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EAD

As Cartas de Pedro

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1. OBJETIVOS
• Apresentar os dois textos classificados como “Cartas de
Pedro” em suas identidades histórica, literária e teológi-
ca.
• Analisar os textos das duas Cartas de Pedro em sua forma
literária e em seu conteúdo teológico.
• Comparar as Cartas de Pedro aos outros escritos do Novo
Testamento.
• Despertar o desejo pelo conhecimento dos textos episto-
lares do Novo Testamento e de seu conteúdo teológico.

2. CONTEÚDOS
• Primeira Carta de Pedro.
• Segunda Carta de Pedro.
124 © Cartas aos Hebreus e Católicas

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


1) Para que você tenha facilidade em compreender o es-
tudo que esta unidade traz, é necessário, assim como
nas outras unidades deste material, que o texto bíblico
enfocado seja lido. Portanto, é indispensável ler a Pri-
meira Carta de Pedro e, em seguida, a Segunda Carta de
Pedro.
2) Sugerimos, também, que, depois de ler os textos bíbli-
cos em questão, bem como esta unidade, você consul-
te um ou mais textos dos indicados na bibliografia para
completar seu conhecimento.
3) Como sugestão, convidamos você a ler, atentamente, a
Primeira Carta de Pedro e a fazer sua própria divisão do
texto. Para tanto, conforme se faz a leitura, é necessário
ir estabelecendo títulos e subtítulos, que vão formando
uma estrutura fundamental. Lembre-se de que não há,
nessa Carta de Pedro, um plano preestabelecido, o que
pode dificultar a realização de uma divisão esquemáti-
ca.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
As Cartas de Pedro são parte do cânon do Novo Testamento.
Atribuídas ao apóstolo Pedro, essas cartas contêm um interessante
material a respeito do pensamento das primeiras comunidades.
Na compreensão do conjunto do Novo Testamento, as Cartas
de Pedro não são a palavra mais importante. De fato, comparando-
as com o Corpus Paulinum ou, por exemplo, com a Carta aos He-
breus, as Cartas de Pedro passam em segundo plano, pois aquelas
são mais marcantes do ponto de vista teológico e literário. Mas a
tradição da Igreja sempre considerou esses dois textos − a Primeira
Carta de Pedro e a Segunda Carta de Pedro − textos dignos de ade-
são e de compreensão. Por isso, somos convidados a estudá-las, o
que aqui fazemos.

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5. CARTA DE PEDRO
Após a Carta de Tiago, o cânon do Novo Testamento apre-
senta a 1 Carta de Pedro. Assim como aquela, esta é uma espécie
de encíclica; uma carta dirigida a muitas Igrejas, podendo-se dizer
uma “carta circular”. Foi visto que a Carta de Tiago não apresen-
ta uma estrutura − ou esta não é clara. Fica difícil encontrar um
sentido lógico nessa Carta de Tiago. Na 1 Carta de Pedro, também
não há esse esquema visível, que leva ao leitor o conhecimento do
conteúdo sob um olhar na estrutura. A 1 Carta de Pedro é uma co-
leção de exortações, ditos e reflexões dedicados a quem conhece
o argumento central, que é Jesus Cristo, e o seu contexto, que é a
Escritura judaica.
Há, em 1 Pedro, certa divisão "natural", que, por sua vez,
pode ser questionada. Trata-se dos trechos 1,3;4,11, que se sepa-
ram de 4,12;5,11. Segundo muitos comentaristas, a primeira seção
seria uma espécie de "homilia batismal”, e a segunda parte seria
uma coleção de exortações parenéticas. Mas há dificuldades para
encontrar unidade na primeira parte, especialmente porque há
muitas exortações aos comportamentos adequados em situações
específicas, como com as autoridades, no matrimônio etc.
Por isso, é conveniente uma divisão mais detalhada, como a
que se segue:
Possível divisão de 1 Pedro
Endereço e Eulogia 1,1-2
Estar em Cristo [1] 1,3-12
Santidade em Cristo 1,13-23
O fiel e a Palavra 1,22-2,10
Condutas específicas 2,11-3,17
Estar em Cristo [2] 3,18-4,19
Exortações 5,1-11
Saudações finais 5,12-14
Embora não exista um plano lógico e coeso em na 1ª de Pe-
dro, os textos vão se sobrepondo e criando ideias concretas de
adesão a Jesus Cristo e de conduta. Lendo-a, parece que se ouve a
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palavra de alguém que viveu uma experiência intensa e que, ago-


ra, deseja partilhar aquilo que viveu. A 1 Carta de Pedro parece
ser, em grande parte, uma catequese pré-batismal ou uma homilia
batismal. Talvez ela seja um texto de instrução de neófitos, algo
como uma citada homilia batismal acrescentada de outros textos,
especialmente textos de índole parenética e exortativa.

A diferença existente entre a catequese pré-batismal e a homilia


batismal é o fato de que, naquela, é feito um anúncio de Jesus
Cristo, da necessidade de uma adesão ao seu Mistério. Os argu-
mentos necessários para essa adesão são o Evangelho e a boa
nova do Senhor. Já na homilia batismal, partindo dos ritos que são
feitos, são apresentadas as consequências concretas do Batismo;
sua realidade presente e decisiva na vida de quem foi batizado,
isto é: já não se trata de um conjunto de ideias, mas, sim, de uma
adesão de vida.

Autoria
Se a carta não é da autoria direta de Pedro, deve depender
de algum autor cristão de notável inspiração e sensibilidade. A Pri-
meira Carta de Pedro tem grande aceitação como original. Segun-
do as informações dos trechos 1,1;5,1.12, o autor é Pedro, auxilia-
do por um tal Silvano.
1,1: Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são estran-
geiros…
5,1: Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós;
porque sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de
Cristo
e serei participante com eles daquela glória que se há de manifes-
tar.
5,12: Por meio de Silvano, que estimo como a um irmão fiel,
vos escrevi essas poucas palavras.
Minha intenção é de admoestar-vos e assegurar-vos
que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.

Atestam a autoria de Pedro os antigos escritores da Igreja:


Tertuliano, Ireneu e Clemente de Alexandria.

