Você está na página 1de 24

Essa obra é uma parceria entre:

ISBN: 978-65-81704-00-1

Todos os direitos desta edição reservados à Edições Eu Médico Residente


É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio
ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições Eu Médico Residente.
A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem
prejuízo das sanções civis cabíveis.
1 PRINCIPAIS SISTEMAS NACIONAIS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE ................................................................................. 5
1.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) ............................................................... 6
1.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA (SIAB) .................................................................................. 6
1.3 SISTEMA DO CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE (SCNES) ........................................... 6
1.4 SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS (SIA-SUS) .................................................................................. 6
1.5 SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES (SIH-SUS) ..................................................................................... 7
1.6 SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC) ....................................................................... 7
1.7 SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE (SIM) .................................................................................. 8
2 INDICADORES DE SAÚDE ................................................................................................................................................. 9
2.1 COEFICIENTES....................................................................................................................................................... 9
2.1.1 Coeficientes de Morbidade: Prevalência e Incidência ...................................................................... 10
2.1.2 Coeficientes de Mortalidade .............................................................................................................. 12
2.1.2.1 Coeficiente de Mortalidade Geral .................................................................................................... 12
2.1.2.2 Coeficiente de Mortalidade Materna ............................................................................................... 13
2.1.2.3 Coeficiente de Mortalidade Infantil: ................................................................................................ 14
2.1.3 Coeficiente de Letalidade ................................................................................................................... 16
2.2 ÍNDICES ............................................................................................................................................................... 16
2.3 MORTALIDADE PROPORCIONAL POR IDADE .................................................................................................... 16
2.4 MORTALIDADE PROPORCIONAL POR CAUSA ................................................................................................... 18
3 REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................. 23
• A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Sistema de Informação em Saúde (SIS) como um mecanismo de coleta,
processamento, análise e transmissão da informação necessária para se planejar, organizar, operar e avaliar os
serviços de saúde.
• A informação em saúde não se refere somente à produzida pelo setor Saúde. Dados relacionados à qualidade de vida
são importantes para a avaliação do nível de saúde da população, tais como: condições demográficas, alimentação,
educação, condições de trabalho e emprego, transporte e condições de moradia, saneamento básico, lazer, segurança
e acesso aos serviços de saúde. São condições que relacionam as políticas de desenvolvimento social e econômico às
políticas de saúde.
• O SIS é parte dos sistemas de saúde e, como tal, integra suas estruturas organizacionais e contribui para sua missão.
É constituído por vários subsistemas e tem como propósito geral facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos
e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões.
• Um de seus objetivos básicos, na concepção do SUS, é possibilitar a análise da situação de saúde no nível local,
tomando como referencial microrregiões homogêneas e considerando, necessariamente, as condições de vida da
população na determinação do processo saúde-doença.
• Felizmente, os atuais recursos do processamento eletrônico estão sendo amplamente utilizados pelos sistemas de
informação em saúde, aumentando sua eficiência na medida em que possibilitam a obtenção e processamento de
um volume de dados cada vez maior, além de permitirem a articulação entre diferentes subsistemas.
− Dado: é definido como “um valor quantitativo referente a um fato ou circunstância”, “o número bruto que ainda não
sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico”, ou “a matéria-prima da produção de informação”.
− Informação: é entendida como “o conhecimento obtido a partir dos dados”, “o dado trabalhado” ou “o resultado da
análise e combinação de vários dados”, o que implica em interpretação, por parte do usuário. É “uma descrição de uma
situação real, associada a um referencial explicativo sistemático”.

• Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica são os seguintes: dados demográficos,
socioeconômicos e ambientais, dados de morbidade, dados de mortalidade e a notificação de surtos e epidemias.

• Entre os sistemas nacionais de informação em saúde existentes, alguns se destacam em razão de sua maior relevância
para a vigilância epidemiológica:
− Sistema Nacional de Agravo de Notificação (SINAN);
− Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB);
− Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES);
− Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS);
− Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS);
− Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC);
− Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
• O mais importante sistema para a vigilância epidemiológica foi desenvolvido entre 1990 e 1993, visando sanar as
dificuldades do Sistema de Notificação Compulsória de Doenças (SNCD) e substituí-lo, tendo em vista o razoável grau de
informatização disponível no país. O SINAN foi concebido pelo Centro Nacional de Epidemiologia, com o apoio técnico do
Datasus e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, para ser operado a partir das unidades de saúde, considerando o
objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, desde o nível local.
• Mesmo que o município não disponha de computadores em suas unidades, os instrumentos deste sistema são preenchidos
neste nível e o processamento eletrônico é feito nos níveis centrais das secretarias municipais de saúde (SMS), regional ou
secretarias estaduais (SES).
• É alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos constantes da lista nacional de
doenças de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde
regionalmente importantes. Por isso, o número de doenças e agravos contemplados pelo SINAN vem aumentando
progressivamente desde seu processo de implementação, em 1993, sem relação direta com a compulsoriedade nacional da
notificação, expressando as diferenças regionais de perfis de morbidade registradas no Sistema.

• Foi implantado em 1998 em substituição ao Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
- SIPACS.
• O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de Saúde e incorporou em sua formulação
conceitos como território, problema e responsabilidade sanitária, completamente inseridos no contexto de
reorganização do SUS no país, o que fez com que assumisse características distintas dos demais sistemas existentes.
• Tais características significaram avanços concretos no campo da informação em saúde. Dentre elas, destacamos:
micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação de intervenções; utilização mais ágil e oportuna da
informação; produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de organização das ações de saúde a partir da
identificação de problemas; consolidação progressiva da informação, partindo de níveis menos agregados para mais
agregados.
• Por meio do SIAB, obtêm-se informações sobre cadastros de famílias, condições de moradia e saneamento, situação
de saúde, produção e composição das equipes de saúde.

• Seu objetivo é cadastrar todos os estabelecimentos de saúde, hospitalares e ambulatoriais, componentes da rede
pública e privada existentes no país e manter atualizados os bancos de dados nas bases locais e federal, visando
subsidiar os gestores na implantação/implementação das políticas de saúde, muito importante para áreas de
planejamento, regulação, avaliação, controle, auditoria e de ensino/pesquisa.
• O cadastro compreende o conhecimento dos Estabelecimentos de Saúde nos aspectos de Área Física, Recursos
Humanos, Equipamentos, Profissionais e Serviços Ambulatoriais e Hospitalares.

• Este é o sistema que processa todas as apresentações ambulatoriais de Atenção Básica, Média e Alta Complexidade
gerando arquivo para compor o banco de dados nacional dos atendimentos ambulatoriais. Foi implantado
nacionalmente na década de noventa.
• Ao longo dos anos, vem sendo aprimorado para ser efetivamente um sistema que gere informações referentes ao
atendimento ambulatorial e que possa subsidiar os gestores estaduais e municipais no monitoramento dos processos
de planejamento, programação, regulação, avaliação e controle dos serviços de saúde na área ambulatorial.
• Sua finalidade é registrar todos os atendimentos provenientes de internações hospitalares que foram financiadas pelo
SUS (inclusive instituições filantrópicas e privadas) e, a partir deste processamento, gerar relatórios para que os
gestores possam fazer os pagamentos dos estabelecimentos de saúde.
• Seu documento básico de registro das informações é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que habilita a
internação do paciente e gera valores para pagamento.
• A abrangência do sistema está limitada às internações no âmbito do SUS, excluindo, portanto, as que são custeadas
diretamente ou cobertas por seguro-saúde. Eventuais reinternações e transferências do mesmo paciente a outros
hospitais também não são identificadas, pois isso poderia resultar em contagem cumulativa.

