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UNIVERSIDADE PAULISTA
Chapecó-SC, 2017
MUROS DE ARRIMO
1. INTRODUÇÃO
Muros de arrimo são estruturas utilizadas principalmente para manter (conter) taludes
em equilíbrio; são necessários quando se faz um corte no terreno (figura 1a) e também
aterros, quando se deseja nivelar um trecho do terreno e evitar um talude extenso na parte
mais alta do aterro (figura 1b). O terreno contido é chamado de terrapleno. Nas duas situações
existe uma pressão do solo sobre a parede. Neste texto serão abordados apenas os muros
executados em concreto armado e os mistos (de alvenaria e concreto armado).
1
Figura 2 – Elementos constituintes de um muro de arrimo
Os muros de arrimo são estruturas caras, algumas vezes com custo maior que o da
própria edificação e de difícil execução. É oportuno destacar que um dos maiores índices de
acidentes com operários em obras se deve a soterramento. O projetista deve sempre
questionar se não existem soluções alternativas de projeto que evitem ou minimizem o corte
ou aterro e, portanto, os muros de arrimo.
O engenheiro, antes de decidir sobre qual a melhor solução a adotar para um
determinado problema de contenção de um talude ou aterro, deve procurar conhecer a
natureza e características geológicas da região onde a obra será implantada. É conveniente
observar o comportamento de construções similares existentes nas redondezas.
Nessa observação é importante verificar se não há ocorrência de movimentos lentos
da encosta, manifestado pela fissuração da superfície e inclinação de árvores, e rupturas de
canalização de esgotos e águas pluviais. É sempre importante minimizar os efeitos das águas
pluviais atuando no solo próximo à obra de contenção.
A maior dificuldade no cálculo dos muros de arrimo é a definição dos parâmetros do
solo, pois dependem da realização de ensaios relativamente sofisticados. A quantidade de
ensaios necessários pode ser grande se o solo for heterogêneo.
No projeto de muros de arrimo são muitos e complexos os fatores que intervêm para
definir a interação terra-muro, e que em cada caso devem ser analisados; esses fatores podem
ser divididos em quatro categorias principais:
a) os relacionados ao elemento vertical (muro), tais como altura, rugosidade,
deformabilidade, inclinação;
b) aqueles relacionados às propriedades físicas e mecânicas do solo: densidade, estrutura
(coesivo, não coesivo), ângulo de atrito interno, resistência, possibilidade de recalques; em
muitas situações empregam-se valores extremos para esses parâmetros, a favor da
segurança, embora isso possa levar a estruturas caras e que até inviabilizam a obra;
c) os relacionados com as condições da região em que será implantado o muro: umidade,
chuvas, lençóis freáticos, trepidações, cargas no terrapleno;
d) os dependentes do elemento horizontal (sapata): rotação, translação.
2
O projeto, de maneira geral, é constituído das etapas abaixo relacionadas, admitindo-
se aqui que a estabilidade global do talude está garantida, ou seja, não se discute a
estabilidade do entorno da obra, mas apenas a do muro de arrimo:
caracterização do solo através de ensaios: cabe ao projetista definir até que ponto é
possível, ou econômico, evitar esses ensaios;
estimativa das dimensões: experiência, observação, fórmulas empíricas;
cálculo das forças: empuxo, peso próprio, cargas no topo, reações do solo;
verificação da estabilidade (rotação e translação) aos esforços atuantes;
cálculo das armaduras (dimensionamento);
detalhamento das armaduras;
cálculo das fundações.
Chama-se de empuxo à força exercida pela terra contra o muro. O empuxo pode ser
ativo, passivo e em repouso. O empuxo depende do tipo de solo, da existência ou não de
água no solo e da superfície de contato solo-muro.
O cálculo do empuxo é o fator fundamental no projeto de um muro de arrimo, e as
teorias para esse cálculo foram desenvolvidas por Coulomb em 1773, Poncelet em 1840 e
Rankine em 1856; são conhecidas como teorias antigas, mas que ainda apresentam resultados
satisfatórios em muitos casos.
