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ESTU015-17 - 2023.1
Mudanças ambientais
e ZOONOSES
Aula 7 – 29/03/2023
Objetivos de HOJE
Vamos lá?
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Mudanças (socio)ambientais: relembrando
▸ Compreendem:
○ Mudanças no uso da terra;
○ Depleção da biodiversidade;
○ Contaminação de corpos hídricos;
○ Poluição atmosférica;
○ Mudanças no clima.
▸ Geram:
○ Mudanças na saúde da população
○ Surgimento de novos riscos à saúde
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Um exemplo de como a mudança no uso da
terra pode afetar a saúde:
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Um exemplo de como a mudança no uso da
terra pode afetar a saúde:
○ O mosquito-prego (um dos nomes populares do Anopheles sp) não é
considerado um mosquito urbano tal como o Aedes aegypti
○ É preciso estar interagindo com a mata para ser contaminado, ou morar
próximo dela. A fêmea da espécie Anopheles gambiae consegue percorrer
(voar) cerca de 2km/hora! (Fonte).
○ Praticamente todas as espécies de macacos, orangotangos, chimpanzés,
até lêmures (!) podem ser infectados por malária. É claro que o protozoário
que causa doença nos animais silvestres dificilmente é o mesmo que nos
causa a doença.
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Malária em outros animais...
Fonte: CUROTTO, S. M.; SILVA, T. G. da; BASSO, F. Z.; BARROS FILHO, I. R. de. Malária em mamíferos silvestres. Arq.
Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 15, n. 1, p. 67-77, jan./jun. 2012.
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Malária em outros animais...
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Malária em outros animais...
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O plasmodium que infecta o macaco pode
infectar seres humanos?
Os Plasmodium sp que infectam seres humanos geralmente são
diferentes dos Plasmodium sp que infectam os animais, mas...
Sim, há indícios da transmissão entre macacos e humanos.
Na floresta, o mosquito anofelino macho alimenta-se de seiva de
plantas. A fêmea alimenta-se de sangue, picando macacos. Mas...
E se tiver um humano por alí?
Leia esta reportagem da Revista FAPESP de 2017, explicando
como a malária pode ser considerada uma zoonose.
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Ainda tem malária no Brasil?
○ Sim! Mais de 95% dos casos são em região amazônica.
○ Os outros 5% dos casos acontecem em comunidades que habitam ou trabalham
próximo à áreas florestadas.
É difícil conter a doença na Amazonia porque
há muitos assentamentos rurais... Cada vez
mais áreas florestadas ocupadas para dar
lugar a atividades econômicas (extrativismo,
mineração, agropecuária...)
A população tem poucas informações sobre
prevenção e nem sempre cumprem o
tratamento.
Macrorreg.Saúde/ Munic.de
residência 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
MAUA - - 3 1 2 - - - 1 - 1 1 3 3 15
DIADEMA - - 2 - 1 2 1 - - - 1 1 - - 8
SANTO ANDRE - 3 1 3 5 1 4 2 2 2 1 - - 1 25
RIBEIRAO PIRES - - - 1 - 1 - - 1 - - - - - 3
Total 1 8 12 10 9 13 8 6 6 4 3 2 6 11 99
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Voltando aos termos: epidemia x surto?
▸ Epidemia “É a manifestação, em uma coletividade ou região, de um corpo de casos de alguma
enfermidade que excede claramente a incidência de uma doença prevista” (Glossário – bvms).
▸ A definição de surto é basicamente a mesma, só que a palavra “surto” é utilizada para um aumento
inesperado de casos para um determinado período de tempo, geralmente de menor abrangência
geográfica. Ou seja, de fácil controle.
▸ Pensemos na doença “malária” para o ABC. Há anos, o ABC vem registrando casos de malária. São
poucos casos anuais, ou seja, considera-se uma doença “controlada”. Se de repente aparecerem 5 casos
em uma única semana para a cidade de Santo André, será considerado um surto. Provavelmente, um
evento pontual. Entretanto, se a infecção de malária começar a ser observada em números similares (e
crescentes) para todos os municípios do ABC, nós entenderemos que há uma epidemia de malária.
▸ O número de casos que indica a existência de uma epidemia varia com o agente infeccioso, o tamanho e
as características da população exposta, sua experiência prévia ou falta de exposição à enfermidade, e o
local e a época do ano em que ocorre.