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Alguns problemas podem surgir a respeito da autoria se for


considerada a linguagem: trata-se de um grego bem elaborado, até
elegante, semelhante ao usado pela edição da LXX. Dentre os 62
hapax legomena que a 1 Pedro possui, em relação ao Novo Testa-
mento, 35 deles são oriundos da LXX. Aliás, a 1 Pedro é, proporcio-
nalmente, um dos textos do Novo Testamento que mais se utiliza
do Antigo Testamento, sempre em sua versão da Septuaginta.
Quanto à utilização do Antigo Testamento, a 1 Pedro é re-
lativamente pródiga em termos de citação e de referência, sendo
estas explícitas, mas também, muitas vezes, implícitas. Veja:
Citações explícitas:
Em 2,5.9: Êxodo 19,5
1,16: Levítico 19,2
2,7: Salmo 118,22 [LXX 117,22]
2,22-25: Isaías 52,3-12
Citações implícitas e imagens do Antigo Testamento:
1,13: cingir os rins para o caminho
1,19: o êxodo e o cordeiro sem mancha
2,22-25: inspirada em Isaías 53,9.7.4.5.6 (com a inversão de versí-
culos!)
3,20: Noé e a arca
3,6: Sara e Abraão
3,10-12: citação implícita de Salmo 34,12-16
Citações implícitas e explícitas do Novo Testamento:
1,13: Lucas 12,35
1,8: João 20,29
2,12: Mateus 5,16
3,14: Mateus 5,10
5,2-3: Lucas 12,42-45
A relação da 1 Pedro com o Corpus Paulinum também é evi-
dente, especialmente com Romanos e Efésios. Vale considerar a
introdução da 1 Pedro, que tem um tom quase paulino.

Introdução da 1 Pedro––––––––––––––––––––––––––––––––––
Texto da 1 Pedro 1,1-9
1 Pedro, apóstolo de Jesus Cristo,
aos eleitos que são estrangeiros
e estão espalhados no Ponto, Galácia, Capadócia,
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Ásia e Bitínia
2 eleitos segundo a presciência de Deus Pai,
e santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo
e receber a sua parte da aspersão do seu sangue.
A graça e a paz vos sejam dadas em abundância.
3 Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!
Na sua grande misericórdia
ele nos fez renascer pela ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos,
para uma viva esperança,
4 para uma herança incorruptível, incontaminável
e imarcescível, reservada para vós nos céus;
5 para vós que sois guardados pelo poder de Deus,
por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta
para se manifestar nos últimos tempos.
6 É isto o que constitui a vossa alegria,
apesar das aflições passageiras
a vos serem causadas ainda por diversas provações,
7 para que a prova a que é submetida a vossa fé
(mais preciosa que o ouro perecível,
o qual, entretanto, não deixamos de provar ao fogo)
redunde para vosso louvor, para vossa honra
e para vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar.
8 Este Jesus vós o amais, sem o terdes visto; credes nele,
sem o verdes ainda, e isto é para vós
a fonte de uma alegria inefável e gloriosa,
9 porque vós estais certos de obter,
como preço de vossa fé, a salvação de vossas almas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Romanos 1,1-7: introdução da carta


Como podemos notar, essa relação é de imitação, não de au-
toria. Não é possível atribuir a Paulo a 1 Pedro, pois isto iria contra
toda a tradição e a informação acumulada no passado. Além disso,
o estilo de Paulo é incisivo, analítico, ao passo que o estilo da 1
Pedro é imediato, sem grandes considerações e evoluções teoló-
gicas.

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Da análise dessas citações e de seus padrões, pode-se enten-


der que o autor de 1 Pedro é alguém familiarizado com a versão
grega do Antigo Testamento e que conhece os costumes judaicos,
mas sem a eles se apegar intensamente. Claramente, é, antes, um
cristão de matriz judaica que escreve aos cristãos conhecedores
do Antigo Testamento, mas não necessariamente judeus. É um
cristão mergulhado nas tradições que representa, alguém com
grande competência e conhecimento do judaísmo, de suas tradi-
ções e suas escrituras.
A carta possui muita semelhança com Romanos e Efésios,
embora ela tenha material próprio. O que não é possível é a acei-
tação pura e simples de uma autoria petrina. Não aparecem as
questões da lei e de seu cumprimento − que são tão próprias da
mentalidade judaico-cristã − nem há qualquer menção a uma ex-
periência histórica com Jesus Cristo; o grego é muito bom, com
grandes diferenças dos outros escritos neotestamentários, que
dependem de uma tradução. Ora, sabe-se que Pedro, como figura
histórica, não era letrado. Até poderia ser um líder de grande de-
senvoltura, mas teria lá suas dificuldades literárias e de expressão.
Assim, fica difícil identificar o autor da 1 Pedro com o histórico
apóstolo de Jesus, o qual chamamos Pedro.
O que parece é que a 1 Pedro tenha sido escrita por alguém
próximo do pensamento paulino e sido atribuída a Pedro, em fun-
ção de sua autoridade. Se a data de sua composição for entre 60
d.C. e 65 d.C., então há problemas na compreensão de alguns ar-
gumentos. Segundo os estudos feitos, ela seria bem ambientada
nos anos 90 d.C., sob o império de Domiciano. Nesse caso, ela cer-
tamente não seria de autoria petrina. De fato, considerando-se o
martírio de Pedro em Roma pelo ano 64 d.C., não teria sido possí-
vel a sua escrita pelo apóstolo!
As semelhanças de estilo e de vocabulário podem ser devi-
das ao estilo cristão que pode ter sido estabelecido. Silvano, clara-
mente redator da carta, pode ter se servido de modelos já existen-
tes. Isto posto, e seguindo a tendência comum, considera-se a data
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provável de sua composição o ano 64 d.C. e o local de realização


a cidade de Roma, em função da notícia e da saudação dirigidas
aos leitores desde a “Babilônia” − o modo de identificar Roma no
século 1º.

O texto da 1 Pedro
Já foi apresentada uma possível divisão da 1 Pedro. Segue,
na caixa de texto, outra divisão, estabelecida com base na leitura
do texto e de seus relacionamentos internos.

Possível divisão da 1Pedro–––––––––––––––––––––––––––––


1,1-2 Endereço e saudação
1,3-5 Louvor e ação de graças
1,6-9 Estar em Cristo
1,10-12 O Espírito
1,13-16 A vida nova
1,17-21 Resgatados para a vida
1,22-2,3 A Palavra
2,4-10 O sacerdócio
2,11-12 Os cristãos entre os gentios
2,13-17 Sobre as Autoridades
2,18-25 Senhores exigentes
3,1-7 Sobre o Matrimônio
3,8-12 Sobre a comunidade dos fieis
3,13-17 A perseguição
3,18-22 A ressurreição
4,1-6 Romper com o pecado
4,7-11 A parusia
4,12-19 Sofrer com Cristo
5,1-4 Exortação aos presbíteros
5,5-11 Exortação aos fiéis
5,12-14 Saudações e aviso
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Endereço e saudação: 1,1-2


Pedro apresenta-se como apóstolo de Jesus Cristo. É notável
a semelhança entre essa introdução e o modo paulino de intro-
duzir seus escritos. O esquema é fundamental, comum a muitas

