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INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO E


FUNDAÇÕES - ECFII

MÓDULO: FUNDAÇÕES II – ESTRUTURAS

ASSUNTO: MUROS DE ARRIMO

Prof. Marcos Alberto Ferreira da Silva

Chapecó-SC, 2017
MUROS DE ARRIMO

1. INTRODUÇÃO

Muros de arrimo são estruturas utilizadas principalmente para manter (conter) taludes
em equilíbrio; são necessários quando se faz um corte no terreno (figura 1a) e também
aterros, quando se deseja nivelar um trecho do terreno e evitar um talude extenso na parte
mais alta do aterro (figura 1b). O terreno contido é chamado de terrapleno. Nas duas situações
existe uma pressão do solo sobre a parede. Neste texto serão abordados apenas os muros
executados em concreto armado e os mistos (de alvenaria e concreto armado).

a) contenção de talude b) contenção de aterro

Figura 1 – Muros de arrimo

Os muros usuais de concreto armado são constituídos normalmente pelos seguintes


elementos, indicados na figura 2:

a) trecho AB – muro propriamente dito (cortina ou tardoz);


b) trecho CF – sapata de fundação;
c) trecho CD – ponta da sapata, que é a parte que se projeta fora da terra (talude);
d) trecho EF – talão da sapata, que é a parte que se projeta do lado da terra (talude);
e) trecho DG – dente de ancoragem.

1
Figura 2 – Elementos constituintes de um muro de arrimo

Os muros de arrimo são estruturas caras, algumas vezes com custo maior que o da
própria edificação e de difícil execução. É oportuno destacar que um dos maiores índices de
acidentes com operários em obras se deve a soterramento. O projetista deve sempre
questionar se não existem soluções alternativas de projeto que evitem ou minimizem o corte
ou aterro e, portanto, os muros de arrimo.
O engenheiro, antes de decidir sobre qual a melhor solução a adotar para um
determinado problema de contenção de um talude ou aterro, deve procurar conhecer a
natureza e características geológicas da região onde a obra será implantada. É conveniente
observar o comportamento de construções similares existentes nas redondezas.
Nessa observação é importante verificar se não há ocorrência de movimentos lentos
da encosta, manifestado pela fissuração da superfície e inclinação de árvores, e rupturas de
canalização de esgotos e águas pluviais. É sempre importante minimizar os efeitos das águas
pluviais atuando no solo próximo à obra de contenção.
A maior dificuldade no cálculo dos muros de arrimo é a definição dos parâmetros do
solo, pois dependem da realização de ensaios relativamente sofisticados. A quantidade de
ensaios necessários pode ser grande se o solo for heterogêneo.

2. FATORES A CONSIDERAR EM UM PROJETO DE MURO DE ARRIMO

No projeto de muros de arrimo são muitos e complexos os fatores que intervêm para
definir a interação terra-muro, e que em cada caso devem ser analisados; esses fatores podem
ser divididos em quatro categorias principais:
a) os relacionados ao elemento vertical (muro), tais como altura, rugosidade,
deformabilidade, inclinação;
b) aqueles relacionados às propriedades físicas e mecânicas do solo: densidade, estrutura
(coesivo, não coesivo), ângulo de atrito interno, resistência, possibilidade de recalques; em
muitas situações empregam-se valores extremos para esses parâmetros, a favor da
segurança, embora isso possa levar a estruturas caras e que até inviabilizam a obra;
c) os relacionados com as condições da região em que será implantado o muro: umidade,
chuvas, lençóis freáticos, trepidações, cargas no terrapleno;
d) os dependentes do elemento horizontal (sapata): rotação, translação.

2
O projeto, de maneira geral, é constituído das etapas abaixo relacionadas, admitindo-
se aqui que a estabilidade global do talude está garantida, ou seja, não se discute a
estabilidade do entorno da obra, mas apenas a do muro de arrimo:

 caracterização do solo através de ensaios: cabe ao projetista definir até que ponto é
possível, ou econômico, evitar esses ensaios;
 estimativa das dimensões: experiência, observação, fórmulas empíricas;
 cálculo das forças: empuxo, peso próprio, cargas no topo, reações do solo;
 verificação da estabilidade (rotação e translação) aos esforços atuantes;
 cálculo das armaduras (dimensionamento);
 detalhamento das armaduras;
 cálculo das fundações.

3. EMPUXO DO SOLO EM MUROS DE ARRIMO

Chama-se de empuxo à força exercida pela terra contra o muro. O empuxo pode ser
ativo, passivo e em repouso. O empuxo depende do tipo de solo, da existência ou não de
água no solo e da superfície de contato solo-muro.
O cálculo do empuxo é o fator fundamental no projeto de um muro de arrimo, e as
teorias para esse cálculo foram desenvolvidas por Coulomb em 1773, Poncelet em 1840 e
Rankine em 1856; são conhecidas como teorias antigas, mas que ainda apresentam resultados
satisfatórios em muitos casos.
As teorias chamadas modernas, entre elas as de Resal, Boussinesque e Breslau,
abordam o problema a partir da teoria matemática da elasticidade, que dependem de
parâmetros empíricos, o que leva a tratar a questão sem o rigor necessário. Por essa razão,
aqui será apresentado o cálculo do empuxo a partir da teoria de Coulomb.
A teoria de Coulomb baseia-se na hipótese de que o esforço exercido no muro é
proveniente da pressão do peso de uma cunha de terra. Esse esforço é uma pressão, admitida
linear (na verdade é parabólica), distribuída triangularmente ao longo da altura do muro. A
resultante desse esforço é que será aqui chamada de empuxo (E).
O empuxo que está sendo aqui estudado é para solos não coesivos, isto é, para solos
arenosos. Nos solos coesivos, por exemplo as argilas, a coesão pode ser tomada como uma
carga negativa, resultando numa diminuição no valor do empuxo. Em termos práticos, a favor
da segurança, não se considera o valor da coesão, pois ele pode ser modificado com o
decorrer do tempo devido às variações de umidade do solo, que podem ocorrer
principalmente em função de alterações climáticas.
Pode-se admitir que o empuxo é uma força horizontal, e procurar-se-á mostrar, de
maneira simplificada, alguns conceitos de empuxo do solo para calcular a favor da segurança
a estabilidade e o dimensionamento do muro de arrimo. Para cálculos mais precisos
recomenda-se a consulta de livros de Mecânica dos Solos.