▸ Dentre a Lista Nacional de Doenças de Notificação compulsória, algumas doenças são tão agressivas e
contagiosas, que basta apenas 1 registro de caso para que seja considerado um surto. Ex: cólera, febre
amarela.
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Doença emergente?
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Doença emergentes que são zoonoses
▸ Aproximadamente 75% das doenças emergentes que afetam os seres humanos são doenças de origem animal, ou seja, os
animais podem ser hospedeiros.
▸ Zoonoses são doenças infecciosas transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos (e vice-versa). Ou seja, os
animais podem servir como hospedeiros intermediários ou definitivos das doenças. Confira aqui as principais doenças que
são consideradas zoonoses.
▸ Exemplos de zoonoses são: Anthrax, dengue, botulismo, teníase, ebola, E. coli, psitacose, “doença da vaca louca”....
▸ ○ As zoonoses mais comuns no Brasil são:
○
○
Raiva
Sarna
○
○
Leishmaniose
Leptospirose
○ Giardíase
Bicho geográfico
▸ Atenção: malária, dengue, febre amarela, ebola... Quando são transmitidos entre humanos (envolvendo ou não um
mosquito), não é considerado uma transmissão zoonótica. Mas quando a transmissão ao grupo de humanos está
acontecendo a partir do contato com outros animais vertebrados, é considerado uma transmissão zoonótica.
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A problemática das zoonoses
▸ Os seres humanos coexistem em um relacionamento complexo e interdependente com os animais.
Algumas espécies significam companhia, outros contribuem para nossa comida, meios de
subsistência e bem-estar, outros compartilham conosco o ambiente em que vivemos e
trabalhamos.
▸ Entretanto, este ambiente compartilhado pode implicar na transmissão de doenças muito
relevantes para a saúde pública. Fezes e fluídos podem contaminar a água, solo e alimento e nos
contaminar indiretamente.
▸ A prevenção da maioria das zoonoses implica em manter vacinação de animais domésticos e
higienização dos ambientes compartilhados, além de evitar contato com ratos, caramujos,
pombos. Locais com baixos índices de saneamento básico são mais vulneráveis à zoonoses. No
meio rural, elas são mais comuns.
▸ Ao mesmo tempo, o contato com animais silvestres (seja para captura ilegal, seja pela invasão ou
proximidade com seu habitat) pode oportunizar uma infecção cruzada. Como citado
anteriormente, várias das doenças emergentes são originalmente transmitidas por animais. Este é
o caso da febre amarela; da malária e até mesmo do covid-19.
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Zoonoses internacionalmente relevantes
▸ EBOLA
■ Acredita-se que o reservatório natural seja o morcego da fruta. O vírus é
transmitido a outros mamíferos através de sangue e outros fluidos biológicos.
■ Ebola já matou 1/3 dos gorilas e chimpanzés do mundo. Na década de 1970, a
entrada de pessoas em nichos ecológicos até então isolados na África é aceita
como a origem dos primeiros casos estudados no Zaire.
■ A letalidade em humanos chega a 90%. Os sobreviventes costumam ter
sequelas: artrite, problemas de visão e audição e inflamação dos olhos.
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Zoonoses internacionalmente relevantes
▸ EBOLA
■ Cura: não existe. Há tratamentos experimentais com transfusão de sangue de
sobreviventes de surtos anteriores
■ Guiné declara novo surto de Ebola (fev/2021)
■ Veja um vídeo interessante do Átila aqui (YouTube 28 ago 2014) e reflita: que
mudanças ambientais ou atividades humanas favorecem a transmissão do
EBOLA?
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Zoonoses internacionalmente relevantes
■ DENGUE
● Ocorre e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio
ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal
mosquito vetor.
● Diferente do Anófeles (vetor da malária), o Aedes multiplica-se em qualquer qualidade de
água parada; independente de haver cloro, sabão ou contaminantes oriundos de esgoto. Na
maioria do Brasil, multiplica-se em lixo exposto.
● Vírus da dengue é transmitido através da glândula salivar do mosquito contaminado.
● Há ciclos silvestres envolvendo primatas.
■ Controle?