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obras epistolares; não é exclusivo das cartas paulinas. O que cha-


ma a atenção é quando o texto foge desse estilo, o que não é o
caso da 1 Pedro.
Quem recebe o texto são os "estrangeiros da dispersão".
Da mesma forma que ocorre na Carta de Tiago, o texto é para os
que estão na dispersão (cf. Tg 1,1). Contudo, aqui aparece o termo
“estrangeiros”, que sugere que o destinatário dessa carta são os
habitantes não fixos ou naturais de certa região. Os dois conceitos
formam, então, um todo teológico: os estrangeiros da dispersão
são aqueles sem morada fixa, pois a morada fixa do fiel é junto ao
Senhor na Eternidade; estão na dispersão, em vários lugares do
mundo, mas sempre ligados pela graça de Jesus Cristo.
Em seguida, a 1 Pedro indica alguns lugares específicos: Pon-
to, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. São regiões amplas, que indi-
cam muitas comunidades de fiéis. A carta dirige-se a uma grande
quantia de discípulos de Jesus. Na compreensão da carta, estes
são os “eleitos” escolhidos pela presciência de Deus Pai, ou seja,
o conhecimento anterior do Senhor, por meio da ação do Espírito
Santo.
Assim, a carta não é dirigida aos neófitos, novatos na fé. É
para os eleitos que participam do sangue da aspersão. É uma ima-
gem ligada ao Êxodo 24,6-8, em que Moisés sela a Aliança com o
povo aspergindo sobre ele o sangue das vítimas. O sangue do qual
a 1 Pedro se refere deve ser, pelo contexto, o sangue de Jesus, que,
mais adiante, será chamado Senhor Jesus Cristo.
A saudação conclui com o tradicional "graça e paz", muito
usado por Paulo e comum nas cartas. A imitação é flagrante. Segu-
ramente, ela legitima o texto, pois estabelece um paralelo estilísti-
co entre ele e o Corpus Paulinum.

É nesse sentido que fica difícil considerar a 1 Pedro aos neófitos:


ela é dirigida a quem já tem experiência no seguimento de Jesus
Cristo. Se fosse escrita aos neófitos, não haveria esse tipo de ar-
gumento.
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Louvor e ação de graças: 1,3-5


A 1 Pedro usa a fórmula de bênção própria do judaísmo. A
ação de Deus é reconhecida e, por isso, Ele é louvado, bendito,
chamado de bom. A bênção aqui é pela intervenção de Jesus na
história humana, que é feita por meio da Ressurreição. Por isso,
o fiel tem uma "herança” incorruptível, imaculada e imarcescível
(vers. 4). Essa herança é a salvação (vers. 5).

É interessante que você faça uma comparação entre os textos de


introdução das cartas paulinas e a introdução da 1 Pedro. Se for
possível, transcreva as diversas introduções e compare o estilo e
as palavras.

Estar em Cristo: 1,6-9


Conforme a 1 Pedro, o tempo é de alegria, embora possa ha-
ver contradições, frutos das tentações (vers. 6). Mas a fé, adquirida
pela provação, é preciosa e conduz à salvação. A perícope expressa
alegria do início ao fim, propondo-se de modo muito positivo.

O Espírito: 1,10-12
A 1 Pedro afirma que a revelação vivida pelos fiéis em Cristo
foi antes buscada, anunciada e esperada pelos profetas. O Espírito
Santo, enviado do céu (vers. 12), é o revelador, sendo que a revela-
ção, isto é, o conhecimento de Deus, é dada por ele.
Contudo, ainda não é possível falar da ideia da Terceira Pes-
soa da Santíssima Trindade. Quando o texto fala de Espírito Santo,
está falando do próprio Deus, sem considerar a doutrina trinitária
que será elaborada muito tempo depois.

A vida nova: 1,13-16


A perícope apresenta a metáfora do “cingir os rins da mente”.
O ato de cingir os rins é sinal de pôr-se a caminho. "Cingir os rins da

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© As Cartas de Pedro 133

mente" é abrir-se ao Mistério de Jesus Cristo. Por isso, os que fo-


ram tocados por Ele devem deixar as paixões de outrora (vers. 14)
e buscar a santidade, que é, fundamentalmente, Deus (vers. 16).

Resgatados para a vida: 1,17-21


Os fiéis que receberam a graça da revelação e que aceitaram
o Mistério de Cristo estão na vida nova. Devem se deixar conven-
cer pelo cordeiro sem defeito − o Cristo. Assim, todos estarão em
Deus, na segurança de sua presença. “Que a vossa fé e a vossa
esperança estivessem postas em Deus” (vers. 21) − é assim que
a perícope termina: com o desejo de que Ele mantenha a adesão
dos fiéis.

A Palavra: 1,22-2,3
A obediência à verdade, que certamente é a adesão a Jesus
Cristo e à sua Palavra, leva o fiel ao amor sem falsidade. Todos os
que foram chamados ao seguimento do Senhor devem olhar para
Ele e encontrar o sentido e a fonte da vida, como a erva ou a flor
encontra sua fonte na terra.
A Palavra anunciada transforma o fiel que a ouve. Ele deve
rejeitar o mal, a mentira e a hipocrisia, bem como tudo o que des-
trói a graça. Deve somente desejar a graça para manter a salva-
ção.

O sacerdócio: 2,4-10
Este é um momento importante da 1 Pedro. O autor da carta
exorta os seus leitores ou ouvintes a aproximarem-se de Jesus Cris-
to (vers. 4), o sujeito lógico do argumento, embora seja nomeado
somente no final do quinto versículo. Ele é identificado como a
“pedra viva”, subtendida “pedra angular”, rejeitada pelos constru-
tores (vers. 4). O texto sugere Lucas (20,17), que, por sua vez, é
uma citação do Salmo 118 (117,22). A pedra angular é o funda-
mento da construção; aqui, na 1 Pedro, ela é "pedra viva". Tocado
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por esta, 1 Pedro convida todos a se deixarem tocar pelo Senhor,


tornando-se "sacrifícios espirituais" (vers. 5).
Se a "pedra angular" é tesouro precioso para o fiel (vers. 7),
para quem não crê, ela é pedra de tropeço (vers. 7-8). A descrença
da Palavra gera a queda.
Mas os fiéis que ouvem e que leem a 1 Pedro são a "raça
eleita", o "sacerdócio santo", a "nação santa" (vers. 9) − todas as
imagens tomadas do Antigo Testamento e aplicadas ao conjunto
dos discípulos em Jesus Cristo.