• O Ministério da Saúde implantou, a partir de 1990, o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), tendo
como base a Declaração de Nascido Vivo (DN), cujo objetivo principal é fornecer informações sobre as características
dos nascidos vivos, fundamentais para o estabelecimento de indicadores de saúde específicos.
• Desenvolvido para reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimentos informados em todo território
nacional. Propicia um aporte significativo de dados sobre nascidos vivos no país, como natalidade, morbidade e
mortalidade infantil e materna, bem como sobre as características da atenção ao parto e ao recém-nascido.
• O acompanhamento da evolução das séries históricas do SINASC permite a identificação de prioridades de
intervenção, o que contribui para efetiva melhoria do sistema e para a atenção integral à saúde da mulher e da criança.
O documento básico de registro de informações é a Declaração de Nascido Vivo (DN), padronizada nacionalmente e
distribuída pelo Ministério da Saúde.
• O instrumento padronizado é impresso com sequência numérica única, em conjuntos de três vias autocopiativas.
• Em relação ao fluxo da Declaração de Nascido Vivo (DN), no âmbito hospitalar, a 1ª via (branca) deve ser encaminhada
para a secretaria municipal de saúde; a 2ª via (amarela) deve ser entregue ao pai ou representante legal para ele
solicitar a Certidão de Nascimento no Cartório de Registro Civil; e a 3ª via (rosa) fica no estabelecimento de saúde,
arquivado no prontuário da mãe.

2ª Via (Amarela)
•Fica no
•Deve ser estabelecimento de
encaminhada para •Deve ser entregue ao saúde, arquivado no
a secretaria pai ou representante prontuário da mãe.
municipal de saúde. legal para ele registrar
a criança no cartório.

1ª Via (Branca) 3ª Via (Rosa)

Figura 1 – Declaração de Nascido Vivo.

• As variáveis mais importantes são sexo, peso ao nascer, tipo de parto, local de ocorrência, duração da gestação, consultas
pré-natais realizadas, grau de instrução da mãe.
• Indicadores de interesse: proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nascimentos prematuros, proporção de
partos hospitalares.
• O SIM é o mais antigo sistema de informação de saúde no país. Criado em 1975, este sistema de informação iniciou sua fase
de descentralização desde 1991, dispondo de dados consolidados nacionalmente a partir de 1979. A partir da criação do
SIM foi possível a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas esferas de gestão
na saúde pública.
• Com base nessas informações, é possível realizar análises de situação, planejamento e avaliação das ações e programas na
área da saúde de uma região.
• O documento básico de registro das informações é a Declaração de Óbito (DO), padronizada nacionalmente e distribuída
pelo Ministério da Saúde.
• É um documento cujo preenchimento é de responsabilidade exclusiva do médico, podendo em caráter excepcional (quando
não existe médico no local) ser preenchida por um oficial de Cartório de Registro Civil. Deve ser preenchida em três vias.
• 1ª via (BRANCA) Secretaria Municipal de Saúde, na Vigilância Epidemiológica; 2ª via (AMARELA) representante/ responsável
da família do falecido, para ser utilizada na obtenção da Certidão de Óbito junto ao Cartório do Registro Civil, o qual reterá
o documento; 3ª via (ROSA) Unidade, para arquivar no prontuário do falecido.

Declaração de Óbito Declaração de Óbito Declaração de Óbito


1ª Via 2ª Via 3ª Via
(para a Secretaria de Saúde) (para a Família) (para o Prontuário)
Deve ser encaminhada para a Deve ser encaminhada para o Deve ser arquivada no Serviço
Secretaria de Saúde para Cartório para a emissão do de Saúde que notifica o óbito.
alimentar o SIM. Certidão de Óbito.

Figura 2 – Vias de Declaração de Óbito.

• As variáveis mais importantes são causa básica, sexo, idade, grau de instrução, ocupação habitual, local de ocorrência,
assistência médica.

SES-PE - ACESSO DIRETO - 2012 O Sistema Único de Saúde dispõe de um Sistema de Informação
em Saúde constituído de diversos subsistemas, destacando-se entre eles o Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Sobre esses
subsistemas, assinale a alternativa INCORRETA.
A. O SIM, o mais antigo deles, foi estabelecido em 1975 e teve abrangência nacional em 1979, enquanto o
SINASC foi implantado em 1990.
B. O SIM utiliza como instrumento de coleta de dados a Declaração de Óbito, emitida em três vias, uma das
quais é utilizada para a emissão da certidão de óbito pelos cartórios de registro civil.
C. O SINASC capta dados sobre as condições de gravidez, parto e nascimento, incluindo, entre outros, o peso
ao nascer, a idade gestacional, a realização de pré-natal e hábitos de vida da mãe do recém-nascido.
D. O SINASC utiliza como instrumento de coleta de dados a Declaração de Nascido Vivo (DN). O
preenchimento da DN é feito nos estabelecimentos de saúde que realizam partos e nos cartórios de
registro civil para os partos domiciliares.
E. Apenas com informações produzidas pelo SIM e pelo SINASC, é possível calcular o Coeficiente de
Mortalidade Infantil.

COMENTÁRIO: O SINASC capta dados sobre as condições de gravidez, parto e nascimento, incluindo,
entre outros, o peso ao nascer, a idade gestacional, a realização de pré-natal, mas não hábitos de vida
da mãe do recém-nascido. A DN é formada por informações sobre: (a) Identificação do recém-nascido;
(b) Local da ocorrência do parto; (c) Mãe; (d) Pai; (e) Gestação e parto; (f) Anomalia congênita;
(g) Responsável pelo Preenchimento; e (h) Cartório. Em relação à mãe do recém-nascido, a DN
contempla algumas de suas características tais como escolaridade, ocupação habitual e situação
conjugal. Mas, não há nenhum campo sobre seus hábitos de vida. Sendo assim, a letra “c” está Incorreta.
É importante ressaltar que a letra D não está totalmente correta, pois o preenchimento da DN de
algumas situações de partos domiciliares pode ser feito em estabelecimentos de saúde. Entre as duas
alternativas, devemos considerar aquela “mais incorreta”. RESPOSTA: Letra C.

Tabela 1 – Quadro resumo dos principais Sistemas Nacionais de Informação em Saúde.

SIGLA SISTEMA INSTRUMENTO DE COLETA APLICAÇÃO


SIM Sistema de Informação sobre Declaração de Óbito Estudos de mortalidade, vigilância de
Mortalidade óbitos.

SINASC Sistema de Informações sobre Declaração de Nascido Vivo Monitorar a saúde da criança e da
Nascidos Vivos mulher.

SINAN Sistema de Informação de Agravos de Ficha de Notificação e Investigação Monitorar os agravos sob notificação,
Notificação surtos, epidemias etc.

SIH Sistema de Informações Hospitalares Autorização de Internação Hospitalar Morbidade hospitalar, gestão
–AIH hospitalar, custeio da atenção
hospitalar.

SIA Sistema de Informação Ambulatorial Boletim de Produção Ambulatorial - Acompanhar a produção


BPA ambulatorial, gestão e custeio da
atenção ambulatorial

SIAB Sistema de Informação da Atenção Formulários do SIAB (cadastramento Acompanhar situação de saúde das
Básica familiar) famílias e indivíduos na atenção
básica.

SISREG Sistema de Regulação Formulários de encaminhamento de Facilitar a marcação de consultas,


especialidades e setores regulados exames e a utilização de leitos de UTI,
através de um sistema informatizado.

SCNES Cadastro Nacional dos Cadastro dos estabelecimentos de Atualização dos serviços,
Estabelecimentos de Saúde saúde estabelecimentos e servidores
existentes em cada unidade de saúde.