3.1. Tipos de empuxo

Seja um muro de arrimo, representado nas figuras 3, 4 e 5 para três situações distintas
de deformação do mesmo. Na situação da figura 3, a terra pressiona a parede do muro,

3
fazendo com que ela se deforme da direita para a esquerda. Nesse caso surge o empuxo ativo,
caracterizado pela pressão exercida na parede pelo solo (pressão da terra contra o muro).

Figura 3 – Empuxo ativo em muros de arrimo

Se agora o muro se deforma da esquerda para a direita (figura 4), é ele que pressiona a
terra, e o empuxo que surge é chamado de empuxo passivo (pressão do muro contra a terra).
É comum no caso de escoramentos de valas e galerias.

Figura 4 – Empuxo passivo em muros de arrimo

No caso intermediário (figura 5), em que o muro não sofre qualquer deformação, o
que inclusive é difícil de ocorrer, tem-se o empuxo em repouso. Por esse empuxo ser muito
pequeno, na seqüência admitir-se-á que ele não altere as forças em ação.

4
Figura 5 – Empuxo em repouso em muros de arrimo

3.2. Determinação do empuxo ativo

A pressão do solo no muro (Pa), a uma profundidade h, é dada por:

Pa  K a   s  h

sendo:
Ka - coeficiente de empuxo ativo ou de Coulomb;
s - peso específico do solo.

O empuxo ativo (Ea) é obtido multiplicando-se a área da distribuição de pressões


(triangular com altura h e base Pa) pela largura do muro, considerando-se nulo o atrito solo-
muro. Para um muro de comprimento unitário (1,0m), resulta:

h h 1
E a  A   1,0 Pa   1,0  K a   s  h   Ea   Ka  s  h 2
2 2 2

3.3. Determinação do empuxo passivo

O empuxo passivo (Ep) é determinado da mesma maneira que o empuxo ativo, apenas
com o coeficiente de empuxo correspondente. A pressão do muro sobre o solo (Pp), a uma
profundidade h, sendo Kp o coeficiente de empuxo passivo, é dada por:

Pp  K p  γ s  h

Para um muro de comprimento unitário (1,0m), também admitindo nulo o atrito solo-
muro, o empuxo passivo fica:

h h 1
E p  A   1,0  Pp   1,0  K p   s  h   Ep   K    h2
2 2 2 p s

5
3.4. Momento atuante na base do muro

O momento atuante na base do muro, devido ao empuxo ativo, é encontrado


multiplicando o valor do empuxo pela distância do seu ponto de aplicação até a base, que no
caso de distribuição triangular de pressões é igual a um terço da altura h do muro.

h 1 h 1
M  Ea    Ka   s  h2    Ka   s  h3
3 2 3 6

3.5. Coeficientes de empuxo

3.5.1. Coeficiente de empuxo ativo - caso geral

O coeficiente de empuxo ativo (ou de Coulomb) é, para qualquer situação e solos não
coesivos:

sen 2    
Ka 
sen      sen   1  
2

sen   sen   1   1 
2  
 sen   1   sen     
 

onde (ver figura 6):


 - ângulo de repouso ou de atrito interno do solo;
1 - ângulo de atrito entre o solo e a superfície da parede do muro (ângulo de rugosidade);
 - ângulo de inclinação do paramento interno do muro com a vertical;
 - ângulo de inclinação do paramento interno do muro com a horizontal ( = 90 - );
 - ângulo de inclinação do solo acima do muro com a horizontal.

A tangente do ângulo 1 é o coeficiente de atrito solo-muro, e usualmente adota-se:


1 = 0 para muro liso (cimentado ou pintado);
1 = 0,5  para muro parcialmente rugoso;
1 =  para muro rugoso.

Figura 6 – Ângulos que definem as características de muros de arrimo

6
3.5.2. Coeficiente de empuxo ativo - casos particulares

a) Paramento interno liso e vertical e terreno inclinado (figura 7)

1 = 0
 = 1
 = 90o
cos2   cos 
Ka 
 cos   sen     sen 
2

Figura 7

b) Paramento interno liso, inclinado do lado da terra e terreno horizontal (figura 8)

=0
1 = 0

cos2    
Ka 
cos    cos   sen
2

Figura 8

c) Paramento interno liso, inclinado do lado da terra e terreno inclinado ( = , figura 9)

1 = 0
=

cos2    
Ka 
cos3 

Figura 9

7
d) Paramento interno liso, vertical e terreno com inclinação  =  (figura 10)

=
1 = 0
=0

K a  cos2 

Figura 10

e) Paramento interno liso, vertical e terreno horizontal (figura 11)

Esta situação é a mais usual em muros de concreto armado, e o valor do coeficiente de


empuxo ativo, dado pela expressão abaixo, é devido a Rankine. Observa-se que o valor do
empuxo ativo é sempre menor que a unidade.