Informação complementar––––––––––––––––––––––––––––––
É notável que o cristianismo primitivo se reconhecia como herdeiro direto do
judaísmo e como sua continuação. Até o cristianismo que se desenvolvia em
ambiente pagão tinha um forte conteúdo judaico, pois, ali, estavam os profetas,
as promessas e a revelação do Cristo. Demorou para o cristianismo cortar sua
dependência com o judaísmo − o que é bom e ruim: ruim no sentido de limitar
muito o desenvolvimento da Igreja e bom no sentido de dar-lhe uma identidade
ligada às promessas e à Aliança.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Os cristãos entre os gentios: 2,11-12


Nesse ponto da 1 Pedro, há uma ruptura textual: até agora, o
que se leu foi uma sequência de exortações ligadas ao Mistério de
Cristo e de sua Palavra. Os fiéis são exortados a estarem inseridos
nessa Palavra e nela perseverarem. A partir do trecho 2,11, têm-
se novos argumentos e um novo rumo: exortações parenéticas de
diversos tipos. São dirigidas aos gentios (2,11-13), aos cônjuges
(3,1-7) e aos irmãos em geral, isto é, aos fiéis em Cristo (3,8-12);
são também comentados atitudes ou princípios relativos às auto-
ridades (2,13-17) e aos senhores (3,18-21 [25]). Outras exortações
seguirão no final.
Os fiéis, aqui chamados “amados” (vers. 11), são exortados
a comportarem-se como "peregrinos e forasteiros", dando a en-
tender que a vida cristã é uma espécie de exílio. O comportamen-
to entre os pagãos deve ser irrepreensível para conduzir outros a
Deus.

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© As Cartas de Pedro 135

Sobre as Autoridades: 2,13-17


A 1 Pedro aborda a questão da autoridade, que é identifi-
cada como "instituição humana" (vers. 13). São citados o rei e os
governadores. A ideia é um pouco ingênua se tomada sem qual-
quer comentário: eles são os responsáveis pela ordem e pelo bem
comum. Claro que é um princípio correto, embora sua aplicação
quase sempre não seja correspondente.
Certamente, o argumento final é o testemunho dos fiéis:
eles devem observar as leis e os compromissos políticos para de-
monstrar comunhão e responsabilidade com a sociedade de seu
tempo. Eles o fazem inspirados pelo Senhor (vers. 13). Nesse sen-
tido, pode-se entender a insistência na obediência às autoridades,
especialmente considerando o convite ao comportamento "como
homens livres" (vers. 16), com autonomia e responsabilidade. As-
sim, essa perícope é muito positiva e significativa para a presença
e a atuação dos cristãos na sociedade de seu tempo.

Senhores exigentes: 2,18-25


O status cristão é, seguramente, complexo. O fiel é cidadão
de um mundo, mas pertencente de outro que ainda não se mani-
festou plenamente. Por isso, ele está dividido. Se o fiel deve estar
submisso às autoridades de seu tempo, deve também estar de-
pendente de seus "senhores" – entendendo-se por “senhores” os
donos de escravos ou servos.
A situação proposta pela 1ª de Pedro é de opressão e até de
injustiça, que deve ser suportada dignamente e com perseverança.
A perícope comporta um hino (vers. 21b-25), no qual o Cristo so-
fredor é exaltado: por seu sofrimento, ele resgata os que também
sofrem e torna todos curados de suas dores (vers. 25). O hino é
muito significativo, pois exalta Jesus, em sua realidade de servo
sofredor, bem ao estilo do capítulo 19 de João, que resgata Isaias
52,13-53,12 (quarto canto do Servo).
136 © Cartas aos Hebreus e Católicas

Sobre o Matrimônio: 3,1-7


As mulheres são exortadas à sujeição aos maridos, mesmo
que eles não lhes sejam fiéis (3,1). Essa sujeição, no pensamento
da 1 Pedro, pode conduzir esses mesmos maridos infiéis à con-
versão. Elas são também exortadas a adornarem-se de qualida-
des interiores, como sinais de beleza, em vez de adornos externos
(3,3-4).
Em seguida, são lembradas as mulheres do Antigo Testamen-
to e apresentadas como modelos para as ouvintes. Citada, de fato,
é somente Sara (3,6), e as leitoras da 1 Pedro são exortadas a ser
como ela, praticantes do bem.
Os maridos são exortados a agirem com sabedoria na vida
conjugal. Devem honrar suas esposas como coerdeiras da graça
da vida. Isto é notável, pois são colocados, no mesmo plano, mu-
lheres e homens: ambos herdaram a "graça da vida". Há algumas
variantes nessa expressão, tais como “da graça que dá a vida”, mas
essa formulação parece ser a melhor.

Informação complementar––––––––––––––––––––––––––––––
As questões de gênero sempre são complicadas de ler e compreender, mais ain-
da de expor para ouvintes e leitores do século 21, que estão “bem esclarecidos”
e que não têm ranços de machismo. Além disso, as “leitoras” são, geralmente,
mais numerosas do que os “leitores”, o que causa certo embaraço em algumas
indicações bíblicas, tais como “vós, mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos“.
Embora isso tudo possa ser real, não se deve esquecer a situação vital em que
o texto foi produzido. Em função disso, ele deve ser lido como foi escrito, pois
forçar o texto a dizer algo que não deseja é errado do ponto de vista da inter-
pretação. A 1 Pedro depende da cultura de seu tempo e dos condicionamentos
sociais que lhe são conhecidos. O cristianismo soube enfrentar os desafios da
sociedade de seu tempo não se opondo frontalmente, mas superando com uma
ética de compaixão, de fraternidade e de compromisso. Isto é de se notar, clara-
mente, na história, embora não seja claro nos textos bíblicos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Sobre a comunidade dos fiéis: 3,8-12


Todos são exortados à unanimidade, à compassividade, à
fraternidade, à misericórdia e à humildade (3,8). A docilidade co-

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© As Cartas de Pedro 137

munitária, expressa pelo “não pagueis o mal por mal” (3,9) e ou-
tras atitudes de abertura são uma novidade em uma sociedade
marcada pela vingança.
A perícope incorpora o Salmo 34(35),13-17 como texto exor-
tativo à moral pessoal em função da vida feliz. Isto dá abertura
para o texto seguinte, que olha os perseguidos.

A perseguição: 3,13-17
A perseguição é uma constante no cristianismo nascente; se
não de modo ostensivo, então de modo não ostensivo − mas cons-
tante.
No pensamento da 1 Pedro, a perseguição não deve causar
medo aos fiéis, pois a adesão a Cristo, o Senhor (vers. 15) dá força e
dá coragem. Aqui se encontra uma frase que se tornou axioma do
cristianismo diante das contradições: “[...] estando sempre pron-
tos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vos pede”
(vers. 15). Razão da esperança é um sentimento, mas, seguramen-
te, uma certeza interior de futuro. Há aqui uma nota de escatolo-
gia não explícita, mas presente: o futuro do fiel está relacionado à
sua posição, sua "esperança" neste mundo.
O texto continua com exortações à mansidão, ao respeito, à
boa consciência e ao comportamento, tudo em função de Cristo.
Para concluir, a perícope apresenta um motivo que parece lógico:
é preferível sofrer por praticar o bem a sofrer por praticar o mal.