• Os indicadores de saúde são usados como ferramenta para identificar, monitorar, avaliar ações e subsidiar as decisões
do gestor. Por meio deles é possível identificar áreas de risco e evidenciar tendências.
• Além desses aspectos, é importante salientar que o acompanhamento dos resultados obtidos fortalece a equipe e
auxilia no direcionamento das atividades, evitando assim o desperdício de tempo e esforços em ações não efetivas.
A informação é subsídio para o planejamento de uma equipe de trabalho.
• Os indicadores são medidas que contêm informações relevantes sobre a situação do sistema de saúde.
− Valores absolutos: são indicadores de saúde construídos estatisticamente com valores numéricos absolutos. Por
exemplo, número de casos de AIDS, número de gestantes etc. Os valores absolutos apenas traduzem uma realidade
restrita e pontual, não permitindo comparações temporais ou geográficas.
− Valores relativos: são indicadores construídos estatisticamente a partir da relação entre dois fatos ou eventos. Sua maior
importância reside em permitir comparações e levantamentos de prioridades. Podem ser de dois tipos: coeficientes
(taxas) ou índices.

• Os coeficientes (ou taxas) representam o “risco” de determinado evento ocorrer na população (que pode ser a
população do país, estado, município, população de nascidos vivos, de mulheres etc.). Desta forma, geralmente, o
denominador do coeficiente representa a população exposta ao risco de sofrer o evento que está no numerador.
Exceções são o coeficiente de mortalidade infantil – CMI – e de mortalidade materna – CMM – para
os quais o denominador utilizado (nascidos vivos) é uma estimativa tanto do número de menores
de 1 ano, como de gestantes, parturientes e puérperas expostos ao risco do evento óbito.

• Os coeficientes mais utilizados na área da saúde baseiam-se em dados sobre doenças (morbidade) e sobre eventos
vitais (nascimentos e mortes).

• Mede o risco de uma pessoa adoecer em um determinado local ou ano. É capaz de apontar problemas de saúde de
uma determinada localidade, permitindo propor medidas eficazes de prevenção e controle dos fatores de risco.
• Prevalência x Incidência:
− Prevalência: é a medida do número total de casos existentes, chamados casos prevalentes de uma doença em um ponto
ou período e em uma população determinada, sem distinguir se são casos novos ou não. A prevalência é um indicador
da magnitude da presença de uma doença ou outro evento de saúde na população.
− Incidência: é a medida do número de casos novos, chamados casos incidentes de uma doença, originados de uma
população em risco de sofrê-la, durante um período determinado. A incidência é um indicador da velocidade de
ocorrência de uma doença ou outro evento de saúde na população e, consequentemente, é um estimador do risco
absoluto de vir a padecer da mesma.

Coeficiente de PREVALÊNCIA Coeficiente de INCIDÊNCIA ou DE ATAQUE


Nº de casos conhecidos de uma doença no tempo X e lugar Y Nº de casos novos de uma doença no tempo X e lugar Y
População exposta no mesmo tempo e lugar População exposta no mesmo tempo e lugar

• O que pode aumentar a prevalência? Número maior de casos novos diagnosticados (incidência) e
imigração de doentes.
• O que pode diminuir a prevalência? Defecção (cura ou morte) e emigração de pessoas doentes.
• O que pode aumentar a incidência? Epidemias, exames de rastreio em massas etc.
• O que reduz a incidência? Subdiagnósticos/subnotificações, medidas preventivas (vacinações,
campanhas de saúde etc.).

O que acontece com a prevalência se:


• Incidência = Defecção -> Prevalência se mantém igual;
• Incidência > Defecção -> Prevalência aumenta;
• Incidência < Defecção -> Prevalência diminui;
• Surgimento de droga que cura -> Prevalência diminui;
• Surgimento de droga que melhora, mas não cura -> Prevalência aumenta (pois aumentam os números de indivíduos
com a doença por diminuição dos óbitos e das curas).
Casos Novos: Incidência

Casos Existentes em
um dado momento.

PREVALÊNCIA

Falecidos Recuperados

Figura 3 – Relação entre Incidência e Prevalência.


Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiologia_2.pdf

OBS.: Observe que, se aumenta a incidência (aparecem mais casos novos) e o número de óbitos e recuperados se mantém
sem alterações, a prevalência aumentará. Caso aumente a mortalidade ou mais gente se recupere da doença, a
incidência não se altera e a prevalência diminuirá. Suponhamos que é introduzido um novo teste que detecta a presença
da doença precocemente no período subclínico; o resultado prático será um aumento na incidência, na duração da
doença e na prevalência. Da mesma forma, se for introduzido um medicamento que adia ou evita a mortalidade
prematura, mas não cura definitivamente, o resultado também será um aumento na prevalência. A duração da doença
(D) também influencia nessa dinâmica e, em termos gerais, pode-se afirmar que em situação de equilíbrio, a prevalência
(P) é o produto da incidência (I) pela duração da doença (P=IxD). Essa dinâmica entre incidência, prevalência e duração
da doença tem importantes implicações para o controle de doenças na população. Portanto:
− Melhor parâmetro para avaliar doença aguda: Incidência. A incidência é quem melhor determina o risco de adoecer.
− Melhor parâmetro para avaliar doença crônica: Prevalência. A prevalência é quem determina a magnitude da doença.

ALGO A MAIS SOBRE OS COEFICIENTES DE MORBIDADE...


COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA
− A prevalência significa a frequência absoluta de casos, ou seja, o total de casos existentes de um agravo. Mede a quantidade de
todos os casos da doença registrados, seja em tratamento ou que acabaram de ser diagnosticados (casos novos), em relação à
população exposta.

• Prevalência instantânea, pontual ou momentânea: é aquela medida em um ponto definido do tempo (dia,
semana, ano).
• Prevalência lápsica ou por período: é aquela medida em um intervalo de tempo mais ou menos longo. Não
concentra a informação em um único ponto. A diferença básica para a prevalência instantânea é que a
lápsica, ao medir a prevalência em um período, leva em consideração todos os casos, incluindo os óbitos,
as curas e a emigração (fatores em que são retiradas as prevalências instantâneas).

COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA
− A incidência avalia somente os casos novos, traduz uma ideia de intensidade, de risco. Permite avaliar o aumento ou diminuição de
determinada doença. Alta incidência significa alto risco pessoal e populacional.
− Coeficiente de incidência = Incidência acumulada ≠ Densidade de incidência.
− A densidade de incidência é o total de casos novos com relação ao total de pessoas pelo tempo específico que cada uma
permaneceu no estudo. O denominador de uma medida de densidade de incidência não é constituído pelas pessoas em risco por
um período específico, mas pelas pessoas-tempo em risco para o evento.
ACESSO DIRETO - FUNDAÇÃO JOÃO GOULART HOSPITAIS MUNICIPAIS – RJ - 2016 Considerando
uma doença não transmissível e de elevada letalidade, o desenvolvimento de um novo tratamento
que aumente a sobrevida dos doentes, sem, no entanto, levar à cura, trará um aumento da sua:
A. Incidência.
B. Prevalência.
C. Mortalidade.
D. Agressividade.

COMENTÁRIO: Ocorrerá o aumento do número de doentes por esse agravo, pois os pacientes irão viver
mais tempo. Observamos então o aumento da prevalência (" total de casos"). Resposta: Letra B.

• Os coeficientes de mortalidade medem a probabilidade/risco que uma pessoa tem de morrer em determinado local
e ano. O coeficiente de mortalidade geral é a divisão entre o número total de óbitos e a população total (exposta ao
risco de morrer).

