Você está na página 1de 22

26/04/2023

* INTEGRAÇÃO REGIONAL*

*BENELUX*
Prof Gabriel Sampaio
gabriel.morais@unila.edu.br

INTEGRAÇÃO REGIONAL
• A integração regional é um fenômeno surgido na segunda metade
do século XX
• Resultante da necessidade de os países situados na mesma região
se congregarem, reunindo capitais, tecnologias, recursos
humanos, a fim de protegerem suas economias dos efeitos
negativos da globalização e promoverem medidas conjuntas nos
vários campos de atividade para dinamizar o progresso material e
social de seus povos e, por esse meio, lograrem o
desenvolvimento econômico com justiça social, que implica a
melhoria de suas condições de vida.
• As organizações de integração regional, pois, traduzem uma
reação necessária dos Estados ao contexto econômico
internacional.

1
26/04/2023

INTEGRAÇÃO REGIONAL
• Quanto à ordem geopolítica, Sánchez (2004, p. 22) aponta a tendência para a
regionalização, movida pelo fator econômico, tido como eixo sobre o qual se
constrói a nova ordem social. Refere-se ao papel das organizações
supranacionais, criadas com o propósito de erigir instâncias capazes de
superar o isolamento e abrandar os imperialismos
• Sob o prisma da ordem econômica, a integração tem em conta, sobretudo, o
elemento econômico, que é seu eixo. Ora, em todos os processos dessa
natureza se objetiva "a ampliação dos mercados e a complementação como
mecanismos de sobrevivência num esquema ferozmente competitivo".
• Contudo, como estratégia de enfrentamento de outros blocos, tais processos
"perdem de vista que a integração deve ser um instrumento de união e não
de divisão". "A solidariedade é virtude e valor dos homens e dos povos."

BENELUX

2
26/04/2023

BENELUX
• União econômica e aduaneira formada pela Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
• A expressão BENELUX é composta pelas primeiras letras de cada país - BElgium
(Bélgica), NEtherlands (Holanda) e LUXembourg (Luxemburgo).
• O Tratado que estabelece a União Aduaneira do Benelux foi assinado em 1944
pelos Governos de três países – Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos – no exílio
em Londres, e entrou em vigor em 1948.
• União Aduaneira nesse caso foi reduções nas tarifas de importações e
exportações entre os estados-membros e a adoção de uma Tarifa Externa
Comum (TEC)
• Esta União Aduaneira foi substituída, dez anos mais tarde, pela União
Económica Benelux.
• O seu objetivo foi o de estimular o comércio e eliminar as barreiras
alfandegárias entre estes três países, ao mesmo tempo que garante o direito de
livre comércio e mobilidade de cidadãos entre os países-membros.

3
26/04/2023

Benelux: A Formação das Alfândegas Comuns


• É objetivo do artigo dar conta de alguns dos problemas que surgiram quando
os países do Benelux, em 1º de janeiro de 1948, deram este primeiro passo
para a formação de sua união econômica.
• Houve dificuldades técnicas devido ao fato de que em vários pontos os
sistemas tarifários pré-existentes holandês e belga-luxemburguês diferiam
muito entre si.
• Em primeiro lugar, a classificação das mercadorias para fins alfandegários era
bastante diferente nas tarifas pré-Benelux holandesas e belga-
luxemburguesas.
• Os negociadores do Benelux adotaram a esse respeito o princípio belga; e a
tarifa comum do Benelux baseava-se, com pequenas modificações, na
classificação da Liga das Nações de 1937.

Benelux: A Formação das Alfândegas Comuns


• Em segundo lugar, apenas os relativamente poucos produtos
mencionados na lista holandesa estavam sujeitos a direitos de
importação.
• Tudo o que não constava da lista holandeza era isento de impostos.
• A lista Bélgica-Luxemburgo, por outro lado, tentou classificar todos os
produtos, fossem eles tributáveis ou não. Qualquer produto que não
constasse da lista deveria ser tratado para fins de imposto de
importação da mesma forma que o produto nomeado com o qual
fosse mais semelhante.
• Este último princípio foi adotado para a tarifa Benelux.