=0
1 = 0
=0

 
K a  tg 2  45o  
 2

Figura 11

3.5.3. Coeficiente de empuxo passivo

Para solos não coesivos, a favor da segurança, com terrapleno horizontal e parede do
muro vertical sem atrito, o coeficiente de empuxo passivo é obtido também de acordo com a
solução de Rankine, conforme a equação seguinte.

 
K p  tg 2  45 o  
 2

É fácil perceber que o empuxo passivo é sempre superior à unidade e o inverso do


coeficiente de empuxo ativo, ou seja:

1
Kp 
Ka

8
4. SOBRECARGAS SOBRE O TERRAPLENO

Geralmente, as sobrecargas que são consideradas provêm de máquinas, construções,


multidões, etc., e devem ser admitidas como uniformemente distribuídas.
Foi visto que o empuxo é função, entre outras grandezas, do quadrado da altura do
muro. Já as sobrecargas distribuídas (q) sobre o terrapleno causam um empuxo ativo, por
unidade de comprimento, de distribuição uniforme (figura 12) que é proporcional apenas à
altura h, ou seja,

E a ,sobr  K a  q  h

causando um empuxo muito menor que o produzido pelo terrapleno (Ka é o coeficiente de
empuxo ativo).

Observa-se que as sobrecargas são importantes apenas nos muros com pequena altura,
pois o empuxo devido ao terrapleno pode ser da mesma ordem de grandeza que o produzido
pela sobrecarga. Para muros de grande altura, o empuxo devido ao terrapleno é muito grande,
e o empuxo causado por sobrecargas pode ser desprezado.

Guerrin ( 2003) faz algumas considerações importantes a respeito das sobrecargas:

a) uma sobrecarga de 0,5 tf/m2 é usualmente considerada para levar em conta uma eventual
ocupação do terrapleno;
b) sobrecargas da ordem de 1,0 tf/m2 a 1,5 tf/m2 correspondem a veículos de 20,0 tf a 30,0 tf;
c) mesmo sobrecargas maiores, de 2 tf/m 2 a 3,0 tf/m2, só devem ser consideradas em muros
de altura menor que 10m;
d) para muros muito pequenos, com altura menor que 2,0m, a influência das sobrecargas não
deve ser desprezada; elas podem até ser responsáveis pelos maiores efeitos sobre o muro;
e) em muros muito grandes, acima de 15,0m de altura, é possível desprezar completamente o
efeito das sobrecargas, mesmo aquelas extremamente importantes.

Nas situações em que as sobrecargas não podem ser desprezadas, é possível considerá-
las como uma altura suplementar equivalente h0 da terra do terrapleno para o cálculo do
empuxo total sobre o muro (figura 12).

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Figura 12 – Sobrecarga q, altura equivalente e diagrama de tensões

Para uma sobrecarga q e solo do terrapleno com um peso específico t, resulta para a
altura suplementar h0:

 
q  tf 1 
h0  t  q  h0   2  tf  m
t m 
 m3 

A altura total H a ser empregada na determinação do empuxo será a altura h real do


muro mais a altura suplementar equivalente h0, ou seja:

H  h  h0

O empuxo final Ea sobre a parede será o calculado com a altura total H menos o
empuxo do trecho de altura h0, pois esse último não atua sobre a parede (figura 12),
resultando:

Ea 
1
2
1 1

 K a   s  H 2   K a   s  h 02   K a   s  H 2  h 02
2 2

No topo do diagrama de pressões de altura h, conforme mostrado na figura 12, a
pressão vale:

Ps  K a   s  h 0
e, na base do diagrama:

Pi  K a   s  H

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A altura y do ponto de aplicação do empuxo é a altura do centro de gravidade do
trapézio (h, Ps, Pi), dada por:
h 2  Ps  Pi
y 
3 Ps  Pi
e, em função das alturas, resulta:

h 2  Ka  s  h0  Ka  s  H h 2  h0  H
y   y 
3 Ka  s  h0  Ka  s  H 3 h0  H

5. TIPOS DE MUROS DE ARRIMO

Os principais tipos de muros de arrimo são: por gravidade, em que o peso do muro é o
principal fator de resistência, os de concreto armado e os mistos. Pode ser necessário ainda
executar muros com fundação profunda, quando o solo superficial não tem resistência
adequada, e com gigantes.

5.1. Muros de arrimo por gravidade

Esses muros são executados geralmente em pedras justapostas, sem material ligante, e
evitam o deslizamento da terra devido ao seu grande peso. São recomendados para situações
de pequena altura.
Não deve haver tração em nenhuma das faces da parede do muro (o muro não é
resistente a esse tipo de solicitação), e para isso é necessário que a resultante dos esforços
passe dentro do núcleo central da seção transversal (figura 13).

