e que desfrutam de fé pública, as presunções de legalidade e veracidade dos
atos administrativos são relativas, admitindo prova em contrário pelo particular interessado. Segue
entendimento do STF sobre a questão:
A nomeação de parentes até o terceiro grau para cargos em comissão é chamada nepotismo. Proíbe-
se, ademais, a modalidade de nepotismo cruzado ou transverso (ex: A, parente de A1, é nomeado no
gabinete de B1, enquanto B, parente de B1 é nomeado no gabinete de A1). Tal entendimento é sumulado
no Supremo Tribunal Federal com efeito vinculante. Segue:
Súmula Vinculante 13, STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
pág. 78
CEI-DELEGADO
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2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
A atividade do administrador deve se submeter à vontade popular, visto que o povo é o verdadeiro titular
do interesse público. Nos ensinamentos de Marçal Justen Filho,
O princípio da autotutela traz que a Administração Pública tem o poder de controlar seus próprios atos,
podendo anulá-los (se ilegais) ou revogá-los (se inconvenientes ou inoportunos), sem a ingerência do
Poder Judiciário. A assertiva traz o perfeito teor da Súmula 473, STF, texto este em conformidade ao art.
53, Lei nº 9.784/99:
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
I. Lei estadual que admita agentes administrativos pelo regime especial temporário
prescinde de motivação.
II. A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva.
III. Conforme o conceito restrito, todas as pessoas que servem ao poder público, transitória
ou definitivamente, de modo remunerado ou não, são consideradas servidores públicos.
a) Somente I.
b) Somente II.
c) Somente III.
d) II e III.
pág. 79
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2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
e) I, II e III.
COMENTÁRIO
A temática dos servidores públicos na seara administrativa tem altíssima incidência nos certames para
Delegado de Polícia Civil. Fique atento! A seguir, comentários item por item.
Item I) INCORRETO.
O conceito trazido pela assertiva é o de agentes públicos, não de servidores públicos. Ademais, o conceito
de agente público é em sentido amplo, pois abrange espécies, não restrito.
Assim, considerando que somente o item II está correto, a alternativa a ser assinalada é a letra B.
III. Entende-se por caducidade na concessão de serviços públicos a transferência dos bens
do concessionário para o poder concedente, ao final do contrato de concessão.
pág. 80
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2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
a) V – F – F –V.
b) V – V – F – F.
c) F – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – F – V – F.
COMENTÁRIO
Item I) VERDADEIRO.
O item nos traz a reprodução, em outros termos, do art. 25 da Lei nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime
de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal.
Assim:
A assertiva é correta quando diz ser válida a previsão de mecanismos privados para a resolução de
disputas relacionadas ao contrato, mas, ao excetuar a arbitragem como forma de dirimir as contendas,
encontramos o erro. O art. 23-A da Lei nº 8.987/95 é cristalino ao dispor que
O contrato de concessão pode ser extinto por advento do termo contratual, encampação,
pág. 81
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1ª RODADA - 22/02/2016
Assim, considerando que os itens I e IV são corretos, a alternativa a ser assinalada é a letra A.
29. Segundo a atual jurisprudência do STF quanto ao direito subjetivo à nomeação do candidato
aprovado em concurso público, analise as seguintes proposições:
II. Há direito subjetivo à nomeação quando houver preterição na nomeação por não
observância da ordem de classificação;
III. Quando for realizado novo concurso para o mesmo cargo, dentro do prazo de validade
do concurso anterior, há automático direito subjetivo à nomeação aos candidatos aprovados
fora das vagas previstas inicialmente;
IV. Há direito subjetivo à nomeação quando surgirem novas vagas, durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por
parte da administração.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I, II e III.
pág. 82
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2ª EDIÇÃO
1ª RODADA - 22/02/2016
d) Apenas I, II e IV.
COMENTÁRIO
A questão exige do aluno o conhecimento atualizado da jurisprudência, tão importante à preparação aos
certames para Delegado de Polícia.