4
26/04/2023

Benelux: A Formação das Alfândegas Comuns


• Um terceiro problema foi apresentado pelo fato de que a tarifa
holandesa era principalmente em uma base ad valorem, enquanto a
tarifa Bélgica-Luxemburgo era principalmente específica.
• Assim, dos 850 itens tributáveis na tarifa holandesa, cerca de 700 eram
tributáveis em uma base ad valorem, cerca de 100 em uma base
específica e o restante em uma base combinada específica e ad
valorem.
• Mas na tarifa Bélgica-Luxemburgo de mais de 3.000 itens tributáveis,
apenas 400 eram tributáveis em uma base ad valorem.
• A solução adotada para este problema foi impor a maior parte dos
direitos do Benelux numa base ad valorem

Benelux: A Formação das Alfândegas Comuns


• A escolha de uma base ad valorem para a nova tarifa foi, sem dúvida,
muito influenciada pela conveniência de tal sistema, a fim de manter o
efeito protetor de uma determinada tarifa e preservar o valor real da
receita aduaneira, em um período de rápida evolução dos preços das
commodities;
• Não há dúvida de que, se é provável que as variações nas taxas de
câmbio sejam usadas como uma arma de equilíbrio nos balanços de
pagamentos, é importante que a tarifa comum para os parceiros em
qualquer união econômica seja fixada em uma base ad valorem.

5
26/04/2023

O que é Ad Valorem?
• O Ad Valorem também é chamado de “frete valor”, que vem do latim
“conforme o valor” e trata-se de uma taxa calculada por uma
porcentagem do valor da mercadoria. Sua finalidade é a de cobrir os
custos de seguro e salvaguardas enquanto a carga estiver sob a
responsabilidade da transportadora.

Benelux: A Formação das Alfândegas Comuns


• Um quarto problema se referia aos impostos especiais de consumo.
Como os impostos especiais de consumo do Benelux não foram
unificados ao mesmo tempo que a imposição dos direitos aduaneiros
comuns do Benelux em 1948, o sistema holandês foi aplicado à tarifa
do Benelux;

• Um quinto problema surgiu do fato de que com uma tarifa comum de


direitos ad valorem é desejável ter um princípio comum para a
avaliação para fins fiscais no ponto de importação dos produtos
tributáveis.

6
26/04/2023

TARIFA EXTERNA COMUM DO BENELUX


• A instituição da tarifa conjunta Benelux também levantou um problema de
tarifas preferenciais.
• A União Económica do Benelux pretende ser uma união econômica entre
três países parceiros no que diz respeito aos seus territórios europeus
metropolitanos; não se pretende incluir os territórios ultramarinos
dependentes dos três sócios.
• O objetivo final é garantir total liberdade de circulação de mercadorias,
homens e capital dentro da área europeia que compreende a Bélgica,
Holanda e Luxemburgo, sem implicar total liberdade de circulação entre
esta área e os territórios ultramarinos dependentes da Bélgica e da
Holanda.
• No entanto, o fato de cada país parceiro poder ter relações econômicas ou
financeiras especiais com seus próprios territórios ultramarinos pode
levantar questões complicadas quando os parceiros formam uma união
econômica completa entre si.

7
26/04/2023

1. ACORDOS E ASPIRAÇÕES NO TEMPO DE


GUERRA, 1943-1944
• As primeiras negociações para a formação da União Econômica do
Benelux foram realizadas em Londres pelos três governos no exílio
durante os últimos anos da segunda guerra mundial. Essa história de
fato se abre com a assinatura de um acordo monetário entre os
governos belga e holandês em Londres em outubro de 1943.

• Este acordo foi um acordo bilateral de tipo de pagamentos.

• Nela, os dois governos concordaram com a taxa de câmbio oficial.

• Tal era o caráter básico do acordo monetário de outubro de


1943: um acordo de pagamentos segundo o qual cada banco
central forneceria sua própria moeda ao outro banco central
a uma taxa de câmbio elevada para financiar todos os
pagamentos permitidos feitos por este último ao primeiro
país, sem - neste caso - qualquer obrigação para a
autoridade devedora de reembolsar em ouro qualquer saldo
de endividamento, mas com a obrigação de consultar para
ver como o crescimento do endividamento acima de uma
certa cifra poderia ser melhor evitado.