Nº de óbitos x 1000 (constante*)


População (exposta ao risco avaliado) em um determinado tempo e lugar
* A constante é uma potência com base de 10 (100, 1.000, 100.000), pela qual se multiplica o resultado para torná-lo mais “amigável”, ou seja, para se
ter um número inteiro. É muito mais difícil compreender uma taxa de 0,15 morte por 1.000 habitantes a uma taxa de 15 mortes por 100.000
habitantes. Quanto menor for o numerador em relação ao denominador, maior deve ser a constante utilizada. Além disso, a constante tem a função
de tornar os dados comparáveis quando estamos tratando de populações com tamanhos diferentes.

• Dentre os principais coeficientes de mortalidade, estão:


− Coeficiente de mortalidade geral (ou bruta): expressa a probabilidade de morrer em uma dada população, região e ano.
OBS: O coeficiente de mortalidade geral é um indicador que NÃO serve para comparar regiões diferentes por vários
motivos, dentre eles, o fato de as regiões apresentarem estruturas etárias e sociais diferentes. Portanto, esse indicador
não serve como um marcador de saúde de uma região e nem serve como comparativo entre duas regiões. Para
comparar os riscos de morte entre duas ou mais regiões, devemos padronizar a faixa etária.
− Coeficiente de mortalidade específica: pode ser por causa (como a mortalidade materna) ou por idade (como a
mortalidade infantil).

• Estes coeficientes sofrem alterações e podem ser calculados por faixa etária e sexo, possibilitando análises mais
específicas da realidade de saúde.

2.1.2.1 Coeficiente de Mortalidade Geral


• Mede a probabilidade que qualquer pessoa da população tem de morrer em determinado local e ano. Ele depende
apenas do conhecimento do número de óbitos e da população da área que se estuda. Não serve para comparar a
qualidade de saúde entre regiões diferentes, pois apenas com esse dado não saberemos se a mortalidade de uma
região se dá às custas de crianças ou de idosos, por exemplo.

Número de óbitos totais no tempo X e local Y x 10n


População na mesma área e período

• Interpretação:
− Expressa a frequência anual de mortes;
− A taxa bruta de mortalidade é influenciada pela estrutura da população quanto à idade e sexo;
− Taxas elevadas podem estar associadas a baixas condições socioeconômicas ou refletir elevada proporção de pessoas
idosas na população total. Portanto, não é um bom parâmetro comparativo de qualidade de saúde.
2.1.2.2 Coeficiente de Mortalidade Materna
• Reúne as mortes em mulheres devido a causas maternas (complicações da gravidez, parto, puerpério e abortamento).

Número de óbitos por causas maternas x 100.000


Número de nascidos vivos

QUADRO RESUMO SOBRE MORTALIDADE MATERNA

− A mortalidade materna é uma das mais graves violações dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em 92% dos casos e
por ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento.
− Morte Materna: Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da mesma, independentemente
da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em
relação a ela. Pode ser dividida em morte materna obstétrica e não-obstétrica.
OBS: no cálculo da Razão de Mortalidade Materna não consideramos as mortes incidentais ou acidentais!
− Morte Materna Obstétrica: é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término dela, independentemente da duração
ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.
As mortes maternas por causas obstétricas podem ser divididas em obstétricas diretas e obstétricas indiretas, e são elas que entram no cálculo
da mortalidade materna.
− Morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções,
omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer uma dessas causas. Ex: mulher que morre em decorrência
de eclâmpsia ou sangramento pós-parto intenso. Ambas as causas são relacionadas diretamente com a gestação.
− Morte materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se agravaram durante esse período,
não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. Ex: mulher que morre por insuficiência
cardíaca aguda devido à hipervolemia fisiológica da gestação.
− Morte Materna não Obstétrica: é a resultante de causas incidentais ou acidentais não relacionadas à gravidez e seu manejo. Também chamada
por alguns autores como morte não relacionada. Esses óbitos não são incluídos no cálculo da razão de mortalidade materna.
− Morte Relacionada à Gravidez: é a morte de uma mulher durante o período gestacional ou até 42 dias após o término da gravidez, qualquer
que tenha sido a causa do óbito. Corresponde, portanto, à soma das mortes obstétricas com as não obstétricas.
− Morte Materna Tardia: é a morte de uma mulher devido a causas obstétricas diretas ou indiretas, que ocorre num período superior a 42 dias e
inferior a um ano após o fim da gravidez.
− Mulher em Idade Fértil: Segundo a definição internacional, é a morte de mulher entre 15 e 49 anos de idade. No Brasil, considera-se idade fértil
a faixa etária entre 10 e 49 anos. A definição brasileira de idade fértil teve como base a experiência dos comitês de morte materna, as estatísticas
de registros vitais e de procedimentos médicos realizados, que revelam a ocorrência de gravidez em mulheres com menos de 15 anos.
− Razão de Mortalidade Materna: Relaciona as mortes maternas obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos. É expresso por
100.000 nascidos vivos. Frequentemente, a razão de mortalidade materna é chamada de “taxa” ou “coeficiente”. Contudo, ela só poderia ser
designada assim se o seu denominador fosse o número total de gestações. Na impossibilidade de obtenção desse dado, utiliza-se por
aproximação o número de nascidos vivos, o que torna mais adequado o uso da expressão “razão”.

Número de óbitos por causas obstétricas x 100.000


Número de nascidos vivos

− Morte Materna Declarada: A morte materna é considerada declarada quando as informações registradas na declaração de óbito (DO) permitem
classificar o óbito como materno.
− Morte Materna não Declarada: A morte materna é considerada como não declarada quando as informações registradas na DO não permitem
classificar o óbito como materno.

Morte violenta (trauma / acidentes) sempre será contabilizada por meio do coeficiente de mortalidade por causas externas,
mesmo durante o período gestacional, puerpério ou do parto. Exceção: morte por abortamento provocado.

− O Ministério da Saúde divulgou que de 1990 a 2017, a mortalidade materna sofreu uma redução de 55%. No entanto, os números mostram que
o índice voltou a crescer lentamente desde 2013, passando de 62,1 para 64,5 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos, em 2017. O Brasil
modificou a sua meta para mortalidade materna de 20 para 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos até o ano de 2030.
− As principais causas de morte materna obstétrica são, em ordem decrescente: síndromes hipertensivas, síndromes hemorrágicas e infecções.
− Dentre as estratégias para alcançar essa meta, foi criado o Programa Rede Cegonha, com a finalidade de estruturar e organizar a atenção à saúde
materno-infantil no País e está sendo implantado, gradativamente, em todo o território nacional.
1. Segundo dados da análise Saúde Brasil 2017 do Ministério da Saúde, o programa rede cegonha propiciou acesso ao pré-natal adequado ou
mais que adequado para cerca 70% das mulheres.
2. Desde 2000, as taxas de cesárea apresentavam uma tendência de aumento, alcançando 57%. No entanto, a partir de 2014 houve uma
redução para 55,5% em 2015. A fim de intensificar esse decréscimo, em 2018 foi lançado o Projeto Parto Cuidadoso, que visa a
implementação de critério para avaliar, monitorar e comparar as taxas de cesáreas ao longo do tempo.
3. Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On), importante ferramenta da Rede
Cegonha que tem entre as principais ações, a de qualificar o ensino e o exercício da obstetrícia e neonatologia, com base nas melhores
evidências.
4. Outra iniciativa, em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), é o Projeto Zero Morte Materna por Hemorragia, que
tem o objetivo de qualificar as equipes de saúde para o manejo clínico da hemorragia pós-parto.

ACESSO DIRETO - SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LIMEIRA – SP - 2016: Puérpera, 8º dia pós-parto,
apresenta quadro séptico de foco endometrial, evoluindo para óbito. Trata-se de morte materna:
A. Obstétrica direta.
B. Obstétrica indireta.
C. Não obstétrica.
D. Acidental.

