Aluno: Gabriel Piccinini Labarba Saggioro (201968040)
Professor: Victor Martins Lopes de Araujo
Disciplina: ASS032B (Política de Seguridade Social II) Curso: Serviço Social - 2022.1
Avaliação
1) Comente sobre qual modelo de Política de Saúde predominou na realidade
brasileira durante o século XX? No século XX, ocorreram diversos avanços nas intervenções estatais dentro das políticas de saúde, uma vez que anteriormente a este período, a seguridade social em forma de saúde era enxergada apenas de maneira filantrópica, não como um direito social de todo cidadão. Porém o Estado só passou a ser unânime nas regulamentações e asseguração das políticas de saúde em 1988, na Constituição Federal, antes disso houveram diversas instituições que forneceram alguns tipos de assistência para a classe trabalhadora que necessitava dessas políticas sociais, como a reforma Carlos Chagas em 1923, que foi um grande marco na história das políticas de saúde brasileiras, onde foi criado os denominados CAPs (Caixa de Aposentadoria e Pensões), essas reformas contribuíram para limitar o tempo de contribuição no mercado de trabalho, analisar as condições físicas e de saúde do trabalhador, e fornecer auxílios para aqueles incapacitados de vender sua mão-de-obra. Um modelo de política de saúde que predominou na realidade brasileira no século XX, foi o da medicina previdenciária, que surgiu com a emergência dos Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensões, que regulamentavam de forma privada esse auxílio ao trabalhador que necessitava das políticas de previdência e saúde, sem total comprometimento do Estado para que não o gerasse despesas nesse setor e assim a população recebia uma assistência limitada. Porém, ao final do século XX, a saúde pública começou a tomar forças com as reformas da Constituição Federal de 1988, que passou a enxergar a saúde como um direito social universal, que deveria ser garantido de forma única pelo Estado, para toda a sociedade, não só aqueles que detinham o capital. 2) O que foi o movimento sanitarista? Quais suas principais propostas e como elas impactaram a concepção de Saúde prevista na Constituição Federal de 1988? Durante os intensos anos de regime militar no Brasil, a saúde foi pautada com um base de medicina previdenciária, que controlava as assistências oferecidas para os cidadãos muito rigorosamente, de forma a não desperdiçar o orçamento do Estado com essas políticas de saúde, ou seja as pessoas vítimas das expressões da questão social inerente ao modo de produção capitalista, eram extremamente prejudicadas e negligenciadas, uma vez que as políticas de saúde não eram asseguradas pelo Estado como um direito público, ou seja, os trabalhadores eram vítimas dessas poucas políticas de instituições privadas. O movimento sanitarista que ocorreu em 1970, contava com a participação de diversos profissionais do setor da saúde, juntamente com toda a classe trabalhadora que clamava pelo direito de possuir uma atenção básica e universal de saúde fornecida pelo Estado, essa reforma sanitária e todas as suas demandas impactaram respectivamente na concepção de saúde prevista na Constituição de 88, que trouxe pautas como o acesso democrático à saúde, e a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS), onde toda os cidadãos teriam acesso igualmente as políticas de saúde asseguradas pelo Estado. A saúde passou a ser lida como um direito social e não mais como um auxílio fornecido por instituições.