As teorias chamadas modernas, entre elas as de Resal, Boussinesque e Breslau,
abordam o problema a partir da teoria matemática da elasticidade, que dependem de
parâmetros empíricos, o que leva a tratar a questão sem o rigor necessário. Por essa razão,
aqui será apresentado o cálculo do empuxo a partir da teoria de Coulomb.
A teoria de Coulomb baseia-se na hipótese de que o esforço exercido no muro é
proveniente da pressão do peso de uma cunha de terra. Esse esforço é uma pressão, admitida
linear (na verdade é parabólica), distribuída triangularmente ao longo da altura do muro. A
resultante desse esforço é que será aqui chamada de empuxo (E).
O empuxo que está sendo aqui estudado é para solos não coesivos, isto é, para solos
arenosos. Nos solos coesivos, por exemplo as argilas, a coesão pode ser tomada como uma
carga negativa, resultando numa diminuição no valor do empuxo. Em termos práticos, a favor
da segurança, não se considera o valor da coesão, pois ele pode ser modificado com o
decorrer do tempo devido às variações de umidade do solo, que podem ocorrer
principalmente em função de alterações climáticas.
Pode-se admitir que o empuxo é uma força horizontal, e procurar-se-á mostrar, de
maneira simplificada, alguns conceitos de empuxo do solo para calcular a favor da segurança
a estabilidade e o dimensionamento do muro de arrimo. Para cálculos mais precisos
recomenda-se a consulta de livros de Mecânica dos Solos.
Seja um muro de arrimo, representado nas figuras 3, 4 e 5 para três situações distintas
de deformação do mesmo. Na situação da figura 3, a terra pressiona a parede do muro,
3
fazendo com que ela se deforme da direita para a esquerda. Nesse caso surge o empuxo ativo,
caracterizado pela pressão exercida na parede pelo solo (pressão da terra contra o muro).
Se agora o muro se deforma da esquerda para a direita (figura 4), é ele que pressiona a
terra, e o empuxo que surge é chamado de empuxo passivo (pressão do muro contra a terra).
É comum no caso de escoramentos de valas e galerias.
No caso intermediário (figura 5), em que o muro não sofre qualquer deformação, o
que inclusive é difícil de ocorrer, tem-se o empuxo em repouso. Por esse empuxo ser muito
pequeno, na seqüência admitir-se-á que ele não altere as forças em ação.
4
Figura 5 – Empuxo em repouso em muros de arrimo
Pa K a s h
sendo:
Ka - coeficiente de empuxo ativo ou de Coulomb;
s - peso específico do solo.
h h 1
E a A 1,0 Pa 1,0 K a s h Ea Ka s h 2
2 2 2
O empuxo passivo (Ep) é determinado da mesma maneira que o empuxo ativo, apenas
com o coeficiente de empuxo correspondente. A pressão do muro sobre o solo (Pp), a uma
profundidade h, sendo Kp o coeficiente de empuxo passivo, é dada por:
Pp K p γ s h
Para um muro de comprimento unitário (1,0m), também admitindo nulo o atrito solo-
muro, o empuxo passivo fica:
h h 1
E p A 1,0 Pp 1,0 K p s h Ep K h2
2 2 2 p s
5
3.4. Momento atuante na base do muro
h 1 h 1
M Ea Ka s h2 Ka s h3
3 2 3 6
O coeficiente de empuxo ativo (ou de Coulomb) é, para qualquer situação e solos não
coesivos:
sen 2
Ka
sen sen 1
2
sen sen 1 1
2
sen 1 sen
6
3.5.2. Coeficiente de empuxo ativo - casos particulares
1 = 0
= 1
= 90o
cos2 cos
Ka
cos sen sen
2
Figura 7
=0
1 = 0
cos2
Ka
cos cos sen
2
Figura 8
1 = 0
=
cos2
Ka
cos3
Figura 9
7
d) Paramento interno liso, vertical e terreno com inclinação = (figura 10)
=
1 = 0
=0
K a cos2
Figura 10
=0
1 = 0
=0
K a tg 2 45o
2
Figura 11
Para solos não coesivos, a favor da segurança, com terrapleno horizontal e parede do
muro vertical sem atrito, o coeficiente de empuxo passivo é obtido também de acordo com a
solução de Rankine, conforme a equação seguinte.