A ressurreição: 3,18-22
Novamente, o foco da atenção muda: passa de exortações
éticas para uma exposição doutrinal. O assunto é a ressurreição de
Cristo. A 1 Pedro recorda que ele “morreu uma vez pelos pecados,
o justo pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus” (vers. 18).
Isto tem a ver com a perseguição, que fora abordada na perícope
anterior.
138 © Cartas aos Hebreus e Católicas

As imagens aqui usadas são interessantes, pois elas estão


marcadas por certa mítica. Segundo a 1 Pedro, Jesus Cristo, morto
na carne e vivificado no espírito, foi pregar aos que estavam longe
de Deus, na "prisão" que seria o Sheol, a morada dos mortos, tam-
bém chamada Hades ou “inferno”. Pela morte de Jesus, até os que
foram incrédulos antes de sua vinda podem ser salvos.
A perícope conclui com a imagem do batismo, não como um
sinal de pureza exterior, mas interior. Isto pelo fato de que a pala-
vra “batismo” vem do verbo grego baptizeo, que significa "mergu-
lhar". A ideia do batismo é mergulhar em Jesus Cristo e ter uma
boa consciência nele (vers. 21), o que deve significar uma vida co-
erente com o Mistério da vida de Jesus. Todo esse texto tem muito
a ver com uma catequese batismal, que devia ser feita nos tempos
da 1 Pedro.

Romper com o pecado: 4,1-6


A 1 Pedro toma as supostas atitudes dos pagãos como sinais
de pecado. A dissolução, a cobiça, a embriaguez, a glutonaria, as
bebedeiras e as idolatrias são citadas como práticas que contras-
tam com a vida nova do cristianismo. Os pagãos admiram-se de
que os que antes praticavam tudo isto agora tenham uma vida di-
ferente. Isto é, certamente, o modo novo de viver em Cristo.
O sexto versículo cita a pregação do Evangelho aos mortos.
Isto pode significar o anúncio da palavra aos que estão longe da
graça de Cristo − os pagãos promotores dos vícios antes elencados.
De outra forma, é difícil de ser compreendido.

A parusia: 4,7-11
Finalmente, o tema da parusia de modo claro e significativo.
Nos tempos da 1 Pedro, o final da história é algo quase iminente: o
fim de todas as coisas está próximo (vers. 7). O interessante é que
a proximidade da parusia impõe compromissos éticos, e não sen-
timentos ou atitudes desligados do mundo circundante. Os fiéis

Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO


© As Cartas de Pedro 139

devem decididamente aceitar as dificuldades e superá-las. O amor,


segundo a 1 Pedro, “cobre uma multidão de pecados” (vers. 8). A
hospitalidade é exortada; o serviço mútuo é motivado (vers. 10).
Subitamente, o foco discursivo muda. Os que anunciam ou
ensinam, identificados como “os que falam” (vers. 11) no texto,
são exortados a fazê-lo como se estivessem pronunciando orácu-
los, isto é, palavras proféticas. Em seguida, os que servem, suben-
tendendo-se os que servem à comunidade dos fiéis, devem fazê-lo
com toda capacidade (vers. 11).
É bem claro que a 1 Pedro exorta as comunidades a perse-
verarem a fé em tempos de dificuldades e de perseguições. Elas
devem olhar para o modelo, que é Jesus Cristo (vers. 11). A Ele, é
feita uma doxologia nesse último versículo: ”Jesus Cristo, a quem
pertencem a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém”.

Sofrer com Cristo: 4,12-19


A 1 Pedro cita um "incêndio" entre os fiéis ao referir-se às
perseguições de toda espécie. É claro que esse "incêndio" também
poderia ser interpretado como as provações pessoais e os conflitos
internos da comunidade, o que é pouco provável. O certo é que,
para essa situação, a carta propõe a alegria pela participação nos
sofrimentos de Cristo (vers. 13), o que está bem de acordo com o
pensamento paulino, como em Romanos (5,3ss) e em Colossenses
(3,4). Trata-se, aqui, do sofrimento pelo testemunho de Jesus Cris-
to. Todavia, o sofrimento pelo erro não deve existir. Ele deve ser
pela coerência de ser cristão.
O final da perícope fala do juízo e da recusa em obedecer
ao Evangelho. É o tema da parusia que retorna, ainda que muito
brevemente e sob outra forma: a retribuição. Um versículo de Pro-
vérbios, citado conforme a tradução grega da Septuaginta, destaca
o justo e a salvação que ele merece, como também lança dúvidas
sobre a sorte do pecador e do ímpio. A resposta vem do sofrimen-
to em comunhão com a vontade de Deus.
140 © Cartas aos Hebreus e Católicas

Exortação aos presbíteros: 5,1-4


A 1 Pedro reinicia as exortações. Já foram feitas exortações
aos fiéis em meio ao mundo pagão (2,11-12), perante as autorida-
des (2,13-17), perante os senhores (2,18-25), perante as famílias
(3,1-7), perante os fiéis da comunidade (3,8-12) e perante os per-
seguidos (3,13-17). Agora, a exortação é aos presbíteros.

Ministérios na Igreja primitiva–––––––––––––––––––––––––––


Um tema complexo para análise é a situação dos ministérios da Igreja primitiva.
Antes do final do primeiro século, não há clareza quanto à realidade de cada mi-
nistério, de modo que os títulos “presbítero”, “epíscopo” e “diácono”, encontrados
nos textos do Novo Testamento e da literatura cristã, não poderiam ser aplicados
aos que hoje recebem esses nomes.
Pode-se ter uma ideia mais clara sobre o diácono como auxiliar na pregação
especialmente na própria pregação. Mesmo assim, o ministério de diácono pre-
sente no Novo Testamento não deve limitar-se à ideia moderna de diácono. O
ministério hodierno está ligado, com destaque, à prática litúrgica. Já o ministério
do passado está relacionado à organização das comunidades.
O ministério de presbítero, que aparece na 1 Pedro aplicado ao próprio autor, e o
ministério de epíscopo muitas vezes se confundem, pois nem sempre o sentido
está na atividade de quem se identifica como tal, mas, sim, na própria identida-
de. O presbítero é o ancião, o cristão experiente; por isso, ele assume certas
lideranças.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A 1 Pedro dirige-se aos presbíteros e exorta-os a uma lide-
rança ou a um pastoreio coerente com o dom de Deus. Os presbí-
teros devem liderar com dedicação e responsabilidade.

Exortação aos fiéis: 5,5-11


Nesse ponto, vem as exortações aos fiéis. Os jovens são ci-
tados e exortados (vers. 5) para se sujeitarem aos anciãos. Eles
devem "revestir-se de humildade", e o sentido está na atenção de
Deus sobre aquele que é humilde.
As exortações continuam dirigidas aos jovens ou a todos os
ouvintes/leitores da carta. A vigilância e a sobriedade são indi-
cadas como estilo de vida, sendo que esta é apresentada como
uma batalha não apenas espiritual, mas também real, entre forças
opostas, representadas pelo bem e pelo mal.

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© As Cartas de Pedro 141

A perícope parece que conclui o texto de 1 Pedro, quando


é feita uma doxologia a Jesus Cristo entre os finais dos versículos
nono e décimo.