Figura 13 – Muro por gravidade e determinação do núcleo central


11
A determinação do núcleo central é feita de maneira simples, igualando a tensão
mínima (tração) a zero.
Chamando de e a distância entre o centro da seção e o limite do núcleo central para
cada lado, e verificando que o momento atuante devido ao empuxo pode ser dado pelo
produto da normal por uma certa excentricidade, basta fazer com que essa excentricidade
seja, no máximo, igual ao limite do núcleo central. A expressão para o cálculo da tensão
mínima (min), para um muro de comprimento unitário, pode ser escrita:

N M N Ne
 min    
A W A W
e, com min = 0 (tração nula) resulta para o núcleo central:

N Ne W
 0  e
A W A
O módulo de resistência W e a área A, para um comprimento unitário de muro,
valem:
I 1 b3 2 b2
W   
y 12 b 6
A  b 1  b

e, substituindo na expressão de e, limite do núcleo central, resulta finalmente:


b2 1 b
e   e
6 b 6

Dessa maneira, para qualquer excentricidade da força normal situada a uma distância
 
menor que b/6 do centro da seção  e  M N  b 6 , está garantido que não haverá tração na
seção transversal do muro.
Na figura 14 estão alguns perfis possíveis para muros de arrimo por gravidade; para
pré-dimensionamento, sendo h a altura do muro, b a largura da base e b0 a largura do topo,
recomenda-se:

a) perfil retangular (econômico apenas para pequenas alturas)


 muro executado em alvenaria de tijolos: b  0,40  h ;
 muro executado em alvenaria de pedras ou concreto ciclópico: b  0, 30  h .

b) perfil trapezoidal
 muro executado em concreto ciclópico:
b 0  0,14  h
h
b  b0 
3
h
 muro executado em alvenaria de pedras ou concreto ciclópico: b  .
3

12
a) perfil retangular b) perfil trapezoidal c) perfil escalonado

Figura 14 – Perfis possíveis para muros de arrimo por gravidade

5.2. Muros de arrimo em concreto armado

Os muros de concreto armado são recomendados para alturas em torno de 4m. Na


figura 15 estão representadas algumas soluções com fundação superficial, e nesse caso é
necessário que o solo onde será implantado o muro tenha uma boa resistência.

Figura 15 – Muros de arrimo de concreto armado

5.3. Muros de arrimo mistos

Dependendo das necessidades, principalmente de altura, pode ser recomendável a


execução de muros de arrimo mistos, composto de pilares e vigas de concreto armado e
trechos com parede de tijolos, conforme representado na figura 16.

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Figura 16 – Muros de arrimo mistos

5.4. Muros de arrimo com gigantes (contrafortes) ou vigas intermediárias

Quando for preciso muros com altura maior que 4m, é conveniente o emprego de
gigantes, também chamados de contrafortes, com ou sem vigas intermediárias. Os
contrafortes sem vigas (figura 17a) ou com vigas (figura 17b) podem ser colocados do lado da
terra a ser contida ou do lado externo do muro (figura 17c).

a) gigantes do lado da terra b) com vigas do lado da terra c) gigantes do lado externo

Figura 17 – Muros de arrimo com gigantes e vigas intermediárias

5.5. Muros de arrimo atirantados

Para alturas de 4m a 6m podem ser também utilizados muros de arrimo atirantados


(figura 18), desde que existam condições locais para essa solução.

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Figura 18 – Muro de arrimo atirantado

5.6. Muros de arrimo com fundação profunda

Em qualquer das situações anteriores, dependendo da resistência do solo no local de


implantação, pode ser conveniente o emprego de fundações profundas, conforme a situação
indicada na figura 19.

Figura 19 – Muro de arrimo com fundação profunda (estacas)

6. CÁLCULO DOS MUROS DE ARRIMO

O cálculo completo dos muros de arrimo consiste em:

 verificar a estabilidade contra o tombamento e a translação;


 verificar as tensões no solo;
 dimensionar os diversos elementos constituintes do muro.

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Três situações serão aqui consideradas: a primeira em que o muro de concreto tem
fundação superficial, outra em que o muro tem trechos de alvenaria, e, finalmente, em que o
muro de arrimo de concreto é executado com fundação profunda.

6.1. Cálculo de muros de arrimo de concreto armado com fundação superficial

Serão, neste caso, seguidas as seguintes etapas: a verificação da estabilidade


(tombamento e translação), a verificação das tensões no solo e o cálculo das armaduras.

6.1.1. Verificação da estabilidade

a) Tombamento

O tombamento do muro deve ser evitado, ou seja, deve existir segurança à rotação do
muro em torno do ponto A, indicado na figura 20. Também estão indicadas todas as forças
em ação, ou seja, o empuxo, que tende a tombar o muro, e os pesos do solo e do muro, que
tendem a impedir o tombamento.

Figura 20 – Estabilidade ao tombamento do muro

A ação do empuxo de terra Ea sobre a parede vertical do muro causa, em relação ao


ponto A, o momento de tombamento do muro, e vale:

h 1 h 1
M tomb  E a     s  Ka  h2     s  Ka  h3
3 2 3 6

O momento das forças que tendem a impedir que o muro tombe (peso da terra e peso
próprio do muro) é chamado de momento de restauração, e em relação ao mesmo ponto A,
conforme a figura 20, vale:

16
M rest  Ps  x s  Pg  x g

onde:

Ps  peso da terra;
Pg  peso próprio do muro;
xs  distância entre o ponto A e a linha de ação de Ps;
xg  distância entre o ponto A e a linha de ação de Pg.