K p tg 2 45 o
2
1
Kp
Ka
8
4. SOBRECARGAS SOBRE O TERRAPLENO
E a ,sobr K a q h
causando um empuxo muito menor que o produzido pelo terrapleno (Ka é o coeficiente de
empuxo ativo).
Observa-se que as sobrecargas são importantes apenas nos muros com pequena altura,
pois o empuxo devido ao terrapleno pode ser da mesma ordem de grandeza que o produzido
pela sobrecarga. Para muros de grande altura, o empuxo devido ao terrapleno é muito grande,
e o empuxo causado por sobrecargas pode ser desprezado.
a) uma sobrecarga de 0,5 tf/m2 é usualmente considerada para levar em conta uma eventual
ocupação do terrapleno;
b) sobrecargas da ordem de 1,0 tf/m2 a 1,5 tf/m2 correspondem a veículos de 20,0 tf a 30,0 tf;
c) mesmo sobrecargas maiores, de 2 tf/m 2 a 3,0 tf/m2, só devem ser consideradas em muros
de altura menor que 10m;
d) para muros muito pequenos, com altura menor que 2,0m, a influência das sobrecargas não
deve ser desprezada; elas podem até ser responsáveis pelos maiores efeitos sobre o muro;
e) em muros muito grandes, acima de 15,0m de altura, é possível desprezar completamente o
efeito das sobrecargas, mesmo aquelas extremamente importantes.
Nas situações em que as sobrecargas não podem ser desprezadas, é possível considerá-
las como uma altura suplementar equivalente h0 da terra do terrapleno para o cálculo do
empuxo total sobre o muro (figura 12).
9
Figura 12 – Sobrecarga q, altura equivalente e diagrama de tensões
Para uma sobrecarga q e solo do terrapleno com um peso específico t, resulta para a
altura suplementar h0:
q tf 1
h0 t q h0 2 tf m
t m
m3
H h h0
O empuxo final Ea sobre a parede será o calculado com a altura total H menos o
empuxo do trecho de altura h0, pois esse último não atua sobre a parede (figura 12),
resultando:
Ea
1
2
1 1
K a s H 2 K a s h 02 K a s H 2 h 02
2 2
No topo do diagrama de pressões de altura h, conforme mostrado na figura 12, a
pressão vale:
Ps K a s h 0
e, na base do diagrama:
Pi K a s H
10
A altura y do ponto de aplicação do empuxo é a altura do centro de gravidade do
trapézio (h, Ps, Pi), dada por:
h 2 Ps Pi
y
3 Ps Pi
e, em função das alturas, resulta:
h 2 Ka s h0 Ka s H h 2 h0 H
y y
3 Ka s h0 Ka s H 3 h0 H
Os principais tipos de muros de arrimo são: por gravidade, em que o peso do muro é o
principal fator de resistência, os de concreto armado e os mistos. Pode ser necessário ainda
executar muros com fundação profunda, quando o solo superficial não tem resistência
adequada, e com gigantes.
Esses muros são executados geralmente em pedras justapostas, sem material ligante, e
evitam o deslizamento da terra devido ao seu grande peso. São recomendados para situações
de pequena altura.
Não deve haver tração em nenhuma das faces da parede do muro (o muro não é
resistente a esse tipo de solicitação), e para isso é necessário que a resultante dos esforços
passe dentro do núcleo central da seção transversal (figura 13).
N M N Ne
min
A W A W
e, com min = 0 (tração nula) resulta para o núcleo central:
N Ne W
0 e
A W A
O módulo de resistência W e a área A, para um comprimento unitário de muro,
valem:
I 1 b3 2 b2
W
y 12 b 6
A b 1 b
Dessa maneira, para qualquer excentricidade da força normal situada a uma distância
menor que b/6 do centro da seção e M N b 6 , está garantido que não haverá tração na
seção transversal do muro.
Na figura 14 estão alguns perfis possíveis para muros de arrimo por gravidade; para
pré-dimensionamento, sendo h a altura do muro, b a largura da base e b0 a largura do topo,
recomenda-se:
b) perfil trapezoidal
muro executado em concreto ciclópico:
b 0 0,14 h
h
b b0
3
h
muro executado em alvenaria de pedras ou concreto ciclópico: b .
