Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mais de duas décadas depois, Scott (2010) faz um balanço e nos mostra que
está longe de ser consensual o entendimento sobre sexo e gênero. Os usos
sempre variaram: há aqueles que tomam os dois conceitos como radicalmente
distintos, há outros que tomam o gênero como uma forma mais acadêmica de
se referir a “sexo” ou “mulheres”, mas uma coisa permanece: a noção de que
o gênero é uma assimilação de significados sobre diferenças sexuais
biologicamente dadas continua intacta. E foi justamente isso que elas tanto
criticaram!
Ao conceituar gênero, tanto Joan Scott quanto sua colegaJudith Butler –
falando a partir de uma perspectiva construcionista social, altamente
influenciada por Foucault – destacam que tanto sexo quanto gênero são, em
primeiro lugar, formas de saber, isto é, conhecimentos a respeito dos corpos,
das diferenças sexuais, dos indivíduos sexuados.
Porém, se associamos o primeiro à natureza, e o segundo à
cultura, perpetuamos a ideia de que existe uma “natureza” que possa ser
apreendida à parte de um conhecimento que produzimos sobre
ela (SCOTT, 1999). Ambos são conceitos históricos (no sentido de possuírem
uma história, serem passíveis de uma genealogia) e, desta forma, cambiáveis
no tempo e no espaço.
A filósofa Judith Butler (1956-) nos mostra o quanto a ideia de um sexo natural
é produto de relações de gênero que visam a naturalização do sexo em um
ambiente pré-cultural e ahistórico.