Neste tema, o STF reconheceu a repercussão geral no Recurso Extraordinário 837311/PI. A tese fixada para
efeito de repercussão geral assinala que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso
para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o
direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses
de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração. Assim, a alternativa correta é a letra d
(itens I, II e IV verdadeiros). Segue a transcrição para conhecimento:
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante
o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição
arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito
ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do
aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo
candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público
exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas
dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por
parte da administração nos termos acima. Essa a tese que, por maioria, o Plenário fixou para
efeito de repercussão geral. Na espécie, discutia-se a existência de direito subjetivo à nomeação
de candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital de concurso público, no
caso de surgimento de novas vagas durante o prazo de validade do certame. Em 14.10.2014, a
Corte julgou o mérito do recurso, mas deliberara pela posterior fixação da tese de repercussão
geral — v. Informativo 803. O Ministro Luiz Fux (relator) destacou que o enunciado fora resultado
de consenso entre os Ministros do Tribunal, cujo texto fora submetido anteriormente à análise.
Vencido o Ministro Marco Aurélio, que se manifestava contra o enunciado, porque conflitava
com as premissas lançadas pela corrente vitoriosa no julgamento do recurso extraordinário.
Aduzia que a preterição se caracterizava quando, na vigência do concurso, convocava-se novo
certame, a revelar a necessidade de se arregimentar mão de obra (STF, RE 837311/PI, rel. Min.
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30. Considerando a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa incorreta.
b) A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes
de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
COMENTÁRIO
É o exato teor do julgamento do STF no RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).
Isso porque, de acordo com o art. 18, X, da Lei 8.080/1990, compete ao município celebrar contratos
e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e
avaliar a respectiva execução. Nesse contexto, não se deve confundir a obrigação solidária dos
entes federativos em assegurar o direito à saúde e garantir o acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, com a responsabilidade civil do
Estado pelos danos causados a terceiros. Nesta, o interessado busca uma reparação econômica
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É possível, sim, que membro do Ministério Público perca a função em ação civil pública de improbidade
administrativa. Neste sentido é a jurisprudência do STJ:
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estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a
lei anterior”. Com efeito, a previsão legal de que o Procurador-Geral de Justiça ou o Procurador-
Geral da República ajuizará ação civil específica para a aplicação da pena de demissão ou
perda do cargo, nos casos elencados na lei, dentre os quais se destacam a prática de crimes
e os atos de improbidade, não obsta que o legislador ordinário, cumprindo o mandamento
do § 4º do art. 37 da CF, estabeleça a pena de perda do cargo do membro do MP quando
comprovada a prática de ato ímprobo, em ação civil pública própria para sua constatação. Na
legislação aplicável aos membros do MP, asseguram-se à instituição as providências cabíveis
para sancionar o agente comprovadamente ímprobo e, nos exatos termos das garantias
que prevê, exige o ajuizamento de ação judicial específica para tanto. Na nominada Lei de
Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992), o legislador amplia a legitimação ativa, ao prever
que a ação será proposta “pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada” (art. 17).
Não há, portanto, competência exclusiva do Procurador-Geral. Dessa forma, não há somente
uma única via processual adequada à aplicação da pena de perda do cargo a membro do MP.
Assim, a demissão ou perda do cargo por ato de improbidade administrativa (art. 240, V, “b”, da
LC 75/1993) não só pode ser determinada por sentença condenatória transitada em julgado em
ação específica, cujo ajuizamento deve ser provocado por procedimento administrativo e é da
competência do Procurador-Geral, conforme se extrai da Lei 8.429/1992, c/c com o parágrafo
único do art. 208 da LC 75/1993, como também pode ocorrer em decorrência do trânsito em
julgado da sentença condenatória proferida em ação civil pública prevista na Lei 8.429/1992.
Essa conclusão é decorrência lógica do comando inserto no caput do art. 12 da Lei 8.429/1992:
“Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato”. REsp 1.191.613-
MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015, DJe 17/4/2015.
Para concessão de auxílio-reclusão, não se aplica aos servidores públicos estatutários ocupantes
de cargos efetivos a exigência de baixa renda prevista no art. 13 da EC 20/1998. Isso porque o
referido dispositivo legal foi dirigido apenas aos servidores públicos vinculados ao Regime Geral
da Previdência Social (RGPS). Ademais, por ocasião do julgamento do RE 486.413-SP, o STF
examinou a questão do auxílio-reclusão sob a ótica de saber se, para sua concessão, a renda
a ser considerada é a do próprio segurado preso ou aquela de seus dependentes. Naquela
oportunidade, o STF assentou que “a Constituição circunscreve a concessão do auxílio-reclusão
às pessoas que: (i) estejam presas; (ii) possuam dependentes; (iii) sejam seguradas da Previdência
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Social; e (iv) tenham baixa renda”, tendo o voto vencedor expressamente registrado que “um
dos escopos da referida Emenda Constitucional foi o de restringir o acesso ao auxílio-reclusão,
utilizando, para tanto, a renda do segurado” (RE 486.413-SP, Tribunal Pleno, DJe 8/5/2009).