3
12
a) perfil retangular b) perfil trapezoidal c) perfil escalonado
13
Figura 16 – Muros de arrimo mistos
Quando for preciso muros com altura maior que 4m, é conveniente o emprego de
gigantes, também chamados de contrafortes, com ou sem vigas intermediárias. Os
contrafortes sem vigas (figura 17a) ou com vigas (figura 17b) podem ser colocados do lado da
terra a ser contida ou do lado externo do muro (figura 17c).
a) gigantes do lado da terra b) com vigas do lado da terra c) gigantes do lado externo
14
Figura 18 – Muro de arrimo atirantado
15
Três situações serão aqui consideradas: a primeira em que o muro de concreto tem
fundação superficial, outra em que o muro tem trechos de alvenaria, e, finalmente, em que o
muro de arrimo de concreto é executado com fundação profunda.
a) Tombamento
O tombamento do muro deve ser evitado, ou seja, deve existir segurança à rotação do
muro em torno do ponto A, indicado na figura 20. Também estão indicadas todas as forças
em ação, ou seja, o empuxo, que tende a tombar o muro, e os pesos do solo e do muro, que
tendem a impedir o tombamento.
h 1 h 1
M tomb E a s Ka h2 s Ka h3
3 2 3 6
O momento das forças que tendem a impedir que o muro tombe (peso da terra e peso
próprio do muro) é chamado de momento de restauração, e em relação ao mesmo ponto A,
conforme a figura 20, vale:
16
M rest Ps x s Pg x g
onde:
Ps peso da terra;
Pg peso próprio do muro;
xs distância entre o ponto A e a linha de ação de Ps;
xg distância entre o ponto A e a linha de ação de Pg.
É fácil perceber que a parcela do solo é bastante importante, pois o braço de alavanca
é grande, e quando não for possível usar a aba do lado direito do muro (atrás, ou seja, do lado
da terra a ser contida), fica difícil o seu equilíbrio.
Para que seja garantida a estabilidade quanto à rotação em relação ao ponto A, com
uma adequada segurança, é necessário que:
b) Translação
Fa 1,5 Ea ou Fa E p 1,5 Ea
sendo que:
Fa N Ps Pg é a máxima força de atrito estático possível;
Ps e Pg são os pesos do solo e do muro, respectivamente;
Ea é o empuxo ativo;
Ep é o empuxo passivo devido ao “dente” do muro;
é o coeficiente de atrito entre o solo e a base do muro, que pode ser tomado entre 0,50 a
0,55 para solo seco e igual a 0,30 no caso de solo saturado.
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Figura 21 – Estabilidade do muro à translação
É necessário agora verificar as tensões atuantes no solo sob a base do muro de arrimo;
a tensão máxima não pode ser maior que a capacidade resistente do solo, e a mínima deve ser
tal que não produza tensões de tração no solo. Isto é feito calculando-se as tensões extremas,
máxima e mínima, com a fórmula clássica da resistência dos materiais, a partir da força
normal e momento atuantes (figura 22).
N M
max s,adm
A W
N M
min 0
A W
onde:
N Ps Pg
M: momento atuante calculado em
relação à linha de ação de N
A e W: área da sapata e módulo de
resistência, considerando que a
sapata tenha largura b e
Figura 22 – Tensões no solo sob a sapata comprimento unitário
Se a tensão mínima do solo for negativa min 0 , isso indica tensões de tração no
solo, o que não é possível, e a expressão dada pela resistência dos materiais para o cálculo das
tensões não é mais válida. O cálculo então será feito a partir das seguintes considerações:
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o muro terá, para efeito de cálculo das tensões no solo, uma largura fictícia d < b, de modo
que toda a reação do solo R, que equilibra N, seja resultante somente das tensões na região
comprimida;
a tensão máxima de compressão resultante, maior que a determinada anteriormente, será
chamada de 'A .
Da figura 23, sabendo que N e R têm a mesma linha de ação, é possível obter a
relação entre a largura fictícia do muro d, a largura real b e a excentricidade e:
d b b
e d 3 e
3 2 2
A resultante das tensões de compressão é obtida pela área da distribuição das tensões,
para um muro de comprimento unitário:
'A d
R
2
E como R = N, determina-se finalmente o valor de 'A , que deve ser menor que a
tensão admissível do solo:
2N
'A s,adm
d
Para o dimensionamento em cada uma das seções é preciso calcular o momento fletor
atuante correspondente; as dimensões e tensões estão indicadas na figura 24, Ka e Kp são os
coeficientes de empuxo ativo e passivo respectivamente, e s é o peso específico do solo.