8
26/04/2023

• Em primeiro lugar, o acordo destinava-se a abranger a totalidade da


área monetária belga (incluindo territórios ultramarinos, como o
Congo Belga) e toda a área monetária holandesa(incluindo territórios
ultramarinos como a Indonésia);
• Em segundo lugar, o acordo deveria ser iniciado sem qualquer
bloqueio dos saldos existentes. Todos os saldos existentes de francos
mantidos pelos holandeses poderiam ser usados livremente para
fazer pagamentos na Bélgica ou em outras partes da área monetária
belga, e vice-versa.

• Em terceiro lugar, embora todos os francos possuídos pelos


holandeses pudessem ser usados livremente para fazer pagamentos
dentro da área monetária belga, eles poderiam ser usados pelos
holandeses para fazer pagamentos a países terceiros fora da área
monetária belga somente com a permissão das autoridades belgas.
• E vice-versa, os florins poderiam ser usados pelos belgas para fazer
pagamentos fora da área monetária holandesa somente com a
permissão das autoridades monetárias holandesas.
• Em quarto lugar, como já foi observado, a autoridade monetária
central do país que era devedor líquido nos termos do acordo poderia
sempre, a seu critério, pagar a dívida em ouro.

9
26/04/2023

• O segundo marco da viagem ao Benelux foi a assinatura em Londres,


em setembro de 1944 (quase um ano após a assinatura do acordo
monetário) de uma convenção para estabelecer a união aduaneira
entre Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
• Mas, como bem sabe todo estudioso de uniões econômicas, "união
aduaneira" é um termo ambíguo e pode significar pouco ou muito
conforme sua interpretação.
• O significado e efeito da Convenção de setembro de 1944 requer uma
discussão detalhada.

2. AS DIFICULDADES DO PÓS-GUERRA E A
INSTITUIÇÃO DA TARIFA COMUM, 1945-1948

• As dificuldades que tornaram o caminho para a união


econômica completa tão inesperadamente lento e
trabalhoso talvez possam ser melhor agrupadas em
três tópicos intimamente relacionados, todos
subestimados pelos primeiros arquitetos do Benelux.

10
26/04/2023

• 1) Primeiro, existem as dificuldades econômicas e políticas diretas


envolvidas em submeter um setor importante e anteriormente
protegido de uma economia às rajadas de competição de seus
parceiros mais econômicos.
• A necessidade já existente sob a União Econômica Bélgica-
Luxemburguesa de continuar alguma medida de proteção para a
agricultura luxemburguesa contra os produtos agrícolas belgas é um
bom exemplo; e a necessidade semelhante de continuar alguma
proteção para a agricultura belga contra os produtos holandeses no
Benelux fornece um segundo exemplo notável disso.

• 2) Em segundo lugar, no mundo moderno, muitos países acharam


difícil manter o equilíbrio em sua balança de pagamentos com outros
países sem impor restrições aos pagamentos em dinheiro que podem
ser feitos a outros países ou à quantidade de bens e serviços que
podem ser comprados de outros países.
• Como será visto a seguir, os primeiros anos da formação do Benelux
foram marcados pelo problema da necessidade de a Holanda (com
seu déficit em sua balança de pagamentos) restringir as importações
e os movimentos de capital para a União Econômica Belga-
Luxemburgo (com superávit na balança de pagamentos).

11
26/04/2023

• 3) Em terceiro lugar, um mercado comum de bens e


serviços e de trabalho e capital é difícil de estabelecer
e pode ter efeitos muito indesejáveis se as condições
em várias partes do mercado forem afetadas de forma
diferente nos países parceiros por divergências nas
políticas econômicas, financeiras e sociais domésticas .

• Para dar apenas alguns exemplos, diferenças na taxa de impostos ou


na taxa de subsídios à produção de produtos similares; diferenças nas
medidas de controle de preços sobre produtos similares; diferenças
na extensão e severidade do racionamento de bens de consumo e na
alocação quantitativa de outros 'produtos; diferenças nas taxas de
juros pagáveis sobre fundos de capital devido a divergências nas
políticas monetárias nacionais e nas medidas nacionais para o
controle direto do investimento de capital - todas domésticas
causaram essas e muitas outras divergências de políticas econômicas ,
de fato, sérios problemas na construção do União Económica do
Benelux.