COMENTÁRIO: Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o
término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por
qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Não
entra na razão de mortalidade materna a que é provocada por fatores acidentais ou incidentais. Podem
ser divididas em: Causas obstétricas diretas: resultantes de complicações obstétricas na gravidez, parto
ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos
resultantes de quaisquer das causas acima mencionadas; Causas obstétricas indiretas: resultantes de
doenças existentes antes da gravidez ou de doenças que se desenvolveram durante a gravidez não
devido a causas obstétricas diretas, mas que foram agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. Logo
no 8º dia pós-parto, puérpera apresenta quadro séptico de foco endometrial, que representa uma
complicação obstétrica da gravidez e não de uma doença já existente, caracterizando morte materna
obstétrica direta. RESPOSTA: Letra A.

2.1.2.3 Coeficiente de Mortalidade Infantil:


− mede a probabilidade que uma criança nascida viva tem de morrer antes de completar 1 ano de idade. É um indicador
de saúde sensível que permite avaliar as condições de vida e saúde de uma determinada comunidade. Em outras
palavras, é um excelente indicador de expectativa de vida da região estudada (por essa razão, a morte infantil < 1 ano
de vida também é de notificação compulsória).

Número de óbitos em menores de 1 ano x 1000


Número de nascidos vivos

− O coeficiente de mortalidade infantil pode ser desdobrado nos seguintes marcadores:


✓ Coeficiente de mortalidade neonatal: óbitos em crianças menores que 28 dias (incompletos). A quase totalidade das
mortes nesse período está relacionada às causas perinatais e às anomalias congênitas.

Número de óbitos < 28 dias x 1000


Número de nascidos vivos

✓ Coeficiente de mortalidade neonatal precoce: óbitos de crianças com 0 a 6 dias de vida. Permite visualizar melhor as causas
de morte perinatais e avaliar a assistência ao parto.
✓ Coeficiente de mortalidade neonatal tardia: mede o número de óbitos em crianças na faixa entre 7 e 27 dias.
✓ Coeficiente de mortalidade infantil tardia (pós-neonatal): mede o número de óbitos em crianças entre 28 dias e até
completar um ano de vida. Permite identificar problemas específicos dessa faixa. Ainda nessa faixa, as malformações
congênitas e anomalias genético-hereditárias ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte, sendo o segundo lugar
ocupado pelas doenças do aparelho respiratório e a terceira, causas infectoparasitárias. Por isso, esta taxa reflete
diretamente as melhorias nos serviços de saneamento básico e práticas de higiene que nosso país experimentou nas
últimas décadas.
Número de óbitos 28 dias a 1 ano de vida x 1000
Número de nascidos vivos

✓ Coeficiente de mortalidade perinatal: compreende as mortes no período fetal, ou seja, que começa em 22 semanas
completas (154 dias) de gestação (época em que o peso está ao redor de 500g) e termina com 7 dias completos após o
nascimento. Este coeficiente permite uma avaliação mais precisa da assistência pré-natal, do acompanhamento do parto
e das condições gerais de vida da mãe da criança. OBS.: Óbito com menos de 20-22 semanas é aborto!

Natimortos + Óbitos em menores de 7 dias x 1000


Número de nascidos vivos + Número de nascidos mortos

✓ Coeficiente de natimortalidade: mede apenas os natimortos ou nascidos mortos (morto depois da 22ª semana, segundo o
CID-10, ou após a 28ª semana, segundo a ANVISA), decorrentes de perdas fetais tardias.

Nascidos mortos x 1000


Número de nascidos vivos + Número de nascidos mortos

Note que para o coeficiente de mortalidade infantil e seus desdobramentos, o denominador será o
número de nascidos vivos; atenção, entretanto, para os dois últimos coeficientes, pois eles fogem à
regra!
Para melhorar o valor de cada um desses coeficientes, podemos adotar medidas específicas:
• Perinatal: agir no parto, melhorar o pré-natal e prestar melhor assistência ao RN.
• Natimorto: melhorar a assistência no pré-natal (avaliar e orientar o obstetra).
• Neonatal: melhorar as condições de assistência ao RN (avaliar e orientar o pediatra).
• Pós-neonatal: agir no meio-ambiente (saneamento, vacinação etc.), pois nesse caso, a criança morre em
casa (e, portanto, devemos melhorar a qualidade de vida que o país garante a ela).

OBS.: Principais causas de morte infantil no Brasil:


− Abaixo de 1 ano:
1. Afecções originadas no período neonatal.
2. Malformação congênita e anomalias cromossômicas.
3. Doença do aparelho respiratório.
4. Doenças infecto-parasitárias (DIP).

− No período neonatal:
1. Afecções originadas no período perinatal.
2. Malformação congênita e anomalias cromossômicas.
3. Desconhecidas.

− No período pós-neonatal:
1. Malformações congênitas e anomalias cromossômicas.
2. Doenças do aparelho respiratório.
3. Afecções originadas no período neonatal.

OBS.: Existe ainda o coeficiente de mortalidade NA INFÂNCIA. Diferentemente do infantil, aqui são considerados os óbitos em
MENORES DE 5 ANOS.
OBS.: Nos últimos 20-30 anos, o Brasil apresentou uma queda importante no coeficiente de mortalidade infantil,
principalmente na pós-neonatal (principais fatores: campanhas de vacinação e amamentação, condições de saneamento
e moradia). Atualmente, a maioria morre no período neonatal (de 100% das crianças que morrem no 1º ano de vida,
50%, aproximadamente, morrem na 1ª semana de vida), muito embora o risco já esteja muito menor do que há 20 anos.
O predomínio proporcional de mortalidade neonatal precoce nos óbitos < 1 ano é relativamente bom,
pois representam causas de difícil intervenção médica.

• Determina a capacidade da doença de provocar a morte em indivíduos acometidos por ela. Ou seja: mede a gravidade da doença.
• Mede o risco de o doente morrer pelo agravo que possui.

Número de óbitos pela doença x


Número de pacientes com a doença x

OBS.: Se a questão de prova fala de uma doença desconhecida, podemos obter o coeficiente de letalidade da mesma
dividindo o número de óbitos pela incidência desta patologia (número de casos novos), já que não sabemos sua
prevalência (se a doença é desconhecida, não tem casos antigos e, nesse caso, incidência = prevalência).

• Índices não expressam uma probabilidade (ou risco) como os coeficientes, pois o que está contido no denominador não
está sujeito ao risco de sofrer o evento descrito no numerador (LAURENTI et al., 1987). Assim, a relação telefones/habitantes
é um índice, da mesma forma que médicos/habitantes, leitos/habitantes etc. (os numeradores “telefones”, “médicos” e
“leitos” não fazem parte do denominador população).
• Principais características:
− Os índices, diferentemente dos coeficientes, não medem risco, mas sim, proporções, estabelecendo comparações entre um
subconjunto (no numerador) e o conjunto (no denominador), nas mesmas unidades (Numerador = Denominador).
− Sempre teremos data e lugar estipulados.
− São expressos em percentual (multiplicados por 100).

• Diferentemente dos coeficientes, temos apenas um índice para memorizar: o índice de mortalidade (ou mortalidade
proporcional), que pode ser por idade ou por causa.
• Então, para relembrar a diferença dos conceitos, vamos revisar:
− Coeficientes: avaliam RISCO. O Numerador é diferente do Denominador.
− Índices: avaliam PROPORÇÃO. O Numerador é igual ao Denominador.