20
Seção A: o momento fletor atuante é praticamente igual ao momento de tombamento; a
diferença está no valor de h, que deveria ser substituído por h - hb , sendo hb a espessura da
base do muro. A favor da segurança, pode ser tomado como o de tombamento:
h 1 h 1
MA Ea Ka s h 2 Ka s h3
3 2 3 6
Seção B: o momento fletor é dado pela diferença entre os momentos devido a reação do solo
sob o muro e o peso próprio do solo na aba da direita, desprezando o peso próprio da aba:
s s2
M B 1 s 2 s h h b s 1 2 s h h b
s s s
2 2 3 2 2 3
2 1 2 hd 1
M C E p h d K p s h 2d K p s h 3d
3 2 3 3
Seção D: o momento fletor é devido à reação do solo na aba esquerda, também desprezando o
peso próprio da aba:
r r 2r r2 r2
M D 3 r 4 3 4
2 2 3 2 3
6.2. Cálculo de muros de arrimo mistos de concreto e alvenaria com fundação superficial
A armadura necessária, neste caso, deve ser calculada para cada elemento constituinte
do muro isoladamente, ou seja, pilares, vigas e base do muro de arrimo misto (ver figura 16).
a) Armadura da base
21
b) Armadura dos pilares
h 1 h 1
M base,pilar E a t Ka s h 2 t Ka s h3 t
3 2 3 6
Nos muros de arrimo com fundação profunda (ver figura 19) não há a necessidade de
verificar as tensões no solo, pois a resistência deverá ser garantida pelas estacas. Entretanto, é
preciso determinar a carga em cada estaca. Os demais passos são semelhantes aos efetuados
para os muros anteriores.
6.3.1. Estabilidade
22
6.3.2. Determinação da carga nas estacas
Com a força Ea, resultante do empuxo do solo, peso do muro e do solo sobre as abas
(ver figura 19), calcula-se as cargas nas estacas, verificando se não será ultrapassada a
capacidade das mesmas. No caso de blocos sobre duas estacas, a carga em cada uma, por
equilíbrio, fica:
N M
N e,1 t N max
2 r
N M
N e, 2 t 0
2 r
Atrás da cortina deve-se prever uma drenagem, para manter o terreno seco e evitar
pressões que provocarão um aumento do empuxo. O lençol freático ou excesso d’água,
responsáveis por umidade e “encharcamento”, produzem um aumento considerável do
empuxo, principalmente em aterros leves. A drenagem pode ser feita com drenos
(normalmente com brita graduada) e barbacãs (tubos) que são colocados em toda a altura do
muro (figura 26a), ou com apenas uma saída/tubo na parte inferior (figura 26b), que pode ser
conectada a uma tubulação e dirigida para uma galeria de águas pluviais.
23
a) Dreno e barbacãs b) Saída na parte inferior
Outros tipos de drenagem, como mostradas na figura 27, podem ser projetadas, e são
até mais eficientes, mas de difícil execução. É empregada apenas areia grossa, que poderá ser
envolvida por uma manta de fios de poliester.
É possível também colocar um tapete drenante ao longo do talude, com uma manta
impermeável na base do muro e saída na parte da frente (figura 28a) ou com um dreno
canalizado na região do talude (figura 28b).
24
a) Saída na parte da frente b) Saída no lado do terrapleno
O aterro deve ser lançado em camadas, cada uma delas devidamente compactada; é
recomendado apiloamento com soquete manual ou mecânico, em camadas de 20cm, com um
grau de umidade que dê ao solo seu maior peso específico (figura 30). Embora isso aumente o
peso específico, por outro lado aterros mal feitos no lançamento podem posteriormente
apresentar recalques bruscos e não previstos. Com um grau de compactação de 90% o solo
praticamente atinge as condições primitivas de resistência.