3) Baseado nos textos trabalhados na disciplina, discorra sobre como o
projeto Ético-Política do Serviço Social se relaciona com o projeto da Reforma Sanitária? É possível articular o projeto Ético-Político do Serviço Social com o projeto de Reforma Sanitária, uma vez, esse movimento sanitarista em prol da universalização dos direitos de saúde acontece em um período em o que Serviço Social passa por um processo de renovação e rompimento com as tradições conservadoras neoliberais e filantrópicas e passa a trabalhar de maneira aliada com a classe subalterna. O Serviço Social veio de uma base extremamente conservadora, porém ela não ficou estagnada neste caráter, e sofreu diversas modificações ao longo das décadas, acompanhando o momento histórico que era vivido e o contexto da época, como por exemplo, atualmente se tornou uma profissão mais atualizada e com um caráter distanciado do conservadorismo e religioso. Entretanto, durante esta transformação do Serviço Social, um contexto histórico marcante para que essas mudanças ocorressem, foi na década de 80, onde a ditadura militar tinha chegado ao fim e o país começou a ser democratizado novamente, após anos de repressão, foi então que o movimento de ruptura com o Serviço Social conservador tradicional começou a acontecer e foi de fato efetivado nos anos 90, após um ocorrido marcante, que foi a Constituição de 1988, então a classe trabalhadora começou a ser mais enxergada e cada vez mais necessitava de um intermediador. Sendo assim, com a respectiva evolução da classe trabalhadora e com a ruptura do Serviço Social de caráter conservador, a profissão precisava seguir um novo rumo com novos conceitos e aspectos, que favorecessem a classe trabalhadora e entendesse a relação de classes, e que esta vive nas margens da sociedade enquanto a burguesia concentra a maior parte da renda em suas próprias mãos. Portanto, para organizar esses novos aspectos da profissão, surgiu o Projeto Ético-Político, mas ainda que houvesse essa notável evolução no caráter do assistente social, junto com ela os meios de produção dominadores capitalista, também tiveram um notável crescimento, e para que o Estado tivesse total controle da população, ele precisava que o assistente social agisse em prol a ele, intermediando a classe operária e de certa forma controlando a mesma para que ela não se rebelasse contra o Estado e não atrapalhasse as políticas neoliberais de tomarem conta do país. Fica nítido então a relação entre o projeto Ético-Político do Serviço Social com o projeto de Reforma Sanitária, que foi um dos pilares marcantes na ruptura do conservadorismo da profissão, o assistente social então é o agente que ficaria responsável por incluir os usuários nas políticas sociais universais advindas da Reforma Sanitária e da Constituição de 88 , ou seja ele age de maneira interventiva e aliada da classe trabalhadora, a qual ele mesmo se insere, ao mesmo tempo que ainda trabalha seguindo a dinâmica do sistema capitalista, que o usa como um meio de controle. O Projeto Ético Político então, traz como demanda que o assistente social trabalhe na democratização da saúde, demandas essas que vieram de acordo com a Reforma Sanitária.
4) Se utilizados os textos “Parâmetros para Atuação do Assistente Social na
Política de Saúde” do CFESS e “Serviço Social e Saúde: os instrumentos e técnicas” de Castro e Oliveira, comente sobre algumas características da atuação do Assistente Social na Política de Saúde. Possuindo como referência os textos “Parâmetros para Atuação do Assistente Social na Política de Saúde” do CFESS e “Serviço Social e Saúde: os instrumentos e técnicas” de Castro e Oliveira, é possível destacar papéis importantes do assistente social nas políticas de saúde, como por exemplo garantir e providenciar o acesso do usuário à essas políticas que os beneficiam, fazendo essa ligação e intervenção entre Estado e sociedade. A mobilização e entendimento da sociedade a partir da questão social advinda do capitalismo é de suma importância na atuação do assistente social na área da saúde, uma vez que é necessário fazer a separação entre as práticas assistencialistas e filantrópicas, com as aplicações de políticas públicas implementadas pelo Estado. O assistente social, ao atuar com as políticas de saúde, necessita se reinventar sempre, atuando junto com equipes multidisciplinares e com envolvimento à realidade, estimulando a participação social dos usuários para que eles se incluam nos movimentos e conferências. Para concluir, o assistente social deve pautar sua atuação nas políticas de saúde, de maneira dinâmica e inclusiva ao usuário, também se incluindo no movimento que busca garantir a melhoria desta ordem social que afeta as políticas sociais, trabalhar com uma equipe de diversos profissionais da saúde e estimular os usuários a seguir com as políticas de saúde aplicadas, além também da importantância de interpretar a situação social de um indivíduo e direcionar políticas que o caibam.