Assim, conclui-se que o art. 13 da EC 20/1998 não afeta a situação jurídica dos servidores
ocupantes de cargo público de provimento efetivo, mas apenas os servidores vinculados ao
RGPS, isto é, empregados públicos, contratados temporariamente e exclusivamente titulares de
cargos comissionados. Precedente citado: REsp 1.421.533-PB, Segunda Turma, DJe 25/9/2014.
AgRg no REsp 1.510.425-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/4/2015, DJe 22/4/2015.
31. Salvo disposição legal específica, o prazo para interposição de recurso administrativo, contado
a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, é de:
a) 05 dias.
b) 10 dias.
c) 15 dias.
d) 30 dias.
e) 90 dias.
COMENTÁRIO
Infelizmente, os prazos no Direito Administrativo ainda são muito cobrados pelas bancas examinadoras.
Assim, é importante que o aluno tenha conhecimento dos principais, como o prazo geral para a
interposição de recursos administrativos.
Assim dispõe o art. 59 da Lei nº 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal:
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso
administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
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PORTUGUÊS
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram valores sociais altruísticos, formação
moral e não lhes impuseram limites de disciplina possuem um perfil comportamental vulnerável
à prática de infrações.
a) De desprendimento.
b) De responsabilidade.
c) De bondade.
d) De ganância.
e) De egoísmo.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
Obs: é muito importante nos estudos de semântica ter uma boa compreensão do texto, sem prender-se
à literalidade do significado ou memorizar apenas significados trazidos pelo dicionário, pois expressões
ou termos possuem conotações ou sentidos variados conforme o contexto frasal.
33. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
padrão:
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COMENTÁRIO
Comentário.Degrau – degraus..
34. Assinale a alternativa em que a forma verbal destacada funciona como substantivo:
b) “Ficamos meio cegos, incapazes de perceber seja o que for acima da mediocridade”.
c) “Então eles, os heróis, chegaram a uma ilha deserta chamada Tinis, ao alvorecer”.
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COMENTÁRIO
O infinitivo é a forma verbal que nomeia um verbo. Por exemplo, quando alguém anda na sua frente e
lhe pergunta o nome que se dá a essa ação, diz-se “andar”. O infinitivo pode se comportar como mero
substantivo nos casos em que não há flexão, sendo, pois, uma forma nominal.
O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal. É impessoal quando não admite variação de pessoa, como
nos casos de “amar”, “vender”, “partir”, terminado sempre em “ar”, “er” e “ir”. É pessoal quando o sujeito
é uma das pessoas gramaticais, podendo ser flexionado ou não flexionado.
Flexiona-se normalmente quando uma pessoa o faz receber desinências verbais, como no seguinte caso:
MEDICINA LEGAL
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a) Preâmbulo.
b) Discussão.
d) Parecer.
e) Descrição.
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
O relatório médico-legal é a descrição mais minuciosa de uma perícia médica a fim de responder a
solicitação da autoridade policial ou judiciária frente a um inquérito/processo. Apresenta duas formas:
LAUDOS E AUTOS.
Se esse relatório é realizado pelos peritos após as suas investigações, contando para isso com outros
recursos ou consultas a tratados especializados, chama-se LAUDO PERICIAL.
• descrição – é a parte mais importante do relatório, pois descreve a lesão, o tipo, o que encontrou
etc.
• conclusão (É a análise sumária daquilo que os peritos puderam concluir após o exame minucioso).
• resposta aos quesitos (ao encerrar o relatório, os peritos devem responder de forma sintética e
convincente SIM ou NÃO de acordo com o achado constante na descrição. Se por motivo justo
não tiver certeza, pode responder SEM ELEMENTOS ou PREJUDICADO.
• encerramento: terminado, deve ser datado, assinado pelos peritos e rubricado pelo diretor da
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Instituição (quando for o caso), assumindo-se a total responsabilidade técnica e científica pelo que
foi exposto.