Coeficiente: Numerador ≠ Denominador Índice: Numerador = Denominador


Nº de Óbitos na população ≥ 50 anos Nº de Óbitos na população ≥ 50 anos
População ≥ 50 anos Nº Total de Óbitos

• As proporções não estimam o risco do evento em uma dada população, porém são mais fáceis de serem calculadas, pois
não necessitam de denominadores, como o número de habitantes, para o seu cálculo. Além disso, são mais fáceis de se
compreender, pois seus resultados são sempre em percentuais (a cada cem pessoas, tantas morrem por doenças do
aparelho circulatório, por exemplo).
• A mortalidade proporcional por idade determina a distribuição percentual dos óbitos por faixa etária, na população
residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.

Número de óbitos por faixa etária x 100


Número total de óbitos
• Interpretação:
− Mede a participação dos óbitos em cada faixa etária, em relação ao total de óbitos.
− Elevada proporção de óbitos de menores de um ano de idade está associada a más condições de vida e de saúde.
− O deslocamento da concentração de óbitos para grupos etários mais elevados reflete a redução da mortalidade em idades
jovens e o consequente aumento da expectativa de vida da população.

• Outras variações de concentração de óbitos sugerem correlação com a frequência e a distribuição de causas de mortalidade
específica por idade e sexo.
− Índice de mortalidade infantil proporcional por idade, em menores de 1 ano: distribuição percentual dos óbitos de crianças
menores de um ano de idade, por faixa etária, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.
Indica a participação dos óbitos de cada grupo etário selecionado, em relação aos óbitos de menores de um ano de idade. No
Brasil, ocorre uma diminuição do índice de mortalidade pós-neonatal.

Número de óbitos < 1 ano por faixa etária


Número total de óbitos < 1 ano

Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal

1980 28,0 13,9 58,1

2011 52,8 16,6 30,6

− Índice de Swaroop-Uemura (ISU) ou Razão de Mortalidade Proporcional: é um índice que mede a percentagem de
pessoas que morrem com 50 anos ou mais, em relação ao total de óbitos. É excelente indicador do nível de vida. Ela é
utilizada quando se quer comparar diversas regiões ou estudar a evolução da mortalidade em determinado local.

ISU = Número de Óbitos em Pessoas de 50 anos ou mais x 100


Número total de óbitos em todas as idades

É um dos únicos índices que “quanto maior, melhor” -> Quanto maior o ISU, melhor o nível de vida na região estudada: é melhor
ter o ISU entre 75 – 100% - essa forma indica que a maioria dos óbitos registrados está acima dos 50 anos, mostrando que o
país permite que as pessoas vivam mais, com baixos índices de mortalidade infantil e da mortalidade entre jovens. Note que o
ISU foge do padrão dos demais marcadores: quanto maior o ISU, melhor a qualidade de vida no país (enquanto, quanto maiores
fossem os índices de mortalidade infantil/materna, pior seria a qualidade de vida do país). Classificação de ISU:
− Primeiro nível: ISU ≥ 75% (país desenvolvido) / Atualmente, o ISU do Brasil é de 76%;
− Segundo nível: ISU entre 50 e 74%;
− Terceiro nível: ISU entre 25 e 49%;
− Quarto nível: ISU < 25% (país subdesenvolvido).

OBS.: A mortalidade proporcional por idade também pode ser representada em gráfico, sendo conhecida como Curva de
Mortalidade Proporcional (ou Curva de Nelson Moraes). Para isso, primeiro devemos calcular todos os percentuais
correspondentes às seguintes faixas etárias: menor de 1 ano, de 1 a 4 anos, de 5 a 19 anos, de 20 a 49 anos e de 50 anos
ou mais (a soma de todos os percentuais dessas faixas etárias deve dar 100%). A seguir, colocamos esses valores
(percentuais) no gráfico, como mostra, que também descreve os 4 tipos de curvas (nível de saúde muito baixo, baixo,
regular e elevado, conforme proposto por Nelson de Moraes).
− Curva tipo I: nível de saúde muito baixo. Tem formato de “N”. Predominam os óbitos em crianças e adultos jovens.
− Curva tipo II: nível de saúde baixo. Tem formato de “L” ou “J invertido”. Predominam os óbitos infantis e em pré-escolares.
− Curva tipo III: nível de saúde regular. Curva em formato de “U”. Começa a elevar a mortalidade em indivíduos com mais de
50 anos, mas a mortalidade infantil é considerada alta.
− Curva tipo IV: nível de saúde elevado. Curva em formato de “J”. Predomínio de mortalidade em indivíduos com mais de 50
anos.
Figura 4 – Curva de Nelson Moraes. Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/includes/header_pdf.php?id=266&ext=.pdf&titulo=EPIDEMIOLOGIA

ACESSO DIRETO - FUNDAÇÃO BANCO DE OLHOS DE GOIÁS – 2016 Para avaliar o nível de saúde de uma
população, utilizou-se a curva de Nelson Moraes para dois biênios: 1980/81 e 2000/01. Ao final do
estudo, encontrou-se uma curva tipo U, no primeiro biênio, e uma curva tipo J, no segundo biênio.
Desse modo, indique a alternativa CORRETA:
A. As curvas tipo I, em forma de J invertido, indicam nível de saúde muito baixo, com predomínio de óbitos
em jovens e idosos, portanto, piorou o nível de saúde da população em questão.
B. As curvas tipo II, em forma de U, indicam elevado nível de saúde, com predomínio de óbitos nos
extremos de faixas etárias, portanto, piorou o nível de saúde.
C. As curvas tipo II, em forma de U, indicam nível de saúde regular, com baixa proporção de óbitos em
grupo infantil, pré-escolares e jovens, portanto, piorou o estado de saúde da população.
D. As curvas tipo IV, em forma de J, indicam nível elevado de saúde, com predomínio de óbitos em idosos,
portanto, melhorou o estado de saúde da população.

COMENTÁRIO: Questão conceitual, vamos revisar o conceito das curvas propostas por Nelson de
Moraes. Curva tipo I: nível de saúde muito baixo. Tem formato de “N”. Predominam os óbitos em
crianças e adultos jovens; Curva tipo II: nível de saúde baixo. Tem formato de “L” ou “J invertido”.
Predominam os óbitos infantis e em pré-escolares; Curva tipo III: nível de saúde regular. Curva em
formato de “U”. Começa a elevar a mortalidade em indivíduos com mais de 50 anos, mas a mortalidade
infantil é considerada alta; Curva tipo IV: nível de saúde elevado. Curva em formato de “J”. Predomínio
de mortalidade em indivíduos com mais de 50 anos; sendo a letra D, a única que atende a esse conceito.
RESPOSTA: Letra D.

• É a proporção que determinada causa (ou agrupamento de causas) no conjunto de todos os óbitos. Por exemplo, a
mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório é a proporção de óbitos por doenças do aparelho circulatório
em relação ao total de óbitos no mesmo período e local.
• Calcula a proporção de óbitos por causa, permitindo uma avaliação mais precisa das principais causas de óbito numa
população, bem como a comparação com outras populações.
• A distribuição dos grupos de causas pode sugerir associações com fatores contribuintes ou determinantes das doenças, por
exemplo: proporções elevadas de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias refletem, em geral, baixas condições
socioeconômicas e sanitárias.

Número de óbitos por grupo de causas definidas x 100


Número total de óbitos
• Atualmente, com a implantação do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) no Brasil, algumas proporções
de importância epidemiológica também podem ser calculadas, como por exemplo:
− Taxa de nascidos vivos com baixo peso ao nascer: % nascidos vivos com peso ao nascer < 2500 gramas em relação ao
total de nascidos vivos em determinado período e local;
− Taxa de nascidos vivos com mães adolescentes: % de nascidos vivos com mães de idade < 20 anos em relação ao total
de nascidos vivos em determinado período e local;
− Taxa de nascidos vivos por cesárea: % nascidos vivos por cesárea em relação ao total de nascidos vivos em determinado
período e local;
− Taxa de nascidos vivos prematuros: % de nascidos vivos com menos de 37 semanas (até 36 inclusive) de gestação.