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Zoonoses internacionalmente relevantes
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Zoonoses internacionalmente relevantes
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Zoonoses internacionalmente relevantes
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Doenças emergentes no brasil
▸ O Brasil sempre possui doenças que se encontram em situação de “alerta”, pelo receio de seu retorno
(ou espalhamento) no território brasileiro. No ano de 2019, foram alvo de campanhas e vigilância
reforçada: hepatites virais, febre amarela, dengue, zika, chicungunya, hanseníase, doenças sexualmente
transmissíveis e doenças evitáveis por vacinação.
▸ Vale lembrar que o movimento anti-vacina tem seu papel nesta preocupação (inter) nacional pelo
retorno de doenças evitáveis por vacinação.
▸ As arboviroses (Airborne virus - virus transmitidos a partir de um vetor que voa) são preocupantes, pois
reconhece-se que as mudanças ambientais estão influenciando a distribuição e taxas de reprodução dos
insetos transmissores.
▸ As principais arboviroses no Brasil são aquelas transmitidas pelo Aedes Aegypti: Zikavirus, dengue e
chicungunya. A febre amarela também pode ser transmitida pelo Aedes Aegypti, mas no momento, ela
está sendo transmitida apenas pelo mesmo mosquito silvestre que pica os macacos.
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Dengue no brasil
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(continuação da notícia)
▸ Brasil registrou quase 160 mil casos de dengue entre janeiro e fevereiro
de 2023. Um aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2022.
No Rio de Janeiro, foram quase dois mil casos em dois meses.
▸ Espírito Santo passa por uma epidemia, com mais de 29 mil registros.
Nove pessoas morreram com doença este ano, de acordo com a
Secretaria de Saúde. Em Minas Gerais foram seis mortes. E quase 7 mil
casos já foram confirmados. E em Rondônia, foram mais de mil
pacientes confirmados só em janeiro, 40% a mais que em todo 2022.
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E o problema só piora...
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VARÍOLA “DO MACACO”
▸ zoonose causada pelo vírus monkeypox, do gênero Orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. A essa
família, também pertencem os vírus da varíola e o vírus Vaccínia, a partir do qual a vacina contra varíola
foi desenvolvida.
▸ transmissão por contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com
gotículas e outras secreções respiratórias. Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser
infectantes. Também pode ocorrer no contato com objetos recentemente contaminados, como roupas,
toalhas, roupas de cama, ou objetos como utensílios e pratos.
▸ OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional em 23 de julho de 2022,
elevando o nível de preocupação com a doença.
▸ 10.870 casos no Brasil; 15 óbitos. (Dados da SEPI 10 - Março/2023) - Fontes aqui, aqui e aqui
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Outras Mudanças ambientais favorecendo
doenças emergentes:
URBANIZAÇÃO
○ A urbanização é considerada um tipo de mudança no uso da terra. Como
visto em aulas anteriores, a urbanização brasileira tende a “empurrar” a
população empobrecida para as periferias, muitas vezes em áreas
irregulares, desprovida de serviços.
○ As áreas periurbanas favorecem contato com vetores de uma série de
doenças. A ausência/ineficiência do saneamento potencializa, por
exemplo, o acúmulo de lixo lançado diretamente no ambiente. Junto ao
lixo podemos encontrar larvas de Aedes sp, vírus ainda ativos, etc.
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Outras Mudanças ambientais favorecendo
doenças emergentes:
▸ Mudanças climáticas
○ O aumento de temperatura favorece aumento de taxa
alimentação das fêmeas (ou seja, mais picadas!) e aumento de
taxas reprodutivas (fêmeas atingem maturidade reprodutiva mais
cedo e colocam mais ovos.... Ou seja, mais e mais mosquitos!)
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Como a conservação florestal reduz o risco de
transmissão de doenças zoonoticas?
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Para quê este conhecimento interessa aos
futuros engenheiros ambientais?
▸ O conhecimento básico do problema dá suporte/embasamento a ações
que podem ser competência do Engenheiro Ambiental:
○ Ficar atento à vigilância sanitária/epidemiológica de grandes
empreendimentos que suprimem áreas naturais, em todas as
etapas de operação;
○ Projetar sistemas alternativos de saneamento/drenagem em áreas
vulneráveis ao contágio de zoonoses;
○ Reconhecer as áreas do sistema de saúde que lidam diretamente
com o problema, sabendo quem acionar em caso de necessitar
consultoria imediata em seu ambiente de trabalho.
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Bibliografia interessante
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OBRIGADA!
Perguntas?
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