Saudações e aviso: 5,12-14


A carta termina citando Silvano, indicando-o como "irmão
fiel", o que significa o tratamento ao companheiro de caminhada
cristã, certamente de evangelização.
Em seguida, a 1 Pedro cita a Igreja de "Babilônia" ou que lá
está (vers. 13). É um modo de referir-se à cidade de Roma, o que
legitima o texto como do indicado "bispo de Roma", que é Pedro.
É difícil, porém, servir-se apenas dessa indicação para a identifica-
ção da autoria.
Cita-se, também: “Marcos, meu filho” (vers. 13). O final é
um convite à saudação. O ósculo é um sinal de comunhão e de
discipulado.

6. CARTA DE PEDRO
Índole da carta
A Segunda Carta de Pedro começa com uma saudação so-
lene indicando sua autoria e insistindo na índole da experiência
direta com Jesus Cristo: Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus.
Àqueles que, pela justiça do nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo,
alcançaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa, graça
e paz vos sejam dadas em abundância por um profundo conheci-
mento de Deus e de Jesus, nosso Senhor! (1,1-2).

No trecho 1,14, o texto sugere uma comunicação direta entre


Jesus Cristo e Simão Pedro − certamente de ordem mística, como
se poderia pensar, mas talvez uma menção ao final do Evangelho
segundo João. Em João (21,18-19), encontra-se esta informação
no estilo de previsão:
142 © Cartas aos Hebreus e Católicas

Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-


te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás
as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres.

Por essas palavras, ele indicava o gênero de morte com o


qual havia de glorificar a Deus. Depois de ter assim falado, acres-
centou: “segue-me!”
Na 2 Pedro (3,15-16), há uma alusão ao "caríssimo irmão
Paulo" e às suas cartas: “reconhecei que a longa paciência de nos-
so Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Pau-
lo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado”. É
isto o que ele faz em todas as suas cartas que falam desse assunto.
Nelas, há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os
espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam para a sua
própria ruína, como o fazem, também, com as demais Escrituras.
Curiosamente, embora a 2 Pedro faça essa alusão a Paulo, ela não
apresenta qualquer trecho do Corpus Paulinum. É, apenas, uma
menção ao que Paulo escreve, sem continuidade.

Autoria e tempo da redação


Na 2 Pedro (3,1), é feita uma referência suposta à 1 Pedro:
“caríssimos, esta é a segunda carta que vos escrevo”. Mas não há
quaisquer indicações de textos de outros livros do Novo Testamen-
to como há com relação ao epistolário paulino. A 2 Pedro é qua-
se um escrito independente do resto do Novo Testamento. Além
disso, observando-a com atenção, ela é como um testamento; um
testemunho sincero de quem a escreve, imerso nas preocupações
e nas contradições de um mundo ou uma sociedade alheia aos va-
lores da fé ou, ainda, pior do que isto: simuladora desses mesmos
valores.
É nisso tudo que estão as dificuldades para a aceitação da
autoria da carta. Tudo compõe um quadro muito "claro" e "se-
guro" que deve questionar, justamente, pela clareza e segurança
que expressa! Esse questionamento já foi feito muitas vezes, e a 2

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© As Cartas de Pedro 143

Pedro sempre encontrou dificuldades de aceitação por parte das


Igrejas. Essa carta não foi mencionada durante o século 2º.
A Segunda Carta de Pedro é um escrito deuterocanônico e
pseudoepigráfico, muito embora ela afirme, categoricamente, ter
sido escrita por Pedro, o apóstolo, e apresente, já na saudação,
motivos de identificação com a experiência direta de Pedro. Segu-
ramente, pode-se considerar 2 Pedro como sendo redigido após a
queda do Templo de Jerusalém e após muita evolução na evange-
lização dos pagãos.

Características
Há uma relação intensa entre a 2 Pedro e a Carta de Judas.
Isto foi notado muitas vezes e demonstra uma dependência direta:
a Carta de Judas parece ter sido composta com base na 2 Pedro.
Pode-se ver tal dependência em um quadro sinótico:

Quadro 1 Comparação entre a 2Carta de Pedro e a Carta de Judas


COMPARAÇÃO ENTRE A 2CARTA DE PEDRO E A CARTA DE JUDAS
2 Pedro
Judas
(capítulos e Tema comum
(Somente versículos)
versículos)
2,1 4 Falsos mestres, intrusos
2,4 6 Os anjos caídos são castigados
2,6 7 Sodoma e Gomorra castigadas
Justos são salvos, ímpios são
2,9 6
condenados.
2,10 7-8 Intrusos desregrados
2,11 9 Os anjos e sua ação
2,12 10 Comportamento de animais
2,13 12 Abuso de comida
2,15 11 Balaão
2,17 13 Fontes (nuvens) sem água
3,2 17 Profetas e apóstolos
3,3 18 Previsão da Escritura
Fonte: adaptado de TUÑI; ALEGRE (2007, p. 325).
144 © Cartas aos Hebreus e Católicas

A 2 Pedro é um escrito diferente da 1 Pedro. Enquanto aque-


la apresenta muita parênese, o mais evidente nesta são os con-
juntos de alertas que o autor faz quanto ao desvio da doutrina.
Isto parece ser bem o reflexo de uma etapa posterior de redação
em relação àquela da 1 Pedro. Reflete, também, a situação em
que o cristianismo de fins do primeiro século enfrentava com o
surgimento de heresias e perseguições. Dessa forma, a 2 Pedro,
mesmo sendo pseudoepigráfica, é um testemunho eloquente de
seu tempo e da evolução da fé, bem como da difusão de escritos
anteriores, especialmente dos escritos paulinos.

O texto da 2 Pedro
Não há um plano claro na composição da 2 Pedro. Os temas
vão se sucedendo sem muita lógica ou sequência às vezes. Propõe-
se o seguinte esquema fundamental:

Quadro 2 Esquema fundamental da 2 Pedro.


Esquema fundamental da 2 Pedro

1,1-2 Endereço e eulogia

1,3-4 Participar da natureza divina


1,5-11 A natureza divina
1,12-18 O testemunho de Pedro
1,18-21 A profecia
2,1-3 Falsos doutores
2,4-10 O passado
2,11-22 O castigo
3,1-2 O dia do Senhor

3,3-10 Doutores falsos

3,11-16 Convite à santidade


3,17-18 Saudação e encerramento
Fonte: elaborado pelo próprio autor.