É fácil perceber que a parcela do solo é bastante importante, pois o braço de alavanca
é grande, e quando não for possível usar a aba do lado direito do muro (atrás, ou seja, do lado
da terra a ser contida), fica difícil o seu equilíbrio.
Para que seja garantida a estabilidade quanto à rotação em relação ao ponto A, com
uma adequada segurança, é necessário que:

M rest  1,5  M tomb

b) Translação

A segunda verificação a ser feita quanto à estabilidade do muro está relacionada à


possibilidade dele transladar (figura 21). Para que isto não ocorra a força de atrito estático
máxima possível deve ser, pelo menos, 1,5 vezes maior que a força horizontal atuante que é,
geralmente, igual ao empuxo ativo.
Essa consideração garante, com adequada segurança, que o atrito possível de ser
desenvolvido não será vencido. No caso desta verificação não ser atendida, a utilização do
empuxo passivo desenvolvido pelo "dente" do muro pode resolver. Desta forma deve-se ter:

Fa  1,5  Ea ou Fa  E p  1,5  Ea

sendo que:


Fa    N    Ps  Pg  é a máxima força de atrito estático possível;
Ps e Pg são os pesos do solo e do muro, respectivamente;
Ea é o empuxo ativo;
Ep é o empuxo passivo devido ao “dente” do muro;
 é o coeficiente de atrito entre o solo e a base do muro, que pode ser tomado entre 0,50 a
0,55 para solo seco e igual a 0,30 no caso de solo saturado.

17
Figura 21 – Estabilidade do muro à translação

6.1.2. Verificação das tensões no solo

É necessário agora verificar as tensões atuantes no solo sob a base do muro de arrimo;
a tensão máxima não pode ser maior que a capacidade resistente do solo, e a mínima deve ser
tal que não produza tensões de tração no solo. Isto é feito calculando-se as tensões extremas,
máxima e mínima, com a fórmula clássica da resistência dos materiais, a partir da força
normal e momento atuantes (figura 22).

N M
 max     s,adm
A W
N M
 min   0
A W
onde:
N  Ps  Pg
M: momento atuante calculado em
relação à linha de ação de N
A e W: área da sapata e módulo de
resistência, considerando que a
sapata tenha largura b e
Figura 22 – Tensões no solo sob a sapata comprimento unitário

Se a tensão mínima do solo for negativa   min  0 , isso indica tensões de tração no
solo, o que não é possível, e a expressão dada pela resistência dos materiais para o cálculo das
tensões não é mais válida. O cálculo então será feito a partir das seguintes considerações:

 despreza-se a região tracionada do muro;


 para que haja equilíbrio, a força atuante N e a de reação R do solo devem ter a mesma
linha de ação e se anular (N = R);
 a força N atuará com uma excentricidade e, em relação à posição inicial, dada por
e  MN ;

18
 o muro terá, para efeito de cálculo das tensões no solo, uma largura fictícia d < b, de modo
que toda a reação do solo R, que equilibra N, seja resultante somente das tensões na região
comprimida;
 a tensão máxima de compressão resultante, maior que a determinada anteriormente, será
chamada de  'A .

Da figura 23, sabendo que N e R têm a mesma linha de ação, é possível obter a
relação entre a largura fictícia do muro d, a largura real b e a excentricidade e:

d b b 
e   d  3    e
3 2 2 

Figura 23 – Equilíbrio na base do muro com solo comprimido parcialmente

A resultante das tensões de compressão é obtida pela área da distribuição das tensões,
para um muro de comprimento unitário:
 'A  d
R
2
E como R = N, determina-se finalmente o valor de  'A , que deve ser menor que a
tensão admissível do solo:

2N
 'A    s,adm
d

6.1.3. Cálculo da armadura

A armadura necessária nas diversas partes do muro de arrimo está indicada na


figura 24, juntamente com as seções onde ela deve ser calculada e as tensões no solo. O
dimensionamento é feito por unidade de comprimento do muro.
19
A armadura de um muro de arrimo pode ser dividida em três categorias principais,
obtidas com o dimensionamento das diversas seções do muro ou construtivas (figura 24):

 barras N1: determinadas pelo dimensionamento nas seções A e C;


 barras N2: apenas construtivas, e podem ser tomadas igual a um quinto da armadura
principal correspondente;
 barras N3: obtidas através do dimensionamento das seções D, B e E.

Para o dimensionamento em cada uma das seções é preciso calcular o momento fletor
atuante correspondente; as dimensões e tensões estão indicadas na figura 24, Ka e Kp são os
coeficientes de empuxo ativo e passivo respectivamente, e s é o peso específico do solo.

Figura 24 – Armadura, seções e tensões a considerar no dimensionamento do muro

20
Seção A: o momento fletor atuante é praticamente igual ao momento de tombamento; a
diferença está no valor de h, que deveria ser substituído por h - hb , sendo hb a espessura da
base do muro. A favor da segurança, pode ser tomado como o de tombamento:

h 1 h 1
MA  Ea    Ka  s  h 2    Ka  s  h3
3 2 3 6

Seção B: o momento fletor é dado pela diferença entre os momentos devido a reação do solo
sob o muro e o peso próprio do solo na aba da direita, desprezando o peso próprio da aba:

s s2   
M B  1  s    2     s  h  h b   s    1  2   s  h  h b 
s s s
2 2 3 2 2  3 

Seção C: o momento fletor é devido ao empuxo passivo no “dente” do muro:

2 1 2  hd 1
M C  E p   h d   K p   s  h 2d    K p   s  h 3d
3 2 3 3

Seção D: o momento fletor é devido à reação do solo na aba esquerda, também desprezando o
peso próprio da aba:

r r 2r r2 r2
M D  3  r  4    3  4 
2 2 3 2 3

6.2. Cálculo de muros de arrimo mistos de concreto e alvenaria com fundação superficial

O procedimento de cálculo é semelhante ao anterior, ou seja, devem ser analisadas a


estabilidade contra o tombamento, a estabilidade à translação, as tensões no solo e calculada
a armadura.