12
26/04/2023

3. DA COMUNIDADE TARIFÁRIA À PRÉ-UNIÃO:O


PERÍODO DE DESCONTROLE, 1948-1949
• Os ministros tinham agora que transformar a comunidade tarifária em uma
união econômica plena.
• Numa reunião ministerial realizada no Luxemburgo no início de 1948, foram
aprovadas as conclusões dos ministros da agricultura (contidas no
protocolo de Bruxelas de 9 de maio de 1947).
• Os ministros também discutiram um grande número de outros temas. Por
exemplo, eles consideraram alguns dos problemas muito controversos das
vias navegáveis do Benelux. Eles fizeram alguns progressos menores no
problema da unificação dos impostos especiais de consumo e outros
impostos indiretos.
• Assim, eles concordaram com a abolição dos impostos especiais de
consumo sobre benzol, vinagre, margarina e ácido acético, e com a
unificação dos impostos cobrados para a garantia de artigos feitos de ouro,
prata e platina.

• Mas o problema da unificação dos principais impostos especiais de


consumo e do volume de negócios, revelou-se inesperada e
decepcionantemente difícil;
• Revelou-se impossível dar os passos finais da unificação que teriam
sido necessários para poder eliminar todos os impostos sobre as
mercadorias que passam pelas fronteiras comuns do Benelux; e o
problema teve de ser remetido para um estudo mais aprofundado
pelos comités relevantes do Benelux.

13
26/04/2023

• Mas os dois problemas mais importantes que foram abordados por


esta reunião de ministros foram:

1) O controle coordenado dos projetos de investimento interno e;

2) O que se tornou o problema crônico Número Um da formação do


Benelux - o financiamento do déficit na balança de pagamentos
holandesa com a Bélgica.

• Reconheceu-se que uma união econômica plena só poderia ser


realizada se as moedas dos países parceiros fossem livremente
conversíveis umas nas outras, e que isso só seria possível se a Holanda
obtivesse um empréstimo estrangeiro, que os três governos
concordaram em ajudar obter.
• Expressou-se a esperança de que as trocas comerciais previstas no
atual acordo comercial pudessem ser mantidas e, para promover isso,
a União Econômica Bélgica-Luxemburgo comprometeu-se a discriminar
sistematicamente em seu programa de importação em favor dos
produtos holandeses.
• Uma reunião ministerial foi realizada em Luxemburgo em outubro
1949 em que o Acordo Pré-União foi finalmente assinado.

14
26/04/2023

4. BENELUX IN THE DOLDRUMS, 1950-1951


• Na reunião ministerial realizada em Luxemburgo em outubro de 1949,
foram realizadas consultas para considerar os próximos passos a
serem dados em direção a uma união econômica completa e alguns
dos princípios sobre os quais essa união econômica final deveria ser
construída.
• Foi acordado que o Conselho de Presidentes e o Comitê Monetário do
Conselho da União Econômica deveriam ser solicitados a relatar aos
ministros até março de 1950 para determinar se era possível manter
o cronograma de 1º de julho de 1950 para a introdução de plena
política econômica União

• Na reunião de Luxemburgo, os ministros


concordaram com certos princípios que deveriam ser
observados durante o período pré-união - princípios
que eram, em essência, uma repetição daqueles
sobre os quais se havia chegado a um acordo na
reunião ministerial de Haia no início do ano.

• Os ministros passaram também a ponderar alguns


dos princípios de regras de política monetária e
comercial que deverão estar consubstanciados no
instrumento final para a união económica completa.

15
26/04/2023

• Mas o novo ponto de grande interesse nas decisões dos ministros


nesta conferência de Luxemburgo foi a ênfase que agora foi colocada
pela primeira vez na necessidade de coordenação das políticas
financeiras domésticas para, dentro de uma união econômica plena ,
para manter o equilíbrio nos balanços de pagamentos.
• Já argumentamos em nossa discussão sobre as conclusões da reunião
de Haia no início do ano que, em uma união econômica plena,
políticas comerciais e monetárias conjuntas em relação a terceiros
países, embora indispensáveis, não são suficientes. Devem ser
complementados por políticas coordenadas de inflação e deflação
domésticas nos países parceiros, ou então por variações apropriadas
nas taxas de câmbio entre as moedas dos parceiros.

• A convenção continha um novo princípio de considerável interesse.