25
Figura 30 – Compactação do aterro
7.3. Juntas
10 20
400
30
50
80 10 20 80
c) Verificação do tombamento
10 20
P4
P1 P5
400
P2
Ea
30 P3
A
190
28
N Pesos 99,05 kN / m
M rest 10 0 ,85 10 0 ,967 14,25 0 ,95 7 ,2 1,03 57 ,6 1,50 125,5 kN m/m
Condição de segurança
M rest 125,5
1,58 1,5 OK !
M tomb 79,5
d) Verificação da translação
Ea
30
Ep Fa
50
29
Não passou na verificação, será aumentada a altura do dente ( hd ):
Fa E p 1,5 Ea E p 1,5 Ea Fa
E p 1,5 55,5 54,5 28,75 kN/m
1 1 1
Ep γs h 2 28,75 3 18 h 2 h 1,03 m
2 Ka 2
hd h 0 ,30 hd 1,03 0 ,3 0 ,73 m . Adota-se hd 0 ,75 m .
P4
P1 P5
N
P2
Ea
Mc
P3
95 C 95 95 C 95
N Mc 99,05 48,1
σ max σ max 132,1 kN/m2 /m σ s,adm OK !
A W 1,0 1,9 1,0 1,9 2
6
N M 99,05 48,1
σ min c σ min 27,8 kN/m 2 /m 0 NÃO OK !
A W 1,0 1,9 1,0 1,9 2
30
Como a tensão mínima resultou negativa min 0 , isso indica tensões de tração no
solo, o que não é possível, e a expressão dada pela resistência dos materiais para o cálculo das
tensões não é mais válida. Nesse caso é necessário desprezar a região tracionada do muro e
recalcular a tensão máxima no solo, pois essa é maior que a calculada anteriormente.
Recalculando a tensão máxima, tem-se:
b b M 1,9 48,1
d 3 e d 3 c d 3 1,39 m
2 2 N 2 99,05
2 N 2 99,05
σ 'A σ 'A 142,5 kN/m2 /m σ s,adm OK !
d 1,39
Mc
142,5 kN/m²/m
139cm
31
f) Cálculo das armaduras necessárias
N3
N1
N2 N3
A
B
C
N3
Seção C (momento causado pela distribuição das tensões no solo sob a sapata):
σ1 σ2 142,5 (1,39 0,8)
σ2 60,5 kN/m2 /m
1,39 (1,39 0,8) 1,39
σ σ2 0 ,8 2 σ1 σ 2
MC 1 0 ,8
2 3 σ1 σ 2
142,5 60,5 0,8 2 142,5 60,5
MC 0,8 36,9 kN m/m
2 3 142,5 60,5
32
2
1
80cm
139cm
1,4
KX 0,1403
KZ 0,9439
KMD 0,09 Tabela
εc 1,6308 00
0
εs 10 0 00
Md 1,4 64,0
As 8,09 cm 2 /m
KZ d f yd 0 ,9439 0 ,27 50
1,15
33
Para barra de 10,0mm de diâmetro ( = 10,0mm), tem-se o seguinte espaçamento(t):
A1barra 0,8cm 2
t 0,10m t 10cm Portanto, usa-se = 10,0mm c/10cm.
As 8,09cm 2 /m
1,4
KX 0,0758
KZ 0,9697
KMD 0,05 Tabela
εc 0,8205 00
0
εs 10 0 00
Md 1,4 36,9
As 4 ,54 cm 2 /m
KZ d f yd 0 ,9697 0 ,27 50
1,15
Para barra de 8,0mm de diâmetro ( = 8,0mm), tem-se o seguinte espaçamento(t):
A1barra 0,5cm 2
t 0,11m t 11cm Adota-se =8,0mm c/10cm.
As 4,54cm 2 /m
34
g) Detalhamento das armaduras
N4 - Ø 6,3 - C = 397
N1 - Ø 10,0 c/10
N4 - Ø 6,3 c/20
397
428
N3 - Ø 6,3 c/20 - corrido
N1 - Ø 10,0 - C = 642
N3 - Ø 6,3 c/20
140
14
184
24
N2 - Ø 8,0 - C = 430
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOLITERNO, A. Caderno de Muros de Arrimo. 2ed. São Paulo: Editora BLUCHER, 1994.
36