6.2.1. Análise da estabilidade e das tensões no solo

A análise da estabilidade em relação ao tombamento e translação é feita da mesma


maneira que no caso dos muros de arrimo de concreto armado, assim como o cálculo das
tensões máxima e mínima no solo sob a base do muro.

6.2.2. Cálculo da armadura

A armadura necessária, neste caso, deve ser calculada para cada elemento constituinte
do muro isoladamente, ou seja, pilares, vigas e base do muro de arrimo misto (ver figura 16).

a) Armadura da base

A armadura da base do muro é calculada como naqueles de concreto armado.

21
b) Armadura dos pilares

Uma maneira simplista de calcular os pilares, na verdade vigas engastadas na base, é


considerar a carga, devido ao empuxo da terra, distribuída de forma triangular ao longo da
altura do muro. Assim, tem-se o momento na base de um pilar, sendo t o espaçamento entre
os pilares:

h 1 h 1
M base,pilar  E a   t   Ka  s  h 2   t   Ka  s  h3  t
3 2 3 6

c) Armadura das vigas

As vigas intermediárias e a de topo são solicitadas por uma carga uniformemente


distribuída horizontal, que pode ser determinada a partir da resultante das tensões devidas ao
empuxo de terra, de acordo com a área de influência de cada uma (ver figuras 16 e 25a).
A viga inferior deve ser calculada, ainda, para resistir a um momento de torção, pois
há a possibilidade de rotação dos pilares e fundo do muro, causando esforços que precisam
ser equilibrados por ela (figura 25b).

a) Ações nas vigas superiores b) Ações na viga da base

Figura 25 – Esquema para o cálculo dos muros de arrimo mistos

6.3. Cálculo de muros de arrimo de concreto com fundação profunda

Nos muros de arrimo com fundação profunda (ver figura 19) não há a necessidade de
verificar as tensões no solo, pois a resistência deverá ser garantida pelas estacas. Entretanto, é
preciso determinar a carga em cada estaca. Os demais passos são semelhantes aos efetuados
para os muros anteriores.

6.3.1. Estabilidade

As verificações da estabilidade ao tombamento e à translação podem ser feitas da


mesma forma que para os muros de arrimo de concreto com fundação superficial; porém, ao
ocorrer uma pequena deformação na estrutura, a fundação será solicitada e contribuirá para o
equilíbrio, e assim se estará bem a favor da segurança.

22
6.3.2. Determinação da carga nas estacas

Com a força Ea, resultante do empuxo do solo, peso do muro e do solo sobre as abas
(ver figura 19), calcula-se as cargas nas estacas, verificando se não será ultrapassada a
capacidade das mesmas. No caso de blocos sobre duas estacas, a carga em cada uma, por
equilíbrio, fica:

N M
N e,1      t  N max
2 r 

N M
N e, 2      t  0
2 r 

Nas equações, N é a soma de todas cargas verticais e M a resultante de momentos


tomada em relação ao centro das estacas, para um comprimento unitário do muro, r é o
espaçamento longitudinal entre as estacas e t o espaçamento transversal entre as estacas (na
direção do comprimento do muro, figura 19).
A maior carga na estaca não deve superar a sua capacidade (Nmax), e a menor deve ser
positiva, ou seja, está sendo admitido apenas estacas comprimidas.

6.3.3. Cálculo da armadura

A armadura necessária na parede do muro pode ser calculada como no muro de


concreto armado com fundação superficial. A viga do fundo, na base do muro, deve ser
dimensionada de modo a resistir aos pesos e também à torção, proveniente da diferença entre
o momento devido ao empuxo e o devido ao peso do solo mais o peso da laje do fundo. Essa
laje, que liga um bloco ao outro, pode ser calculada como armada em uma direção, com uma
borda livre.

7. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS E RECOMENDAÇÕES

7.1. Drenagem nos muros de arrimo no lado do terrapleno

Atrás da cortina deve-se prever uma drenagem, para manter o terreno seco e evitar
pressões que provocarão um aumento do empuxo. O lençol freático ou excesso d’água,
responsáveis por umidade e “encharcamento”, produzem um aumento considerável do
empuxo, principalmente em aterros leves. A drenagem pode ser feita com drenos
(normalmente com brita graduada) e barbacãs (tubos) que são colocados em toda a altura do
muro (figura 26a), ou com apenas uma saída/tubo na parte inferior (figura 26b), que pode ser
conectada a uma tubulação e dirigida para uma galeria de águas pluviais.

23
a) Dreno e barbacãs b) Saída na parte inferior

Figura 26 – Drenagens usuais em muros de arrimo

Outros tipos de drenagem, como mostradas na figura 27, podem ser projetadas, e são
até mais eficientes, mas de difícil execução. É empregada apenas areia grossa, que poderá ser
envolvida por uma manta de fios de poliester.

Figura 27 – Drenagem com areia

É possível também colocar um tapete drenante ao longo do talude, com uma manta
impermeável na base do muro e saída na parte da frente (figura 28a) ou com um dreno
canalizado na região do talude (figura 28b).

24
a) Saída na parte da frente b) Saída no lado do terrapleno

Figura 28 – Drenagem com tapete drenante e manta impermeável

É sempre recomendado evitar infiltração de águas superficiais nos terraplenos por


meio de um declive, de uma camada impermeável superficial e de uma canaleta para recolher
essa água (figura 29).