OBS.: Grupo de doenças que mais matam no Brasil (ISU no Brasil é > 75%):
1. Doenças do aparelho cardiocirculatório (em 1º lugar: doença cardíaca isquêmica);
2. Neoplasias:
− Homens: Próstata (mais comum), Pulmão (segunda mais comum), Estômago (terceira mais comum).
− Mulheres: Mama (mais comum), Colo do útero (segunda mais comum), Pulmão (terceira mais comum).

3. Causas externas:
− 3ª principal causa no Brasil como um todo.
− 2ª principal causa nos homens: (1) agressão/homicídios; (2) acidentes de trânsito.
− 4ª ou 5ª principal causa nas mulheres: (1) acidente de trânsito; (2) agressão/homicídio.

4. Doenças do aparelho respiratório.


5. Causas desconhecidas (isso reflete dois problemas: má assistência de saúde à população; mau preenchimento
da declaração de óbito pelos médicos).
OBS.: Mortalidade proporcional infantil por causa:
− 1º Afecções perinatais;
− 2º Malformações;
− 3º Afecções respiratórias;
− 4º Doenças infectoparasitárias (DIP): era a 2ª causa, mas agora é a 4ª!
OBS.: A principal causa de morte na faixa etária entre 1 e 40 anos é morte por causas externas!
QUADRO RESUMOS SOBRE EPIDEMIAS
1. COMO CALCULAR O NÍVEL ENDÊMICO DE UMA DOENÇA E DIAGNOSTICAR A OCORRÊNCIA DE UMA EPIDEMIA
Um dos métodos utilizados para verificação de ocorrência de uma epidemia é o DIAGRAMA DE CONTROLE, que consiste na representação gráfica
da distribuição da média mensal e desvio padrão dos valores da frequência (incidência ou casos) observada, em um período (habitualmente 10
anos). A construção deste gráfico pode ser feita procedendo-se da seguinte maneira:
1. Verificação da distribuição do número de casos/incidência da doença, registrado mensalmente durante os últimos anos (geralmente dez anos
ou mais), apresenta grandes variações;
2. Excluem-se os dados referentes a anos epidêmicos;
3. Calcula-se a média aritmética e os desvios-padrão (pode ser calculado no programa Excel) de cada distribuição mensal das incidências
registradas no período selecionado;
4. Os valores compreendidos entre aqueles correspondentes à média de cada mês acrescidos de 1,96 desvios-padrão e aqueles de cada média
mensal menos 1,96 desvios-padrão (distribuição normal), correspondem ao nível endêmico da doença, ou seja, o limite de variação esperada
para cada mês;
5. Representa-se graficamente (diagrama curvilinear) a distribuição das médias e desvios-padrão da incidência (diagrama de controle);
6. Quando os valores observados ultrapassam aqueles do limite máximo da variação esperada, diz-se que está ocorrendo uma epidemia. Desta
maneira, quando uma doença deixou de ocorrer em uma determinada área, o registro de um único caso pode estar configurando uma
epidemia ou surto.

Figura 5 – Diagrama de controle da doença meningocócica, analisando o período de 1983 a 1993, Brasil, 1994.
Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. 842p.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS EPIDEMIAS DE ACORDO COM A SUA PROGRESSÃO NO TEMPO

Figura 6 – Representação esquemática de curvas epidêmicas.


Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. 842p.

a) Exposição maciça comum de curta duração (epidemia explosiva): quando os casos aparecem, em rápida sucessão e num curto período; a
epidemia surge, aumenta de intensidade e declina, sugerindo a existência de um veículo comum de transmissão e uma exposição simultânea de
vários susceptíveis. A duração máxima de todo o surto se encontra dentro do período máximo de incubação. (ex. surto de intoxicação alimentar).
No caso de transmissão por veículo comum, devemos identificar os seguintes períodos ou datas: o pico do surto, início, fim, duração da epidemia
e período provável de exposição dos casos às fontes de infecção.
b) Exposição maciça comum prolongada: embora também seja de fonte única, a exposição dos indivíduos a ela é prolongada. A curva é menos
abrupta que a anterior e o evento, em geral, excede um período de incubação (intoxicação por uma partida de alimento contaminado; acidente
com a rede de distribuição de água etc.)
c) Exposição maciça comum seguida de casos secundários: quando nas situações anteriores, ocorrem casos secundários, em forma de uma segunda
onda tardia. Assim, a curva apresenta, como características, o prolongamento no tempo e o aspecto bimodal. A duração total do surto excede
um período de incubação.
d) Exposição prolongada por exposição múltipla (epidemias progressivas ou propagadas): devido a fatores como difusibilidade, período de incubação
curto, abundância de formas clínicas e inaparentes constituindo-se em vários focos de propagação, o surto se estende até que esgote o número
de susceptíveis. Logo, sua duração excede em muito o período de incubação. A curva pode apresentar várias ondas epidêmicas e, às vezes, o
período transcorrido entre as ondas é compatível com o período de incubação da doença (surtos de infecções respiratórias, cólera, sarampo,
varíola etc.).

ACESSO DIRETO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – PI - 2015 Uma ocorrência epidêmica, onde todos
os casos estão relacionados entre si, atingindo uma área geográfica pequena e delimitada, como vilas,
bairros etc. ou uma população institucionalizada, como de colégios, quartéis, creches, por exemplo, faz
referência ao conceito de:
A. Endemia.
B. Epidemia por fonte comum.
C. Epidemia progressiva.
D. Epidemia propagada.
E. Surto.

COMENTÁRIO: Letra A: INCORRETA. Endemia significa a presença usual de uma doença, dentro
dos limites esperados, em uma determinada área geográfica, por um período ilimitado. Letra B:
INCORRETA. Epidemia por fonte comum é aquela difundida a partir de uma fonte comum, em que
o fator extrínseco (agente infeccioso, fatores físico-químicos ou produtos do metabolismo
biológico) é veiculado por água, alimento ou ar, ou induzido por inoculação. Nesse tipo de
epidemia não existe propagação de doença pessoa a pessoa, todos os afetados devem ter tido
acesso direto ao veículo disseminador da doença, não necessariamente ao mesmo tempo e no
mesmo lugar. Letra C: INCORRETA. Epidemia progressiva é aquela de desenvolvimento lento, na
qual a doença se difunde de pessoa a pessoa por vias respiratórias, anal, oral, genital ou por
vetores, de modo que os casos identificados não podem ser atribuídos a agentes transmitidos a
partir de uma única fonte. Letra D: INCORRETA. Epidemia propagada é sinônimo de epidemia
progressiva. Letra E: CORRETA. Portanto, RESPOSTA: Letra E.

GLOSSÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

− Doença transmissível: é qualquer doença causada por um agente infeccioso específico ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela
transmissão deste agente ou de seus produtos, de um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente de uma pessoa ou animal
infectado, ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou por meio inanimado.
− Doenças emergentes: são doenças novas, que foram identificadas como um novo problema de saúde, por introdução de um novo agente
infeccioso.
− Doença reemergente: é uma doença transmissível previamente conhecida que reaparece como problema de saúde pública após uma etapa de
significativo declínio de sua incidência e aparente controle.
− História natural da doença: refere-se à evolução de uma doença no indivíduo através do tempo, do início até a resolução (recuperação, deficiência
ou óbito), na ausência de intervenção.
− Agente: É um fator que pode ser um micro-organismo, substância química, ou forma de radiação, cuja presença, presença excessiva ou relativa
ausência é essencial para a ocorrência da doença.
− Hospedeiro: é uma pessoa ou animal vivo, incluindo as aves e os artrópodes que, em circunstâncias naturais, permite a subsistência e o
alojamento de um agente infeccioso.
− Caso índice: primeiro caso diagnosticado em um surto ou epidemia.
− Casos secundários: casos que surgem após contato com caso índice.
− Infecção: é a entrada, desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal.
− Infectividade: é a capacidade do agente infeccioso de poder se alojar e se multiplicar dentro de um hospedeiro.
− Patogenicidade: é a capacidade de um agente infeccioso de produzir doença em pessoas infectadas.
− Infecção inaparente: é a presença de um agente infeccioso em um hospedeiro sem que apareçam sinais ou sintomas clínicos manifestos. Só
podem ser identificados por métodos de laboratório ou pela manifestação de reatividade positiva nos testes cutâneos específicos (sinônimo:
infecção subclínica, assintomática ou oculta).
− Virulência: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves e fatais.
− Letalidade: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos fatais.
− Imunogenicidade: capacidade do agente gerar imunidade no hospedeiro
− Reservatório de agentes infecciosos: é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada, onde normalmente vive e se
multiplica um agente infeccioso e do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de forma que possa ser transmitido a um hospedeiro
suscetível.
− Zoonose: é uma infecção ou doença infecciosa transmissível que em condições naturais ocorre entre os animais vertebrados e o homem.
− Fonte de infecção: é a pessoa, animal, objeto ou substância de onde o agente infeccioso passa a um hospedeiro.
− Portador: é um indivíduo (ou animal) infectado, que abriga um agente infeccioso específico de uma doença, sem apresentar sintomas ou sinais
clínicos desta e constitui uma fonte potencial de infecção para o ser humano.
− Período de incubação: é o intervalo de tempo que transcorre entre a exposição a um agente infeccioso e o surgimento do primeiro sinal ou
sintoma da doença.
− Período de latência: é o intervalo de tempo que transcorre desde que se produz a infecção até que a pessoa se torne infectada.
− Período de transmissibilidade ou infeccioso: é o intervalo de tempo durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido direta ou
indiretamente de uma pessoa infectada a outra pessoa, de um animal infectado ao ser humano ou de um ser humano infectado a um animal,
inclusive artrópodes.
− Vetor: um inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso desde um indivíduo ou seus excrementos até um indivíduo
suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato. O agente pode ou não se desenvolver, propagar ou se multiplicar dentro do vetor.
− Suscetível: é qualquer pessoa ou animal que não possui suficiente resistência contra um determinado agente patógeno que o proteja contra a
doença caso chegue a ter contato com esse agente.
− Resistência: é o conjunto de mecanismos corporais que servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou contra os
efeitos nocivos de seus produtos tóxicos.
− Imunidade: é o estado de resistência geralmente associado à presença de anticorpos e citocinas que possuem ação específica sobre o micro-
organismo responsável por uma doença infecciosa específica ou sobre suas toxinas.
− A imunidade ativa, que costuma durar anos, é adquirida naturalmente como consequência de uma infecção, clínica ou subclínica, ou
artificialmente por inoculação de frações ou produtos de um agente infeccioso, ou do mesmo agente, morto, atenuado ou recombinado a partir
de técnicas da engenharia genética.
− A imunidade passiva, de curta duração (de alguns dias a vários meses) é obtida naturalmente por transmissão materna (através da placenta) ou
artificialmente por inoculação de anticorpos protetores específicos (soro de convalescente ou de pessoa imune ou soroglobulina imune humana,
soro antitetânico, soro antidiftérico, gamaglobulina etc.).

ACESSO DIRETO - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES – ES - 2015 Sobre os


conceitos relacionados ao bioagente patogênico no contexto dos mecanismos de transmissão de
doenças, assinale a alternativa CORRETA:
A. Infectividade é a capacidade que tem o bioagente de induzir imunidade no indivíduo.
B. Patogenicidade é a capacidade que tem o parasito de se difundir através de tecidos, órgãos e sistemas.
C. Virulência é a capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais.
D. Poder invasivo é a qualidade que tem o agente infeccioso de produzir sintomas.
E. Imunogenicidade é a propriedade do agente patogênico em penetrar, se desenvolver e se multiplicar no
novo hospedeiro.

COMENTÁRIO: Letra A: INCORRETA. Infectividade: é a capacidade do agente etiológico alojar-se e


multiplicar-se no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo hospedeiro; Letra B:
INCORRETA. Patogenicidade: é a capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro
suscetível; Letra C: CORRETA. Letra D: INCORRETA. Poder invasivo: é a capacidade que tem um agente
de se difundir, através de tecidos, órgãos e sistemas do hospedeiro; Letra E: INCORRETA. Poder
imunogênico (ou imunogenicidade): é a capacidade do agente biológico de estimular a resposta imune
no hospedeiro; conforme as características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou longa
duração e de grau elevado ou baixo. RESPOSTA: Letra C.
ACESSO DIRETO - FUNDAÇÃO DE BENEFICÊNCIA HOSPITAL DE CIRURGIA – SE - 2016 A característica de
um agente infeccioso, instalado no organismo do homem ou de outros animais, produzir sintomas em
maior ou menor proporção no hospedeiro infectado corresponde à definição de:
A. Dose infectante.
B. Virulência.
C. Poder invasivo.
D. Infectividade.
E. Patogenicidade.

COMENTÁRIO: Analisemos um breve resumo dos conceitos citados nas assertivas: DOSE INFECTANTE -
quantidade do agente etiológico necessário para iniciar uma infecção; PODER INVASIVO – capacidade
de um agente difundir-se através de tecidos, órgãos e sistemas do hospedeiro; PATOGENICIDADE –
capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível; VIRULÊNCIA – grau de
patogenicidade de um agente, que se expressa pela GRAVIDADE da doença, especialmente pela
letalidade e pela proporção de casos com sequelas; INFECTIVIDADE – capacidade de o agente biológico
(bioagente) alojar-se e multiplicar-se no organismo do hospedeiro, além de se transmitir deste para um
novo hospedeiro. Quando falamos em relação à produção de sintomas no hospedeiro, ou seja, a
produção de doença, estamos falando de patogenicidade. Portanto, RESPOSTA: Letra C.

✓ PORTARIA NO - 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016, Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e
eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras
providências. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html.
✓ PORTARIA Nº 264, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2020 Altera a Portaria de Consolidação nº 4/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para
incluir a doença de Chagas crônica, na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional. http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-264-de-
17-de-fevereiro-de-2020-244043656.
✓ Guia de vigilância epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. 842p. ISBN 85-7346-032-6.
✓ BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas e Rotinas do SINAN: Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2006. Disponível em:
<www.saude.gov.br/sinanweb. Acesso em: 02 de abril de 2020.
✓ OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA DOCENTES DO CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM GESTÃO MUNICIPAL NA ÁREA DE SAÚDE –
NESCON/FM/UFMG – FEVEREIRO DE 1998 TEMA: SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE, Sibele Maria Gonçalves Ferreira, abril /
1999.
✓ BITTAR, Olímpio J. Nogueira et al. Sistemas de informação em saúde e sua complexidade. Revista de Administração em Saúde, v.
18, n. 70, 2018.
✓ Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS. Política Nacional de
Informação e Informática em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Departamento de Monitoramento e Avaliação do
SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 56 p.: il. ISBN 978-85-334-2353-4.
✓ Morais, Rinaldo & Costa, André. (2014). Um modelo para avaliação de sistemas de informação do SUS de abrangência nacional: o
processo de seleção e estruturação de indicadores. Revista de Administração Pública. 48. 767-793. 10.1590/0034-76121512.

Você também pode gostar