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© As Cartas de Pedro 145

Endereço e eulogia: 1,1-2


O autor identifica-se como Simão Pedro, do grupo apostólico
de Jesus. Seria o primeiro das listas de apóstolos, como em Mateus
(10,2) e em Atos dos Apóstolos (1,13). Como se sabe, essa atribui-
ção é pseudoepigráfica.
O autor dirige-se "àqueles que, pela justiça do nosso Deus
e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram por partilha uma fé tão
preciosa como a nossa” (vers. 1), envolvendo, nessa afirmação, os
conceitos de justiça e fé. Certamente, a "justiça" aqui anotada é
a participação na história da salvação por meio de Jesus Cristo,
afirmado como Salvador. A fé é a adesão a essa participação. O
resultado dessa situação é a graça: “graça e paz vos sejam dadas
em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Je-
sus, nosso Senhor!” (vers. 2). A graça e a paz seguramente vêm
do conhecimento não somente afetivo, mas do integral, que é a
experiência da vida.
Esse "conhecimento de Jesus Cristo" é um tema presente em
toda a carta. Isto pode ser visto como um estágio da gnose, corren-
te de pensamento e de ação que esteve muito presente no início
do cristianismo. Mas não se trata disto, senão de um conhecimen-
to, como o dito acima − integral −, em que o afeto e a inteligência
estão em comunhão. Diversamente, seria difícil compreender o
conjunto da carta.

Participar da natureza divina: 1,3-4


A 2 Pedro declara que os fiéis têm as condições necessárias
para compreender o mistério de Jesus Cristo. Em outras palavras,
o homem é capaz de encontrar Deus, de estar com Ele. A carta
declara que os fiéis podem participar da “natureza divina” (vers.
4) − o que é partilhar a divindade de alguma forma. Isto não pode
ser de um modo “mágico”, e, sim, livre, com a adesão da vontade
e da inteligência.
146 © Cartas aos Hebreus e Católicas

Essa perícope está como uma abertura para a seguinte, na


qual se encontram as características dessa adesão da vontade e
da inteligência. Não é uma participação envolta em misticismo,
em fatos ou em verdades intocadas, mas, sim, necessitada de uma
identificação do homem fiel com O Revelador, Jesus Cristo. Ele é o
que dá o dom da fé, conforme lembrado na eulogia inicial: “alcan-
çaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa” (vers. 1).

A natureza divina: 1,5-11


A carta elenca as características da natureza divina: a fé, a
virtude, o conhecimento − citado novamente −, o autodomínio, a
perseverança, a piedade, o amor fraternal e a caridade (vers. 5-7).
Tais virtudes levam ao conhecimento de Jesus Cristo.
A posse dessas virtudes deve acontecer pelo esforço dos que
tem o chamado da fé. Quem não as possui é, no dizer da 2 Pedro,
míope, cego. Não pode ter seus pecados purificados e não está na
vocação ou no chamado ao Reino Eterno. Nesse ponto, no versícu-
lo 11, a carta fala de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. É pre-
ciso estar nele, ter nele a ligação. No décimo versículo, ela fala de
eleição e de vocação como sinônimos de pertença ao Reino. Esse
Reino parece além dessa terra.

O testemunho de Pedro: 1,12-18


Como em outros pontos do Novo Testamento, a 2 Pedro usa
o argumento da memória como testemunho. O autor, usando a
imagem de Pedro, lembra seus ouvintes da necessidade de seguir
as admoestações apresentadas e por ainda apresentar. Alega que
está próximo o seu fim e que os seus conselhos serão sempre ne-
cessários.
No passo seguinte, a carta faz lembrança à transfiguração de
Jesus. No versículo 17, o texto recorda a manifestação teofânica
com voz de afirmação a respeito de Jesus: “este é o meu Filho mui-
to amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. Em seguida,

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© As Cartas de Pedro 147

no versículo 18, o autor afirma ter diretamente ouvido essa voz. A


menção a esse texto demonstra memórias próprias dos apóstolos
ou testemunhas oculares do Evento Jesus Cristo ou, ainda, conhe-
cimento dos textos dos evangelhos. Essa afirmação não relaciona
de per si o texto da 2 Pedro ao histórico personagem Pedro.

A profecia: 1,18-21
O texto lembra a palavra profética resgatando a imagem dos
profetas do Antigo Testamento. Ela é como luz na escuridão (vers.
19). Na sequência, o texto faz uma consideração, que será um
axioma cristão relativo à revelação e à inspiração:
Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de in-
terpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por
efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito
Santo falaram da parte de Deus (vers. 20-21).

A Palavra, isto é, a comunicação de Deus aos homens, desde


a comunicação da Aliança até o Evangelho, é obra do Espírito San-
to que vem de Deus. A inspiração não é um dom natural ou uma
vontade humana, mas uma revelação. Isto é interessante, pois le-
gitima a intervenção de Deus a respeito de seu uso.

Falsos doutores: 2,1-3


Essa perícope inicia todo um longo trecho da carta que está
presente em Judas. O trecho em questão é da 2ª de Pedro (2,1-3,3)
− com algumas variações, mas com semelhança no conjunto.
O autor recorda que, no passado, houve falsos profetas em
meio ao povo da aliança. Assim, também eles podem existir em
meio à comunidade de fé, expondo doutrinas falsas (vers. 1). O
início do cristianismo apresentou o fenômeno das heresias: modos
de pensar diversos do usual; maneiras de compreender e propor
verdades de forma diferente do que era no grupo cristão. O autor
da 2 Pedro traça um quadro da situação: doutrinas dissolutas, ava-
reza, fingimento e negociatas com os fiéis (vers. 2-3).
148 © Cartas aos Hebreus e Católicas

Essa perícope é a introdução de um longo período de refle-


xões a respeito da sorte dos que negam o Senhor ou que apresen-
tam a mentira com a roupagem da verdade.

O passado: 2,4-10
A carta cita, de modo não claro, um episódio do Livro dos
Jubileus , no qual se encontra a queda dos anjos. Cita, aliás, alguns
personagens do Antigo Testamento como modelos de adesão à
vontade de Deus: Noé (vers. 5) e Ló (vers. 7). Eles são apresenta-
dos como cumpridores da vontade soberana de Deus, ao passo
que os seus contemporâneos não foram fiéis a Ele.
A perícope evidencia que, entre os ímpios, existe um justo,
um homem de Deus. Os fiéis são chamados a ser justos em meio a
uma geração corrompida.

O castigo: 2,11-22
Tem-se aqui uma longa perícope com um tema de fundo co-
mum: o castigo. Este vem em função dos vícios e dos erros cometi-
dos por quem se arvora no direito de julgar até os anjos, criaturas
que estão em Deus. A 2 Pedro cita o episódio de Balaão em Núme-
ros 22, que deveria amaldiçoar o Povo de Israel, mas foi contido
pelo animal que montava.
Nos versículos de 17 a 22, a descrição dos infiéis continua
com cores bem fortes. São comparados às fontes secas de água;
vivem nas coisas fúteis, dissolutos, imersos nas paixões da carne.
Buscam a liberdade, mas se mantêm na escravidão.
A 2 Pedro descreve a situação dos fiéis que, depois de conhe-
cer e aceitar Jesus Cristo, deixam o caminho da vida pelas paixões
que os controlam. No versículo 21, há a afirmação: “melhor fora
não terem conhecido o caminho da justiça do que, depois de tê-lo
conhecido, tornarem atrás, abandonando a lei santa que lhes foi
ensinada”. Seguem-se imagens grotescas, metáforas de queda, de
desvio do caminho da salvação e de ida para caminhos de perdi-
Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
© As Cartas de Pedro 149

ção. Fala-se do "cão que retorna ao seu vômito" e da "porca que,


depois de limpa, volta para a lama". A 2 Pedro está se referindo
àqueles que entraram na comunidade e tiveram a experiência da
graça, mas que a deixaram e entraram no mundo da negação de
Deus e da salvação em Jesus Cristo.