Foi estabelecido que, no caso das mercadorias sobre as quais os
impostos especiais de consumo foram unificados, deveria haver livre
circulação dos produtos através da fronteira comum, do país em que
as mercadorias foram produzidas e tributadas no país parceiro em
que eles podem ser consumidos.
• Em julho de 1950, houve uma reunião ministerial em Ostend em qual
foi acordado que a realização final da plena economia união ainda era
impedida por algumas sérias dificuldades, a principal sendo três: o
problema do balanço de pagamentos; o problema de conseguir um
regime comum para o comércio pagamentos com países terceiros; e o
problema da agricultura.

16
26/04/2023

• Sobre o primeiro desses três problemas — o balanço de pagamentos


— os ministros pouco tinham a dizer.

• Os ministros do Benelux decidiram que, pelo menos por enquanto, a


nova União Européia de Pagamentos serviria para financiar qualquer
déficit bilateral na balança de pagamentos entre a Holanda e a União
Econômica Belgo-Luxemburguesa.

• A segunda grande dificuldade que os ministros em Ostend em julho de 1950


viram no caminho de uma instituição precoce da união econômica completa foi a
ausência de um regime comum para regular o comércio e os pagamentos com
terceiros países. Eles decidiram que o objetivo deveria ser ter acordos comuns e
conjuntos com terceiros países até 1º de janeiro de 1951 - um programa que se
revelou mais uma vez muito otimista, já que as negociações para o primeiro
acordo comercial conjunto só foram iniciadas em 1956.
• Eles decidiram também que, na medida do possível, deveria haver uma lista
comum para os dois parceiros comerciais do Benelux dos bens que, no âmbito do
programa da Organização para a Cooperação Econômica Européia, eles se
comprometeriam a liberalizar a partir de restrições quantitativas às importações
de outros membros dessa organização.
• Na medida em que os produtos não constassem dessas listas livres, se um
parceiro tivesse que restringir as importações, o outro parceiro se comprometia a
cooperar, seja participando de uma cota comum de importação, seja controlando
as exportações desses produtos de seu próprio território para o país que achava
necessário restringir as importações.

17
26/04/2023

• Sobre o terceiro grande obstáculo ao início imediato da união


econômica plena — a saber, o problema agrícola —, os ministros de
Ostende decidiram convocar uma conferência especial. De fato,
tornou-se o método aceito no Benelux que o problema agrícola
deveria ser sempre tratado por uma reunião especial de ministros da
agricultura.
• A reunião ministerial sobre o problema agrícola, a que se fez
referência na reunião de Ostende, realizou-se devidamente no
Luxemburgo em Outubro de 1950. No essencial esta reunião
confirmou o controlo da circulação de produtos agrícolas entre os
países do Benelux segundo os princípios estabelecidos pelo protocolo
agrícola de 9 de maio de 1947. Mas houve uma série de modificações
interessantes do regime.

5. A TRANSFORMAÇÃO DO PROBLEMA DA
BALANÇA DE PAGAMENTOS, 1952-1953
• Acontece que este Avenant para o Acordo Pré-União foi alcançado em uma
data em que a balança de pagamentos holandesa começou sua dramática
transformação de uma situação de grande tensão para uma posição de
superávit considerável.
• A passagem da tensão especial devido à escassez pós-coreana de matérias-
primas, a grande mudança na política monetária doméstica holandesa de
uma de dinheiro fácil para uma de dinheiro mais caro e a recuperação geral
da economia doméstica holandesa de seu péssimo estado no pós-guerra se
combinou neste momento para causar uma reversão repentina da posição
da balança de pagamentos holandesa.
• No caso, não foi necessário restringir as importações holandesas e os
pagamentos de amortização da dívida holandesa foram devidamente pagos
à Bélgica.

18
26/04/2023

6. PROGRESSO ADICIONAL: A LIBERAÇÃO DOS


MOVIMENTOS DE FATORES E A FORMAÇÃO DE
UMA POLÍTICA COMERCIAL CONJUNTA, 1954-1956
• Em julho de 1954, mais um passo para a construção da união econômica
plena foi dado por um acordo para permitir a liberdade de movimentos de
capitais entre os três países parceiros. De fato, já há algum tempo, os
acordos de controle de câmbio para a União Econômica Bélgica-
Luxemburguesa permitiram que belgas e luxemburgueses fizessem
transferências de capital ilimitadas para qualquer membro da União
Européia de Pagamentos, incluindo a Holanda. O novo acordo foi, portanto,
principalmente importante ao prever o movimento de capital dos Países
Baixos para a União Económica Belgo-Luxemburguesa. O acordo levanta
uma série de questões técnicas complicadas sobre os controles de câmbio
sobre os francos belga e luxemburguês e sobre o florim holandês. Aqui
deve ser suficiente - dar um esboço muito breve do sistema que foi
adotado.