Já o parecer não é parte integrante do laudo ou auto pericial. É a definição do valor científico de
determinado fato, dentro da mais exigente e criteriosa técnica médico-legal, principalmente quando este
parecer está alicerçado na autoridade e na competência de quem o subscreve, como capaz de esclarecer
a dúvida constitutiva da consulta.
Acontece quando na marcha de um processo um estudioso da Medicina Legal é nomeado para intervir
na qualidade de perito, e quando a questão é de fato pacífica, mas apenas o mérito legal é discutido,
cabendo-lhe apenas emitir suas impressões sob a forma de parecer e responder aos quesitos formulados
pelas partes.
36. Assinale a alternativa incorreta quanto aos aspectos médico-legais das anomalias sexuais:
COMENTÁRIO
Para tornar mais didática a explicação, o comentário será feito em bloco único, a fim de facilitar a
compreensão do aluno.
a) Hiperestesia ou aumento:
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• Temperamento Vaginal.
• Onanismo Automático.
b) Diminuição:
a) Inversão:
• Narcisismo - É a admiração pelo próprio corpo com indiferença para o sexo oposto.
• Topo Inversão (coito ectópico)-Prática sexual por pessoas de sexo oposto em partes diversas
do corpo (oral, anal, vestibular, axilar, intermamário etc).
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• Crono Inversão: Atração sexual exclusiva pelo sexo oposto com grande diferença de idade.
b) Desvio do Instinto:
- Urolagnia - Prazer sexual pela excitação de ver alguém no ato da micção ou em ouvir
o ruído do jato urinário.
- Picacismo - Prazer sexual em ingerir alimentos após colocá-los na parte sexual do (a)
parceiro (a) ânus, vulva, pênis.
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- Travestismo - Desvio no qual o indivíduo se sente atraído pelas vestes do sexo oposto.
- Sexo Grupal - Quando participam mais de três pessoas “Ménage a trois” Suruba,
bacanal etc.
- Troca Interconjugal - Swing - Se caracteriza pela realização do ato sexual entre vários
casais.
Portanto, incorreta a letra “e”, pois a ninfomania é uma anomalia sexual ocorrida em mulheres.
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: responder em no máximo 15 linhas. Procure responder com consulta tão somente
à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITO PENAL
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
03/03/2016: profcei.ruchestermarreiros@gmail.com
pág. 96
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DIREITO ADMINISTRATIVO
2. JOÃO, servidor público, após processo administrativo disciplinar, recebeu pena de demissão.
Inconformado com a decisão, interpôs recurso administrativo. Antes mesmo do julgamento de
seu recurso, já foi afastado de suas funções, com a respectiva interrupção de seu salário. Pode
a Administração aplicar a pena antes mesmo do trânsito em julgado da seara administrativa?
Discorra.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
03/03/2016: profcei.elisamurillo@gmail.com
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PEÇA PROFISSIONAL
1. A empresa “MADRE PONTUAL S/A”, por meio de seus representantes legais, protocolou notitia
criminis junto à Delegacia de Polícia, no dia 02 de fevereiro de 2016, requerendo a apuração de
eventuais movimentações financeiras indevidas realizadas por um dos sócios, chamado MARCO
AURÉLIO PINTO SILVA, o qual teria transferido cerca de R$ 26.000,00 (vinte e seis mil reais) da
conta corrente da pessoa jurídica para uma conta titularizada por sua esposa MÁRCIA VLAD
SILVA, a qual não tinha qualquer relação na estrutura da sociedade. Alega, ainda, que após
auditoria realizada nos documentos da sociedade anônima, teriam sido encontradas diversas atas
de reuniões supostamente falsificadas, com teor inverídico sobre deliberações nunca ocorridas
entre os acionistas, autorizando, em votação unânime, a concessão de poderes de gerência
pessoal e contábil a MARCO AURÉLIO PINTO SILVA, o que teria permitido ao mesmo de maneira
fraudulenta acesso pessoal à conta da empresa utilizada para pagamento de funcionários.
Na qualidade de Delegado de Polícia Civil titular da unidade onde protocolada essa notícia crime
e responsável pela investigação preliminar do caso, formule a peça profissional adequada, com
indicação detalhada de todas as providências necessárias.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia
03/03/2016: profcei.leonardomarcondes@gmail.com
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