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INSTRUÇÃO SOBRE A DISSOLUÇÃO DO MATRIMÔNIO

 EM FAVOR DA FÉ *

Conforme é sabido, esta S. Congregação durante muito tempo tratou e estudou


a questão da dissolução matrimonial em favor da fé.

Ultimamente, depois de investigar diligentemente tal assunto, o Santo Padre


Paulo VI dignou aprovar as presentes normas pelas quais se declaram as
condições para a concessão da dissolução do matrimônio em favor da fé,
independentemente de que se batize e converta-se, ou não, a parte
peticionaria.

I. Para ser concedida a dissolução válida juridicamente, requerem-se três


condições sine quibus non (sem as quais não sem concede o provimento
requerido):

a) ausência do batismo por parte de um dos cônjuges ao longo da vida


conjugal;

b) Falta da convivência conjugal própria do exercício do matrimônio após o


batismo; porventura motivada pelo cônjuge não batizado;

c) que a pessoa não batizada ou batizada fora da Igreja católica, deixe à parte
católica a liberdade e a faculdade de professar a própria religião e de batizar e
educar os filhos nos padrões do catolicismo; esta condição, por cautela, deve
constar com toda a segurança.

II. Demanda-se além disso:

§.1. Que não haja nenhuma possibilidade de restabelecer a vida conjugal, em


virtude de oposição radical e irremediável.

§.2. Que não haja perigo de escândalo público ou de profundo espanto em


virtude de a concessão da graça.

§.3. Que o requerente não tenha causado, por sua culpa, o fracasso do próprio
legítimo matrimônio e que o católico (a), com quem vai contrair ou convalidar
novas núpcias, não tenha provocado culposamente a separação dos legítimos
cônjuges.

§.4. Que a outra parte do primeiro matrimônio seja interpelada sobre tal
pretensão e que não venha razoavelmente a opor-se;
§.5. Que a parte que postula a dissolução procure educar religiosamente a
prole possivelmente nascida do primeiro matrimônio;

§.6. Que igualmente, segundo as leis da justiça, cuide do cônjuge abandonado


e da prole que quiçá existente.

§.7. Que a parte católica com a qual vai contrair novo matrimônio viva
segundo as promessas do batismo e cuide da nova família.

§.8. Que quando se tratar de um catecúmeno, com o qual vai casar-se, haja a
certeza moral de que este receberá o batismo em pouco tempo, caso não possa
aguardar (o que é aconselhável) até ser batizado.

III. A dissolução é mais facilmente concedida quando, por outro motivo, a


validade do casamento gerar sérias dúvidas.

IV. Também pode dissolver-se o casamento contraído entre partes católica e


não batizada, com dispensa do impedimento de disparidade de cultos, sempre
que se verificarem as condições estabelecidas nos n. II e III, constando-se que
a parte católica, por circunstâncias peculiares da região, principalmente em
virtude de o escasso número de católicos na mesma, não tenha podido evitar
as núpcias e, também, levar a vida demandada pela religião católica. Além
disso, é necessário que se informe esta S. Congregação sobre a publicidade do
matrimônio celebrado.

V. Não se concede à parte católica requerente a dissolução do legítimo


matrimônio feito com a dispensa do impedimento de disparidade de cultos, em
havendo o objetivo de contrair novas núpcias com um não batizado que não se
converte.

VI. Não se concede a dissolução do matrimônio legítimo que tenha sido


contraído ou convalidado depois de obtida a dissolução do primeiro
matrimônio legítimo.

Para que estas condições se apliquem retamente, foram dadas “novas normas
processuais”, segundo as quais deverão ser instruídos todos os futuros
processos. Acrescentamos tais normas à presente instrução.

Estabelecidas as novas normas, revogam-se totalmente as anteriores que


foram dadas para a instrução destes processos.

+ Francisco Card. Šeper


Prefeito
+ Fr. Jerônimo Hamer, O.P.
Secretário

* Documenta, 65-66.

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