Figura 29 – Terrapleno com camada impermeável superficial e canaleta

7.2. Compactação do aterro

O aterro deve ser lançado em camadas, cada uma delas devidamente compactada; é
recomendado apiloamento com soquete manual ou mecânico, em camadas de 20cm, com um
grau de umidade que dê ao solo seu maior peso específico (figura 30). Embora isso aumente o
peso específico, por outro lado aterros mal feitos no lançamento podem posteriormente
apresentar recalques bruscos e não previstos. Com um grau de compactação de 90% o solo
praticamente atinge as condições primitivas de resistência.

25
Figura 30 – Compactação do aterro

7.3. Juntas

Deve-se prever juntas em muros contínuos de grande comprimento, a fim de combater


aos esforços causados por variações de temperatura, com espaçamentos variando de 10,0m a
40,0m (Moliterno (1994) recomenda a cada 25m). Se possível, é preferível que sejam
colocadas em pontos singulares do muro, tais como mudança de altura, mudança do tipo de
solo da fundação, mudança do terrapleno, mudança de sobrecargas, etc. Recomenda-se
colocar uma armadura suplementar na face externa do muro. As juntas podem ser executadas
das seguintes maneiras:

a) em corte livre (figura 31a);


b) em corte com cobrimento (figura 31 b);
c) em corte com enchimento (figura 31 c);
d) em corte com junta plástica, preparada com mastique e silicone e espessura mínima de
25mm (figura 31d).

a) Corte livre b) Corte com cobrimento

c) Corte com enchimento d) Corte com junta plástica

Figura 31 – Juntas de dilatação em muros de arrimo


26
8. EXEMPLOS DE CÁLCULO DE MUROS DE ARRIMO

8.1. Muro de arrimo de concreto armado

Projetar um muro de arrimo isolado, de concreto armado, com fundação superficial


(em sapata), para um talude de altura 4m. Dados:
 Peso específico aparente do solo: γ s  18 kN/m 3 ;
 Angulo de atrito natural do solo:  = 30;
 Tensão admissível do solo: σs,adm  1,5 kgf/cm 2 (150 kN/m 2 ) ;
 Concreto: f ck  20 MPa ;
 Aço: CA-50;
 Cobrimento das armaduras: 3cm.

a) Seção transversal do muro e dimensões dos seus elementos

Na figura 32 mostram-se a seção transversal e as dimensões adotadas para os


elementos do muro.

10 20

400

30

50

80 10 20 80

Figura 32 – Seção transversal e dimensões dos elementos do muro de arrimo


27
b) Cálculo do empuxo ativo
20
tgθ   0,05    2,9  0
400
   30  1
θ  0  K a  tg 2  45-   K a  tg 2  45-   K a 
 2  2 3
1 1 1
Ea   K a  γs  h 2  E a   18  4,32  55,5 kN/m
2 2 3

c) Verificação do tombamento

10 20

P4
P1 P5

400

P2

Ea

30 P3

A
190

Figura 33 – Pesos das partes e empuxo ativo

 Momento de restauração (relativo ao ponto A)

Parte Peso (kN/m) X (m)


P1 (concreto) P1  0,1 4,0  25  10 0,85
P2 (concreto)  0,2  4,0  0,967
P2     25  10
 2 
P3 (concreto) P3  0,3 1,9  25  14,25 0,95
P4 (solo)  0,2  4,0  1,03
P4    18  7,2
 2 
P5 (solo) P5  4 ,0  0 ,8 18  57 ,6 1,50

28
N   Pesos  99,05 kN / m
M rest  10  0 ,85  10  0 ,967  14,25  0 ,95  7 ,2 1,03  57 ,6 1,50  125,5 kN  m/m

 Momento de tombamento (relativo ao ponto A)


h 4,3
M tomb  Ea   M tomb  55,5   79,5 kN  m/m
3 3

 Condição de segurança
M rest 125,5
  1,58  1,5  OK !
M tomb 79,5

d) Verificação da translação

Ea

30

Ep Fa
50

Figura 34 – Força de atrito na sapata e empuxos

A força de atrito estático é:


Fa  μ  N  0 ,55  99,05  54,5 kN / m .
O empuxo passivo devido ao “dente” do muro é:
1 1 1 1
E p   K p   s  h2  E p     s  h 2  E p   3 18  0,82  17,3 kN/m .
2 2 Ka 2
A condição de segurança é dada por:
Fa  E p 54,5  17,3
  1,29  1,5  NÃO PASSA !
Ea 55,5

29
Não passou na verificação, será aumentada a altura do dente ( hd ):
Fa  E p  1,5  Ea  E p  1,5  Ea  Fa
E p  1,5  55,5  54,5  28,75 kN/m
1 1 1
Ep    γs  h 2  28,75   3 18  h 2  h  1,03 m
2 Ka 2
hd  h  0 ,30  hd  1,03  0 ,3  0 ,73 m . Adota-se hd  0 ,75 m .

e) Verificação das tensões no solo

P4
P1 P5

N
P2
Ea
Mc

P3

95 C 95 95 C 95

Figura 35 – Momento e normal atuantes no “centro” da sapata

O momento relativo ao ponto C é dado por:


h
Mc  P1 (0,95  0,85)  P2  (0,967  0,95)  P4  (1,03  0,95)  P5  (1,5  0,95)  E a 
3
4,3
M c  10  ( 0,10 )  10  ( 0,017 )  7 ,2  ( 0,08 )  57,60  ( 0,55 )  55,5   48,1 kN  m/m
3
O cálculo das tensões deve ser feito considerando que a sapata tenha comprimento
unitário; a largura da sapata é b = 1,9m. Usando a fórmula clássica da resistência dos
materiais, as tensões no solo ficam:

N Mc 99,05 48,1
σ max    σ max    132,1 kN/m2 /m  σ s,adm  OK !
A W 1,0 1,9 1,0 1,9 2

6
N M 99,05 48,1
σ min   c  σ min    27,8 kN/m 2 /m  0  NÃO OK !
A W 1,0 1,9 1,0 1,9 2

30
Como a tensão mínima resultou negativa   min  0 , isso indica tensões de tração no
solo, o que não é possível, e a expressão dada pela resistência dos materiais para o cálculo das
tensões não é mais válida. Nesse caso é necessário desprezar a região tracionada do muro e
recalcular a tensão máxima no solo, pois essa é maior que a calculada anteriormente.
Recalculando a tensão máxima, tem-se:

b  b M   1,9 48,1 
d  3   e  d  3   c   d  3     1,39 m
2  2 N   2 99,05 
2 N 2  99,05
σ 'A   σ 'A   142,5 kN/m2 /m  σ s,adm  OK !
d 1,39

Mc

142,5 kN/m²/m

139cm

Figura 36 – Distribuição das tensões no solo sob a sapata do muro

31
f) Cálculo das armaduras necessárias

N3

N1

N2 N3
A
B

C
N3

Figura 37 – Seções para cálculo das armaduras necessárias

 Momento nas seções

Seção A (momento causado pelo empuxo de terra):


1
M A   K a  γs 
h  hb 3 1 1
 M A   18 
4,3  0,33
 64 kN  m/m
2 3 2 3 3

Seção B (momento causado pelo peso do solo e peso da sapata):


M B  (P 5  Pplaca )  0,4  M B  ( 57,6  0,3  0,8  25 )  0,4  25,4 kN  m/m

Seção C (momento causado pela distribuição das tensões no solo sob a sapata):
σ1 σ2 142,5  (1,39  0,8)
  σ2   60,5 kN/m2 /m
1,39 (1,39  0,8) 1,39
 σ  σ2   0 ,8 2  σ1  σ 2 
MC   1  0 ,8     
 2   3 σ1  σ 2 
 142,5  60,5   0,8 2 142,5  60,5 
MC    0,8       36,9 kN  m/m
 2   3 142,5  60,5 

32
2
1

80cm

139cm

Figura 38 – Tensões para cálculo do momento na seção C

 Cálculo das armaduras

Ferro N1 ( M A  64,0 kN  m/m; bw  1,0m; d  30-3  27cm ):


Md 1,4  64,0
KMD    0 ,09
b w d  fcd 1,0  0 ,27 2  20000
2

1,4
 KX  0,1403
 KZ  0,9439

KMD  0,09  Tabela  
εc  1,6308 00
0

εs  10 0 00
Md 1,4  64,0
As    8,09 cm 2 /m
KZ  d  f yd 0 ,9439  0 ,27  50
1,15

33
Para barra de 10,0mm de diâmetro ( = 10,0mm), tem-se o seguinte espaçamento(t):
A1barra 0,8cm 2
t   0,10m  t  10cm  Portanto, usa-se  = 10,0mm c/10cm.
As 8,09cm 2 /m

Ferro N2 ( M C  36,9 kN  m/m; bw  1,0m; d  30-3  27cm ):


Md 1,4  36,9
KMD    0 ,05
b w d  fcd 1,0  0 ,27 2  20000
2

1,4
 KX  0,0758
 KZ  0,9697

KMD  0,05  Tabela  
εc  0,8205 00
0

εs  10 0 00
Md 1,4  36,9
As    4 ,54 cm 2 /m
KZ  d  f yd 0 ,9697  0 ,27  50
1,15
Para barra de 8,0mm de diâmetro ( = 8,0mm), tem-se o seguinte espaçamento(t):
A1barra 0,5cm 2
t   0,11m  t  11cm  Adota-se  =8,0mm c/10cm.
As 4,54cm 2 /m

Ferro N3 (armadura construtiva):


1 1
As,const    As,principal  As,const    8,09  1,62 cm 2 /m .
5 5
Para barra de 6,3mm de diâmetro ( = 6,3mm), tem-se o seguinte espaçamento (t):
A1barra 0,32cm 2
t   0,20m  t  20cm  Portanto, usa-se  = 6,3mm c/20cm.
As 1,62cm 2 /m

34
g) Detalhamento das armaduras
N4 - Ø 6,3 - C = 397

N1 - Ø 10,0 c/10
N4 - Ø 6,3 c/20
397

N3 - Ø 6,3 c/20 - corrido

428
N3 - Ø 6,3 c/20 - corrido

N1 - Ø 10,0 - C = 642

N3 - Ø 6,3 c/20
140

N2 - Ø 8,0 c/10 N3 - Ø 6,3 c/20


60

14
184
24

N2 - Ø 8,0 - C = 430

Figura 39 – Detalhamento das armaduras do muro de arrimo

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014. Projeto de


Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120:1980. Cargas para o


Cálculo de Estruturas de Edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1980.

GUERRIN, A. Tratado de Concreto Armado. São Paulo: Hemus, 2003.

MOLITERNO, A. Caderno de Muros de Arrimo. 2ed. São Paulo: Editora BLUCHER, 1994.

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