• Os residentes dos três países ficaram livres para mover seus fundos
de capital de qualquer um para qualquer outro país parceiro para
investimento. Mas as compras e vendas das moedas dos países
parceiros para essas transações de capital não deveriam ocorrer no
mercado oficial de câmbio à taxa nominal fixa de câmbio; todos
deveriam ser direcionados para um livre mercado de câmbio
estrangeiro no qual a taxa de câmbio entre o franco e o florim
flutuaria livremente na medida necessária para tornar a demanda por
cada moeda igual à sua oferta.

19
26/04/2023

• Foram tomadas medidas assegurar que um trabalhador de qualquer um


destes países que trabalhasse num dos outros países parceiros não fosse
prejudicado no que diz respeito às prestações de segurança social.
• Já antes da Segunda Guerra Mundial, medidas mais diretas haviam sido
tomadas para facilitar o movimento de mão-de-obra entre os países do
Benelux.
• Já existia uma série de tratados bilaterais (de 20 de outubro de 1926 entre
a Bélgica e Luxemburgo, de 20 de fevereiro de 1933 entre a Holanda e a
Bélgica e de 1º de abril de 1933 entre a Holanda e o Luxemburgo) que
facilitavam a circulação da mão-de-obra. Mas a mão-de-obra não podia
circular com perfeita liberdade entre os três países.
• As licenças de trabalho ainda devem ser obtidas da autoridade nacional
relevante do país em que o trabalho foi procurado por qualquer
trabalhador vindo de um dos outros dois países.

DESDOBRAMENTO
• O Benelux acabou por não ter um grande desenvolvimento ao nível
institucional, uma vez que estes três países acabaram por aderir a
outras organizações a nível económico e militar – OTAN em 1949,
CECA em 1951, CEE em 1957 (a atual UE), Schengen em 1985/90.
• Na realidade pode-se dizer que o Benelux serviu como modelo e
projeto-piloto para a criação da CEE/UE (vários dos seus Tratados são
uma extensão da política Benelux).
• Bruxelas, além de ser a sede da UE, também é reconhecida como a
cidade-sede do Benelux.
• O Benelux tornou-se o principal modelo dos blocos econômicos que
atualmente predominam no contexto econômico mundial.

20
26/04/2023

• Em 1952, juntaram-se ao Benelux: França, Alemanha e


Itália, dando origem à CECA (Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço), criada no sentido de estabelecer um
mercado siderúrgico em comum para integrar a
produção industrial e o fornecimento de matérias-
primas em todo o agrupamento. Vale a ressalva de que,
mesmo assim, o Benelux continuou existindo
paralelamente, mantendo-se até os dias atuais.

• Alguns anos após o final do conflito, as três nações que


compunham o Benelux assinaram um tratado junto de
Alemanha Ocidental, França e Itália para a reunião de suas
indústrias siderúrgicas e de carvão sob um sistema
integrado que seria responsável por promover o maior
desenvolvimento e cooperação do setor nas seis nações
envolvidas. Ficou estabelecida assim a criação da
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca), que
entrou em vigor em 1952. Essa união era conhecida
também como Europa dos Seis.

21
26/04/2023

• Posteriormente, a fim de ampliar os acordos referentes à


CECA, os seis países-membros reuniram-se no dia 25 de
março de 1957 para assinarem o Tratado de Roma, que
deu origem à CEE (Comunidade Econômica Europeia),
também conhecida por MCE (Mercado Comum Europeu).
A partir daí, os acordos econômicos foram ampliados,
deixando de se limitarem a questões referentes à
siderurgia. Era a primeira vez que a Europa integrava em
grande escala algumas de suas principais potências
econômicas em um mercado comum.

•ATÉ PRÓXIMA AULA

22

Você também pode gostar