O dia do Senhor: 3,1-2


O tema e a expressão "dia do Senhor" é muito caro entre os
profetas do Antigo Testamento. Trata-se de um conceito duplo: o
dia do Senhor pode ser de salvação, pois é quando o Senhor se re-
vela e estabelece o seu Reino; e pode ser o dia do castigo, quando
Ele demonstra o erro e pune os que erraram.
No primeiro versículo, o autor alega que já escreveu uma
carta anterior, sendo esta, portanto, a segunda. Ao que parece, é
uma menção à 1 Pedro, mas é notável a diferença de linguagem e
de conceitos implícitos. Essa afirmação é reiterada da pseudoepi-
gráfica 2 Pedro.

Doutores falsos: 3,3-10


Essa perícope é uma visão escatológica de impacto para os
leitores originais. O texto parte do anúncio de escarnecedores −
gente desejosa de enganar os outros. A argumentação usada será
no sentido de cobrar o cumprimento das promessas da vinda de
Jesus (vers. 4), e o argumento que se segue apresenta imagens
bíblicas da criação e do poder de Deus sobre tudo. Com uma ar-
gumentação bem elástica, a carta apresenta o seu ponto de vista:
assim como os céus e a terra foram feitos com os elementos físi-
cos, tais como a água e o fogo, entrando em sua realidade, assim
também a terra e os céus encontrarão em Deus, isto é, na Palavra
de Deus, a ordem para o Juízo. É uma visão de parusia, de retorno
decisivo de Jesus Cristo e de julgamento do mundo.
Para alertar os ouvintes a respeito da realidade futura da vin-
da do Senhor, independentemente do tempo em que isto ocorrer,
150 © Cartas aos Hebreus e Católicas

a 2 Pedro lança mão de um versículo do Salmo 90(89),4: “um dia


diante do Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia“ (vers.
8). O tempo pertence a Deus e à sua decisão, a demora em vir é
apenas aparente, e os tempos prometem a vinda gloriosa. Para a
espera do Senhor em seu dia, o qual será como o ladrão, segue-se,
no décimo versículo, uma descrição assustadora do "Dia do Se-
nhor”.

Convite à santidade: 3,11-16


A 2 Pedro questiona a postura moral de seus ouvintes. Per-
gunta sobre a santidade da vida dos fiéis, habitantes de um mundo
com dificuldades e provações. A santidade dos leitores da carta
apressa o Dia de Deus, quando tudo será, na visão da carta, “en-
quanto esperais e apressais o Dia de Deus, esse dia em que se hão
de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos
abrasados!” (vers. 12). Contudo, aos fiéis estão reservados “novos
céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (vers. 13). Isto
deve ser esperado com uma conduta adequada, inspirada na dedi-
cação que o Senhor demonstra.
Nesse ponto, a 2 Pedro cita o "amado irmão Paulo" e os seus
escritos. Segundo o versículo 15, Paulo escreveu ao grupo ouvinte
da 2 Pedro. No dizer do versículo 16:
Nelas [nas Cartas de Paulo] há algumas passagens difíceis de en-
tender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos
deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as
demais Escrituras.

Saudação e encerramento: 3,17-18


A carta termina com um alerta contra os ímpios que detur-
pam as Escrituras. Mais uma vez, é lembrado o conhecimento de
Jesus Cristo, que é glorificado na última palavra da carta. O texto
termina como uma prece, com a assertiva "amém" (vers. 18).

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© As Cartas de Pedro 151

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
1) Quais são os temas principais da Primeira Carta de Pe-
dro?
2) Quais são os temas principais da Segunda Carta de Pe-
dro?
3) Essas duas cartas podem tranquilamente ser atribuídas
ao apóstolo Pedro?
4) Qual é a importância do tema "memória" na argumenta-
ção da Segunda Carta de Pedro?
5) Comente o tema dos falsos profetas e as consequências
de sua mensagem conforme a Segunda Carta de Pedro.
6) Em quais pontos a Segunda Carta de Pedro corresponde
à Carta de Judas?
7) Como entender a imagem dos "presbíteros", presente
na Primeira Carta de Pedro?
8) A Primeira Carta de Pedro apresenta o argumento do so-
frimento conforme Jesus Cristo em certa altura do texto.
Qual é a argumentação a respeito?
9) Comente os temas "obediência à verdade", "sacerdócio"
e "vida nova", presentes na Primeira Carta de Pedro.
10) Qual é a compreensão da autoria da Primeira Carta de
Pedro?

8. CONSIDERAÇÕES
Embora atribuídas a Pedro, as duas cartas que recebem seu
nome devem ser de escritores diferentes. Seguramente, não são
do apóstolo Pedro. Talvez a 1 Pedro pudesse ter influências ou,
até mesmo, uma autoria indireta do apóstolo. Mas é impossível
afirmar ou negar. O que sobressai da leitura das duas cartas são as
diferenças que possuem e as situações concretas que refletem.
A 1 Pedro apresenta-se como um conjunto de exortações pa-
renéticas baseadas no querigma cristológico. A 2 Pedro é um es-
crito doutrinal com enfoque na fidelidade à doutrina e à coerência
na vida cristã.
152 © Cartas aos Hebreus e Católicas

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORNKAMM, G. Bíblia, Novo Testamento. Introdução aos seus escritos no quadro da
história do cristianismo primitivo. Tradução de João Rezende Costa. 3. ed. São Paulo:
Teológica, Paulus, 2003.
SCHLOSSER, J. A primeira epístola de Pedro. In: MARGUERAT, D. (Org.). Novo Testamento:
história, escritura e teologia. Tradução de Margarida Oliva. São Paulo: Loyola, 2009.
SCHLOSSER, J. A segunda epístola de Pedro. In: MARGUERAT, D. (Org.). Novo Testamento:
história, escritura e teologia. Tradução de Margarida Oliva. São Paulo: Loyola, 2009.
TRIMAILLE, M. As epístolas católicas. In: CARREZ, M. et al. As cartas de Paulo, Tiago,
Pedro e Judas. Tradução de Benôni Lemos. São Paulo: Paulinas, 1987. (Coleção: Biblioteca
de Ciências Bíblicas)
TUNÎ, J. O.; ALEGRE, X. Escritos joaninos e cartas católicas. 2. ed. São Paulo: Ave Maria,
2007.

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